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3 O HIPERCENTRO DE BELO HORIZONTE

3.4 DINÂMICA POPULACIONAL

3.4.2 Densidade

O hipercentro de Belo Horizonte tem uma população total de 14.885 habitantes, de acordo com o censo de 2000 do IBGE. Existe uma pequena divergência entre os limites dos setores censitários, os limites do hipercentro definidos pela PBH e aqueles considerados pela pesquisa OD. Optou-se manter a análise populacional a partir dos dados do IBGE para a análise dos fenômenos de crescimento populacional. Porém, para a análise das densidades populacionais, optou-se por manter a pesquisa OD como referência e possibilitar o cruzamento dos dados. Na região compreendida pela pesquisa OD, a população total é de 17.760 habitantes. Como já mencionado, a diferença se dá pela inclusão de oito quadras exatamente na região de maior densidade. Considerando os dados populacionais e a área da OD, 212,80 ha, chega-se a uma densidade média de 83,46 hab./ha (Tabela 1).

Essa densidade tende a ser menor, caso as quadras adicionadas pela pesquisa OD sejam excluídas. Pode se afirmar que é um valor baixo, especialmente para uma região com uma densidade construtiva tão elevada, mas nada exagerado. Para termos uma referência, o plano

diretor de Belo Horizonte aponta, em seus estudos sobre densidade, o limite teórico de 200 hab./ha3 (BELO HORIZONTE, 1995; p. 163). Podem ser justificativas para essa média a existência de áreas com pouco ou nenhum uso residencial, a presença de equipamentos urbanos de grande porte, que ocupam área significativa e não têm nenhum residente, como o Parque Municipal, a Rodoviária ou a Praça da Estação e o grande número de edifícios dedicados ao uso comercial. Pode-se afirmar, portanto que essa densidade, apesar de potencialmente baixa, não indica sozinha uma subutilização de infra-estrutura do hipercentro, na medida em que grande parte das construções tem outra utilização

Tabela 1 – População, domicílios e densidade por Área Homogênea

AH População nº de

domicílios

Área (ha) Densidade (hab/ha) 1001 2985 1855 22,97 129,95 1004 3567 2793 18,25 195,45 1009 3318 1965 44,64 74,33 1010 666 318 49,83 13,37 1011 1548 892 15,37 100,72 1012 277 88 8,92 31,05 1013 991 415 10,48 94,56 1014 4028 2199 11,85 339,92 1015 380 213 30,47 12,47 Total 17760 10738 212,78 83,47

Fonte: Pesquisa de Origem e Destino – Fundação João Pinheiro – 2002

Merece destaque a distribuição dessa população pela região do hipercentro, pois ela encontra- se significativamente concentrada no quadrante sul, delimitado pelas avenidas Amazonas e Afonso Pena. O mapa de densidade mostra bem essa concentração espacial da população do hipercentro, caracterizando vazios populacionais nas regiões das avenidas Santos Dumont e Paraná (Figura 6).

3 Como dado complementar, seria interessante lembrar as referências de densidades propostas por Jane Jacobs. Para ela, o limite mínimo de densidade a fim de se garantir uma diversidade significativa para áreas urbanas é de cerca de 240 habitações por hectare. Considerando a média de habitantes por unidade do hipercentro, segundo a pesquisa OD de 1,65, teríamos um número em torno de 396 habitantes por hectare! É claro que este número não pertence a nossa realidade, mas serve como uma segunda referência.

Figura 6 - Mapa de densidades habitacionais do hipercentro

Fonte: Pesquisa de Origem e Destino – Fundação João Pinheiro - 2002

A AH1010 (Av. Santos Dumont) apresenta uma área de 49,83ha para uma população de 666 habitantes, perfazendo uma densidade habitacional de 13,37hab/ha. É uma densidade muito baixa, tanto em relação às outras áreas homogêneas do hipercentro quanto em relação ao resto da cidade. Numa densidade habitacional tão baixa, o uso residencial pouco ou nada contribui para a vitalidade da região. Nesse caso, os imóveis residenciais estão concentrados na Rua da Bahia e na Praça da Estação (imóveis da RFFSA). A densidade tão baixa se explica tanto pela presença de equipamentos de grande porte, como a Rodoviária e a própria Praça da Estação, quanto pela predominância absoluta de edificações de uso comercial ou de serviços.

Outra região de baixíssima densidade se refere a AH1015 (Parque Municipal). Nesse caso, porém, a explicação se dá pelo fato da maior parte da área considerada pertencer ao Parque. Alguns imóveis da Rua da Bahia é que contribuem para a existência de moradores na região.

As duas áreas homogêneas que compõe a região da Praça Sete (AH1012 e AH1013) apresentam juntas uma população total de 1268 habitantes e uma densidade média de 62,08 hab./ha. É interessante considerá-las em conjunto, uma vez que a praça é um elemento marcante do hipercentro. É uma densidade moderada, sendo que contribuem para baixo a referência de centralidade comercial e de negócios que a praça tem e seu número significativo de edifícios comerciais. O uso habitacional na região se concentra novamente na Rua da Bahia de um lado e na Rua Tupis, próximo à Igreja de São José.

A região da Av. Paraná (AH1009) apresenta também uma densidade moderada, de 74,33hab/ha. Cabe aqui um destaque, pois a população residente na região encontra-se significativamente concentrada nos arredores da rua Guarani, fato que a região definida pela pesquisa OD é incapaz de mostrar. Porém o mapa de uso apresenta uma pequena quantidade de edifícios de uso misto ou residencial na região compreendida entre a Av. Olegário Maciel e a Av. do Contorno, confirmando essa hipótese.

A AH1011 (Mercado Central) apresenta também uma densidade média, de 100,72 hab./ha. É uma região de transição, onde grandes equipamentos como o próprio mercado e o Minascentro se misturam com edifícios já bastante verticalizados para uso residencial, em especial aqueles existentes nas proximidades da Praça Raul Soares. Destaca-se o fato de o Edifício JK aparecer na praça, porém fora dos limites do hipercentro e, portanto, dos dados utilizados neste trabalho. Certamente sua inclusão alteraria significativamente os dados dessas áreas e da região como um todo.

As Áreas Homogêneas 1004, 1001 e 1014 são as que apresentam as maiores densidades, respectivamente 129,95, 195,45 e 339,92 hab./ha. A AH1014 é a que apresenta verticalização mais intensa e mais antiga, sendo uma área integralmente consolidada em termos de corpo edificado. A densidade elevada reflete esse padrão, na medida em que há diversidade de usos e o número elevado de residentes se dá pela grande área construída para uso residencial. As

outras duas áreas, AH1004 e AH1001 são mais heterogêneas em relação ao corpo edificado, apresentando um número maior de edifícios novos e também outros com um padrão mais antigo de ocupação, de poucos pavimentos sem elevadores. São duas áreas que ainda passam por um processo de verticalização considerável, sendo alvo do interesse do mercado imobiliário, tanto para empreendimentos residenciais quanto para comerciais, além do uso hoteleiro.

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