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2.2 Alguns métodos de avaliação da erosão de solos utilizando Sensoriamento

2.2.2 Métodos de previsão de processos erosivos do solo

2.2.2.4 Método de Unidade de Terrenos – ITC

Outro exemplo de método de modelagem da suscetibilidade erosiva, a partir das fotografias aéreas, é o método de unidade de terrenos ou método fisiográfico. Este método desenvolve-se na Holanda, a partir dos trabalhos desenvolvidos no International Institute of

Aerial Survey and Earth Science, com vista ao planejamento urbano e regional, incluindo trabalhos regionais com multifinalidades para levantamentos sistemáticos do território e trabalhos regionais com finalidade específica para detalhamento de áreas de interesse.

O objetivo principal era caracterizar genericamente uma determinada área, para definir as zonas com características homogêneas, apresentando um zoneamento em termos de formas de terreno associado ao tipo de material inconsolidado presente na área em estudo (LOLLO, 1995).

Analisando a metodologia aplicada no trabalho de Lantieri et al. (1990), verifica-se que a área de estudo é dividida em áreas homogêneas nas fotografias aéreas, com base em princípios geomorfológicos. Assim, cada parâmetro da área homogênea é classificado e atribuído um valor e registrado em mapas topográficos.

Em seguida, a área homogênea é reclassificada de acordo com o seu grau de suscetibilidade erosiva, depois de se totalizar todos outros parâmetros da mesma área homogênea. Nota-se que este método de avaliação da erosão tem como base os diferentes fatores naturais e cuturais extraidos por meio da análise das fotografias aéreas e trabalho de campo.

De acordo com IAO (2008, 2009), este método foi popularizado por Zuidam (1986) durante os seus trabalhos no referido instituto, e utilizou os seguintes parâmetros:

 Declividade: grau de inclinação do relevo, comprimento e forma;

 Geologia/solo: profundidade do material inconsolidado do solo, textura, selagem, a espessura da primeira camada impermeável;

 Vegetação/uso da terra: densidade da cobertura vegetal e manejo do solo;  Práticas de conservação;

 Frequência de precipitação com características excepcionais;

 Erosão: frequência de ocorrência da erosão eólica, laminar, sulco e ravinar;  Movimentos de massa.

De acordo com a metodologia de Zuidam (1986), os dados de campo têm sido a principal fonte de dados utilizada para o processo de avaliação da suscetibilidade erosiva.

Assim, para a confirmação das propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, as amostras devem ser analisadas em laboratório de solos (IAO, 2008). O Quadro 2 exibe as classes de suscetibilidade erosiva de Zuidam (1986).

Quadro 2 - Classe de suscetibilidade erosiva de Zuidam (1986). Classe de suscetibilidade erosiva Chave de interpretação

Nenhuma Nenhuma evidência de erosão, Horizonte A bem desenvolvido. Leve Horizonte A parcialmente erodido e presença de evidencia de cultivo do horizonte subsequente Moderado Horizonte A muito fino e remoção de boa parte dos seus materiais. Severo Ausência do Horizonte A e a erosão atinge o horizonte abaixo do A. Fonte: Lantieri et al. (1990); IAO (2008).

No contexto de adequação da metodologia de mapeamento das feições erosivas, da mesma forma que aconteceu com a equação USLE, que foi adaptada para as condições ambientais da África Austral com base no modelo SLEMSA, o método holandês de unidade de terra para o mapeamento de feições erosivas também foi adaptado para as condições da África Austral. Segundo Larsson e Stromquist (1993), os países da África Austral desenvolveram um sistema de mapeamento e classificação da erosão de solos como a erosão laminar, erosão por sulcos, barrancos e erosão fluvial, bem como, a erosão causada pelo vento e processos de declive, com base nas análises e interpretação das fotografias aéreas.

Este método foi aplicado com sucesso no Lesotho, Zimbabwe, África do Sul, Namíbia, entre outros. A seguir são apresentadas o Quadro 4 apresenta-se as tabelas de classificação do tipo de erosão e a sua gravidade.

