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Dependentes no direito previdenciário são os beneficiários indiretos das prestações pagas em razão da condição de segurado do instituidor do benefício e da ocorrência do fato gerador. São estabelecidos de forma taxativa pela legislação previdenciária. Feijó Coimbra 35nos ensina:

32 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Sexta Turma. Recurso Especial nº 256.547. Relator: Fernando

Gonçalves, SP, Julgado em 22 de ago. de 2000.

33 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Quinta Turma. Recurso Especial nº 232.893. Relator: Jorge

Scartezzini, PR, Julgado em 23 de maio de 2000.

34TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito previdenciário. 3. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2001, p. 119-120.

35 COIMBRA, J. R. Feijó. Direito previdenciário brasileiro. 7. ed. Rio de Janeiro: Edições Trabalhistas, 1997, p. 211.

[...] em boa parte, os dependentes mencionados na lei previdenciária coincidem com aqueles que a lei civil reconhece credores de alimentos a serem prestados pelo segurado. E bem lógico que assim o seja, pois que a prestação previdenciária – conteúdo material da pretensão do dependente – é, acima de tudo, uma reposição de renda perdida: aquela renda que o segurado proporcionaria, caso não atingisse um risco social.

Os chamados dependentes relacionam-se com a previdência social nessa qualidade em virtude de seu vínculo familiar com o segurado e somente comprovarão essa condição quando do requerimento de benefício nessa qualidade, conforme disposto no art. 17, § 1º, da Lei nº 8.213/91, com redação dada pela Lei nº 10.403/02.

Contudo, a condição de dependente não é, por óbvio, incompatível com a de segurado de forma concomitante. Na lição de Santos36:

Os dependentes podem também ser segurados em decorrência de outra atividade que o obriga a filiar-se ao RGPS, ou até de forma facultativa, cumulando as prestações, é o caso de viúva de um segurado, que aufere aposentadoria por tempo de serviço e também pensão deixada pelo falecido esposo, desta vez na condição de dependente. A Lei nº 8.213/91 estabelece o seguinte rol de dependentes para os fins previdenciários:

Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do segurado:

I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente; (Redação dada pela Lei nº 12.470, de 2011)

II - os pais;

III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente;

Esse é o rol dos dependentes que, conforme dito pelo ilustre Prof. Feijó Coimbra, citado anteriormente, se assemelha ao previsto na legislação civil sobre os dependentes de pensão alimentícia, contudo o critério legal não se baseia no binômio-necessidade possibilidade que norteia a prestação civil. Nesse sentido as brilhantes palavras de Castro e Lazzari37:

É que os critérios para a fixação do quadro de dependentes são vários, e não somente o da dependência econômica. São os vínculos familiares, dos quais decorre a

36 SANTOS, Leandro Luís Camargo dos. Curso de direito da seguridade social. São Paulo: LTR, 2005, p. 207.

37 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário. 13. ed. São

solidariedade civil e o direito dos necessitados à provisão da subsistência pelos mais afortunados (CF, art. 229), a nosso ver, o principal critério norteador da fixação da dependência no campo previdenciário. Este critério, em alguns casos, será conjugado com o da necessidade econômica, vale dizer, quando se estende a dependência a pessoas que estão fora da célula familiar básica – cônjuge e filhos. É o caso dos pais do segurado, bem como dos irmãos inválidos ou menores de idade, não emancipados.

A legislação estabelece que a existência de dependente de uma das classes exclui o direito das classes seguintes, isto é, a existência de uma companheira, afasta o direito à pensão por morte da mãe, por exemplo. É a previsão do art.16, § 1º, da Lei nº 8.213/91.

A mesma legislação estatui, ainda, em relação a essa primeira classe de dependentes, constituída pelo núcleo familiar formado pelo segurado, a ficção jurídica da dependência econômica presumida, bastando a comprovação do vínculo familiar tanto para o direito à pensão por morte, como a exclusão de dependentes de outras classes do direito ao benefício.

As demais classes, constituída a segunda pelos pais e a terceira pelos irmãos menores de 21 anos ou inválidos, devem comprovar sua real dependência econômica perante o segurado. Devem ainda firmar declaração de que inexistem dependentes preferenciais.

3.2.1 Relação homoafetiva

De forma inicial, não se admitia ou reconhecia a união entre pessoas como geradora de direitos ou obrigações jurídicas. A legislação previdenciária também não trazia nenhuma previsão sobre o tema, o que deixava ao relento as relações entre pessoas do mesmo sexo no que tangia ao seguro social.

Então, o Ministério Público Federal impetrou a Ação Civil Pública nº 2000.71.00.009347-0/RS a qual foi julgada procedente, reconhecendo direito à pensão por morte ao companheiro homossexual, conquanto estivessem presentes os mesmos requisitos exigidos para a comprovação da união estável heterossexual.

Não obstante o já explanado acima, a temática ganhou mais um capítulo com o julgamento em 2011 da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 132 e da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN) nº 4.277 pelo STF no qual foi reconhecido de forma unânime o direito a constituição de unidade familiar entre pessoas do

mesmo sexo em igualdade de condições com as unidades constituídas por pessoas de sexos distintos.

Como resultado dessas decisões e como forma para dar-lhes efetividade, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) editou a Resolução nº 175 que assim estabelece:

Art. 1º É vedada às autoridades competentes a recusa de habilitação, celebração de casamento civil ou de conversão de união estável em casamento entre pessoas de mesmo sexo.

Art. 2º A recusa prevista no artigo 1º implicará a imediata comunicação ao respectivo juiz corregedor para as providências cabíveis.

Art. 3º Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Assim não só a união estável entre pessoas do mesmo sexo, mas efetivamente o casamento entre pessoas do mesmo sexo é possível no Brasil. Isso acarreta maior facilidade ainda para a proteção dos direitos previdenciários de pessoas do mesmo sexo, pois agora é possível que com um único documento, a certidão de casamento constando os componentes dessa relação homoafetiva como nubentes, nos termos do art. 370 da IN INSS nº 77/201538, seja reconhecido o direito à pensão por morte desses cidadãos.

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