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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 Delineamento da pesquisa

Segundo Gil (2002), pesquisa é um procedimento racional e sistemático cujo objetivo é obter respostas a problemas propostos. Para Freitas e Jabbour (2011), o primeiro passo para o início de uma pesquisa é a definição do objetivo e abordagem, a qual é dividida em três tipos, a saber: descritiva, exploratória e explicativa.

Desta forma, o objetivo geral desta pesquisa é o de propor boas práticas de

operação que colaborem para a eficiência de usinas de açúcar e etanol.

Com base em seu objetivo, uma pesquisa pode ser classificada em exploratória, descritiva e explicativa.

A pesquisa foi dividida em duas fases, e em relação à abordagem, ela pode ser definida como quantitativa descritiva, na primeira fase, e qualitativa explicativa, na segunda fase.

Para Vergara (1997), a pesquisa descritiva demonstra características de uma dada população ou fenômeno, podendo estabelecer correlações entre variáveis e definir sua natureza, não tendo compromisso em explicar os fenômenos servindo como base para tal.

As pesquisas explicativas, conforme Gil (2002), têm como objetivo identificar os fatores, elementos que determinam ou contribuem para a ocorrência dos fenômenos.

Freitas e Jabbour (2011) afirmam que, quando a pesquisa é descritiva, a abordagem é quantitativa e quando a pesquisa se propõe a explicar ou descrever um fenômeno, a abordagem é qualitativa. Os dois métodos podem ser utilizados para uma investigação científica, caracterizando o que se chama de triangulação metodológica ou mixed-methodology, que é baseado no uso combinado e sequencial das duas fases, qualitativa e quantitativa ou vice-versa, ilustrado na figura 14. Ainda segundo

os autores, essa combinação metodológica é uma forma estruturada de se produzir conhecimento, superando as deficiências de cada uma das abordagens. As principais características de cada abordagem podem ser vistas no quadro 6.

Figura 14 - Triangulação metodológica

Fonte: baseado em Östlund et. al.(2011).

Desta forma, para a realização do objetivo proposto nesta tese, optou-se pela utilização mista de investigação, o terceiro paradigma metodológico, que conforme Morgan (2007), combina o uso de técnicas de pesquisa qualitativa e quantitativa na investigação científica.

Devido à sua complexidade, uma das etapas mais difíceis no processo de investigação mista é a análise de dados. Assim, a pesquisa foi dividida em duas partes, sendo a primeira predominantemente quantitativa descritiva, e a segunda qualitativa explicativa.

O paradigma quantitativo é baseado no positivismo, que é caracterizado pela pesquisa empírica; todos os fenômenos podem ser reduzidos a indicadores empíricos que representam a verdade. A posição ontológica do paradigma quantitativo é que não existe apenas uma verdade, uma realidade objetiva que exista independentemente da percepção humana. Epistemologicamente, o investigador e investigado são entidades independentes. Portanto, o investigador é capaz de estudar um fenômeno sem influenciá-lo ou ser influenciado por ele (SALE; LOHFELD; BRAZIL, 2002).

Quadro 6 - Abordagem qualitativa x quantitativa

Abordagem Qualitativa Abordagem Quantitativa A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural com a

fonte direta de dados e o pesquisador como instrumento fundamental;

Condução da pesquisa com hipóteses claramente especificadas e variáveis operacionalmente definidas;

A pesquisa qualitativa não procura enumerar e/ou medir os eventos estudados, nem emprega instrumental estatístico na análise dos dados;

Preocupa-se com a medição objetiva e a quantificação dos resultados;

Parte de questões ou focos de interesses amplos, que vão se definindo à medida que o estudo se desenvolve;

Busca a precisão, evitando distorções na etapa de análise e interpretação dos dados;

Envolve a obtenção de dados descritivos sobre pessoas, lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a situação estudada, procurando compreender os fenômenos segundo a perspectiva dos participantes da situação em estudo. O significado que as pessoas dão às coisas e à sua vida é a preocupação essencial do investigador;

Pesquisadores utilizam o enfoque indutivo na análise de seus dados.

Fonte: Freitas e Jabbour (2011).

Segundo Cauchick (2010), o ato de mensurar as variáveis de pesquisa é a característica marcante da abordagem quantitativa. A estrutura lógica da pesquisa quantitativa pode ser vista na Figura 15 e suas principais preocupações são a mensurabilidade, a causalidade, a generalização e a replicação.

