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3 INSTRUMENTOS DE ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRO DAS

3.4 Demonstração do Fluxo de Caixa

A divulgação da Demonstração do Fluxo de Caixa ainda não é obrigatória no Brasil. Atualmente, existe em trâmite no Senado Federal, um anteprojeto de alteração da Lei das S.A., que estuda a substituição da Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos pela Demonstração do Fluxo de Caixa das empresas. A FIPECAFI (2000, p.351) acredita que a norma que tornar a DFC obrigatória no Brasil será fortemente influenciada pelos dispositivos do FASB-

Financial Accounting Standards Board e do \ASC-lnternational Accounting Standards Committee, que estabelecem normas norte-americanas e internacionais, respectivamente, as quais vêm sendo adotadas progressivamente por vários países.

Segundo ludícibus e Marion (2000, p.220), a DFC “demonstra a origem e a aplicação de todo o dinheiro que transitou pelo Caixa em um determinado

período e o resultado desse fluxo”, sendo que o caixa engloba as contas Caixa e Bancos, evidenciando as entradas e saídas de valores monetários ao longo do tempo nas empresas.

De acordo com Matarazzo (1997, p.369), “através da Demonstração do Fluxo Líquido de Caixa - DFLC, pode-se saber se a empresa foi auto-suficiente no financiamento de seu giro e qual sua capacidade de expansão com recursos próprios gerados pelas operações, ou seja, a independência financeira da empresa é posta em cheque”. Explica que esta demonstração pode ser preparada facilmente de fora da empresa a partir das demonstrações financeiras e “é construída sob a forma que permite uma série de relações e avaliações referentes à capacidade de pagamento da empresa e à administração financeira.” Por isso, é considerada útil tanto interna quanto externamente à empresa.

Gitman (1997, p.81) menciona que a Demonstração de Fluxo de Caixa fornece uma visão instantânea do fluxo de caixa da empresa em um dado período de tempo, através dos seguintes componentes:

a) Fluxos Operacionais - fluxos de caixa diretamente relacionada à produção e venda dos produtos e serviços da empresa;

b) Fluxos de investimentos - fluxos de caixa associados com a compra e venda de ativos imobilizados e participações societárias;

c) Fluxos de financiamentos - fluxos de caixa resultante de operações de empréstimos e capital próprio.

Thiesen (2000, p. 10) explica que a DFC “permite mostrar de forma direta ou mesmo indireta, as mudanças que tiveram reflexo no caixa, suas origens e aplicações”.

De acordo com a FIPECAFI (2000, p.355), o Fluxo de Caixa pode ser apresentado pelo Método Direto e Método Indireto, que se diferenciam pela maneira de como são apresentados os recursos provenientes das operações. “O método direto explicita as entradas e saídas brutas de dinheiro dos principais componentes das atividades operacionais, como recebimento pelas

vendas de produtos e serviços e os pagamentos a fornecedores e empregados.” Por outro lado, “o método indireto faz a conciliação entre o lucro líquido e o caixa gerado pelas operações, por isso é também chamado de

método da reconciliação.”

Campos Filho (1999, p.41) comenta que é recomendado às empresas “relatar os fluxos de caixa das atividades operacionais diretamente, mostrando as principais classes de recebimentos e pagamentos operacionais (método direto)”. No método direto, são apresentados separadamente os fluxos de caixa das atividades operacionais, de investimento e de financiamento, conforme representado no Quadro 15.

Quadro 15 - Demonstração do Fluxo de Caixa pelo método direto DFC - MÉTODO DIRETO

Entradas e saídas de caixa e equivalentes de caixa Fluxo de caixa das atividades operacionais:

Venda de mercadorias e serviços(+) Pagamento de fornecedores (-)

Salários e encargos sociais dos empregados (-) Dividendos recebidos (+)

Impostos e outras despesas legais (-) Recebimentos de seguros (+)

Caixa líquido das atividades operacionais (+/-) Fluxo de caixa das atividades de investimento:

Venda de imobilizado (+) Aquisição de imobilizado (-) Aquisição de outras empresas (-)

Caixa líquido das atividades de investimento (+/-) Fluxo de caixa das atividades de financiamento:

Empréstimos líquidos tomados (+) Pagamento de leasing (-)

Emissão de ações (+)

Caixa líquido das atividades de financiamento (+/-)

Aumento/diminuição líquido de caixa e equivalente de caixa Caixa e equivalentes de caixa - início do ano

Caixa e equivalentes de caixa - final do ano

Fonte: TELES, Egberto Lucena. A demonstração do fluxo de caixa como forma de enriqueci­

mento das demonstrações contábeis exigidas por lei. Revista Brasileira de Contabili­

dade. Brasília, ano XXVI, n.5, p.64-71, jul/1997, p.69.

