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1. GOVERNO ELETRÔNICO

1.5. Estágios de desenvolvimento

Segundo Guimarães (2000), o grande desafio da administração pública reside em como transformar estruturas burocráticas, hierarquizadas e com tendências ao insulamento, em organizações flexíveis e empreendedoras. Zugman (2006) enfatiza que o e-government deve ser visto como um processo de reforma, e não meramente como a informatização de operações governamentais. Para Arakaki (2008, p. 11) o governo eletrônico é uma consequência tanto do fenômeno que caracteriza a Sociedade da Informação: a digitalização das informações que está ocorrendo em vários setores da sociedade e em serviços de comunicação, como da evolução do papel do Estado: o Estado passa a se preocupar em prestar serviços de qualidade, e o cidadão a exigir este melhor atendimento. Zimath (2003, p. 22) aponta que o termo e-Gov têm sido frequentemente associado pela mídia às novas páginas dos governos na Internet. A vinculação do termo à utilização da Internet aparece também como decorrência da popularização do uso dessa tecnologia entre os governos. Face às possibilidades de constituição de novos canais de distribuição de serviços públicos através de portais ou websites governamentais, vislumbrou-se o surgimento de uma nova categoria no

campo da utilização da tecnologia da informação. Por essa razão, segundo Dias (2005), é possível utilizar um esquema padronizado para classificar as iniciativas de governo eletrônico, não apenas de acordo com os setores envolvidos, mas também pelo nível ou estágio de desenvolvimento em que se encontram, já que, por uma variedade de razões técnicas, econômicas e políticas, tais iniciativas levam tempo para implementação em sua totalidade.

As fases no desenvolvimento do governo eletrônico podem ser identificadas por intermédio de algumas tipologias. A primeira classificação adotada foi apresentada no ano de 2000, pelo Gartner Group e utilizada pela Unidade de Missão Inovação e Conhecimento (UMIC), de Portugal, ao elaborar o “Plano de Acção para o Governo Electrónico” daquele país. (CHAHIN et al., 2004, p. 15). Esse modelo é composto por quatro fases, descritas a seguir:

Fase 1 – Presença na Internet/informação: são sites que disponibilizam informação básica ao público;

Fase 2 – Interação: disponibilização de informação crítica e formulários, em que é possível os interessados contatarem a entidade governamental por meio do correio eletrônico;

Fase 3 – Transação/interação bidirecional: sites com aplicações informatizadas que os usuários operam sem assistência, completando uma transação online;

Fase 4 – Transformação: a identidade do organismo que presta o serviço se torna irrelevante para o usuário, dado que a informação se encontra organizada de acordo com suas necessidades.

Outro ponto a destacar na divisão descrita acima é a passagem da fase associada à Interação para a fase da Transação, ser considerada meramente um salto tecnológico, diferentemente da transição da fase de Transação à Transformação no nível de maturidade de e-governo, que necessita de um salto cultural, o que pressupõe mudança organizacional na postura dos agentes governamentais. Atualmente, o Departamento de Assuntos Econômicos e

Sociais (DESA) das Nações Unidas (ONU, 2014), utiliza a seguinte evolução dos estágios de e-government:

Estágio 1 – Emergente (Emerging): caracterizado pela presença do governo online, é composto basicamente por uma página da web e/ou um site oficial. Grande parte da informação disponibilidade é estática e existe pouca interação com os cidadãos;

Estágio 2 – Avançada (Enhanced): os governantes podem oferecer mais informações sobre políticas públicas e a sua administração. Há a disponibilização de links para informações de utilidade aos cidadãos, que sejam facilmente acessíveis, tais como: documentos, formulários, leis, regulamentos e boletins informativos;

Estágio 3 – Transacional (Transactional): o próprio governo começa a se transformar, através da introdução da interação entre os dois atores (governo e cidadão). Essa fase inclui a opção de pagamentos de impostos, solicitação de certidões, bem como outras interações G2C, e permite ao cidadão o acesso a esses serviços online a qualquer hora (24x7). Todas as transações realizadas são online;

Estágio 4 – Em rede (Connected): os governos se transformam em uma entidade apta a responder as necessidades do cidadão, através do desenvolvimento de um gabinete integrado. Essa fase sobrepõe a lógica de fronteiras entre as entidades públicas. Este é o mais sofisticado nível de iniciativas de e-governo e é caracterizado por: conexões horizontais (entre as agências governamentais); conexões verticais (entre a administração central e as locais); conexões de infraestrutura (soluções de interoperabilidade); as conexões entre os governos e os cidadãos; conexões entre as partes interessadas (governo, setor privado, instituições acadêmicas, ONGs – Organizações Não-Governamentais e sociedade civil).

Ademais, a e-participação e o envolvimento dos cidadãos nas ações governamentais, é apoiado e incentivado pelos dirigentes públicos no processo de tomada de decisões. A Figura 3, adiante, representa o modelo descrito acima, com especial destaque à última fase (connected – em rede), representada no ápice da pirâmide, a qual é aspirada por muitos governos eletrônicos em seus planos de ação, que consiste na integração total dos canais de

entrega de serviços públicos à sociedade, caracterizando a transformação mais ampla dos serviços governamentais e não meramente identificado como uma iniciativa isolada de e- government. Nesse nível de maturidade, a organização, os processos e a tecnologia mudam por intermédio das diversas agências governamentais envolvidas no processo.

Figura 3 – Estágios de desenvolvimento do Governo Eletrônico. Fonte: ONU, 2014, p.

195.

Além dos dois modelos apresentados – Gartner Group (2000) e ONU (2014), alguns outros modelos de estágios de desenvolvimento de e-government estão sintetizados no Quadro 1, seguindo uma ordenação cronológica.

Quadro 1 – Outros modelos de estágios de desenvolvimento de governo eletrônico

Proponente(s) Ano Número de

estágios Estágios

Layne e Lee 2001 4 Catalogação; Transação; Integração vertical; Integração horizontal

Moon 2002 5

Comunicação unidirecional; Comunicação bidirecional; Transações de serviços e financeiras; Integração vertical e horizontal; Participação política

Siau e Long 2004 5 Presença na web; Interação; Transação; Transformação; Democracia eletrônica

Ferrer e Santos 2004 5 Institucional; Transacional; Colaborativo; Integração entre todos os níveis; Personalização total

Torres 2006 5

Inicial; Intensiva e interação; Transações financeiras e serviços; Integração vertical e horizontal; Integração sem fronteiras.

Independente do modelo utilizado, Santos (2008), esclarece que os estágios são ascendentes por natureza e caracterizados de acordo com o nível de maturidade ou sofisticação da presença na Internet das gestões públicas, seja na esfera nacional, estadual ou municipal.