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Finalmente, o reino de Deus é um reino de dependência como a de uma criança. Certo dia, algumas mães trouxeram seus filhos para que Jesus os abençoasse. Seus discípulos estavam certos de que o Mestre estava atarefado demais para perder Seu tempo com aqueles meninos e meninas, e tentaram afastá-los dali. Mas Marcos nos conta que Jesus não gostou da atitude dos discípulos, e lhes disse: “Deixai vir a Mim os pequeninos, não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus. Em verdade vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criança de maneira nenhuma entrará nele” (Marcos 10:14, 15).

É provável que seja na voz das crianças que ouçamos melhor a música do reino. Cantar a música do reino é tornar-nos como uma criança, em total confiança e dependência de Deus.

Resumo

Já podemos cantar aqui a música do reino. Em realidade, é vivendo o reino de Deus agora que os cristãos dão testemunho do que seja o reino. E ao cantarmos a música celestial agora, estamos atraindo outros para que também entrem no reino. A música do reino tem um som diferente e especial. Ela é a música do Céu, uma vez cantada na Terra em preparação para a volta de Cristo. Os temas dessa música incluem: • Humildade, não arrogância. • Serviço, não status. • Generosidade, não ganância. • Paz, não violência. • Alegria, não hostilidade. • Braços abertos, não exclusão. • Dependência como a de uma criança, não autonomia.

Deus nos convida a cantar essas melodias agora. A princípio, pode não parecer que elas tenham tanto poder. Afinal, ganância, poder, força e arrogância parecem sempre vencer. Mas Deus diz que Seu reino triunfará no fim de tudo. Apocalipse 11:15 nos assegura que virá o dia – o dia da volta de Jesus – em que “o reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do Seu Cristo, e Ele reinará pelos séculos dos séculos”.

Embora a manifestação plena do reino de Deus esteja à espera da volta de Jesus, podemos viver nela até então. Gosto da maneira como N. T. Wright trata deste assunto no fim de seu livro

Simply Christian (Simplesmente Cristão, em tradução livre). Ele enfatiza que Deus já abriu o

novo mundo diante de nós e nos convida a entrar com Ele.

Feitos para a espiritualidade, chafurdamos na introspecção. Feitos para a alegria, nos contentamos com prazeres. Feitos para a justiça, clamamos por vingança. Feitos para a beleza, nos satisfazemos com sentimentos. Mas uma nova criação já começou. O Sol já desponta no horizonte. Os cristãos são chamados a deixar para trás, na tumba de Jesus Cristo, tudo aquilo que pertence ao esfacelamento e ao vazio do mundo presente. Chegou o momento de, pelo poder do Espírito Santo, assumirmos o papel que nos compete: nosso papel como seres humanos plenos, agentes, arautos e mordomos do novo dia que está raiando. É isso, simplesmente, que significa ser cristãos: seguir a Jesus até o novo mundo, o novo mundo de Deus, o qual Ele abriu diante de nós.5

Certa ocasião, perguntaram a Bernice Johnson Reagon, fundadora de um grupo a capella chamado Sweet Honey in the Rock, como ela conseguia fazer com que as pessoas que vinham assistir aos concertos do grupo cantassem com tanto vigor as canções religiosas que o grupo

apresentava. Ela disse que tentava criar um momento em que aquelas pessoas fossem motivadas a cantar, um momento que as convencia de que elas não tinham outra escolha, senão cantar. E acrescentou: “Acho que eu faço as pessoas pensarem que, se não cantarem, elas vão morrer.”6

Isso resume tudo muito bem. A menos que aprendamos a cantar as músicas do reino, morreremos, pois é o reino de Deus que triunfará quando Jesus voltar. Podemos fazer mais do que estar prontos para aquele dia – podemos, agora mesmo, neste mundo, viver uma vida coerente com o desejo de Deus. Assim fazendo, poderemos atrair outras pessoas para o reino também. “Certamente, venho sem demora. Amém! Vem, Senhor Jesus!” (Apocalipse 22:20).

Em uma aula a universitários, eu estava falando sobre a volta de Jesus. Resolvi perguntar se já haviam sonhado com esse evento. Pensei que haveria algumas rápidas intervenções antes de continuarmos com o que estava agendado para a aula daquele dia. Eu estava redondamente enganado! Não fizemos outra coisa naquele dia a não ser discutir os sonhos que os alunos tiveram. Foram momentos intensos e de muita emoção.

