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Os fatores em estudo foram: tratamento da superfície dentinária (NaOCl a 1%, NaOCl a 1% + tiossulfato de sódio a 5%, NaOCl a 5,25% e NaOCl a 5,25% + tiossulfato de sódio a 5%) e sistemas adesivos (Single Bond UniversalTM - técnica autocondicionante e Single Bond UniversalTM – técnica convencional ScothbondTM Multi Purpose e ClearfilTM SE Bond). A amostra foi composta por 48 dentes bovinos, os quais foram separados aleatoriamente em 16 grupos experimentais. A unidade experimental foi o dente, os quais foram seccionados em hemi-espécimes (n=6) das quais eram obtidos os corpos-de-prova (palitos). A variável de resposta foi à resistência da união adesiva (avaliada por meio do teste de microtração) (Figura 1).

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Figura 1. Esquema do delineamento experimental de acordo com as concentrações de hipoclorito de sódio (NaOCl), utilização ou não do tiossulfato de sódio a 5% e os sistemas adesivos estudados.

34 4.2 Seleção e preparo da amostra

Quarenta e oito incisivos bovinos extraídos foram selecionados para este estudo. Estes foram limpos com curetas periodontais (Duflex, SS White) para remoção do remanescente de tecido periodontal ou ósseo. Em seguida, realizou- se profilaxia com escova de Robson, pedra pomes e água em baixa rotação e os dentes armazenados em solução de Cloramina T a 1%, a 4°C, por até três meses do momento da utilização (Figura 2).

Figura 2. (1) Seleção dos dentes bovinos. (2) Remoção do remanescente de tecido periodontal ou ósseo com curetas periodontais. (3) Profilaxia com pedra pomes e água.

Os dentes foram seccionados perpendicularmente ao longo eixo com discos diamantados dupla-face (#7020, KG Sorensen, Barueri, São Paulo, Brasil) montados em baixa rotação (Kavo, Joinville, Santa Catarina, Brasil) sob refrigeração constante com água. Dois cortes foram realizados: o primeiro a 2 mm da junção amelocementária para remoção das raízes, e o segundo a 10 mm no longo eixo para exposição da câmara pulpar (Figura 3).

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Figura 3. (1) Dente antes do corte. (2) Separação da raiz: corte perpendicular ao eixo longitudinal, 2mm apicalmente à junção amelocementária; (3) Exposição da câmara pulpar: corte perpendicular ao eixo longitudinal, 10mm incisalmente à junção amelocementária; (4) Aparência do dente após os cortes terem sido feitos.

Em seguida, tecido pulpar foi removido cuidadosamente com cureta de dentina (Duflex, São Paulo, São Paulo, Brasil) para não causar danos na superfície da câmara pulpar (Figura 4).

Figura 4. (1) Remoção do tecido pulpar com cureta de dentina; (2) Aparência final do espécime obtido.

A embocadura do canal foi selada com CotosolTM (Colténe G, Altstatten,

Suíça) e os espécimes foram montados em placas de vidro, permitindo assim o refluxo da solução irrigadora na câmara pulpar (Figura 5).

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Figura 5. (1) Espécime montado sobre placa de vidro, com a embocadura do canal selada com CotosolTM e a solução irrigadora sendo aplicada com um seringa descartável. (2) Solução sendo aspirada por um sugador descartável.

4.3 Tratamento da dentina

As soluções de NaOCl foram preparadas à partir da titulação de solução de NaOCl a 10-12% (Riolab, Rio Claro, SP, Brasil; Lote #CH95436), enquanto que a solução de tiossulfato de sódio a 5% foi manipulada (Drogal, Piracicaba, SP Brasil). Inicialmente, os espécimes foram aleatoriamente separados em 4 protocolos de tratamento (modificado de Santos et al., 2006), os quais estão descritos abaixo:

(1) NaOCl a 1%: Irrigação com NaOCl a 1%, utilizando seringa descartável (0,55 x 20, BD, Curitiba, PR, Brasil), durante 30 minutos, com renovação da solução, aspirando-a, e aplicando-a novamente a cada 3 minutos. Em seguida, o espécime foi lavado com 10 mL de água destilada. Após, o espécime foi preenchido com ácido etilenodiamino tetra-acético a 17% (EDTA), por 3 minutos, sendo renovado a cada 1 minuto. O protocolo de irrigação foi finalizado com a lavagem do espécime com 10 mL de água destilada e secagem com papel absorvente.

