• Nenhum resultado encontrado

Delimitação e caracterização da área de estudo

5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

5.1 Delimitação e caracterização da área de estudo

Como explica Gil (2006, p. 162), para o tipo de pesquisa exploratória proposta, é preciso delimitar o locus da observação, ou seja, o local onde o fenômeno em estudo ocorre. Esse trabalho ocupar-se-á em analisar e mensurar componentes da RSA no setor de cerâmica da RM Cariri, universo, portanto, desta pesquisa, pertencente à mesorregião do Cariri, localizada no sul do Ceará. A RM Cariri é formada por nove municípios (Barbalha, Caririaçu, Crato, Farias Brito, Jardim, Juazeiro do Norte, Missão Velha, Nova Olinda e Santana do Cariri), os quais ocupam cerca de 5.025,655 km², onde vivem cerca de 564.478 habitantes (divididos entre 21,1% de população rural e 78,9% urbana) (IBGE, 2010).

A região abriga a segunda maior concentração urbana do estado, o triângulo Crato – Juazeiro do Norte – Barbalha, com uma população de 363.810 habitantes, correspondente a 4,9% do total populacional do estado do Ceará (IBGE, 2010).

Do ponto de vista econômico, favorece a exploração de minérios de alto valor comercial e indústrias de aproveitamento de matérias-primas locais, beneficiando, ainda, a agricultura diversificada e agroindústria.

A área proposta para análise apresenta reconhecida diversidade de sistemas e subsistemas naturais, com amplo potencial de biodiversidade e de riquezas fossilíferas, arqueológicas, geológicas, além de “recursos hídricos, minerais, hipsométricos e edafoclimáticos” (BANCO DO NORDESTE, 2001). Abrange a Chapada do Araripe, com aproximadamente 180 km de extensão por 40 km de largura e elevação média de 800m. Na planície, o Vale do Cariri, no sopé da chapada, apresenta desnível médio de 400m.

A riqueza natural da região manifesta-se, em sua constituição, pela presença de sítios geológicos e paleontológicos, onde se destacam “dois sítios – o membro Crato e o membro Santana (unidade superior) que fazem da Formação Santana um dos mais impressionantes e diversificados sítios paleontológicos do mundo, reconhecido tanto pela diversidade, quanto pelo excelente estado de conservação dos espécimes” (BRASIL, 2010, p 154).

Em termos de recursos hídricos, considera-se a existência de ampla riqueza hidrográfica. A bacia coletora é a do Rio Salgado,

que recebe a contribuição dos riachos Batateira, Granjeiro e Carás, na região do Crato/ Juazeiro do Norte, Salamanca em Barbalha, Seco em Missão Velha e do riacho dos Porcos que drena toda a região ocidental da chapada, incluindo os municípios de Milagres, Mauriti, Brejo Santo, Porteiras, Jardim e Jati (HISSA, 2005, p. 59).

A região dispõe oficialmente de duas unidades de conservação federal: a Floresta Nacional do Araripe – FLONA Araripe e a Área de Proteção do Araripe – APA Araripe, as quais fazem parte atualmente do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC (Lei Federal Nº 9.985/00). A riqueza de seus ecossistemas levou à criação (Lei Nº 9.226, de 02 de junho de 1946) da mais antiga floresta nacional, a FLONA, que ocupa uma área de 38.626,32 hectares e abrange parte dos municípios de Santana do Cariri, Crato, Barbalha, Missão Velha e Jardim.

A fragilidade ambiental que caracteriza esse conjunto de sistemas e a presença de ricos sítios paleontológicos favoreceram o estabelecimento da APA Araripe (Decreto Federal de 04 de agosto de 1997), atingindo 40 municípios nos estados do Ceará, Pernambuco e Piauí. A criação de uma APA nessa região foi resultado da necessidade de delimitar as condições da exploração produtiva, além da preservação do equilíbrio socioambiental e manutenção da sustentabilidade dos recursos ambientais locais.

Em relação a condições climáticas, identificam-se duas estações distintas, uma chuvosa no verão e outra seca e os índices de precipitação variam entre 850 e 1.100 mm anuais, onde predomina irregularidade e concentração no trimestre fevereiro-março-abril (MAGALHÃES; PEULVAST; BÉTARD, 2010).

Conforme Alves, Bezerra e Matias (2011), a FLONA Araripe “possui grande relevância na manutenção do equilíbrio hidrológico, climático, ecológico e edáfico do Complexo Sedimentar do Araripe”. Quanto à vegetação, as principais fisionomias constituem- se de: Floresta Subperenifólia Tropical Pluvial-Nebular (Mata úmida – 12,34%), Floresta Subcaducifólia Xeromorfa (Cerradão – 37,32%), Cerrado (42,67%), Carrasco (6,67%), Mata secundária (0,07%), Áreas sem cobertura florestal (0,93%) (BRASIL, 2010, p 154).

A ampla riqueza natural que permeia a biorregião do Araripe passa a ter reconhecimento mundial com a criação do primeiro geoparque do hemisfério sul, Geopark Araripe, em 2006, passando a integrar a Rede Mundial de Geoparques da UNESCO. É “constituído por 9 parques (geotopes) espalhados em uma área de mais de 5.000 Km2,

funcionando como uma rede de preservação das paisagens naturais e dos achados arqueológicos e paleontológicos” (OLIVEIRA; CHACON, 2009).

Vale destacar que a presença da conurbação urbana CRAJUBAR, onde principalmente Crato e Barbalha crescem em direção à escarpa da chapada, resulta em larga ação antrópica sobre as condições ambientais, resultante em fragilidades e riscos que prejudicam o equilíbrio sócio-econômico-ambiental. Nesse cenário, destacam-se:

Desmatamentos desordenados, verificados na Zona de Pediplano, Talude e Chapada, muitas vezes para utilização do solo para pastagem; Manejo do solo não adequado, como a plantação de bananeira, implantação de residências na zona de Talude; Queimadas em toda a Chapada do Araripe; Manejo inadequado de recursos hídricos, como a utilização de particulares de fontes e nascentes, comprometimento das nascentes, impermeabilização dos canais, desvio de drenagens; Ocupação de áreas de preservação permanente, verificado ao longo dos rios e riachos existentes e na área da FLONA; Aceleração dos processos erosivos, pelos usos inadequados do solo; Intensificação do assoreamento dos rios, riachos; Poluição do solo e dos recursos hídricos pela falta de saneamento básico (esgoto, água, drenagem e resíduos sólidos); Áreas de passivos ambientais e proliferação de vetores de doenças originadas de lixo e de águas estagnadas; e Poluição visual e sonora (CEARÁ, 2008, p. 55).

A grande riqueza ambiental da região, portanto, gera desafios para uso e ocupação do espaço e para a conservação e recuperação ambiental, demandando forte ação do Estado na busca da sustentabilidade ambiental da RM Cariri.