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CAPÍTULO 2: CONFIGURAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO

2.2 Delimitando e Definindo a Problemática de Investigação

No primeiro ano de curso, em 2004, após ter participado das leituras, dos debates e das apresentações realizados nos grupos de pesquisa PRAPEM14 e GEPFPM15 e de ter cursado as disciplinas oferecidas durante o 1º e 2º semestre, sobretudo Saberes Docentes e Formação de

Professores16 e Metodologia de Pesquisa – FE 19017, houve um aprofundamento, tanto teórico de

questões relativas aos saberes docentes, à relação teoria-prática, às políticas públicas, à formação

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Neste trabalho observaram-se algumas influências das ações e procedimentos dos professores e dos licenciandos em Matemática do CAJ/UFG nas argumentações geométricas dos alunos frente aos conteúdos, em especial, trigonometria, áreas e volumes.

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PRAPEM – Prática Pedagógica em Matemática 15

GEPFPM – Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Formação de Professores de Matemática 16

Oferecida pelo Prof. Dr. Dario Fiorentini dentro do programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

17 Oferecida pelos Prof°s

Dr. Jorge Megid; Dra Ana Regina Lanner de Moura e Dra Elisabeth Barolli, dentro do programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

inicial e continuada e ao desenvolvimento profissional, quanto metodológico, relativo à pesquisa qualitativa, mais especificamente, à pesquisa qualitativa do tipo estudo de caso.

Além disso, durante o segundo semestre tive a oportunidade de apresentar meu projeto de pesquisa no PRAPEM e também na disciplina FE 190, onde foi discutido e problematizado. Ao (re)elaborar as apresentações, após várias discussões e reflexões com meu orientador, reformulei o projeto inicial. A partir disso, ocorreram várias mudanças em meus objetivos, na minha questão investigativa e, principalmente, na parte metodológica.

Influenciada por essas discussões, leituras e debates, formulei algumas questões que foram essenciais para definir melhor os meus objetivos, a minha questão investigativa e para orientar-me no decorrer de minhas ações.

Vejamos algumas:

1. Como o curso emergencial de LPP em Matemática tem contribuído para o desenvolvimento profissional dos professores leigos em exercício?

2. O que os professores-alunos leigos sabem e fazem em sala de aula está sendo valorizado e explorado durante o curso de Licenciatura Plena Parcelada em Matemática?

3. Como acontece o diálogo entre os saberes acadêmicos e os saberes da experiência durante o curso? O que resultou desse diálogo?

4. Que contribuições esse diálogo trouxe para o desenvolvimento profissional desses professores?

5. Quais os conteúdos de Geometria ensinados durante o curso?

6. Como esses conteúdos de Geometria foram trabalhados durante o curso pelos professores formadores? Que materiais didáticos foram utilizados?

7. Como os saberes experienciais em Geometria foram problematizados, (re)significados e ampliados durante o curso?

8. Esses professores-alunos já ensinavam Geometria antes de iniciar o curso? De que maneira? E agora, após ingressarem no curso, o que mudou?

9. Como foi a relação desses professores-alunos com a Geometria ao longo da sua trajetória estudantil e profissional?

10. Que contribuições o curso trouxe para a prática desses professores-alunos no que se refere à Geometria?

Assim, diante dessas interrogações e do que foi exposto ao longo deste capítulo, reformulei minha questão/pergunta orientadora de pesquisa, que passou a receber a seguinte formulação:

Que significados os professores leigos em exercício do curso emergencial de Licenciatura Plena Parcelada (LPP) em Matemática atribuem à sua prática e aos seus saberes docentes em Geometria, a partir do contato com essa formação acadêmica?

No entanto, esta não foi a última versão da questão investigativa. Após minha pré- qualificação18, em outubro de 2005, após o término das observações das aulas de Geometria dos dois principais protagonistas deste estudo (Ana Maria e Cláudio), em setembro e novembro de 2005, respectivamente e, também, após ter finalizado as entrevistas com os professores- formadores de Geometria Espacial, Analítica, Prática de Ensino I, II e III e com os dois professores-alunos, Ana Maria e Cláudio, em fevereiro de 2006, passei a dedicar-me à transcrição e à análise do material coletado. Durante esse período, várias interlocuções foram estabelecidas com meu orientador, através das quais fui percebendo que os relatos dos professores-alunos leigos estavam muito centrados na questão das contribuições do curso e nos problemas, nos limites, nos fatores ou nos fatos que dificultaram o processo de (re) significação de seus saberes e práticas de sala de aula. Desse modo, em agosto de 2006, optei por realizar um novo afunilamento do estudo. Isso me levou a novamente reformular a questão central da pesquisa. Assim, esta ficou enunciada da seguinte forma:

Como os professores – principalmente leigos, em serviço - percebem e narram as contribuições e limitações da formação acadêmica, obtidas durante um curso emergencial de Licenciatura Plena Parcelada (LPP) em Matemática, especialmente em relação à sua prática e aos seus saberes docentes em Geometria?

