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4. Garantia dos Direitos Humanos em Angola

4.3 Relatórios de entidades não-governamentais

4.3.3 Denúncias em comunicados de imprensa

Apresentamos alguns comunicados de imprensa relacionados com direitos humanos em Angola, da Deutsche Welle, O País online, Maka Angola, Esquerda.net, Agência Lusa, sem considerar qualquer restrição e sem preocupação de utilizar algum método para a escolha dessa imprensa, a não ser o facto de referirem informação relativa a direitos humanos em Angola.

Violações brutais de direitos humanos em zonas de exploração de diamantes são frequentemente divulgadas pela imprensa. Desde há anos que várias denúncias têm sido feitas por Rafael Marques, conhecido jornalista e activista angolano de direitos humanos, autor do livro Diamantes de Sangue – Corrupção e Tortura em Angola (Marques, 2011). Apresentamos um excerto de um artigo da Deutsche Welle em 16 de Setembro de 2009, com o mesmo nome do livro (DW, 2009-09-16):

… Diz o livro que os diamantes são uma enorme fonte de riqueza em Angola e os cidadãos não retiram benefícios dessa riqueza. Nas zonas de garimpo, as populações são subjugadas e brutalizadas pelas forças militares e de segurança ao

serviço do Estado e das empresas diamantíferas. O relato é enriquecido com investigações recentes e, pelas palavras do autor, a divulgação da obra impunha- se “pela urgência da situação: pelas mortes e pelos casos de tortura". Por outro lado, diz Rafael Marques, esta é uma forma “de pressionar as autoridades a fazer valer o papel da justiça em Angola". … O jornalista de investigação também faz referências a Portugal, onde os dirigentes angolanos investem parte do dinheiro que vem das Lundas. Marques aponta o dedo ao Estado português, que, como sócio da empresa Endiama, está igualmente envolvido no negócio dos diamantes. Aos olhos do autor, “Portugal é um dos países que mais apoia e mais legitima o estado de corrupção em Angola".

São referidos no artigo vários tipos de violação de direitos humanos, entre os quais tortura e morte, violência de forças militares e de segurança, ineficácia do sistema de justiça, violação dos direitos económicos das populações.

Sob o título “Angola Investiga Generais em Caso Sobre Diamantes de Sangue nas Lundas” o jornal Maka-Angola (Maka, 2012-03-03) publica:

A Procuradoria-Geral da República notificou dez testemunhas para prestarem declarações num caso que implica algumas das principais figuras militares do país, em actos de tortura e assassinatos na região diamantífera das Lundas, nordeste de Angola. As testemunhas começam a ser ouvidas na segunda-feira, dia 5 de Março, em Luanda. …

Sob o título “A queixa-crime arquivada pela justiça angolana”, o jornal Esquerda.net (Esquerda.net, 2012-12-11) publica:

O livro “Diamantes de Sangue: Tortura e Corrupção em Angola"” foi um dos documentos apresentados na queixa-crime entregue por Rafael Marques na Procuradoria-Geral da República de Angola a 14 de Novembro do ano passado. Para a justiça angolana, trata-se de uma “construção teórica sem qualquer suporte factual e jurídico-legal”, apesar dos testemunhos comprovarem a violência empregue pelas empresas detidas por altas patentes militares do regime de José Eduardo dos Santos. O site makaangola.org divulgou o texto completo da queixa- crime, que aqui republicamos. …

Na sua edição de 31 de Julho de 2013, sob o título “Kopelipa e Outros Generais Continuam Caça aos Diamantes” o jornal Maka Angola (Maka, 2013-07-31) publica:

O jornalista e defensor dos direitos humanos Rafael Marques de Morais respondeu hoje, na Direcção Nacional de Investigação e Acção Penal (DNIAP) em Luanda, por 11 queixas-crime relacionadas com o seu livro Diamantes de Sangue:

Corrupção e Tortura em Angola. Luís Nascimento, advogado de defesa, considerou o interrogatório, conduzido pelo magistrado-instrutor Iloutério Lourenço, como “urbano e civilizado”. A directora nacional do DNIAP, Júlia Gonçalves, acompanhou a audiência, que durou cerca de quatro horas.

… O DNIAP não impôs quaisquer medidas de coacção ao jornalista e defensor dos direitos humanos.