Em contraste com o paradigma quantitativo, o paradigma qualitativo é baseado no interpretativismo e no construtivismo. Sob uma perpectiva ontológica, existem várias realidades ou múltiplas verdades baseadas em sua construção da realidade. A realidade é socialmente construída e, por isso, está mudando constantemente. O investigador e o objeto de estudo são interativamente ligados, de modo que os resultados são mutuamente criados dentro do contexto da situação que molda o inquérito ( SALE; LOHFELD; BRAZIL, 2002).

Figura 15 - Estrutura lógica da abordagem quantitativa

Fonte: Cauchick (2010).

Para Cauchick (2010), a característica que distingue a pesquisa qualitativa da quantitativa é a ênfase na perspectiva do indivíduo que está sendo estudado. Na abordagem qualitativa, a realidade subjetiva dos indivíduos envolvidos na pesquisa é considerada relevante e contribui para o desenvolvimento da pesquisa. As pesquisas qualitativas apresentam as seguintes características:

• ênfase na interpretação subjetiva dos indivíduos;

• delineamento do contexto do ambiente de pesquisa;

• abordagem não muito estruturada;

• múltiplas fontes de evidências;

• importância da concepção da realidade organizacional;

• proximidade com o fenômeno a ser estudado.

A visão predominante da história da pesquisa de métodos mistos identifica o início dessa abordagem, ou do seu desenvolvimento sistemático, com o trabalho de Campbell e Fiske (1959) na triangulação, tendo um crescimento real de estudos de método misto na década de 1980. Para Creswell e Clark (2011),''[...] o período de utilização de métodos mistos começou em 1950 e continuou até a década de 1980. Este período viu o interesse em usar mais de um método em um estudo [...]'' (CRESWELL; CLARK, 2011, p. 25), e durante o final de 1980 até início de 1990,

muitos pesquisadoras estavam utilizando uma nova abodagem de investigação, além da utilização distinta de métodos qualitativos e quantitativos em um estudo.

A importância do método misto pode ser justificada por Maxwell (2016), ao citar os estudos do estatístico David Freedman, nos quais argumenta sobre o valor da pesquisa qualitativa como um complemento à análise estatística, descrevendo uma série de estudos importantes dos séculos XX e XIX que combinavam evidências qualitativas e de raciocínio com os métodos experimentais e análise estatística como, por exemplo, a descoberta da causa da cólera. Segundo Freedman, os pesquisadores que dependem de observação de dados precisam de provas qualitativas e quantitativas, incluindo estudos de caso e que o uso de ferramenta única não é melhor; portanto, deve-se encontrar uma combinação adequada para as particularidades do problema.

Torrance (2012) argumenta que o princípio fundamental subjacente à justificativa do uso da abordagem do método misto é a triangulação. Para o autor, nenhum método isolado é capaz de analisar toda a abrangência de um fenômeno sob investigação. Por conseguinte, a utilização de dois ou mais métodos devem ser empregados para melhores possibilidades de resultados intelectuais. O pressuposto é que diferentes perspectivas podem ser geradas, o que dará uma amplitude maior e um quadro mais informativo daquilo que está acontecendo. Tais perspectivas terão maior validade do que as produzidas por um método único.

Pode ser que as fontes de dados diferentes gerem discrepância nas análises, mas essa possibilidade tem sido muitas vezes interpretada como justificativas para uma investigação mais aprofundada, sendo assim tratadas como descobertas interessantes, intrigantes, que informam que nosso entendimento original foi insuficiente e portanto, exigem mais dados a recolher e mais análises interpretativas a realizar (MATHISON, 1988; PATTON, 1980).

Torrance (2012) analisa o uso da triangulação na pesquisa, defendendo a combinação de metodologias no estudo do mesmo fenômeno. O autor cita quatro aspectos essenciais da triangulação:

(A) triangulação de dados, isto é, diferentes fontes, tomadas ao longo do tempo; (B) de investigadores, isto é, o uso de times, se possível;

(C) do método, isto é, a observação, entrevista, levantamentos, e assim por diante e;

(D) da teoria, ou seja, a interposição de suportar diferentes perspectivas teóricas sobre os dados.

A combinação de vários observadores, teorias, métodos e fontes de dados, podem levar a superar o viés intrínseco oriundo do método único.

Esta tese foi desenvolvida junto ao GREFIC, grupo de estudo de eficiência, coordenado pelo prof. Dr. Alexandre Pereira Salgado Junior da FEA-RP e com o apoio de mais cinco integrantes do grupo.

A seguir, serão detalhados os procedimentos metodológicos adotados na parte quantitativa e qualitativa desta tese, e os resultados preliminares alcançados.