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Os casos que foram indicados o tratamento ou retratamento endodôntico, estes foram realizados por 24 cirurgiões-dentistas, alunos do Curso de Especialização em Endodontia, da FOP-Unicamp, com experiência neste tipo de intervenção. Foi adotada a técnica de instrumentação estabelecida pela Área de Endodontia da FOP/Unicamp, os tratamentos foram realizados em quantas sessões fossem necessárias, sendo que apenas a primeira sessão dos tratamentos foi considerada para o presente estudo. De forma preemptiva, trinta minutos antes dos procedimentos de antissepsia e anestesia local, os voluntários dos 2 grupos receberam um comprimido de uma das seguintes preparações farmacológicas, por via oral:


- Dexametasona - cápsulas 4 mg (Drogal, Farmácia de Manipulação); 
- Placebo - cápsula de amido 4mg (Drogal, Farmácia de Manipulação). As preparações farmacêuticas foram codificadas como Protocolo A ou B, por um farmacêutico não envolvido no projeto, ambas tinham cápsulas com a mesma forma, tamanho, peso e cor, sendo impossível identificá-las (Figura 1). Os medicamentos foram colocados em embalagens fechadas e pré-identificadas por códigos (Figura 2), mantidos por um segundo pesquisador, de tal maneira que o operador, o pesquisador que ministrou as medicações e o voluntário não tinham conhecimento prévio de qual dos protocolos estavam utilizando, caracterizando um estudo triplo-cego.

Figura 1 - Cápsulas das preparações

farmacológicas com o mesmo tamanho, forma e cor.

A análise dos resultados foi realizada também por profissional sem conhecimento dos protocolos. Estes foram identificados somente ao final do experimento, após a análise estatística dos resultados.

Após trinta minutos da administração do fármaco, os alunos puderam iniciar o procedimento endodôntico, sendo utilizada a técnica preconizada pela FOP- UNICAMP de ampliação foraminal. A instrumentação foi realizada com limas rotatórias ou reciprocantes, podendo ser Hero (Micromega, Besancon, França), Easy (Easy dental, Belo Horizonte, Brasil) ou Reciproc (VDW, Munique, Alemanha). Apesar da diferença entre as limas utilizadas, todos os tratamentos respeitaram um protocolo estabelecido. As características seguidas em todos os tratamentos são descritas a seguir: determinação do comprimento real do dente foi realizada através do localizador apical eletrônico com marcação 0.0 ou “APEX” , foi preconizado como solução irrigadora o soro fisiológico, a clorexidina gel 2% (Drogal farmácia de manipulação, Piracicaba, Brasil) foi usada como substância química auxiliar e a instrumentação foi realizada 1 mm além do comprimento real do dente, sendo caracterizada pela ampliação foraminal, sendo que a lima anatômica final ficou 3 diâmetros maior que a lima anatômica inicial. A obturação foi realizada com cimento Endomethasone N (Septodont, França) e selamento coronário com resina composta, seguido de ajuste oclusal.

SEQUÊNCIA DE TRATAMENTO

1. Anestesia, podendo ter sido utilizadas soluções anestésicas como: Lidocaína 2% com epinefrina 1:100.000 ou Articaína 4% com epinefrina 1:100.000. As técnicas variaram de acordo com o dente a ser tratado.

2. Abertura coronária, com brocas 1011HL; 1012HL; 1014HL; 1016HL; 3082 e 4083. 3. Isolamento absoluto.

4. Instrumentação de acordo com a técnica padronizada da FOP-UNICAMP.

→ Instrumentação do terço médio e cervical, técnica coroa-ápice. → Odontometria com localizador apical eletrônico.

→ Comprimento de trabalho correspondente ao comprimento real do dente acrescido de 1 milímetro.

→ Preparo dos condutos caracterizado pela técnica de ampliação foraminal com instrumentos rotatórios ou reciprocantes. Sendo alcançado o diâmetro mínimo final do forame correspondente a uma lima 30K.

→ Utilização da clorexidina gel 2% como substância química auxiliar e soro fisiológico como substância irrigante.

5. Prova do cone

6. EDTA 17%, deposição da solução e agitação durante 1 minuto no interior dos canais radicares. Realizado, da mesma forma, por 3 vezes.

7. Secagem dos condutos com cone de papel absorvente.

8. Obturação dos canais radiculares com cimento endomethasone N (Septodont, França) e corte dos cones de guta-percha.

9. Condensação da guta-percha e selamento coronário com resina composta. 10. Ajuste oclusal

Ao término do tratamento, os voluntários dos dois grupos receberam 4 comprimidos de ibuprofeno 200mg - Advil (Wyeth indústria farmacêutica ltda, Itapevi, Brasil) a orientação foi de fazer uso da medicação no pós-operatório, somente em caso de dor. Caso um comprimido não fosse suficiente para o alívio da dor, as doses subsequentes deveriam respeitar um intervalo de tempo de 6 horas, e a pesquisadora deveria ser contatada. Além do medicamento, foi entregue aos pacientes uma ficha de controle de dor pós-operatória (Apêndice 3), contendo duas escalas de dor para cada período estudado, e foi explicado ao paciente o seu correto preenchimento logo após o atendimento. Essa ficha se fez necessária para avaliar a intensidade de dor e também o controle da dor consoante, se houve ou não a necessidade da utilização de medicamentos de resgate - ibuprofeno 200mg para controle da mesma.

As fichas continham 4 escalas analógicas visuais (EAV) 100mm e 4 escalas analógicas numéricas (EAN). Após 24, 48, 72 horas e 1 semana os voluntários foram contatados por meio de contato telefônico e foi questionado aos pacientes “nesse momento o(a) senhor(a) está sentindo algum desconforto? Considerando que o ponto 0 é não sentir dor nenhuma e 10 a maior dor que já sentiu, poderia assinalar nas escalas a dor sentida nesse exato momento?”. No mesmo momento o paciente assinalava a sua dor nessas duas escalas. A EAV consiste em uma linha de 100 mm, apresentando na extremidade esquerda “nenhuma dor” e na extremidade direita a

“pior dor possível” (Joyce et al., 1975, Jensen et al., 1976, Malamed et al., 2000). Os voluntários foram orientados a marcar, com um traço vertical na EAV, a sensibilidade dolorosa sentida. Em seguida foi medida, com auxílio de um programa computacional (Image J), a distância entre o ponto 0 e a demarcação feita pelo voluntário, definindo a intensidade da dor expressa em valor numérico.

Já a EAN consiste em uma escala composta por 11 pontos em forma de caixa (Jensen et al.,1986). A extremidade esquerda, de número zero, representa ausência de dor; enquanto a extremidade direita, de número dez, representa a maior dor possível.

O número de comprimidos do analgésico utilizados durante o período das primeiras 24, 48, 72 horas e 1 semana pós-operatórias foram anotados no protocolo de pesquisa, sendo correlacionado com o tipo de protocolo utilizado.

As escalas foram enviadas a pesquisadora através de fotos em aplicativo de mensagem no celular (Figura 3), e as mensurações foram realizadas através do software computacional Image J (Figura 4).

Figura 3 - Escalas enviadas através do WhatsApp

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