• Nenhum resultado encontrado

1. GOVERNO ELETRÔNICO

1.2. Definições de governo eletrônico

Para West (2001), e-governo se refere à disponibilização de informações e serviços governamentais de forma online, através da Internet ou outras formas digitais. Segundo Zweers & Planqué (2001) governo eletrônico é um conceito emergente que objetiva fornecer ou tornar disponível informações, serviços ou produtos, através de meio eletrônico, a partir ou através de órgãos públicos, a qualquer momento, local e cidadão de modo a agregar valor a todos os stakeholders envolvidos com a esfera pública. O Livro Verde da Sociedade da Informação no Brasil, organizado por Tadao Takahashi, estabelece quais são os stakeholders de interesse à sociedade baseada no conhecimento, destacando a necessidade de “colaboração entre diferentes parceiros, nos níveis local, nacional e internacional. O compartilhamento das responsabilidades entre governantes, organizações privadas e a sociedade civil é modelo básico de apoio à sociedade da informação.” (TAKAHASHI, 2000, p. 11). Teicher, Hughes e Dow (2002) definem Governo Eletrônico como a aplicação das tecnologias da informação e das comunicações para a organização e operação do governo. O e-governo, de acordo com Zimath (2003), se constitui na utilização das TICs pela administração pública como plataforma para a gestão governamental e para a prestação dos serviços públicos, com especial atenção no atendimento da população. De modo geral, e-governo é um processo que afeta basicamente o modo de organizar e prestar serviços públicos à sociedade.

Segundo Holmes (2001) apud Sandra Martins (2004), governo eletrônico pode ser expresso como o uso da Tecnologia da Informação, em particular da Internet, que permite tornar disponíveis serviços públicos orientados ao cliente, com mais comodidade e com um custo compensador. Os serviços devem ser entendidos como “serviços públicos mais públicos”: aqueles que podem ser usufruídos em casa, no trabalho, ou em local de acesso público à Internet, sem a necessidade da presença do cidadão numa representação do governo. (BRASIL, 2001 apud BITTAR, 2006, p. 9-10). Nessa mesma linha de raciocínio, Siqueira (2004) diz que, num leque mais amplo de aplicações e soluções que pode oferecer, o governo eletrônico se caracteriza pelo uso intensivo das Tecnologias da Informação e da Comunicação para racionalizar, simplificar e dar maior confiabilidade a todos os procedimentos que afetam a vida do cidadão e das empresas.

Nogueira Filho e Agune (2004) enfatizam que o e-gov pode ser entendido como uma nova configuração do gerenciamento das atividades do governo, além de prestar serviços e informações para a sociedade com a utilização intensiva de TI (Tecnologia da Informação) – como fator estratégico para a melhoria dos processos administrativos e prestação de serviços ao cidadão – e das novas formas de telecomunicação.

Segundo Cunha (2004) o e-governo refere-se a processos e estruturas necessários à entrega de serviços públicos ao cidadão por meios eletrônicos, à melhoria dos processos internos, visando a eficácia organizacional, e o relacionamento eletrônico com os diversos agentes com os quais um governo interage, como fornecedores, organizações não governamentais, pessoas jurídicas e outras esferas do governo. Medeiros (2004) sintetizou as seguintes definições de governo eletrônico:

- refere-se a processos e estruturas relativos ao fornecimento eletrônico de serviços governamentais ao público. (OKOT-UMA, 2001);

- aborda o uso de novas tecnologias de informação e comunicação pelos governos, aplicadas a todas as suas funções. (OCDE, 2001, p. 2);

- é definido como: utilização da Internet e da web para ofertar informações e serviços governamentais aos cidadãos. (UNITED NATIONS, 2002, p. 1); - significa prover acesso público, via Internet, a informações sobre os serviços

oferecidos pelos departamentos centrais do governo e suas agências, habilitando o público à condução e conclusão de transações para tais serviços. (NATIONAL AUDIT OFFICE, 2002, p. 1);

- é definido como a oferta e troca de informações e serviços governamentais online para cidadãos, empresas e outras agências governamentais. (INTOSAI, 2003, p.3);

- refere-se ao uso, por agências governamentais, de tecnologias de informação (como redes de longa distância, Internet e computação móvel) capazes de transformar as relações com cidadãos, empresas e outras unidades do governo. Essas tecnologias podem servir a diferentes fins, como: melhor prestação de serviços aos cidadãos, interações mais eficazes com empresas e

a indústria, empowerment9 do cidadão por meio do acesso a informações ou

mais eficiência na administração governamental. (WORLD BANK, 2003).

