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2.1 Degradação dos Solos

2.1.2 Degradação Química dos Solos

Degradação química – a perda de nutrientes é uma das grandes causas de degradação química dos solos. Adicionalmente, a excessiva lixiviação de cations em solos com baixa taxa de minerais argilosos, provoca a queda do pH do solo e a redução de saturação de bases de troca. Para além, disso, a degradação química dos solos é causada pela formação de elementos tóxicos para o crescimento das plantas (LOGAN, 1990). Nesta categoria incluem-se processos, como a lixiviação de bases de troca, acidificação, salinização, entre outros processos. A lixiviação de bases causa a diminuição do pH do solo

e redução de base de saturação.

A degradação química também é causada pelo desequilíbrio entre nutrientes presentes nos solos o que prejudica o crescimento normal de plantas como, por exemplo, o excesso de sais. Existem muitos fatores que conduzem à degradação química de solos. Como fatores naturais, pode-se destacar o clima, vegetação, material de origem, relevo e hidrografia; e fatores culturais, como população, uso e manejo da terra, implantação de infraestruturas de grande vulto em áreas sensíveis em termos ecológicos, vias de acessos, canais de irrigação, complexos industriais, desflorestamento, uso intensivo de terras para produção de grãos, uso excessivo e indiscriminado de agrotóxicos no solo, criação de animais para abate, entre outros. De acordo com Logan (1990), a degradação química dos solos está relacionada com as atividades antrópicas, devido às demandas do setor socioeconômico e o crescimento populacional. Na degradação química podem-se destacar a acidificação e lixiviação de bases de troca e salinização.

2.1.2.1 Acidificação e lixiviação de bases de troca

De acordo com Gupta e Abrol (1990), quando ocorre uma excessiva lixiviação do solo, cations solúveis, tais como sódio (Na+), cálcio (Ca2+), manganês (Mg2+) e potássio (K+) e alguns anions, como cloreto (Cl-), carbonato (CO32-), bicarbonato (HO3-) e sulfato

(SO42-), são os primeiros a serem lixiviados. Alguns destes ions não essenciais para o

crescimento saudável das plantas. De acordo com estes autores, em ambientes úmidos, como nos trópicos, os cations são mantidos, devido à carga negativa dos minerais argilosos e da matéria orgânica. Eventualmente, alguns cations são substituídos por ions de hidrogênio (H+), o que torna os solos mais ácidos.

Às vezes, a acidez dos solos é devida aos compostos de alumínio (e não do hidrogênio) que, em altas concentrações, são muito tóxicos para o crescimento da maioria das plantas (KOHNKE; FRANZMEIER, 1995). Este processo de lixiviação é natural e está no contexto da formação do próprio solo. Mas, é acelerado, devido à ocorrência, em muitos locais, de chuvas ácidas (precipitação que se torna mais ácida, devido à presença na sua composição de ácido sulfúrico e nítrico que provêm das combustões inacabadas das chaminés e tubo de escape dos automotores).

O adubo contendo nitrogênio na sua composição também cria problemas relacionados com a acidificação dos solos. Nos campos de cultivos, a acidificação dos solos é contornada com adição da cal (CaCO3) no solo e a perda de outros nutrientes é

compensada, adicionando fertilizantes ao solo nas proporções corretas.

Algumas destas medidas corretivas do solo não produzem efeitos imediatos, de tal forma que baixa fertilidade e grande concentração de minerais de alumínio e ferro no subhorizonte criam uma camada dura chamada laterita (KOHNKE; FRANZMEIER, 1995).

2.1.2.2 Salinização

A salinização é um processo inverso a lixiviação e consiste na acumulação de excesso de sais na camada superficial do solo (GUPTA; ABROL, 1990). Estes processos ocorrem em áreas muito quentes, visto que a intensa evaporação da água deixa sobre a camada superficiais dos solos uma camada com sais. Nesta categoria incluem-se processos como a sodificação e a salinização. Nas áreas áridas e semiáridas, não existem quedas pluviométricas suficientes para a remoção de sais (cations e anions solúveis) e como resultado são acumulados na camada superficial do solo. Além disso, em áreas áridas e semiáridas, os solos apresentam, naturalmente, taxa elevadas de sais e, em outras áreas, o problema da salinização dos solos é agravado devido às atividades humanas (LAL, 1990). Se os solos não são muito salinos, podem suportar determinadas espécies de plantas que toleram a presença de sais.

Grandes extensões de terras no mundo apresentam, especialmente em áreas áridas e semiáridas, água subterrânea com elevados valores de sais dissolvidos, mas, como muitas vezes, o lençol freático encontra-se distante da zona de raízes, de tal forma que o efeito dos sais não influencia no crescimento das plantas (KOHNKE; FRANZMEIER, 1995). Segundo estes autores, os problemas surgem quando o lençol freático sobe e atinge a camada superficial do solo e a zona de raízes das plantas. Este fenômeno pode acontecer se as árvores forem cortadas ou serem substituídas por culturas anuais que consomem menos água.

Na Austrália, por exemplo, os eucaliptos nativos consomem grande quantidade de água, para manter as suas folhas sempre verdes durante todo ano. Neste continente, boa

parte destas árvores nativas foi substituída por culturas anuais, como por exemplo, o trigo, milho, a batata reno, entre outras, que consomem muito menos água que o eucalipto nativo. Dentro deste contexto, a água não utilizada, por gravitação, desce para os horizontes abaixo, fazendo com que a água salina possa aumentar de volume e subir até alcançar a zona das raízes das plantas. Em algumas destas áreas, este problema está a ser resolvido pelo povoamento da área com eucaliptos nativos para “bombear” a água salina para as suas folhas, uma vez que esta planta é tolerante aos sais no solo e desta forma, baixar o lençol freático da água salgada, para permitir o desenvolvimento normal das plantas (LAL, 1990; KOHNKE; FRANZMEIER, 1995).