(2) NaOCl a 1% + tiossulfato de sódio a 5%: Irrigação com NaOCl a 1%, utilizando seringa descartável (0,55 x 20, BD, Curitiba, PR, Brasil), durante 30 minutos, com renovação da solução, aspirando-a, e aplicando-a novamente a cada 3 minutos. Em seguida, o espécime foi lavado com 10 mL de água destilada.

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Após a lavagem, o espécime foi preenchido com EDTA a 17%, por 3 minutos, sendo renovado a cada 1 minuto. Foi realizada a lavagem do espécime com 10 mL de água destilada e finalmente, a irrigação com o tiossulfato de sódio a 5%, utilizando também seringa descartável (0,55 x 20, BD, Curitiba Brasil), por 1 minuto com posterior secagem do espécime.

(3) NaOCl a 5,25%: Irrigação com NaOCl a 5,25%, utilizando seringa descartável (0,55 x 20, BD, Curitiba Brasil), durante 30 minutos, com renovação da solução, aspirando-a, e aplicando-a novamente a cada 3 minutos. Em seguida, o espécime foi lavado com 10 mL de água destilada. Após a lavagem, o espécime foi preenchido com EDTA a 17%, por 3 minutos, sendo renovado a cada 1 minuto. O protocolo de irrigação foi finalizado com a lavagem do espécime com 10 mL de água destilada e secagem com papel absorvente.

(4) NaOCl a 5,25% + tiossulfato de sódio a 5%: Irrigação com NaOCl a 5,25%, utilizando seringa descartável (0,55 x 20, BD, Curitiba Brasil), durante 30 minutos, com renovação da solução, aspirando-a, e aplicando-a novamente a cada 3 minutos. Em seguida, o espécime foi lavado com 10 mL de água destilada. Após a lavagem, o espécime foi preenchido com EDTA a 17%, por 3 minutos, sendo renovado a cada 1 minuto. Foi realizada a lavagem do espécime com 10 mL de água destilada e por fim a irrigação com o tiossulfato de sódio a 5%, utilizando também seringa descartável (0,55 x 20, BD, Curitiba Brasil), por 1 minuto com posterior secagem do espécime.

Finalizando-se os protocolos de irrigação, os dentes foram cuidadosamente seccionados em seu longo eixo com disco diamantado dupla-face (KG Sorensen, Barueri, São Paulo, Brasil). Um corte foi realizado na superfície mesial sem que o disco tocasse a dentina da câmara pulpar. Em seguida, outro corte foi realizado da mesma maneira na superfície distal e com o auxilio de um Lecron (Duflex, São Paulo, São Paulo, Brasil) os espécimes foram clivados, resultando em duas metades de câmara pulpar que foram posteriormente preenchidas com resina composta. Estes cuidados foram tomados para não afetar as superfícies que haviam recebido a irrigação (Figura 6). Os dois hemi-

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espécimes obtidos a partir de um dente foram restauradas utilizando-se o mesmo sistema adesivo.

Figura 6. (1) Secções longitudinais nas superfícies mesial e distal, sem atingir a câmara pulpar. (2) Aparência dos hemi-espécimes após a clivagem.

4.4 Procedimento adesivo

Cada grupo foi então separado em 4 subgrupos de acordo com o tipo de adesivo e/ou a estratégia de adesão utilizada (Figuras 7, 8, 9 e 10). Foram empregados os adesivos Single Bond UniversalTM, ScotchbondTM Multi Purpose e ClearfilTM SE Bond. O sistema adesivo Single Bond UniversalTM foi utilizado em duas estratégias de adesão: técnica convencional e técnica autocondicionante. Os adesivos estudados, composições e os regimes de tratamentos empregados e os fabricantes estão listados no Quadro 1.

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Sistema Adesivo

Composição Protocolo de Aplicação

ClearfilTM SE

Bond Kuraray Med. Inc.,

Japão. Lote do Primer: 01233A Lote do Adesivo: 01865ª Primer: MDP, Hema, dimetacrilato hidrofílico, fotoiniciador, água. Adesivo: MDP, Hema, BisGMA, dimetacrilato hidrofílico, fotoiniciadores, silica coloidal.

