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O documentário dirigido por Camila Dias, Lucas Souza, Luiz Medina, Maycou Santos e Paulo Machado retrata os altos e baixos da profissão e as dificuldades e preconceitos sofridos pelos músicos paulistas. Nele, os músicos convidados comentam como é viver de música, opinam sobre o cenário musical e, falam sobre o amor à profissão “que os motiva a nunca desistir de realizar seus sonhos”.

Os entrevistados começam contando que os seus primeiros contatos com a música apareceram nas relações com membros da família: através da mãe que gostava de música ou do pai que era violonista, ou numa ida com a avó ao forró, onde, segundo o entrevistado, ele pegou “o pandeiro com seis anos” e tocou no tempo. Relembram também da época de estudo do instrumento e de mudanças na atuação musical: “primeiro comecei como instrumentista durante vinte e cinco anos, depois senti necessidade de compartilhar a minha informação como professor”. Alguns dão dicas sobre o estudo: “mesmo as pessoas que não sabem nada de música ou que toquem alguma coisa, quanto mais praticarem mais terão precisão e versatilidade – quanto mais você estuda mais você fica preparado”. Outros alegaram tocar antes de pensarem em estudar música: “eu fui estudar depois que estava na banda”.

O tema sobre como é o trabalho do músico e o que é ser profissional tomou boa parte do documentário. Eles comentam sobre as suas posturas e as de outros músicos no exercício do trabalho: “conheço músicos que são o máximo da rapidez, mas na hora de olhar um na cara do outro não funciona. Músico bom é o que se dedica. É estar a serviço da música, estar na música”. Algumas características são elencadas para definir melhor esse músico profissional: “o músico é um canal como qualquer outro instrumento, equipamento. Ele tem que ser humilde. Esse senso de propósito, de missão”. A questão do êxito no trabalho é reflexo de certas posturas:

que, mais tarde, viria a ser conhecido como Doces Bárbaros, após participarem, juntos, de um espetáculo que resultou em um LP na década de 60.

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Disponível em:

<https://www.youtube.com/watch?v=KBMDEa_ISkA&list=PL4pH13hSvj0eN4sxfjbyuQR4mw67aIWrF& index=2>. Acesso em: 2 dez. 2018.

“se quiser ter sucesso deve ter conhecimento daquilo que você faz, isso é básico. Depois, conhecimento daquilo que você vai seguir como músico. Perfil a ser vendido para o mercado”. Os conselhos indicam que a busca por conhecimento é sempre válida para a atuação na área: “aprimorar seus conhecimentos. Não interessa a técnica e sim o compromisso com a música. Tem que estudar, ler e, acima de tudo, ter compromisso com aquilo que se está fazendo”.

Uma questão especial surgiu neste documentário, diferindo-o um pouco dos demais: “o mito do povo brasileiro ser um povo musical. Como assim musical? Você bate nas costas do povo e sai uma nota musical? No Brasil a música está sempre ligada à festa. Não tem roda de choro, não tem fazer música juntos? Se não tem música nas escolas, não tem acesso aos instrumentos não tem como desenvolver essa musicalidade”. Outro entrevistado levantou a importância de se estudar música na escola para a ampliação do repertório: “a educação musical possibilita o contato com diferentes tipos de músicas. Só com a família se aprende música? E as que não ouvem em casa?”.

Também houve falas no sentido da desistência de trabalharem com a música: “já pensei um milhão de vezes em vender tudo e fazer qualquer outra coisa, mas ao ver, quando vejo uma tatuagem de uma música minha em alguém penso: a música é como um filho seu, ou você cria ou o mundo cria pra você”. Outros não tiveram tanto destaque com a música e tratam o dilema com mais realismo: “se pensa em desistir, sim. É um se debater. Na prática é uma profissão meio dura por causa dessa instabilidade financeira. As questões de mercado, quando você encara como o seu ganha pão... Tenho amigos músicos escravos de muitas gigs17 diferentes, viajando muito. É como um vício, uma coisa louca”.

Sobre os órgãos de arrecadação de direitos e representatividade dos músicos, houve uma menção: “não posso chegar na padaria e cantar ‘eu sei que vou te amar18’ e o cara me dá pão, ‘por toda a minha vida’ e o cara me dá manteiga – quem faz a troca entre a música e o dinheiro é o ECAD [Escritório Central de Arrecadação e Distribuição], que regulamenta e arrecada essa execução musical,

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No meio artístico a expressão gig significa trabalho, apresentação, show, emprego.