A primeira surpresa foi descobrir que muitos dos estudantes haviam sonhado com a segunda vinda. A maioria deles, na verdade. A segunda e mais perturbadora surpresa foi que todos os sonhos foram negativos. Nenhum deles jamais havia sonhado com o prazer de ser redimido e passar a eternidade com Jesus. Cada um dos sonhos era sobre perder a salvação. Jamais me esquecerei de alguns exemplos vívidos compartilhados por meus alunos.

Um deles disse ter sonhado estar de pé em uma estação, com um grupo de pessoas que esperava o trem. Quando o trem chegou, o maquinista saiu do trem e passou a chamar o nome dos passageiros. Uma por uma, aquelas pessoas foram embarcando. Enquanto esse processo se desenrolava, o estudante reconheceu que o maquinista era Jesus. O grupo da plataforma ia ficando cada vez menor à medida que as pessoas embarcavam no trem, até que restou somente um indivíduo na plataforma. Então, o maquinista disse: “Todos a bordo!” Depois entrou no trem. O estudante correu até Ele e disse que seu nome deveria estar na lista. O maquinista disse: “Sinto muito, mas seu nome não está aqui.” Jesus embarcou no trem e, outra vez, gritou: “Todos a bordo!” O trem partiu deixando meu aluno sozinho na plataforma. Depois de deixar a estação, o trem começou a subir ao céu até desaparecer. O rapaz acordou aos prantos.

Outro estudante sonhou que ele, a irmã e os pais estavam no quintal da casa quando perceberam uma pequena nuvem no céu. Reconhecendo que era a nuvem que trazia Jesus, os quatro ficaram muito emocionados. À medida que a nuvem ia se aproximando, eles puderam ver claramente que era mesmo Jesus, e gritaram: “Este é o nosso Deus a Quem aguardávamos.” Então, a nuvem parou à altura de suas cabeças. Lentamente, a mãe daquele estudante, o pai e a irmã começaram a subir. Mas o estudante ficou onde estava. Ele tentava pular e se agarrar aos familiares. Porém, nada dava certo. Deixado para trás, ele teve que olhar enquanto sua família subia ao Céu com Cristo. Naquele dia, outros alunos também descreveram seus sonhos, e todos eram do mesmo estilo. Nenhum dos sonhos sobre a segunda vinda era alegre e positivo. Isso é algo terrível e infeliz à luz da mensagem do Novo Testamento acerca da segunda vinda. Essa mensagem é a boa-nova sobre a qual falamos desde o primeiro capítulo deste livro. Mas para muitos é difícil acreditar que a notícia seja realmente boa. Mesmo assim, Pedro convida os cristãos a almejar a volta de Jesus, ou, como diz ele, o Dia do Senhor. Em sua segunda carta, no capítulo três, ele descreve vários aspectos da segunda vinda. Primeiramente, fala acerca do problema sobre o qual tratamos no capítulo quatro, a saber, a sensação de que Deus está sendo muito lento no cumprimento de Sua promessa. Então, continua a mostrar certos eventos ameaçadores associados com a segunda vinda. Ele nos estimula a viver uma vida santa, à luz do que se aproxima. Mas ele termina nos admoestando a esperar com ansiedade pela volta de Jesus. A passagem é longa, mas muito rica:

[Tende] em conta, antes de tudo, que, nos últimos dias, virão escarnecedores com os seus escárnios, andando segundo as próprias paixões e dizendo: Onde está a promessa da Sua vinda? Porque, desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação. Porque, deliberadamente, esquecem que, de longo tempo, houve

céus bem como terra, a qual surgiu da água e através da água pela palavra de Deus, pela qual veio a perecer o mundo daquele tempo, afogado em água. Ora, os céus que agora existem e a Terra, pela mesma palavra, têm sido entesourados para fogo, estando reservados para o Dia do Juízo e destruição dos homens ímpios. Há, todavia, uma coisa, amados, que não deveis esquecer: que, para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos, como um dia. Não retarda o Senhor a Sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, Ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento. Virá, entretanto, como ladrão, o Dia do Senhor, no qual os céus passarão com estrepitoso estrondo, e os elementos se desfarão abrasados; também a Terra e as obras que nela existem serão atingidas. Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade, esperando e apressando a vinda do Dia de Deus, por causa do qual os céus, incendiados, serão desfeitos, e os elementos abrasados se derreterão. Nós, porém, segundo a Sua promessa, esperamos novos céus e nova Terra, nos quais habita justiça (2 Pedro 3:3-13).

