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O músico Javali Poeta comenta os preconceitos vividos pelos músicos populares e as mais diversas situações vividas pelos profissionais nas contratações dos serviços prestados.

Segundo Poeta, “as pessoas não consideram a música como profissão por trabalharmos com entretenimento e lazer”. Ele lembra que a profissão é historicamente marginalizada. Relembra de situações cotidianas: “ao chegar no banco, o gerente pergunta: o que o senhor faz? Durante o dia? Mas tem alguma profissão?”. Poeta fala sobre a aparência de que o trabalho do músico tende a ser gratuito. Ele ironiza comparando a profissão de músico com a de um motorista:

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Disponível em:

<https://www.youtube.com/watch?v=8oNUen30__E&list=PL4pH13hSvj0eN4sxfjbyuQR4mw67aIWrF&i ndex=8>. Acesso em: 2 dez. 2018.

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Disponível em:

<https://www.youtube.com/watch?v=Yud2EpY7o_Q&list=PL4pH13hSvj0eN4sxfjbyuQR4mw67aIWrF& index=9>. Acesso em: 2 dez. 2018.

“você quer dirigir meu ônibus de graça porque você gosta?”. Relembra contratantes que diziam: “aqui eu só pago 300 [reais]”, como se fizessem “favor para os músicos”. Comenta: “querem pagar músicos com bebida e comida”. Poeta, mais uma vez, faz a comparação do trabalho do músico com outros: “poderíamos pagar o médico o advogado com um litro de uísque?”. Reforça que alguns dos contratantes abusam muito. Poeta tem a percepção de que os contratantes “acham que podemos ir trabalhar por troco de nada. Parece que ninguém consumiu aquilo que foi ouvido. Parece que os músicos são mendigos”.

Para ele “a classe musical é completamente desunida” e isso não ajuda na hora de cobrar pelo trabalho. Lembra-se de um pensamento: “não me pede pra fazer de graça a única coisa que sei fazer e que eu posso cobrar”.

Por trabalhar com o coração, Poeta diz que isso parece “impedir a cabeça de pensar”. Ele diz que faz o que gosta e pensa que a maioria dos outros empregos não são tão prazerosos como a música. Poeta crê que esse estereótipo é fruto da “inveja das outras pessoas que trabalham com coisas enfadonhas”.

8. Profissões: músicos25 Televisão da Universidade Virtual do Estado

de São Paulo – UNIVESP TV

Três renomados pianistas brasileiros contam as suas rotinas como músicos: Nelson Ayres é maestro e arranjador, André Mehmari é compositor e Felipe Scagliusi é um concertista internacional. A partir de suas histórias e experiências, tratam sobre a formação, o campo de trabalho, o ofício em si e a concorrência no meio musical.

Para Nelson Ayres, “o que o público vê da profissão do músico é a cereja do bolo”. Na visão de Mehmari, “o preconceito com o músico está se diluindo. Do cara boêmio, desorganizado que não paga as contas...”. Ele comenta: “às vezes sou um pouco boêmio, mas pago as contas”. Para Ayres, os músicos profissionais “são

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Disponível em:

<https://www.youtube.com/watch?v=ImMy2yMws2g&t=0s&list=PL4pH13hSvj0eN4sxfjbyuQR4mw67aI WrF&index=10>. Acesso em: 2 dez. 2018.

aqueles poucos que conseguem viver do seu trabalho”. Ele e Mehmari relembram do início das suas carreiras com a música, ainda muito jovens, tocando em bailes. Para Scagliusi, o seu encontro com a música, ainda muito jovem, foi determinante para ele desejar fazer só aquilo para o resto da vida, livrando ele de qualquer outra atividade.

Os três pianistas comentam das vidas solitárias de ensaio e que, ao mesmo tempo, possibilitam o contato com obras de “grandes mestres” e de terem tempo pra se dedicarem ao estudo delas. Como compositores, Ayres e Mehmari dizem que é um trabalho por vezes caótico, pois é preciso muito tempo para trabalhar até lapidar uma ideia, até “chegar a um resultado que você acharia que dava pra chegar”. Scagliusi diz que um dia de estudo é um dia solitário, onde só ele está ao piano. Depois é almoçar, retomar os estudos para, somente à noite, estar livre para outras atividades sociais.