No entanto, após a qualificação, em outubro de 2006, novas interlocuções foram estabelecidas com meu orientador e percebemos que, além das contribuições e limitações

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Este exame de pré-qualificação configura-se como uma apresentação do trabalho de pesquisa que vem sendo desenvolvido ao grupo PRAPEM do curso de Pós-graduação em Educação, área concentração em Educação Matemática da Unicamp, bem como a uma banca composta por um mestre, um doutor, um professor da área de

percebidas e narradas pelos professores-alunos, havia, igualmente, aquelas evidenciadas nos depoimentos desses docentes alunos, mas que não foram destacadas explicitamente por eles. Desse modo, novamente reformulamos a questão investigativa, ficando esta enunciada da seguinte forma:

Como os professores – principalmente leigos, em serviço – percebem, narram e evidenciam as contribuições e limitações da formação acadêmica ocorrida durante um curso emergencial de Licenciatura Plena Parcelada (LPP) em Matemática, especialmente em relação à sua prática e aos seus saberes docentes em Geometria?

A partir desta pergunta, portanto, estou interessada em identificar e analisar, através dos relatos dos professores-alunos leigos, em serviço, as contribuições do curso emergencial de LPP em Matemática em relação às suas práticas e saberes docentes em Geometria, bem como os problemas, os limites, os fatores ou os fatos que dificultaram, de um lado, o desenvolvimento profissional desses docentes, e de outro, o processo de (re) elaboração e produção de novos significados relativos à sua prática e aos seus saberes didático-pedagógicos, experienciais e conceituais relativos ao ensino da Geometria na escola básica.

No entanto, para poder atingir os propósitos deste estudo, não me limitarei a investigar somente esse espaço da formação acadêmica, pois, na verdade, todo o processo de formação é um movimento contínuo e interior de (re) elaboração e de produção de saberes que ocorre, tanto no contato com os programas formais de formação19, quanto ao longo da vida de cada um, na interação com outras pessoas, com as práticas, com o mundo.

Cabe ainda ressaltar que os professores leigos envolvidos nesta pesquisa gozam de uma ampla experiência e prática de sala de aula e “possuem um saber-fazer e um saber-ser que foram produzidos experiencialmente em situações complexas e adversas do dia-a-dia da sala de aula e que, por isso, possuem uma certa autonomia de produção do trabalho escolar” (Fiorentini, 2000, p. 4). Por isso, é necessário coletar algumas informações sobre o passado desses professores- alunos, suas trajetórias de vida estudantil e profissional e, posteriormente, aprofundar as

Educação Matemática e o orientador, como uma prática que antecede a qualificação e vem contribuindo para a melhoria do estudo.

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Entende-se aqui, como programas formais de formação de professores, os programas específicos desenvolvidos por iniciativa de instituições de ensino e/ou órgãos públicos (secretarias de educação), com o objetivo de oferecer aos professores oportunidade para seu desenvolvimento profissional.

investigações na prática escolar de alguns deles para que seja possível responder à questão investigativa.

Posto isso, os objetivos centrais desta investigação são:

9 Identificar e analisar a relação dos professores-alunos do curso emergencial de LPP

em Matemática com a Geometria e com o ensino desta ao longo de sua trajetória estudantil e profissional.

9 Identificar e analisar as contribuições, os problemas e as limitações do curso

emergencial de Licenciatura Plena Parcelada (LPP) em Matemática – sobretudo quando percebidos, relatados e evidenciados pelos professores leigos, em serviço – em relação à sua prática e aos seus saberes docentes em Geometria.

Tendo em vista tais objetivos, faz-se necessário, antes de descrever a metodologia da pesquisa de campo, discutir algumas questões e conceitos-chave para a realização deste estudo, tais como formação, desenvolvimento profissional, experiência, saberes docentes e, particularmente, saberes docentes em Matemática – mais especificamente, em Geometria. Sobre esses conceitos debruçar-me-ei no próximo capítulo.