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3 PERCURSO METODOLÓGICO

3.2 Locais e Sujeitos da Pesquisa

3.2.2 Descrevendo o espaço que sediou a pesquisa

Inicialmente, a Secretaria Municipal de Educação (SME) nos apresentou osperfis das escolas municipais e os resultados de cada uma nas avaliações externas para que pudéssemos selecionar tanto o locus exato da pesquisa quanto os sujeitos participantes. Das 18 turmas de 2º ano do ensino fundamental que nos foram apresentadas, apenas cinco foram selecionadas para compor o universo investigado, visto que não tínhamos condições de estar presente em todas as turmas, devido à quantidade de sujeitos e ao tempo destinado para a pesquisa.

Conforme indicações da SME, quem poderia representar melhor o panorama educacional relativo ao ensino da escrita no 2º ano do ensino fundamental seria uma turma localizada em uma escola da zona rural, distante a 7km da sede do referido município. Portanto, decidimos por ambientar a pesquisa, especialmente nos momentos de observação nesta escola, visto que esta instituição apresentou o melhor IDE-Alfa desse município, sendo considerada “Escola Nota Dez”, assim como demonstramos na figura abaixo:

Em junho de 2009, com o objetivo de fortalecer, valorizar e ampliar o trabalho que vem sendo empreendido pelas escolas em relação à alfabetização, o Governo do Estado do Ceará, através da SEDUC, instituiu o “Prêmio Escola Nota Dez”, por meio da Lei 14.371, de 19 de junho de 2009. O Prêmio é destinado a 150 (cento e cinquenta) escolas públicas que apresentarem Índice de Desempenho Escolar – Alfabetização/IDE- Alfa entre 8,5 e 10. Também prevê a contribuição financeira e apoio técnico pedagógico das escolas Premiadas para até 150 escolas com menores IDE-Alfa, calculado utilizando como referência o resultado do SPAECE- Alfa. Disponível em http://www.paic.seduc.ce.gov.br/index.php/o-paic/premio-escola-nota-10. Acesso em 16 de abril de 2018.

Figura 1 – Escola Nota 10

Fonte: Dados fornecidos pela escola na qual realizamos a observação.

Além desses dados, a referida escola havia superado, até mesmo, a proficiência geral em leitura e escrita do Estado, assim como apontam os dados na figura a seguir:

Figura 2 – Quadro de Comparação do IDE-ALFA, 2016

Entretanto, no decorrer da pesquisa, a turma que seria pesquisada foi remanejada para outra escola inserida em uma comunidade vizinha, distante desta cerca de 2 km. Isso se deu pelo fato de as escolas não terem a quantidade desejável de alunos para a realização da prova do SPAECE-Alfa, ou seja, a turma contava com apenas 13 alunos. Por esta razão, a turma foi remanejada para compor uma outra turma de 11 alunos, possibilitando desta forma, que ambas concorressem à premiação oferecida pelo Governo Estadual, o Prêmio “Escola Nota 10”. Além de as duas turmas terem sido acopladas, as professoras foram remanejadas para outras turmas e/ou funções.

A partir dessa junção das turmas, o campo da pesquisa também foi remanejado e passou a ser esta outra escola localizada mais próxima da sede do município que a anterior, ficando a uma distância de apenas 5 km da sede, atendendo estudantes de quatro comunidades circunvizinhas, ofertando as seguintes etapas da educação básica: Educação Infantil (creche e pré-escola) e Ensino Fundamental (1º ao 9º ano).

Esta escola, nosso novo e definitivo locus de pesquisa, contava, àquela época, com 238 alunos matriculados nos turnos matutino e vespertino, dos quais 26 eram da turma do 2ª ano do ensino fundamental. Com base no Censo Escolar, a escola tinha, em seu quadro funcional, 38 servidores (diretor, coordenador, professores, secretário administrativo, auxiliares de sala, porteiro, merendeira e pessoal de serviços gerais).

Havia apenas uma turma de 2º ano funcionando no período matutino e, desses alunos, apenas 12 faziam parte de sua matrícula inicial. Entretanto, no censo escolar já estavam cadastrados os 25 alunos no sistema, mas só no início do segundo semestre é que as duas turmas se juntaram, passando a integrar uma única turma. Nesse período, a escola recebeu um aluno transferido da sede do município.

Um fato curioso foi que o 5° ano passou a não fazer mais parte desta escola, pois tinha sido remanejado para a escola que estávamos anteriormente, em troca do 2º ano, a fim de que ela também pudesse concorrer ao Prêmio “Escola Nota 10”. Vale destacar que essas trocas já se configuravam como uma prática adotada, desde 2011 funcionando não apenas como uma das ações para tentar garantir a premiação, mas também como uma forma de reordenamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do município, assim como justifica o secretário de educação:

Temos tido a preocupação com a questão do reordenamento do PAC escolar do município. Nós temos um considerável número de professores para uma matrícula que tem e vem sofrendo um processo de redução nos últimos anos em função de várias questões que estão aí apontadas e isso termina levando a uma relação aluno professor que é alta e que inviabiliza a situação do município. Então, há uma

preocupação nossa em reorganizar as nossas escolas. E aí nós temos duas escolas que funcionam com turmas pequenas de 10 alunos, 12 alunos, 12 numa, 13 noutra; são turmas que poderiam ser uma turma só, com 25 alunos, com 23 alunos e com isso ter um professor ao invés de dois. Outro aspecto aí que é muito cobrado da gente é que dentro da sistemática do SPAECE e da premiação do SPAECE-Alfa, uma escola só concorre ao título de Escola Nota 10 se ela tiver no mínimo 20 alunos. Então, o caso de duas escolas nossas aqui, uma escola localizada no povoado 1 e outra na comunidade 2. Uma tinha 12 alunos, a outra tinha 11 alunos no 2º ano. Essas duas turmas, dessas duas escolas, nenhuma concorreria ao Prêmio Escola Nota Dez pela matrícula que tinham e por esta razão juntamos as duas para que ambas pudessem concorrer. (SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO).

Segundo as justificativas do secretário de educação, o principal objetivo do PAC era contribuir para o seu desenvolvimento acelerado e sustentável e por esta razão, houve o delineamento das turmas que não atendessem a quantidade proposta para a realização do SPAECE-Alfa, ou seja, no mínimo 20 alunos por turma/escola.

Em se tratando da área física da escola, esta era distribuída em 06 salas de aula, não contando com biblioteca nem sala de leitura ou laboratório de informática. Além disso, a escola também não tinha sala de professores nem quadra esportiva. O espaço físico da escola era pequeno, o que gerava uma dificuldade enorme até para reunir as crianças no intervalo para o recreio ou em momentos de culminância de projetos. Havia apenas dois banheiros que atendiam a todos os alunos e funcionários, além de uma cozinha muito pequena e sem local para guardar mantimentos. Nessa estrutura, a sala que era destinada à secretaria funcionava, ao mesmo tempo, como sala dos professores, biblioteca, depósito e diretoria.

Feitas essas considerações, passaremos agora a descrição das professoras partícipes desta pesquisa a fim de delinearmos o perfil e as especificidades de cada uma.