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que alguns músicos não consideram boa e outros, ainda, consideram corrupto. Tu não sabes como isso funciona e quais são os teus direitos como músico”.

Um novo tema também surgiu: o uso e a veiculação da música pela mídia. Um entrevistado lembra-se de ter sido reconhecido a partir da “visibilidade dos seus vídeos no noticiário Jornal Hoje, da rede Globo de Televisão”. Outros mencionam o aumento de shows em função das redes sociais como “Facebook, Twitter, Google+ e YouTube”.

Ao terem que definir a música em uma palavra, os entrevistados responderam: “expansão, tradução, sublime, minha vida, emoção, vida, tudo. Trouxe-me amigos, aproximação familiar, dinheiro, estabilidade, filho. A guitarra faz parte de mim. É uma purificação. Você sai de um jeito do show que parece que tomou um banho de cachoeira. Se eu parar agora daqui a um ano eu seria o cara mais aborrecido do mundo”.

3. Lado B - Profissão: Músico19

Os músico-apresentadores Hugo Sodré, Fabinho Db, Melvin Santhana e Fabio Negrão estreiam o programa Lado B (com veiculação no Youtube) discutindo a questão: música é profissão? Os músicos conversam sobre o “Lado B do universo musical” contando um pouco de suas experiências e histórias e questionam as lógicas do mercado musical nacional brasileiro. O bate papo inicia-se com “um tema polêmico pra nós músicos: músico é profissão?”. Dessa forma, eles começam debater a posição da família em relação ao trabalho com a música e a imagem antiga do músico boêmio. Discutem alguns pontos onde se sentem invadidos no fazer musical já que ninguém se meteria no trabalho de um médico dizendo: “posso dar uma canja na sua cirurgia?”.

São trocadas ideias a respeito do estudo da música e das áreas de atuação: “pra ser artista tem que estudar. Conhecer história da música. Música se estuda a

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Disponível em:

<https://www.youtube.com/watch?v=hJouysHj37g&list=PL4pH13hSvj0eN4sxfjbyuQR4mw67aIWrF&in dex=3>. Acesso em: 2 dez. 2018.

vida inteira, como outras profissões. Você não precisa ser só instrumentista, pode ser produtor musical, diretor musical, compor trilha sonora, estudar eletrônica, gerenciar carreiras, etc”.

E finalmente são dadas dicas de como o músico deve se valorizar, entre elas: “nunca aceite tocar por qualquer barganha, não troque música por cerveja, isso justifica o estereótipo”.

4. Bruno Mello – O início da profissão músico20

Neste vídeo o músico compartilha as suas experiências sobre a profissão dando dicas de como trabalhar com música, competir com artistas como Cláudia Leitte21, ganhar dinheiro e ter uma visão administrativa.

Bruno fala sobre a renovação musical estar mais lenta e mais difícil de acontecer. Julga ser o motivo econômico o fator decisivo para isso não acontecer. Comenta sobre as rádios das décadas de 80 e 90, que consolidavam os gostos musicais que o ouvinte buscava e que mantinham o mercado desses gêneros. Ele levanta a questão da tecnologia mascarar hoje quem toca realmente bem, proporcionando visibilidade para quem não toca.

A forma como o músico se relacionava com as rádios era através dos discos gravados. Hoje em dia, ele diz que as rádios estão mais preocupados com o retorno financeiro delas do que com o produto artístico que gerenciam. Questiona como eles, “com bandas pequenas”, podem competir com um mercado onde o poder do dinheiro faz com que uma música toque em um programa de rádio, televisão, ou festival.

Bruno diz que hoje para entrar no mercado musical tem que ter dinheiro. Recomenda que há que se ter uma página no Facebook, um bom visual, uma boa marca. Não basta só tocar bem. Bruno se sustenta financeiramente com as aulas de

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Disponível em:

<https://www.youtube.com/watch?v=637E04A0088&list=PL4pH13hSvj0eN4sxfjbyuQR4mw67aIWrF&i ndex=6>. Acesso em: 2 dez. 2018.

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Cantora e compositora que integrava a banda baiana Babado Novo, iniciada em 2001, reconhecida nacionalmente pelo repertório de axé.

guitarra que dá. Ele tem uma visão administrativa do negócio com a música que exige planejamento para o lançamento da sua música. Recomenda uma atenção especial para a visão administrativa, sobre tudo.

5. Que profissão escolher? Fiz direito, mas escolhi ser músico, e