Na profissão do músico deve haver uma “reciclagem”, é um ponto ressaltado pelos três musicistas. Todos reforçam que suas formações foram se constituindo a partir da soma do que aprenderam, “um curso aqui, outro ali, um pouco de cada coisa”. Ainda que os três sejam profissionais de renome, suas falas revelaram os mesmos medos que os outros músicos têm: a insegurança quanto aos postos de trabalho, a incerteza de que terão shows no futuro e um mercado imprevisível, são algumas delas.

9. Documentário “Profissão: músico”26

O Projeto CCOMA27 e o cineasta colombiano Daniel Vargas produziram este média metragem, entre 2009 e 2010 com imagens realizadas no Brasil, Uruguai,

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Disponível em:

<https://www.youtube.com/watch?v=B90XxJYzGgs&list=PL4pH13hSvj0eN4sxfjbyuQR4mw67aIWrF&i ndex=11>. Acesso em: 2 dez. 2018.

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Segundo os músicos e idealizadores Beto e Sagara o nome do projeto, que se pronuncia “coma”, surgiu quando perceberam que ocorre um coma musical na sociedade, induzido pela mídia de massa. Também porque coma é o espaço entre um semitom e outro das notas musicais. Outro motivo é que coma significa vírgula em espanhol, ou seja, querem possibilitar um espaço, um momento, para as pessoas reflitam mais sobre a música do grupo. Disponível em: <http://www.clicrbs.com.br/blog/jsp/default.jsp?source=DYNAMIC,blog.BlogDataServer,getBlog&uf=1

Colômbia, Alemanha e Grécia. O documentário filmado com a câmera na mão, pergunta aos músicos, DJs e produtores, como eles fazem sua vida e como levam sua profissão. Para o diretor, não basta só tocar. Ele explica que a profissão do músico mudou muito nos últimos anos e a internet levou o artista para perto do público e vice-versa, não importando mais se este músico vive em Londres ou no interior das montanhas do Sul do Brasil. O “faça você mesmo” (DIY28) é a forma revisitada para fazer-se conhecido num mundo digital.

Para muitos entrevistados, “as pessoas só conhecem a história dos músicos de sucesso”. As incertezas vividas diariamente pelos músicos não são conhecidas pelo seu público. “Nunca sabemos como será o mês seguinte”, diz um deles. “É uma profissão que nem as mais antigas da história. As prostitutas deveriam dançar ao som de alguma música...”, completa ele.

Há uma ideia de que na profissão do músico há uma espécie de “ambiente mágico”. E de fato isso ocorre: “as pessoas dançando e cantando na tua frente. Conhecer pessoas” são coisas que acontecem.

Muitos reclamam que “é difícil pagar as contas às vezes”. Mas perguntam-se: “e é fácil viver como pedreiro, confeiteiro?”. Por isso trabalham com outras atividades além da música: “dão aula de canto, capoeira...”. Outros, que se mantém somente dentro das atividades com música desdobram-se em diferentes frentes: “para ganhar dinheiro, trabalho em estúdio, orquestra, bandas. Até os anos 2000, eu ganhava também vendendo as minhas músicas, mas com o MP329, hoje o músico tem que tocar”. Para ele, “o site do Youtube foi o que revolucionou a vida do músico frente à tecnologia”.

Entre os entrevistados, “contato é tudo. Não basta ter talento. Ou, não precisa ser tão talentoso. O que importa é ter o maior número de público, tipo um político”. É

&local=1&template=3948.dwt&section=Blogs&post=264753&blog=260&coldir=1&topo=3994.dwt>. Acesso em: 21 nov. 2018.

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DIY é a sigla da expressão em inglês Do It Yourself, que significa “Faça Você Mesmo”. O DIY pode ser considerado uma “filosofia de vida”, onde os seus participantes optam por se abster de comprar móveis, objetos decorativos e presentes, por exemplo, preferindo, ao invés disso, fabricá-los. O DIY teria começado a se popularizar a partir da década de 1970, com a disseminação de ideais anticonsumismo e anticapitalista.