Aplicação ativa do primer na superfície dental por 20 s;

Secagem com um leve jato de ar por 5 s;

Aplicação do adesivo na superfície dental;

Fotoativação por 10 s - LED Bluephase G2. Single Bond UniversalTM 3M ESPE, St Paul,MN,USA Lote: 1322100154 10 MDP, Copolímero Vitrebond, HEMA, BisGMA, dimetacrilato resinosos, carga, silano, iniciadores, etanol e água.

Técnica Autocondicionante:

Aplicação ativa do adesivo por 20 s; Secagem com leve jato de ar durante 5 s, para evaporação do solvente; Fotoativação por 10 s - LED Bluephase G2.

Técnica Convencional:

Condicionamento ácido (Condac37- Ácido fosfórico a 37%, espessante, corante e água deionizada) por 15 s; Secagem com filtros de papel

absorvente;

Aplicação ativa do sistema adesivo por 20 s.

Secagem com leve jato de ar por 5 s, para evaporação do solvente;

Fotoativação durante 10 s com o LED Bluephase G2. Adper Scotchbond Multi- PurposeTM 3M ESPE, St. PaulMN, USA Lote do Primer: N478117 Lote do Adesivo: N465871

Primer: solução aquosa

de 2- hidroxietilmetacrilato (HEMA) e copolímero do ácido polialcenóico. Adesivo: solução de Bisfenol diglicidil dimetacrilato (Bis- GMA), 2- hidroxietilmetacrilato

(HEMA) e

canforoquinona.

Condicionamento ácido (Condac 37- Ácido fosfórico a 37%, espessante, corante e água deionizada), por 15 s; Lavagem por 15 s;

Secagem com papel absorvente; Aplicação do primer;

Secagem com leve jato de ar por 5 s, para evaporação do solvente;

Aplicação do adesivo;

Fotopolimerição por 10 s - LED Bluephase G2.

Quadro 1. Sistemas adesivos, respectivos fabricantes, lote, composição e protocolo de aplicação utilizado neste estudo.

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Figura 7. Sistema adesivo Single Bond UniversalTM – Técnica Convencional. (1) Apresentação comercial do Single Bond UniversalTM. (2) Aplicação do ácido

fosfórico na dentina da câmara pulpar por 15s. (3) Lavagem com água por 15s. (4) Secagem com filtro de papel absorvente. (5) Aplicação do adesivo com microbrush. (6) Aplicação de um leve jato de ar para volatilização do solvente. (7) Fotoativação por 10s.

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Figura 8. Sistema Adesivo Single Bond UniversalTM – Técnica Autocondicionante. (1) Apresentação comercial do Single Bond UniversalTM. (2) Secagem da dentina. (3) Aplicação do sistema adesivo com microbrush. (4) Aplicação de um leve jato de ar para volatilização do solvente. (5) Fotoativação por 10s.

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Figura 9. Sistema Adesivo ScotchbondTM Multi Purpose: (1) Apresentação comercial. (2) Aplicação do ácido fosfórico por 15s. (3) Lavagem com água por 15s. (4) Secagem com filtro de papel absorvente. (5) Aplicação do primer com microbrush. (6) Jato de ar para volatilização do solvente. (7) Aplicação do adesivo com microbrush. (8) Fotoativação por 10s.

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Figura 10. Sistema Adesivo Clearfil SE Bond. (1) Apresentação comercial. (2) Secagem da dentina da câmara pulpar. (3) Aplicação ativa do primer. (4) Aplicação do jato de ar para volatilização do solvente. (5) Aplicação do adesivo. (6) Fotoativação 10s.

4.5 Procedimento selador

Imediatamente após a polimerização de cada sistema adesivo, a dentina da câmara pulpar foi selada com compósito resinoso nanoparticulado FiltekTM Z350 cor EA3 (3M, St. Paul, Minnesota, EUA). As restaurações foram confeccionadas seguindo a técnica incremental utilizando espátula metálica para resina (Duflex, São Paulo, São Paulo, Brasil), na qual cada incremento apresentou aproximadamente 1,0 mm de espessura e foi fotoativado por 20 s, de acordo com a recomendações do fabricante. Para a fotoativação utilizou-se LED Bluephase G2 (Ivoclar Vivadent, Barueri SP, Brasil) com irradiância em torno de 1.200 mW/cm2,

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aferida regularmente com o Radiômetro Bluephase Meter (Ivoclar Vvivadent, Barueri, SP, Brasil). Ao final, cada bloco de resina apresentou aproximadamente 3 mm de altura, 8 mm de comprimento e 4 mm de largura. Em seguida, todos os espécimes foram armazenados em água destilada a 37°C por 24 h (Figura 11).