Segundo Larsson e Stromquist (1993), os países da África Austral desenvolveram, em 1981, um sistema de mapeamento e classificação da erosão de solos, com base nas análises e interpretação das fotografias aéreas e imagens de satélites designado Southern

African Regional Commission for the Conservation and Utilisation of the Soil (SARCCUS) que permite a identificação da erosão laminar; erosão por sulcos, erosão ravinar, erosão fluvial e erosão eólica. Este método foi aplicado com sucesso no Lesotho, Zimbabwe, África do Sul, Namíbia, entre outros.

A seguir, são apresentadas as classificações dos tipos de erosão e a sua gravidade, conforme o sistema SARCCUS (1981). O Quadro 3 exibe a classificação de erosão laminar, o Quadro 4 se refere à classificação da erosão ravinar, e o Quadro 5 corresponde à classificação da erosão eólica.

Quadro 3 - Classificação de erosão laminar de acordo com o sistema SARCCUS (1981).

Tipos de Erosão Classificação da Erosão do Solo Interpretação na Foto Aérea e/ou Imagem Orbital

Erosão laminar (superficial) é a remoção uniforme do solo superficial

S1: Nenhuma aparente Nenhum indício visível de erosão na foto aérea (ou na imagem de satélite); o nível de manejo do solo mostra-se alto.

S2: Pouca

Áreas de tonalidades claras observadas nas fotos aéreas; Erosão deduzida pela cobertura vegetal pobre, pelos depósitos de sedimentos e pelo tronco das plantas observadas no campo.

Classes moderadas (3) a muito severas (5) incluem normalmente uma combinação de dois ou de vários

tipos de erosão devido à água.

S3: Moderada

Áreas erosivas de fácil discriminação nas fotografias aéreas, cobertura de plantas muito pobre e depósitos de sedimentos extensivos; associada a pequenos sulcos observados no campo.

S4: Severa Erosão laminar de tamanha severidade sempre associada a sulcos e barrancos. Grande parte do horizonte A foi removido.

S5: Muito severa Como a classe S4. O tipo de erosão compõe a maior parte da área de unidade, associada à classe de erosão de barranco de classe G5. Fonte: Larsson e Stromquist (1993)

Quadro 4 - Classificação da erosão de ravinar de acordo com o sistema SARCCUS (1981).

Tipos de Erosão Classificação da Erosão do Solo Interpretação na Foto Aérea e/ou Imagem Orbital

Erosão ravinar.

Remoção de solo em grandes canais em ravinas pelo escoamento superficial concentrado de largas

áreas da bacia hidrográfica.

G1: Nenhuma aparente

O mesmo que para a erosão laminar. Nenhum indício visível de erosão na foto aérea (ou na imagem de satélite); o nível de manejo do solo mostra-se alto.

G2: Ligeira Claramente observada nas fotos aéreas, possui, usualmente, cerca de 1 m de profundidade. Não pode ser atravessada por máquinas agrícolas. G3: Moderada

Padrões intricados de ravinas profundas (principalmente de 3 – 5 m de profundeza), expondo seções inteiras de solo em certos lugares. Restam muitas “ilhas” da camada superior do solo. G4: Severa Paisagem dividida e truncada por grandes (3 a 5 m de profundidade) ravinas. 25 a 50% da área

improdutiva.

G5: Muito severa Ravinas grandes e profundas (frequentemente > 5 m) denudaram mais de 50% da área. Fonte: Larsson e Stromquist (1993)

Quadro 5 - Classificação da erosão eólica acordo com o sistema SARCCUS (1981).

Tipos de Erosão Classificação da Erosão do Solo Interpretação na Foto Aérea e/ou Imagem Orbital

Erosão eólica. Material arenoso (>85% de areia) removido por suspensão, salto e rastejamento durante os ventos fortes.

W1: Nenhuma Áreas com muita vegetação e úmidas, onde predominam solos argilosos.

W2: Ligeira

É de difícil discriminação nas fotos aéreas ou nas imagens de satélite. Mas, o controle de campo mostra evidências de remoção e deposição e solos limosos podem predominar.

W3: Moderada Facilmente observada nas fotografias aéreas. Areia depositada contra obstruções e pequenas dunas são formadas. O solo é essencialmente arenoso.

W4: Severa Grandes dunas de areia paralelas observadas nas imagens. A vegetação é dispersa e o solo muito arenoso. W5: Muito severa Mais de 50% da área improdutiva pelo que se denomina sopros de vulto (blow outs) e pela deposição de areia. Fonte: Larsson & Stromquist (1993)