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MP3 é uma abreviação de MPEG 1 Layer-3, um arquivo digital (de áudio) cuja compressão possibilita reduzir o tamanho de dados do arquivo sem a perda de qualidade da gravação.

preciso também “acreditar no que se faz. Fazer direito”. Há também que se envolver com outras coisas. Hoje, “o músico faz seu site, divulga, faz as fotos, alguém ajuda pra fazer a filmagem. Chama um amigo. A música está cada vez mais multifacetada”. De certa maneira, “sempre há formas de viver com a música. Eu vivo de música porque eu sou teimoso. É uma profissão que exige coragem, esforço. Todos podem, é questão de vontade. Temos que lutar por nossos sonhos. Sobreviverá melhor o músico que se adaptar às mudanças que virão”.

10. Vida de músico – Episódio 130 – Quinteto Carioca

A série criada em 2013 pela Orquestra de Bolso Produções Artísticas LTDA dirigida por Lipe Portinho e José Schiller acompanha os músicos do Quinteto Carioca em seu cotidiano. Entre ensaios, shows e aulas, os artistas contam o que os levou a escolher uma profissão que ainda é encarada por muitos apenas como um hobby. Revelam suas inspirações, o ponto em que se descobriram músicos profissionais, contam histórias de seus pares e dos espetáculos, das dificuldades e dos prazeres.

Uma das falas dos entrevistados revelou a dificuldade e a “proeza” de se viver da música: “faço malabarismo, meu amigo”. A partir dela, eles revelam que “para sobreviver o bom é ter várias fontes de renda. Ter versatilidade pra quando faltar de um lado ter de outro”. Três deles começaram a dar aulas de música para terem dinheiro e poderem pagar pelas suas aulas de música. As atividades diversas como tocar, acompanhar cantor, viver da noite, fazer arranjo, gravar comerciais, discos de desconhecidos são exercidas eventualmente por todos. Entre outras possibilidades de trabalho estão também dar aula de teoria e percepção, técnica vocal, trabalhar em gravações, reger corais, trabalhar em coro, e eventualmente fazer shows. Resumem que “o trabalho diversificado é a chave da sobrevivência no meio musical”.

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Disponível em:

<https://www.youtube.com/watch?v=6qIW5c4fylo&index=12&list=PL4pH13hSvj0eN4sxfjbyuQR4mw6 7aIWrF>. Acesso em: 2 dez. 2018.

Muitos momentos especiais vividos com a música foram relembrados pelos músicos entrevistados. Entre esses momentos estavam aqueles que serviram de inspiração para estarem nessa profissão, como por exemplo, a passagem de amador para profissionais da música. Para alguns, “a formatura no curso de música” representou essa passagem. Para outro, o momento de epifania na vida profissional foi o dia em que tocou com uma banda do seu professor. Uma das entrevistadas lembra-se de convencer o seu pai de que a música era uma maneira de viver que valia a pena. O pai dela tinha sido pianista e havia largado o piano pra ser engenheiro. Então, disse ela, “não vamos deixar mais um desistir de seus sonhos”.

Para eles, o que o músico busca é “aquela primeira sensação mágica que a música traz e que é o que músico passa a perseguir o resto da sua vida com a sua profissão”.

11. Vida de músico: estrada – Vitor e Guilherme31

O músico Tigusty compartilha as experiências de uma viagem para o show da dupla Vitor e Guilherme32: saída, montagem, passagem de som, show e a volta pra casa.

Ele comenta no vídeo que gravou sua rotina “porque a galera pergunta muito como é a vida nas viagens e shows”. Tigusty vai gravando e contando aos espectadores cada uma das etapas do dia:

Às 4h45min chegou de um show e pegou o seu carro numa garagem onde o ônibus deixou a sua equipe. Dali pegou outro ônibus para ir pra Rio Vermelho, a 300km daquele local. Logo adiante, o grupo parou em um posto pra abastecer, esticar as pernas e tomar um café. Ao chegarem no hotel, foram almoçar, dormir, para, à tarde, passar o som. A equipe se deslocou para o local do show em uma van. Depois que a equipe montou o som, a banda ensaiou. Após isso foi possível retornar para o hotel para jantar. Depois disso, o show começou às 2 horas e acabou às 4 horas da madrugada.

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Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=hOw_q4IMuHw>. Acesso em: 1 dez. 2018.

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Após um relato de vinte e quatro horas de sua rotina, Tigusty informa que é hora de recolher os equipamentos para voltarem para as suas casas.

12. Vida de Músico #14 – no aeroporto/passagem de som – Henrique e