Não obstante, Halchin (2004) defende a inexistência de uma definição universalmente aceita para o governo eletrônico. Por sua vez, Georgescu (2008, p. 2) define o e-gov como o uso das tecnologias digitais para transformar as operações do governo, com a finalidade de melhorar a eficácia, eficiência e prestação de serviços. Gouveia (2004) conceitua e-governo como a utilização das tecnologias de informação e comunicação na Administração Pública, incluindo o impacto das transformações na organização e prestação de serviços ao cidadão e a quem com ele se relacione, de maior qualidade, que potencie a operacionalização de políticas públicas de um modo mais eficaz, eficiente e a menor custo. Para Montagna (2005), uma definição simplista de governo eletrônico considera-o como qualquer ação governamental que seja baseada na utilização de redes de computadores. Entretanto, Donnelly e Merrick (2003) afirmam que os gestores públicos que desejam alcançar a alta adoção do cidadão em serviços eletrônicos devem prover soluções que não sejam apenas tecnicamente acessíveis, porém utilizáveis e empenhadas na satisfação do usuário, o que, pela diversidade de cidadãos, torna- se um verdadeiro desafio.

Assim sendo, o desenvolvimento do governo eletrônico visa também a promoção da universalização do acesso do cidadão aos serviços prestados pelo governo, a integração entre os sistemas, redes e bancos de dados da administração pública e a abertura de informações à sociedade, por intermédio da Internet. Adicionalmente, também o poder político é suportado pelas facilidades associadas ao e-government. Rover (2009, p. 1) define governo eletrônico como uma infraestrutura única de comunicação compartilhada por diferentes órgãos públicos a partir da qual a tecnologia da informação e da comunicação é usada de forma intensiva para melhorar a gestão pública e o atendimento ao cidadão. Assim, o seu objetivo é colocar o governo ao alcance de todos, ampliando a transparências das suas ações e incrementando a participação cidadã. Porém, Mello (2009, p. 45) perfaz a partir da visão de diversos autores, a seguinte definição de governo eletrônico:

9 É o processo pelo qual se atribui autoridade ou poder acrescido a um indivíduo ou grupo de pessoas no processo de tomada de decisão. Pode aplicar-se a cidadãos/clientes ou colaboradores através do envolvimento de uma pessoa/grupo e da garantia de um grau de autonomia nas suas ações/decisões. Fonte: CAF, 2002. Disponível em: http://www.caf.dgaep.gov.pt/index.cfm?OBJID=ab33f4e8-2a0e-4f19-a1bb-b283a6e19f2e&letra=E. Acesso em: 05 ago 13.

envolve a utilização das TICs, sobretudo a Internet, para fornecer informações públicas (SEALY, 2003; FERRER e BORGES, 2004; GEORGESCU, 2008; LAU et

al., 2008), para prestar serviços à sociedade e ao próprio governo (OKOT-UMA,

2000; FOUNTAIN, 2003; FERRER e BORGES, 2004; MAGALHÃES, 2007; GEORGESCU, 2008; LAU et al., 2008), para integrar as interações e as inter-relações entre o governo e sociedade (GHOSH e ARORA, 2005), permitindo que a sociedade interaja e receba serviços 24 horas por dia, sete dias por semana (GEORGESCU, 2008).

De acordo com Prado (2009), a Organização das Nações Unidas, nos primeiros relatórios que acompanhavam as edições do benchmark dos programas nacionais de governo eletrônico (ONU, 2002, 2004), definia governo eletrônico como sendo o conjunto de todas as plataformas tecnológicas de informação e comunicação e aplicações em uso pelo setor público. Em sentido mais estrito, corresponderia à utilização da Internet para disponibilizar informações e serviços aos cidadãos. Atualmente, na visão da ONU (2012) a definição de governo eletrônico torna-se mais ampla, pois na análise dos programas nacionais de governo eletrônico, não são consideradas apenas a provisão de serviços e a melhoria dos processos internos do governo, mas também a influência do governo eletrônico para a accountability. Nesta tese, o governo eletrônico será defendido por sua capacidade de disponibilização de serviços aos cidadãos, juntamente com a dinamização dos processos governamentais, de forma integrada, por intermédio das TICs, objetivando a integração, transparência, governabilidade e a democracia.