• Nenhum resultado encontrado

Delimitação das auditorias ambientais –planejamento

5.2 Implantação

5.2.2 Delimitação das auditorias ambientais –planejamento

O planejamento aqui referido vincula-se à implantação dos elementos metodológicos propostos, distinguindo-se da fase de planejamento das auditorias propriamente ditas.

Como planejar é uma atividade que consiste em conhecer a situação existente e as condicionantes de entorno, visando projetar as ações a empreender, alguns destes procedimentos poderão ser similares, mas deve ser considerado que o planejamento de auditorias é atividade corriqueira e cada ente apenas deverá inserir os aspectos ambientais específicos ao caso concreto, conforme suas necessidades e possibilidades.

Por exemplo: conhecer as características do conjunto de jurisdicionados para planejar a abordagem de controle externo, de forma ampla, é atuar em um nível de cunho estratégico,

enquanto que conhecer um ente específico para planejar a abordagem sobre um programa de governo específico, é atuar com foco exclusivo na operacionalidade de tarefa única e delimitada.

O grupo de trabalho constituído conforme disposto no item anterior deverá proceder a sistematização das informações e dos dados levantados previamente ao início das AAs, agregando informações e buscando apoio de colaboradores qualificados. Por exemplo, no caso da avaliação de programas de governo, é cabível e importante “identificar e inventariar

os programas de governo para, então, abordá-los” (INTOSAI, 2001, p.30).

Da mesma forma que a existência de informações prévias à auditoria é fundamental para a eficiência das ações de fiscalização, é relevante lembrar a importância da reunião de informações sobre as condições ambientais em que está inserido o conjunto dos jurisdicionados para a elaboração da metodologia de AA, além das estratégias paralelas de atuação.

No entanto, á que se ressalvar que a responsabilidade sobre a manutenção de informações específicas às necessidades de gestão ambiental de cada jurisdicionado é do próprio ente fiscalizado e não do controle externo, sendo passível de análise a própria existência dos dados e sua fidedignidade.

O órgão de controle externo “pode usar informações provenientes de uma base de

dados centralizada durante a avaliação de conformidade ou de efetividade das medidas corretivas” (INTOSAI, 2001, p. 29). Estes dados podem ser uma eficiente fonte primária de

informações para auditorias, reduzindo o tempo e os recursos necessários, visto a existência prévia de informações confiáveis. Como fonte de dados, podem-se utilizar os informes disponibilizados por outras entidades afins, desde que verificados a sua confiabilidade e consistência, em relação aos propósitos de auditoria.

As fontes de informação poderão ser as próprias auditorias, os entes de licenciamento e fiscalização ambiental, os promotores das políticas públicas, centros de ensino e pesquisa, publicações específicas, sensos públicos ou mesmo ações específicas dos TCs, tais como a aplicação de questionários.

Como modelo relevante para sistematização e utilizável como fonte de informações, Dobrovolski (2004) a partir de um extenso levantamento de informações sócio-econômico- ambientais, desenvolveu indicadores e perfis de desenvolvimento sustentável caracterizando as diferentes regiões e municípios do Rio Grande do Sul.

Fontes desta qualidade e profundidade, podem embasar estratégias de atuação de forma direcionada e objetiva, de acordo com as fragilidades e potencialidades locais e regionais.

No caso da auditoria sobre a gestão ambiental local, um conjunto de indicadores similar a este pode direcionar objetivamente o exame sobre a proteção dos aspectos mais frágeis ou de maior potencial de impacto negativo, com considerável agilidade e redução de esforços.

Retornando ao roteiro de implantação, nesta fase, atividades de sensibilização, tais como palestras, seminários ou grupos de discussão sobre a temática ambiental devem ser realizados, visando fornecer informações e conhecimentos ao conjunto de servidores da Casa, além de colher subsídios junto aos mesmos, sinalizando o início das atividades relativas às auditorias ambientais.

Para dimensionar corretamente esta ação, importa realizar o levantamento e registro do acúmulo de conhecimento teórico e prático dos profissionais do TC, complementando-o com a realização de cursos de formação continuada específicos e o apoio de outros instrumentos de aprendizagem, inclusive com a utilização de profissionais externos, se necessário.

