3 METODOLOGIA
3.3 DELIMITAÇÃO E DESIGN DA PESQUISA
3.3.1 Delineamento de pesquisa
A pesquisa nas ciências sociais tem sido marcada ao longo dos anos por
estudos que valorizam a adoção de métodos quantitativos na descrição e explicação
dos fenômenos de seu interesse. Outra forma de abordagem, que veio se instalando
aos poucos e se afirmando como uma frutífera possibilidade de investigação para as
ciências sociais será utilizada nessa pesquisa, a qualitativa. Embora nas duas
abordagens – quantitativa e qualitativa – a pesquisa se caracteriza como um esforço
cuidadoso para a descoberta de novas informações ou relações e para a verificação
e ampliação do conhecimento existente, o caminho seguido nessa busca pode
possuir contornos distintos (GODOY, 1995a, p. 58).
A pesquisa qualitativa não procura enumerar e/ou medir os eventos estudados, nem emprega instrumental estatístico na análise dos dados. Parte de questões ou focos de interesses amplos, que vão se definindo à medida que o estudo se desenvolve. Envolve a obtenção de dados descritivos sobre pessoas, lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a situação estudada, procurando compreender os fenômenos segundo a perspectiva dos sujeitos, ou seja, dos participantes da situação em estudo (GODOY, 1995a, p. 58).
Os sujeitos foram observados em seu contexto, de forma não intervencionista,
e tais observações são relatadas em linguagem não técnica, por meio de palavras e
conceitos familiares que possibilitam a compreensão do fenômeno minimizando o
melhor maneira de se captar a realidade é aquela que possibilita ao pesquisador
colocar-se no papel do outro, vendo o mundo pela visão dos pesquisados.
Embora haja muita diversidade entre os trabalhos denominados qualitativos,
segundo Godoy (1995a, p. 62) alguns aspectos essenciais identificam os estudos
desse tipo:
A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como fonte direta de dados e o
pesquisador como instrumento fundamental. Nessa abordagem valoriza-se o
contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que está
sendo estudada. O pesquisador deve aprender a usar sua própria pessoa como o
instrumento mais confiável de observação, seleção, análise e interpretação dos
dados coletados.
A pesquisa qualitativa é descritiva. Rejeitando a expressão quantitativa, numérica,
os dados coletados aparecem sob a forma de transcrições de entrevistas,
anotações de campo, fotografias, videoteipes, desenhos e vários tipos de
documentos. O ambiente e as pessoas nele inseridas devem ser olhados
holisticamente: não são reduzidos a variáveis, mas observados como um todo. Os
pesquisadores qualitativos estão preocupados com o processo e não
simplesmente com os resultados ou produto. Não é possível compreender o
comportamento humano sem a compreensão do quadro referencial (estrutura)
dentro do qual os indivíduos interpretam seus pensamentos, sentimentos e ações.
O significado que as pessoas dão às coisas e à sua vida é a preocupação
essencial do investigador. Os pesquisadores qualitativos tentam compreender os
fenômenos que estão estudando a partir da perspectiva dos participantes.
Considerando todos os pontos de vista como importantes, este tipo de pesquisa
esclarece o dinamismo interno das situações, frequentemente invisível para
observadores externos.
Os pesquisadores qualitativos utilizam o enfoque indutivo na análise de seus
dados. Partem de questões ou focos de interesse amplos, que vão se tornando
mais diretos e específicos no transcorrer da investigação. (GODOY, 1995a, p. 63).
Enfim, quando estamos lidando com problemas pouco conhecidos e a
pesquisa é de cunho exploratório, este tipo de investigação parece ser o mais
adequado. Quando o estudo é de caráter descritivo e o que se busca é o
entendimento do fenômeno como um todo, na sua complexidade, é possível que
uma análise qualitativa seja a mais indicada, (GODOY, 1995a). Ainda quando a
preocupação recai sobre a compreensão da teia de relações sociais e culturais que
se estabelecem no interior das organizações, o trabalho qualitativo pode oferecer
interessantes e relevantes dados.
Portanto, a abordagem adotada nessa pesquisa é a qualitativa e descritiva,
considerando a relação dinâmica que existe entre o mundo real e o indivíduo
caracterizando um vínculo inseparável entre o mundo objetivo e o subjetivo que não
pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de
significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Não requer o uso de
métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de
dados e o pesquisador é o instrumento-chave (GIL, 1999).
O aspecto central da pesquisa é a realização de entrevistas com intuito de se
buscar as percepções e as experiências dos participantes, no caso, os gestores da
Gráfica e Editora Posigraf. A pesquisa qualitativa faz surgir a teoria durante a própria
pesquisa e isso ocorre através da interação contínua entre a coleta e a análise de
dados. Para Chizzotti (2006):
O termo qualitativo implica uma partilha densa com pessoas, fatos e locais que constituem objetos de pesquisa, para extrair desse convívio significados visíveis e latentes que somente são perceptíveis através de uma atenção sensível (CHIZZOTTI, 2006, p. 94).
Partindo de questões amplas que vão se aclarando no decorrer da
investigação, o estudo qualitativo pode ser conduzido através de diferentes
caminhos. O estudo de caso se caracteriza como um tipo de pesquisa cujo objeto é
uma unidade que se analisa profundamente. É o formato de estudo que visa o
exame detalhado de um ambiente, de um simples sujeito ou de uma situação em
particular (GODOY, 1995a). O estudo de caso tem se tornado a estratégia preferida
quando os pesquisadores procuram responder às questões como e por que certos
fenômenos acontecem, quando há pouca possibilidade de controle sobre os eventos
estudados e quando o foco de interesse é sobre fenômenos atuais, que só poderão
ser analisados dentro de algum contexto de vida real.
[...] No estudo de caso o pesquisador geralmente utiliza uma variedade de dados coletados em diferentes momentos, por meio de variadas fontes de
informações. Tem como técnicas fundamentais de pesquisa a observação e a entrevista. Produz relatórios que apresentam um estilo mais informal, narrativo, ilustrado com citações, exemplos e descrições fornecidos pelos sujeitos (GODOY, 1995b, p. 26).
A estratégia de pesquisa escolhida foi o estudo de caso, pois envolve o
estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos de maneira que se permita
um amplo e detalhado conhecimento (GIL, 1991). Utiliza-se o estudo de caso em
muitas situações para contribuir com o conhecimento que temos dos fenômenos
individuais, organizacionais, sociais, políticos e de grupo, além de outros fenômenos
relacionados (YIN, 2005). Ainda segundo esse autor, é a estratégia escolhida ao se
examinarem acontecimentos sobre os quais não se pode manipular comportamento
relevantes. O estudo de caso conta com muitas das técnicas utilizadas pelas
pesquisas históricas, mas acrescenta duas fontes de evidências que “usualmente
não são incluídas no repertório de um historiador: observação direta dos
acontecimentos que estão sendo estudados e entrevistas das pessoas neles
envolvidas” (YIN, 2005, p. 26).
O poder diferenciador do estudo de caso é sua capacidade de lidar com
uma ampla variedade de evidências – documentos, artefatos, entrevistas e
observações – além do que pode estar disponível no estudo histórico
convencional (YIN, 2005, p. 27).