Figura 11. (1) Inserção do primeiro incremento após a aplicação do sistema adesivo. (2) Inserção dos demais incrementos. (3) Bloco de resina concluído.

4.6 Obtenção dos corpos-de-prova para microtração

Após o armazenamento todos os hemi-espécimes foram fixados em base de acrílico com cera pegajosa em bastão (Asfer Indústria Química Ltda., São Paulo, SP, Brasil) e seccionados longitudinalmente nos eixos X e Y sobre a área adesiva com disco diamantado (102 x 0,3 x 12,7 mm, Buehler, Lake Buff, Illinois, EUA) montado em cortadeira metalográfica (ISOMET 1000, Buehler, Lake Buff, Illinois, EUA) em baixa rotação (300 rpm) sob refrigeração constante com água, seguindo a técnica proposta por Shono et al. (1999). A obtenção dos “palitos” está ilustrada na Figura 12. As dimensões dos palitos foram mensuradas com paquímetro digital, e a área de secção foi de aproximadamente 1,0 ± 0,1 mm. Em virtude da curvatura anatômica da câmara pulpar e a necessidade de interfaces planas para a condução do teste de microtração, somente os palitos da região central com interface dentina/resina planas foram selecionados.

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Figura 12. (1) Cortadeira metalográfica onde o corte dos palitos foi realizado. (2) Momento do corte.

4.7 Teste de Microtração

Após o seccionamento, os corpos-de-prova foram fixados em um dispositivo, utilizando cola a base de cianoacrilato (Super Bonder Flex Gel, Loctite – Henkel, Diadema, SP), sendo a presa da cola acelerada com um acelerador de cura instântanea (Loctite Tak Pak Accelerator, Henkel Corporation, Rocky Hill, Connecticut, EUA). O ensaio de microtração foi realizado na máquina de ensaios Ez-Test (EZS, Shimadzu, Tóquio, Japão), utilizando célula de carga de 500 N, com velocidade constante de 1 mm/min até ocorrer fratura. Os valores máximos de resistência da união em quilograma-força (kgf) foram registrados (Figura 13).

Após o ensaio, as duas partes do palito fraturado foram removidas do dispositivo e a área de secção transversal foi calculada a partir das medidas obtidas da metade em dentina, as quais foram obtidas com paquímetro digital (Mitutoyo Measuring Instruments, Suzhou P.R., China). Os valores de resistência de união em Kgf foram transformados em MPa por meio da seguinte fórmula: RU = F/A x 0,098, na qual: RU- Resistência de União (MPa); F – Valores máximos em Kgf do ensaio de microtração; A – Área da interface adesiva dos corpos-de-prova.

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Figura 13. (1) Palitos fixados no dispositivo. (2) Dispositivo posicionado na máquina de ensaio durante a realização do teste. (3) Palito após a fratura.

4.8 Análise do Padrão de fratura

Após a fratura, as duas metades dos palitos fraturados foram montados lado a lado em stubs de resina acrílica para que pudessem ser avaliados em microscopia eletrônica de varredura. Os espécimes foram cobertos por ouro em um metalizador a vácuo (Balzers model SCD 050 sputter coater, Balzers Union Aktiengesellschaft, Fürstentum Lichtenstein, FL-9496, Alemanha) e então levados ao microscópio eletrônico JEOL - JSM – 5600 LV (Scanning Electron Microscope, Tokyo, Japan). Cada palito foi observado com aumento de 75x os padrões de fratura foram classificados em: (1) Falha adesiva; (2) Falha coesiva em dentina; (3) Falha coesiva em resina; (4) Falha mista. Após a análise, calculou-se a porcentagem de cada tipo de falha para cada grupo.

47 4.9 Análise estatística

Os dados obtidos foram submetidos ao teste de normalidade Shapiro- Wilk. Após a comprovação da distribuição normal dos dados, estes foram submetidos à ANOVA 3 fatores (concentração de NaOCl, agente antioxidante e sistemas adesivos) e o teste de Tukey foi aplicado, para a comparação entre os grupos ao nível de significância de 5%. Os dados foram analisados por meio do programa ASSISTAT (Versão 7.6 beta, 2011, Campina Grande, Brasil).

48 5 RESULTADOS

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