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APÊNDICE 1 – PONTOS DE CONTROLE DO PROCESSO 165 APÊNDICE 2 – ESTUDO DE CASO PROTOCOLO DE PESQUISA

1.2 Problematização e objetivos da pesquisa

Apesar de a crise do setor, iniciada em 2008, ainda apresentar reflexos, é pertinente considerar a necessidade atual de ganhos de produtividade das áreas agrícolas e industrial, o que implica um aumento da competitividade do etanol e do açúcar brasileiro. Conforme observa Moraes e Bacchi (2015), o aumento da produção de etanol por hectare de cana plantada pode ser essencial para a manutenção e

sustentabilidade dos programas de substituição de combustíveis fósseis por renováveis. Outrossim, conforme o referido autor, o comportamento das unidades de produção de açúcar e etanol tem sido diferente na crise pelo qual o setor está passando. Estudos mostram que uma grande quantidade de usinas tem superado ou convivido com os problemas setoriais mantendo-se viáveis ao menos, a médio prazo, e esse fato mostra que existem atrasos a serem saneados de várias ordens.

Sob o ponto de vista da produção industrial, pode-se afirmar que existe uma variação da eficiência e da produtividade entre as usinas de açúcar e etanol. Alega- se, ainda, que a busca da compreensão dos motivos dessas diferenças pode colaborar para o aumento da competitividade do setor e para a consequente melhoria de performance técnica e econômica.

Para se conhecer o comportamento e a eficiência do processo produtivo de uma usina de açúcar e etanol, foram analisados 168 pontos de controle do processo produtivo. Trata-se de uma questão complexa, pois, para manter o processo sob controle, é feita, diariamente, uma grande quantidade de análises laboratoriais nas diversas etapas da produção. Tais investigações resultam em dados como volumes, temperaturas e massas que, apesar de serem suscetíveis a erros de medição, precisam ser analisados sob a ótica de uma perspectiva sistêmica.

Em razão dessa complexidade, faz-se necessário um estudo aprofundado para identificar as usinas mais e menos eficientes de uma determinada amostra, entender seus processos e pontos de controles da operação, relacionando estes fatores com a eficiência técnica e identificando as boas práticas operacionais que possam contribuir para um incremento da eficiência técnica.

Para a realização desta tese, buscou-se estudar os dados de produção de 33 usinas de açúcar e etanol e as 168 variáveis de processo a fim de responder ao seguinte problema de pesquisa: Quais as boas práticas de operação que podem colaborar para a eficiência técnica das usinas de açúcar e etanol?

A busca de respostas para essa pergunta de pesquisa fez com que se optasse por uma abordagem mista de pesquisa, utilizando-se a técnica de triangulação, por meio da análise dos dados teóricos, empíricos quantitativos e qualitativos.

Na fase quantitativa, foi utilizada a técnica Data Envelopment Analysis (DEA), desenvolvida por Charnes, Cooper e Rhodes (1978) e apresentada como uma ferramenta para medir a eficiência e a produtividade das unidades de tomada de decisão. A técnica foi utilizada para criar um ranking de eficiência das usinas

pesquisadas e, posteriormente, verificar, por intermédio de análise de regressão truncada, a relação entre as variáveis de processo e a eficiência operacional.

Como a fase quantitativa não explica o porquê das diferenças de eficiência, foi realizada uma pesquisa qualitativa, que teve como objetivo “abrir a caixa preta” do processo. Para isso, foi realizado um estudo de caso em uma usina mais eficiente e foi feita uma entrevista com dois especialistas em processo de produção de açúcar e etanol, a fim de compreender os processos produtivos relacionados às variáveis de processo encontradas na fase quantitativa. Deste modo, buscou-se identificar, na fase qualitativa, quais as boas práticas operacionais que podem explicar as diferenças de performance entre as usinas.

Assim, o objetivo desta tese é o de propor boas práticas de operação que

colaborem para a eficiência de usinas de açúcar e etanol. Para tal, foram

estabelecidos quatro objetivos específicos, a saber:

• Definir o conceito de eficiência para as usinas de açúcar e etanol;

Criar um ranking de eficiência entre as usinas pesquisadas nas safras 2010/2011 a 2014/2015;

• Identificar as variáveis de processo que mais influenciam a eficiência das usinas;

• Realizar estudo de caso em usina eficiente e uma entrevista com dois especialistas em processos de produção de açúcar e etanol para compreender, em profundidade, os processos produtivos envolvidos.

1.3 Justificativa

A eficiência industrial é o principal indicador de desempenho de uma usina de açúcar e etanol. Ela pode ser traduzida como sendo a porcentagem dos açúcares da cana que são recuperados e transformados em açúcar, etanol e em outros produtos (FERNANDES, 2011).

Para Torquato, Martins e Ramos (2009), as unidades produtivas do setor sucroenergético precisam incrementar sua eficiência em relação ao uso dos insumos empregados, dado o crescente aumento da concorrência e da otimização da produtividade como fatores essenciais à sobrevivência.

Segundo Santos (2016), a eficiência industrial também reflete a queda de produtividade do setor agrícola, possuindo como indicador mais importante a

transformação do ATR em produtos finais, como etanol e açúcar. Além disso, existem diferenças de eficiência entre as usinas de açúcar e etanol; há plantas industriais que produzem em média 5,5 mil litros de etanol/ha, enquanto outras produzem 9 mil l/ha de etanol.

O gráfico 3 ilustra a queda do rendimento da produção de ATR e a consequente queda da produção de etanol.

Para Salgado Junior, Bonacim e Pacagnella Junior (2009), a determinação da eficiência ou ineficiência de uma organização e a identificação dos motivos de seu desempenho contribuem, significativamente, para a definição de estratégias para o setor.

Gráfico 3 - Rendimento da produção de etanol e de ATR durante a expansão e a

atual crise (2002-2013) - (Em l/ha e kg/ha)

Fonte: Santos (2016).

Em recente relatório sobre a safra 2016/2017, a União da Indústria de Cana- de-açúcar (Unica) apresentou preocupantes dados quanto à produtividade agrícola. Em uma amostra de 155 empresas, foi estimada uma queda de 15,06% em relação ao índice apurado no mesmo mês de 2015 e, de 9,56% quando comparado ao mês de setembro de 2016. Por outro lado, a quantidade de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) apresentou ligeiro crescimento: de 133,69 kg por tonelada, em 2015, saltou para 134,10 kg por tonelada (UNICA, 2016).

Assim, dada a importância do aumento da eficiência e da produtividade para o setor de açúcar e etanol, conhecer os pontos de controle mais relevantes para o processo de produção de açúcar e etanol e a proposição de boas práticas de operação podem contribuir para o aumento da eficiência técnica, auxiliando na recuperação da rentabilidade e desempenho do setor.

Não existem muitos trabalhos que analisam a eficiência industrial das usinas de açúcar e etanol, o que pode ser visto no capítulo 2, o qual discorre sobre os conceitos de eficiência e a eficácia nas usinas. Desta forma, este trabalho se propõe a melhorar o entendimento sobre a eficiência operacional na busca de melhorias para o setor sucroenergético.