A DFC, quando elaborada pelo método direto, deve detalhar os fluxos das operações utilizando uma seqüência básica, partindo dos componentes da Demonstração de Resultado e os ajusta pelas variações nas contas circulantes

do Balanço vinculadas às operações. Assim, esse modelo passa a exigir um esforço maior na elaboração, mas, como são demonstrados todos os recebimentos e pagamentos efetivamente realizados, possui um poder informativo bastante superior ao do Método Indireto, sendo útil tanto para usuários externos quanto ao planejamento financeiro da empresa.

O Método Indireto se assemelha à Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos, principalmente na parte inicial, que começa pelo Lucro Líquido ajustado pelos itens considerados nas contas de resultado, porém sem afetar o caixa da empresa.

Matarazzo (1997, p.87) considera o Método Indireto mais completo, pois compreende todos os dados da DOAR, mais a variação da NCG e dos Empréstimos Bancários de Curto Prazo. Nesse contexto, ele defende a substituição da DOAR pela DFLC. O Quadro 16 apresenta a DFC elaborada pelo método indireto.

Quadro 16 - Demonstração do Fluxo de Caixa pelo método indireto DFC - MÉTODO INDIRETO

Entradas e saídas de caixa e equivalentes de caixa Fluxo de caixa das atividades operacionais:

Lucro líquido

Depreciação e amortização (+)

Provisão para devedores duvidosos (+) Aumento/diminuição em fornecedores (+/-) Aumento/diminuição em contas a pagar (+/-) Aumento/diminuição em contas a receber (+/-) Aumento/diminuição em estoques (+/-)

Caixa líquido das atividades operacionais (+/-) Fluxo de caixa das atividades de investimento:

Venda de imobilizado (+) Aquisição de imobilizado (-) Aquisição de outras empresas (-)

Caixa líquido das atividades de investimento (+/-) Fluxo de caixa das atividades de financiamentos:

Empréstimos líquidos tomados (+) Pagamento de leasing (-)

Emissão de ações (+)

Caixa líquido das atividades de financiamentos (+/-)

Aumento / diminuição líquido de caixa e equivalente de caixa Caixa e equivalentes de caixa - início do ano

Caixa e equivalentes de caixa - final do ano__________________________________________ Fonte: TELES, Egberto Lucena. A demonstração do fluxo de caixa como forma de enriqueci­

mento das demonstrações contábeis exigidas por lei. Revista Brasileira de

A DFC pelo método indireto, apresenta os recursos provenientes das atividades operacionais, a partir do lucro líquido, sem afetar o caixa da empresa. Como objetivo do Fluxo de Caixa é facilitar o entendimento dos usuários quanto às variações ocorridas no período, sua adoção parece ficar prejudicada.

MOURA e BEUREN (2000, p.7) esclarecem que:

A DFC elaborada pelo método indireto apresenta no grupo das atividades operacionais primeiro o lucro líquido, proveniente da Demonstração do Resultado do Exercício, para em seguida adicionar os valores que não representam desembolso de caixa que tenham sido deduzidos do lucro na DRE, ou seja, depreciação e amortização; provisão para devedores duvidosos; aumento ou diminuição referente fornecedores, no caso de compras a prazo, ou contas a pagar, também a longo prazo; aumento ou diminuição de valores em contas a receber, para o caso de vendas a prazo ou nos estoques.

Com relação ao Método Direto, Moura e Beuren (2000, p.7) consideram que o DFC assume uma forma mais clara de evidenciação das saídas e entradas de fatores monetários e ainda facilita o entendimento das informações no que diz respeito às operações financeiras das organizações.

Portanto, considerando que o método indireto é semelhante a DOAR e o objetivo do Fluxo de Caixa é facilitar o entendimento dos usuários, caso a DFC seja implantada, seria conveniente a adoção pelo método direto. Não obstante, segundo a FIPECAFI (2000, p.355), que “para divulgar o fluxo de caixa oriundo das atividades operacionais, o FASB e o IASC recomendam que as empresas utilizem o método direto. É facultada a elaboração do fluxo de operações pelo método indireto, ou método da reconciliação”.

Analisando as Demonstrações do Fluxo de Caixa nos métodos direto e indireto, e, considerando os argumentos acima, pode-se concluir que as informações da DFC pelo método direto poderão contribuir para análise da situação financeira das empresas tomadoras de empréstimos numa instituição financeira.