Pedro nos aconselha a não desistir da esperança, pensando que, por causa da demora, a promessa do segundo advento nunca se cumprirá. O tempo de Deus é diferente do nosso. Isso apenas reforça o que já vimos em Atos 1:6-10 e em Mateus 24:36. Acrescenta que o dia virá como um ladrão. Ele chegará quando ninguém o espera. Assim, outra vez, confirma-se o que Jesus disse em Mateus 24. Mas Pedro sugere uma razão pela qual Deus parece estar demorando tanto. Compassivo e paciente, Ele quer salvar a todos que puder salvar. Ele ainda tem muitos filhos a quem deseja incluir em Seu reino.

O apóstolo também nos exorta a sermos o tipo de pessoa que devemos ser e a vivermos o tipo de vida que devemos viver, à luz daquilo que o mundo espera de nós. Devemos exibir vida santa e piedosa. E ele continua declarando, em 2 Pedro 3:14, que devemos nos apresentar sem mácula, irrepreensíveis, vivendo em paz com Deus. Mas isso não nos deve assustar, uma vez que entendemos que é Deus, por meio de Cristo, que nos faz imaculados e irrepreensíveis. Sua graça nos salva. Deus tomou a iniciativa para que tivéssemos paz com Ele. Como já vimos antes, precisamos confiar apenas em Sua graça, por intermédio de Cristo. Veja o que Paulo diz em Romanos 5:1: “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo.”

Sendo justificados pela fé, temos paz com Deus. Notemos o que o apóstolo acrescenta, nos versos 6-10, sobre o fundamento para a paz que temos com Deus:

Porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a Seu tempo pelos ímpios. Dificilmente, alguém morreria por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém se anime a morrer. Mas Deus prova o Seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo Seu sangue, seremos por Ele salvos da ira. Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do Seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela Sua vida.

Não precisamos nos preocupar com o que fazer para alcançar o caminho da piedade e achar paz com Deus. Ele já cuidou disso por meio de Cristo. Confiamos nEle e vivemos para o Seu reino. Quando compreendemos isso, então, a última parte do ensinamento de Pedro faz sentido. Ele diz que esperamos pela segunda vinda. De fato, ele repete esse pensamento duas vezes. Temo que os sonhos de meus alunos sejam um testemunho de que, no fundo, temos mais medo da segunda vinda de Cristo do que desejo de que ela aconteça. No entanto, se realmente é “esse mesmo Jesus” que está voltando, é difícil que aquilo seja verdade. Devemos ser capazes de esperar ver Aquele que, com Sua maravilhosa graça e com Seu ilimitado amor, nos oferece gratuitamente a salvação.

Recentemente, todavia, tenho ouvido boas notícias. Relatei os sonhos de meus alunos em um sermão que preguei na igreja onde atualmente sou o pastor, e várias pessoas me disseram depois que têm tido sonhos positivos acerca da segunda vinda. Eram sonhos, não pesadelos. Essas pessoas se emocionaram com sonhos em que, certos de estarem salvos por Sua graça, foram arrebatados para se encontrar com Jesus nos ares. Isso é uma ótima notícia. Talvez esteja sendo anunciada a mensagem de que a segunda vinda seja uma ótima notícia, e isso está fazendo uma diferença para os que a ouvem.

Espero que essa mensagem de esperança que vimos na Palavra de Deus seja uma boa notícia para você. Que, como Pedro, você possa esperar por aquele dia com ansiosa expectativa. Esse é o convite que Deus nos faz. É sempre uma grande alegria comemorar o primeiro advento de

Cristo no dia de Natal, especialmente ao nos lembrarmos do cântico dos anjos no céu de Belém: “O anjo, porém, lhes disse: Não temais; eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lucas 2:10, 11).

A expectativa do segundo advento deve nos trazer grande alegria, pois Deus prometeu preparar para aquele dia os que nEle confiam. Sinta a alegria e maravilhe-se com a seguinte passagem de Judas 24, 25: “Àquele que é poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante da Sua glória, ao único Deus, nosso Salvador, mediante Jesus Cristo, Senhor nosso, glória, majestade, império e soberania, antes de todas as eras, e agora, e por todos os séculos. Amém!”

Notas

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