Como o exame de questões ambientais pode envolver uma complexidade razoável, além de uma série de disciplinas tais como engenharia do meio ambiente, economia, contabilidade ambiental, direito ambiental, biologia, geologia, etc, há que se verificar se os técnicos do quadro funcional possuem estes saberes. Até porque, algumas destas disciplinas são recentes e não estão plenamente consolidadas nos currículos dos cursos regulares, ainda mais se considerada a necessária adaptação às auditorias ambientais das contas públicas. Disto resulta que a participação de especialistas externos deva ser objeto de análise pontual.

A INTOSAI, em diversos pontos de seu guia metodológico trata de possível apoio externo, através da contratação de profissionais ou entidades técnicas, sendo importante o cuidado que recomenda com a comprovação efetiva da adaptação dos mesmos ao trabalho a executar. Vejamos quais são as principais recomendações:

Tendo em conta que a perícia ambiental é uma especialidade em desenvolvimento, nas quais se movem pessoas de diversos tipos de formação profissional e de experiência, será particularmente difícil ao auditor obter razoável segurança acerca da reputação do especialista ou de sua competência, assim com ter certeza de que o trabalho do expert em questão seja apropriado para os propósitos da auditoria. O auditor deverá ter em conta, no mínimo o seguinte:

- a formação profissional do especialista;

- a duração do período de prática do especialista; - a relevância de sua experiência profissional; e,

- a acreditação de um organismo profissional, quando pertinente (INTOSAI, 2003, p. 16).

O mesmo documento sugere procedimentos para assegurar-se que o trabalho desenvolvido pelo especialista satisfaça aos propósitos da auditoria, em especial a análise sobre a natureza e propósito do documento resultante, os métodos empregados e a objetividade dos especialistas, somando-se a isto a avaliação dos riscos que poderão advir do texto produzido.

Muitas serão as perguntas, e elas deverão ser respondidas nesta fase.

A seguir estão elencados, não pretendendo exaurir o rol de dúvidas, alguns questionamentos que deverão ser respondidos.

- Que tipo de auditoria será feita? De conformidade, inserindo aspectos ambientais, operacionais ou integradas?

- Em que estas auditorias se diferenciarão das realizadas corriqueiramente, sem a inserção da variável ambiental?

- Quais os limites ou características serão estabelecidos como desejáveis ou exeqüíveis?

- Qual a necessidade de conhecimento e como serão treinados os profissionais de auditoria?

- Qual o grau de conhecimento será necessário para cada tipo de auditoria?

- Alguns técnicos necessitarão de maior especialização para exercerem funções de liderança no processo?

- Há pessoal interno com conhecimento para treinar as equipes, ao menos parcialmente?

- Será necessário contar com instrutores externos? Onde estão estes instrutores externos?

- Os possíveis instrutores externos conhecem a atuação do TC e as limitações de suas auditorias ambientais?

-Quais os custos que serão acrescidos para que estas auditorias ocorram? - Há estimativa orçamentária para possíveis acréscimos de custo?

Algumas destas perguntas serão respondidas pela análise direta da estrutura do TC, outras, com apoio em bibliografias existentes ou através de intercâmbio com pessoas e instituições relacionadas ao meio ambiente, além da troca de experiências com outros TCs e seus servidores.

As demais precisarão ser resolvidas através de critérios desenvolvidos pela equipe constituída, que buscará os apoios necessários à consecução de suas metas. Alguns destes critérios poderão ser embasados nos textos produzidos pela INTOSAI, pela OLACEFS ou outras entidades relacionadas aos diferentes temas envolvidos.

Há que se considerar a experiência acumulada pelos diversos tribunais de contas brasileiros e seu corpo técnico, a partir da participação em eventos ou fóruns de discussão. O resultado deste intercâmbio tem consolidado muitos conceitos e a elucidado questões até então duvidosas, sendo estes trabalhos bastante úteis à implantação das auditorias ambientais propostas.

Ao final desta etapa sugere-se produzir um primeiro documento a ser avaliado pela alta direção, contendo as conclusões iniciais, as sugestões oportunas e um roteiro para a efetiva elaboração de diretrizes ou da metodologia própria do tribunal. Isto por que, até esta fase o que se fez concretamente foi conhecer as condições, os limites e as possibilidades existentes dentro do tribunal e será preciso avaliar se as intenções iniciais serão realizáveis da forma que se imaginou, ou se haverá necessidade de alterar alguns dos planos originais, visando à eficácia e eficiência do processo.