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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.3 Etapa qualitativa

Nessa fase, foi realizado um estudo de caso em uma usina eficiente, definida pela técnica DEA aplicada na abordagem quantitativa, e uma entrevista semiestruturada com especialistas da Fermentec, por ser esta empresa conhecida no setor sucroenergético, possuir mais de 40 anos de experiência no desenvolvimento e difusão de novas tecnologias para o avanço do setor e por possuir uma equipe de profissional altamente qualificada nas áreas de Química, Bioquímica, Microbiologia e Agronomia.

Para Eisenhardt (1989), o estudo de caso normalmente combina vários métodos de coleta de dados como arquivos, entrevistas, questionários e observações, sendo as provas de ordem qualitativa, quantitativa ou ambos. O estudo de caso pode ser utilizado para realizar vários objetivos, e os principais compreendem fornecer uma descrição à teoria de teste ou gerar uma teoria. Da mesma forma, Freitas e Jabbour (2011) afirmam que outro importante objetivo é o aumento da compreensão e do entendimento sobre os eventos reais contemporâneos.

A seleção do caso é um importante aspecto do processo de construção de estudos de caso. O conceito de uma população é muito importante, pois ela define o conjunto de entidades a partir da qual a amostra da pesquisa será desenhada. Além disso, a seleção de uma população adequada controla possíveis variações e ajuda a definir os limites para a generalização das descobertas.

A escolha da usina a ser estudada ocorreu por julgamento e conveniência. Escolheu-se uma usina eficiente, segundo a análise quantitativa, com a finalidade de verificar as boas práticas que poderiam contribuir para a sua eficiência.

Com o objetivo de entender também o processo de produção de açúcar e etanol, e as boas práticas relacionadas às variáveis explicativas, encontradas após a análise DEA, foi realizada uma entrevista com dois especialistas em produção de açúcar e etanol da Fermentec.

Deste modo, foi possível identificar boas práticas de operação junto aos principais fatores que podem explicar a variação na eficiência técnica relativa.

O instrumento de pesquisa utilizado, tanto no estudo de caso como com o especialista, foi um roteiro de entrevista semiestruturado. A entrevista na usina foi realizada com o diretor industrial, com o gerente industrial e com o responsável pela coleta e análise dos dados dos laboratórios de análises físico-químicas da usina.

O estudo de caso, segundo Yin (2005), representam uma boa estratégia quando [...] “se colocam questões do tipo “como” e “por quê”, quando o pesquisador tem pouco controle sobre os acontecimentos e quando o foco se encontra em fenômenos contemporâneos inseridos em algum contexto da vida real”. A pesquisa de estudo de caso inclui tanto estudo de caso único quanto de casos múltiplos.

Para que um estudo de caso seja feito, cinco componentes do projeto de pesquisa são importantes (YIN, 2005):

1- as questões de estudo;

2- suas proposições;

3- sua unidade de análise;

4- a lógica que liga os dados às proposições e

5- os critérios para interpretar as constatações.

Para Yin (2005), projetos de casos múltiplos apresentam vantagens e desvantagens em relação aos projetos de casos únicos. Uma vantagem importante é a de ser considerado mais convincente e o estudo global é visto como algo mais sólido. Assim, este modelo segue a lógica da replicação e não da amostragem. Sua abordagem pode ser vista na figura 18.

Figura 18 - Método do estudo de caso

Fonte: Yin (2005).

3.3.1 Protocolo do estudo de caso

O protocolo de estudo de caso, de forma geral, apresenta as seções de visão geral do projeto, procedimentos de campo, questões do estudo de caso e o guia para relatório do estudo de caso, sendo uma das principais táticas para aumentar a confiabilidade da pesquisa de estudo de caso, orientando o pesquisador ao realizar a coleta de dados a partir de um estudo de caso único (YIN 2005).

Para Cauchick (2007) “o protocolo deve incluir um guia para a condução do caso, uma definição clara das unidades de análise, como os dados serão coletados e com quem, check lists, itens de controle para a pesquisa etc.” Se a técnica utilizada para levantamento de dados for a entrevista, o entrevistador deve ser imparcial para que tenha sucesso na coleta dos dados, não devendo se limitar apenas à entrevista.

Para Yin (2005), o protocolo do caso deve conter uma visão geral do projeto de estudo de caso, procedimentos de campo, questões do estudo de caso e um guia para o relatório do estudo realizado. Já para Freitas e Jabbour (2011), o protocolo serve como um check list ao pesquisador, devendo apresentar os seguintes itens:

1- questão principal de pesquisa;

3- temas da sustentação teórica;

4- definição da unidade de análise;

5- potenciais entrevistados e múltiplas fontes de evidências;

6- período de realização;

7- local da coleta de evidências;

8- obtenção de validade interna, por meio de múltiplas fontes de evidência;

9- síntese do roteiro de entrevista.

Com base nesses itens, foi elaborado para esta tese um protocolo de estudo de caso que pode ser visto no apêndice 2.

Para a coleta dos dados a serem levantados nessa fase, foi criado um instrumento de pesquisa e um roteiro de entrevista semiestruturado, que permite aferir, em profundidade, as análises realizadas na fase quantitativa. Esse instrumento pode ser observado no apêndice 3.

3.3.2 Técnicas de análise dos dados qualitativos

Cauchik (2007) afirma que não apenas a coleta dos dados deve ser apresentada, mas também a forma com que estes serão analisados, devendo ser estabelecidos meios apropriados para tal a fim de possibilitar, de forma robusta, a ligação eficaz entre os dados e a teoria, permitindo chegar a conclusões sólidas.

Para a análise dos resultados da pesquisa qualitativa, será utilizada a técnica de análise de conteúdo com a finalidade de validar os resultados das entrevistas semiestruturadas que serão realizadas junto à usina de cana-de-açúcar e o especialista. Conforme Bardin (2011), esta análise é caracterizada por um conjunto de técnicas de análise de comunicações. Ainda conforme o autor, “qualquer comunicação, isto é, qualquer transporte de significações de um emissor para um receptor controlado ou não por este, deveria poder ser escrito, decifrado, pelas técnicas de análise de conteúdo” (BARDIN, 2011, p. 32). A figura 19 mostra as fases de aplicação da técnica.

Figura 19 - Fases da análise de conteúdo

Fonte: Carlucci (2012).

As etapas de desenvolvimento da abordagem qualitativa da tese podem ser visualizadas na Figura 20.

Figura 20 - Etapas da abordagem qualitativa

Fonte: elaborado pelo autor.

1 •Levantamento e desenvolvimento da teoria 2 •Análise dos resultados da fase quantitativa 3 •Seleção do caso

4 •Elaboração do protocolo do caso 5 •Elaboração do roteiro de entrevista 6 •Teste do roteiro e ajustes

7 •Realização de entrevistas

8 •Redação relatório caso individual 9 •Análise de conteúdo

10 •Conclusão casos cruzados 11 •Modificação da teoria 12 •Relatório final