Sobre o assassinato de mulheres na Lunda Norte, sob o título “Alguém tem de pôr um travão nisso” o jornal “O País” (O País, 2012-07-03) relata:

… “Ela saía às 4 horas todos os dias para as lavras e só voltava às 15”, conta a primeira dos três filhos da falecida. O corpo de Visarta foi encontrado na sua lavra no dia seguinte por familiares, praticamente queimado e com os órgãos genitais amputados. Ela tinha sido violada, segundo relatos, antes de ser degolada. O seu sepultamento só foi possível com a ajuda da Igreja Católica de que era devota. Visarta foi a última das cinco vítimas registadas em pouco mais de cinco meses. A Polícia Nacional não esconde as dificuldades para conter a onda de crimes, alegando não dispor de meios operativos de actuação imediata na altura que os crimes ocorrem. … “A situação está a desolar a Igreja e o próprio município”, afirmou o reverendo padre António Macoco Muiamba. O sacerdote diz que é possível acabar com as mortes se houver a colaboração de todos “sobretudo de entidades que devem garantir a segurança dos cidadãos”.

Um artigo da Deutsche Welle de 12 de Julho de 2012, sob o título “ONGs pedem a FMI que escrutine melhor contas angolanas” (DW, 2012-07-12), refere o seguinte:

… Elias Isaac, da Fundação Open Society em Angola, acusa a petrolífera de funcionar como “um instrumento de pagamentos das despesas do governo angolano”, instando-a a comportar-se como empresa do Estado. “Os milhões de dólares que a Sonangol geriu para fazer os pagamentos do governo angolano deveriam ser bem auditados ou melhor auditados”, critica, exigindo mais fiscalização por parte do FMI. … Em 2011, um relatório do FMI revelava já uma discrepância de 32 mil milhões de dólares nas contas públicas. Segundo o Fundo, de Janeiro a Outubro de 2011, a Sonangol ganhou 22,7 mil milhões dólares, mas só transferiu 5,2 mil milhões de dólares para o tesouro nacional, ou seja, “apenas cerca de um quarto das receitas do petróleo.”

A informação neste artigo indicia pelo menos uma violação dos direitos económicos das populações, por falta de prestação de contas da Sonangol ao Estado.

Sob o título “AJPD – Relatório revela meandros da corrupção em Angola”,o jornal “O País” (O País, 2012-04-16) refere:

O último relatório da Associação Justiça Paz e Democracia (AJPD) sobre a corrupção em Angola volta a apontar que os principais sinais deste fenómeno em Angola continuam enraizados na administração pública, onde impera a gorjeta, chamada “gasosa”, o tráfico de influência, a retórica da falta de verbas, como forma de justificar a não concretização dos projectos sociais, o nepotismo e sinais exteriores de riqueza e, ainda, a regra do sócio, apelidada em Angola de “cabritismo, e do amigo do partido”.

Sob o título ““Mãos livres” vê melhorias nos direitos humanos em Angola” o jornal “O País” (O País, 2012-11-14) refere:

Temos que admitir que está a haver alguma mudança em termos de observância dos direitos humanos no nosso país, sobretudo da parte do legislador, não obstante haver ainda muito por se fazer”, reconheceu, para quem a situação poderá melhorar ainda mais se houver “uma interacção permanente entre o legislador e o cidadão para a resolução de determinados assuntos, principalmente no seio das comunidades.

Sob o título “Intimidação da oposição continua em Angola” a Deutsche Welle (DW, 2013-05-29) relata:

Angola vive uma insegurança política muito grave, diz o analista Nelson Pestana face às repressões contra manifestantes e ao recrudescimento da violência partidária. O líder da UNITA critica o uso excessivo de força. … A vigília da passada segunda-feira (27.05) na capital angolana, Luanda, foi violentamente reprimida pela polícia, que dispersou com o uso da força os manifestantes, ferindo gravemente um deles. “Uma simples vigília no dia 27 foi brutalmente reprimida e desmantelada com meios que levavam a crer que se estava a viver um estado de sítio”, salienta o analista angolano Nelson Pestana….

Sob o título “ONU sugere a Angola criação de “verdadeira” instituição de Direitos Humanos” a Agência Lusa, (Lusa, 2013-04-24):

A alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, sugeriu hoje ao Governo angolano a criação de um “verdadeiro” instituto nacional de Direitos Humanos com vista a melhorar as leis do país. Navi Pillay, que terminou hoje uma visita de três dias a Angola, falava em conferência de imprensa para o balanço da deslocação a Luanda, que incluiu encontros com o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, ministros, membros da sociedade civil e visitas de campo em Luanda e na província da Lunda Norte. … "Se o

Governo criar uma robusta instituição nacional de Direitos Humanos, se o Tribunal Constitucional fizer jus ao seu potencial e se as outras instituições chaves do Estado continuarem a lutar para melhorar cada vez mais, acredito que Angola poderá tornar-se um modelo não apenas nesta região, mas para muitos outros países também", disse a responsável das Nações Unidas. As “enormes disparidades” entre ricos e pobres em Angola e os desalojamentos forçados, sobretudo em Luanda e seus arredores, foram duas das principais preocupações abordadas durante os encontros com as autoridades governamentais, realçou Navi Pillay.