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MAPA 9: Suscetibilidade da Escarpa da Esperança

3.1 Vulnerabilidade, suscetibilidade, risco, perigo e desastre

3.1.4 Desastre

Segundo Dias e Herrmann (2002) quando os fenômenos ou processos atingem áreas ocupadas são considerados acidentes, desastres e catástrofes, definidos como impactos negativos ao sistema sócio-econômico. A diferenciação entre eles esta na proporção de impacto e na quantidade de recursos necessários para a mitigação dos problemas gerados.

Dessa maneira, Aneas de Castro (2000) define desastre como o resultado de um perigo derivado de um risco, com magnitude determinada. Ao contrário, Lavell (1996) equaciona o que ele chama de desastre como sendo a soma de ameaça mais vulnerabilidade, que é igual ao que ele denomina de risco de desastre.

No sentido amplo, Aneas de Castro (2000) refere-se a desastre como um acontecimento súbito, inesperado ou extraordinário que provoca prejuízos na vida dos indivíduos. Os agentes que provocam esses acontecimentos podem ser naturais ou produzidos pelo homem. O termo comparável com desastre é catástrofe, cuja terminologia provém do grego que quer dizer transtorno. Esse conceito se utiliza no cotidiano como o conjunto de severas dificuldades, produto de um fenômeno perigoso.

Desastre também é denominado como um impacto ambiental que pode ter uma dimensão variável em termos de volume, tempo e espaço. São, portanto, situações ou processos sociais que são desencadeados por fatores concomitantes e mutuamente condicionantes. Sendo por um lado, a efetiva ocorrência de um fenômeno que caracteriza uma ameaça, e por outra, a vulnerabilidade diante dos elementos expostos, que não é outra coisa, senão condições severas sobre o contexto ambiental, social, e urbano (CARDONA, 1996). Mais especificamente, nas palavras deste autor desastre são:

(...) los efectos adversos o las alteraciones intensas que se causan sobre las personas, los bienes, los servicios y/o el medio ambiente, como resultado de la ocurrencia de un evento, un proceso o la combinación de fenómenos de origen natural, social, tecnológico o provocados por el hombre. Son las consecuencias de la materialización de una amenaza sobre un grupo de elementos expuestos, vulnerables a dicha amenaza (CARDONA, 1996, p.71).13

De um modo geral, os desastres representam a acumulado de efeitos adversos (perda) nas vidas humanas e bens dos homens em sua interação com o sistema terra. Também são os resultados de perdas entre diversos elementos e subsistemas da sociedade (VELÁSQUEZ e ROSALES 1999).

13 “(...) os efeitos adversos ou as alterações intensas que ocorrem sobre as pessoas, os bens, os serviços

e/ou meio ambiente, como resultado da ocorrência de um evento, um processo ou a combinação de fenômenos de origem natural, social, tecnológico ou provocados pelo homem. São as conseqüências da materialização de uma ameaça sobre um grupo de elementos expostos, vulneráveis a dita ameaça (CARDONA, 1996, p.71)”. Tradução livre da autora.

Assim, os eventos naturais podem se transformar em desastres quando afetam negativamente as populações. Segundo Rodríguez (1996) quando um sistema natural produz um evento necessário para manter seu equilíbrio, mas que venha a afetar o funcionamento normal de um sistema social, se considera a ação do evento como perigoso e suas conseqüências como um desastre.

Sendo assim, para Lavell (1996, p.32) um desastre representa a “ruptura, desequilíbrio, desestabilidade das relações normais de convivência do ser humano e suas estruturas econômicas, sociais e políticas... com o meio social e natural que o rodeia e que dá suporte a sua existência”. Neste sentido, um desastre constitui uma condição de anomalia, cujas características estão determinadas pelo contexto de normalidade preexistente. Sendo este conceito o melhor indicador da degradação ambiental.

Outra definição é dada por Rodríguez (1996, p. 07) que considera os desastres como fatos sociais e como fenômenos físicos, afirmando que “los desastres son hechos sociales, no fenómenos físicos, entonces, intensificar y profundizar la búsqueda de respuestas en el análisis del comportamiento humano frente a sí mismo y a la naturaleza supone la búsqueda de soluciones factibles” 14.

De modo geral, segundo Velásquez e Rosales (1999), todo desastre resulta da conjugação de múltiplas variáveis, cada uma delas com valores que variam desde muito pequenos até grandes, cuja evolução transcorre desde instantes até longos períodos. As variáveis são físicas e naturais, mas também socioeconômicas, de infra-estrutura, políticas dentre outras.

O problema do estudo dos desastres está na ausência de registros homogêneos e comparáveis sobre a tipologia dos desastres como efeitos de ocorrência de eventos ameaçantes, nas condições de vulnerabilidade em cada região. Por um lado, só se considera desastres os efeitos daqueles eventos de grande envergadura e de grande impacto, isso faz com que fique menos visível os vários pequenos e médios desastres que anualmente ocorrem na América Latina, Caribe, Ásia e África (VELÁSQUEZ e ROSALES, 1999).

14 Rodríguez (1996, p. 07) “os desastres são fatos sociais, tão logo fenômenos físicos, então intensificar e

produzir a busca de respostas nas análises do comportamento humano frente a si mesmo com a natureza, supõem a busca de soluções possíveis”. (Tradução livre da autora).

Finalizando, Lavell (1996) afirma que a prevenção e a mitigação são componentes essenciais para uma gestão de desastres mais efetiva, e imprescindíveis para obter uma redução dos mesmos.

Por fim, em todos os conceitos descritos acima (vulnerabilidade, suscetibilidade, risco, perigo, desastre), uma das características de investigação e de preocupação simultânea é a integração dos aspectos físicos e sociais. Estes conceitos também apresentam inter-relação entre si, por isso ao se definir o foco central da pesquisa deve-se ter claro qual a definição que este conceito possui, assim definindo qual autor se baseará para entendê-lo e utilizá-lo na pesquisa. Não esquecendo, como afirmou Aneas de Castro (2000), que os conceitos devem ser vistos como complementares, não como equivalentes.

A seguir serão discutidos os movimentos de massa, os seus aspectos teóricos que são necessários para a compreensão da atuação e do desencadeamento destes complexos processos, como por exemplo: os tipos de movimentos e os fatores que condicionam tais processos.