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As areias (Foto 09) formam a estreita faixa da atual zona de praia, que por sua vez representa a porção mais externa da planície costeira. Esses sedimentos encontram-se

depositados entre a linha de baixa-mar e os Terraços Marinhos holocênicos. Apresentam-se em faixas estreitas, o que dificulta sua representação cartográfica e estão permanentemente submetidas a ação combinada das ondas, correntes de deriva litorânea e das marés. São constituídas fundamentalmente por grãos de quartzo, apresentando-se na forma subanguloso à subarredondado; sua esfericidade varia de baixa à média, com textura superficial do tipo polida, predominante.

Os componentes bióticos, mais abundantes nos setores de praia e antepraia, são representados, na sua maioria, pela presença de fragmentos de conchas, algas, carapaças de foraminíferos, briozoários, fragmentos de corais, espículas, tubos de vermes e gastrópodes.

3.7 – Geomorfologia

As feições geomorfológicas da faixa costeira do estado de Pernambuco apresentam- se, ao norte, com o predomínio da Superfície dos Tabuleiros e Planície Costeira e, ao sul, há uma presença marcante do Domínio Colinoso, em substituição, quase completa, da Superfície dos Tabuleiros. A compartimentação geomorfológica da Ilha de Itamaracá, segundo Magno (1989), está constituída por: Tabuleiros Costeiros (elaborados durante o Pleistoceno inferior), Rampas de Colúvio e Planícies Costeiras.

Os Tabuleiros Costeiros, constituídos por sedimentos arenoargilosos da Formação Barreiras, estão localizados na porção mais interior da ilha, onde os mais altos localizam-se ao sul e ao centro, com altitudes entre 40 e 100m. Esses compartimentos estão sujeitos a deslizamentos devido à sua constituição, que absorve água com facilidade e ao clima da área (tropical quente e úmido). Dessa degradação surgem as Rampas de Colúvio, que se depositam nos sopés dos tabuleiros, com maior facilidade de deslizamento do terreno.

O Domínio Colinoso, em Itamaracá, ocorre na porção central, na forma de pequenos morros isolados, estendendo-se para o norte e para o sul, margeando o compartimento geomorfológico dos Tabuleiros. Está representado pelas formações cretáceas e paleocênicas Beberibe, Gramame e Maria Farinha.

Uma linha de falésias fósseis marca o limite entre os sedimentos da Formação Barreiras e a Planície Costeira Quaternária. A Planície Costeira é o resultado do retrabalhamento dos tabuleiros costeiros, durante as glaciações cenozóicas, apresentando cotas inferiores a 10m.

Segundo Dominguez (1992 apud Martins, 1997), o modelo de sedimentação dominante na planície costeira, durante os períodos de nível do mar alto, foi o sistema ilha,

barreira/laguna, onde os rios não alcançaram a plataforma e construíram deltas em ambientes protegidos. Ao contrário, durante o abaixamento do nível do mar, as lagunas e baías tornaram- se emergentes, a planície costeira progradou através dos cordões litorâneos e os rios retrabalharam os sedimentos da planície e da plataforma interna favorecendo o avanço da linha de costa. Representam ambientes de transição entre fenômenos continentais e marinhos.

O norte do litoral pernambucano apresenta uma planície costeira estreita, com linha de costa de direção S-N, pouco recortada e com a presença expressiva de estuários e manguezais, particularmente ao longo do Canal de Santa Cruz, em Itamaracá. Apresenta, ainda, grande desenvolvimento de recifes e de praias arenosas retilíneas, destacando-se a restinga de Maria Farinha, pouco abaixo do limite sul da ilha. As planícies costeiras estão divididas em subcompartimentos, de acordo com sua gênese e localização. Em Itamaracá, foram identificados: Terraços Marinhos Superiores (Pleistocênicos), Terraços Marinhos Inferiores (Holocênico), Flechas Litorâneas Arenosas, Baixios de Maré, Praias e Recifes.

Os Terraços Marinhos Superiores foram elaborados durante a regressão que sucedeu o máximo na Penúltima Transgressão Marinha. Situam-se paralelamente à linha de costa, exibem um topo plano e um rebordo abrupto, e não são atingidos pelas águas oceânicas, mesmo durante as marés altas. Na Ilha de Itamaracá, localizam-se na margem oceânica da porção norte da com altitude média entre 6m a 8m.

Os Terraços Marinhos Inferiores, desenvolvidos na última regressão marinha, após retrabalhamento das reentrâncias do relevo, existentes na Última Transgressão, encontram-se em toda extensão da Ilha de Itamaracá e têm altitude média de 2 a 3m, estando separados dos anteriores por pequenos riachos instalados nas cavas, entre alinhamentos e antigos cordões litorâneos (Martins, 1997).

Esses compartimentos, por não serem atingidos pelas águas oceânicas mesmo estando próximos ao mar e possuírem uma topografia plana, favorecem a ocupação antrópica, que é bastante acentuada nessa área, tanto para moradia como para lazer. Nos terraços costeiros e, principalmente, nos cordões arenosos, a supressão da vegetação que recobre essas áreas facilita a remobilização das areias por ação eólica e isto é um fato que deve ser levado em conta quando da ocupação desses espaços. Convém notar que, na Ilha de Itamaracá, a ocupação dessas áreas se faz no sentido tanto longitudinal, quanto transversal aos cordões arenosos que representam os antigos alinhamentos de restingas cujos vestígios poderão ser apagados com a intensificação dessa ocupação.

Os Baixios de Maré ou Manguezais encontram-se no nível do mar e na desembocadura de algum rio, o que faz ocorrer a mistura das águas fluviais e marinhas no

fluxo e refluxo das marés, constituem um sistema que funciona como elo entre mar e terra, atuam como fixadores de sedimentos, como filtro biológico e como “viveiro natural” para a reprodução de algumas espécies marinhas em suas águas quentes e salobras; seus sedimentos são siltico-argilosos e contêm matéria orgânica. Na Ilha de Itamaracá, os principais trechos ocupados pelos manguezais situam-se na área estuarina do rio Jaguaribe e do Canal de Santa

Cruz, ocupando quase que completamente sua margem insular, numa área de 36,3 km2,

conforme citado anteriormente. Encontram-se, também, na foz dos demais rios da Ilha. A sedimentação é uma ameaça a esse ecossistema, porém é um processo lento. A ameaça principal são os aterros indiscriminados, com vistas à construção civil.

As flechas litorâneas, encontradas nos extremos da Ilha, nas desembocaduras do Canal de Santa Cruz, podem ter sua origem no encontro das águas fluviais com a deriva

litorânea que, na área, apresenta direção S-N, proporcionando o “efeito de molhe”, gerado na

foz do canal e responsável pela deposição e retenção de sedimentos vindos do sul. Esse fenômeno está associado à formação da Coroa do Avião, barra arenosa disposta quase que perpendicularmente à linha de costa, à saída do canal.

As praias são depósitos de sedimentos, mais comumente arenosos, acumulados por ação de ondas que, por apresentarem mobilidade, se às ajustam as condições de ondas e marés, representando, portanto, elemento importante de proteção do litoral. Essas feições ocorrem ao longo de todo o litoral de Itamaracá, com exceção da desembocadura do rio Jaguaribe, geralmente com declividade muito baixa.

No litoral da Ilha de Itamaracá ocorrem os recifes de arenito, cuja largura média é de 20 a 60m, e recifes de corais, que variam de 1 a 4 km de comprimento quando mais próximos da praia, estando submersos ao longo de todo o seu litoral. Esses desempenham papel relevante na proteção contra os processos erosivos. É comum a presença de beachrokcs nas proximidades da foz do rio Jaguaribe (Foto 10), bem como na praia do Fortim, no extremo norte da Ilha.

Foto 10 – Afloramento de calcário da Formação Maria Farinha na foz do rio Jaguaribe, margem direita (beachrocks).