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7. RESULTADOS

7.1 Descrição dos casos

Sujeito 1

M.A.C., sexo feminino, 48 anos, solteira, trabalho não registrado e ocasional, ensino médio completo, diagnóstico de esquizofrenia há 11 anos.

Paciente apresentou primeiro episódio psicótico aos 37 anos, desencadeado após a morte de duas pessoas próximas a ela. Evoluiu com quadro de desorganização de pensamento, delírios e alucinações audioverbais. Na época, foi internada na enfermaria de psiquiatria do HC UNICAMP por aproximadamente 20 dias, onde foi feito diagnóstico de esquizofrenia. Desde então faz seguimento regular no ambulatório de psiquiatria da mesma instituição e não apresentou novos episódios psicóticos. No período anterior ao início do tratamento apresentou duas tentativas de suicídio.

M.A.C. apresenta certo grau de funcionalidade e autonomia preservados, mas tem o apoio constante dos familiares.

Embora exista registro, em prontuário, de sobrepeso anterior ao quadro de esquizofrenia, o ganho de peso expressivo deu-se após o início do tratamento farmacológico. Seu peso inicial era de 155kg e apresentava o IMC mais elevado da amostra, de 51,8kg/m2. Foi submetida à cirurgia bariátrica por videolaparoscopia em

agosto de 2017 e, um ano após o procedimento cirúrgico, apresenta IMC:28,3kg/m2.

Durante seguimento nesse estudo, paciente foi avaliada em relação à qualidade de vida, e, um ano após o procedimento cirúrgico, apresenta melhora expressiva nesse quesito segundo as escalas Whoqol-bref, QLS-Br e Baros.

Sujeito 2

R.M, sexo masculino, 37 anos, solteiro, ensino médio completo, sem ocupação regular, mora com os pais, diagnóstico de esquizofrenia há 12 anos.

Paciente apresentou primeiro episódio psicótico aos 25 anos, tendo cursado com agitação psicomotora, heteroagressividade, delírios de conteúdo religioso e alucinações audioverbais. Na ocasião foi encaminhado à internação psiquiátrica que teve duração aproximada de 03 meses, tendo sido feito o diagnóstico de esquizofrenia. Desde então faz acompanhamento psiquiátrico regular no Programa de Esquizofrenia (PROESQ) da UNIFESP. Sem histórico de outras internações, sem tentativas de suicídio prévias.

Paciente refere histórico de sobrepeso e sintomas de compulsão alimentar anteriores ao diagnóstico de esquizofrenia, tendo piorado após o início do tratamento farmacológico.

Paciente tem boa adesão medicamentosa, já tendo feito uso de olanzapina (com expressivo ganho de peso), aripiprazol e, no momento da cirurgia bariátrica, estava em uso de risperidona, com bom controle dos sintomas psicóticos.

R. sempre morou com os pais, nunca teve relacionamentos amorosos; apresenta algum grau de prejuízo na autonomia.

Seu IMC inicial era de 43,9kg/m2; foi submetido à cirurgia bariátrica por

via videolaparoscópica em agosto de 2017. Um ano após o procedimento apresenta IMC:30,5kg/m2.

Apresentou melhora na qualidade de vida segundo os três instrumentos utilizados na avaliação.

Sujeito 3

K.R.P., 39 anos, sexo feminino, divorciada, ensino médio completo, mora com a mãe e duas filhas, diagnóstico de esquizofrenia há 14 anos.

Paciente apresentou primeiro episódio psicótico aos 25 anos, caracterizado por delírio de conteúdo persecutório e alucinações audioverbais. Foi na época diagnosticada com esquizofrenia e iniciou acompanhamento ambulatorial com boa resposta, sem que fosse necessária internação psiquiátrica. Apresentou

novo episódio em 2004, após nascimento da primeira filha; na ocasião iniciou acompanhamento no PROESQ, com remissão dos sintomas. Permaneceu estável até 2011, quando, durante sua segunda gestação, os medicamentos que estava em uso foram suspensos. Após nova apresentação de sintomas psicóticos retomou o uso das medicações e apresenta-se com quadro compensado desde então. Em nenhum dos episódios houve necessidade de internação psiquiátrica; paciente segue em acompanhamento ambulatorial no PROESQ.

K. refere início de ganho de peso há cerca de 09 anos, coincidindo com o período em que ficou desempregada. Seu IMC no momento anterior à cirurgia era de 41kg/m2. Foi submetida ao tratamento cirúrgico para obesidade em outubro de

2017 e, um ano depois, seu IMC foi reduzido a 25,2kg/m2; é a paciente com maior

perda de peso até o momento.

As escalas Whoqol-bref, QLS-Br e Baros apontam melhora em sua qualidade de vida após a cirurgia bariátrica.

Sujeito 4

V.C.L, sexo feminino, 29 anos, solteira, ensino médio completo, auxiliar de escritório, diagnóstico de esquizofrenia há 02 anos.

Paciente apresentou primeiro episódio psicótico aos 27 anos, tendo como sintomatologia inicial isolamento social e hipersexualização, seguidos por acentuada desorganização comportamental e marcante prejuízo funcional. Evoluiu com diminuição da fala e motricidade, além de recusa alimentar, tendo sido internação psiquiátrica indicada por quadro de estupor catatônico. Foi internada na enfermaria de psiquiatria do HC UNICAMP durante aproximadamente 30 dias, com introdução de olanzapina e melhora gradual do quadro até remissão dos sintomas.

Paciente já apresentava histórico de sobrepeso anterior à internação psiquiátrica, tendo inclusive feito uso de sibutramina com prescrição médica, mas o ganho substancial de peso se deu após o início de uso de olanzapina. Por conta do aumento de peso foi feita troca medicamentosa por aripiprazol que, mais tarde, saiu da rede de medicamentos de alto custo de Campinas, tendo sido gradualmente substituído por quetiapina na prescrição da paciente.

Paciente permaneceu estável do ponto de vista psiquiátrico após alta da enfermaria e segue em acompanhamento regular no ambulatório de psiquiatria do HC UNICAMP.

No momento da avaliação inicial V. apresentava IMC:42,4kg/m2. Foi

submetida à cirurgia bariátrica em outubro de 2017 e após um ano do procedimento seu IMC foi reduzido a 28,2kg/m2. Paciente apresentou importante melhora na

qualidade de vida segundo as 03 escalas aplicadas. Sujeito 5

B.R.S., sexo feminino, 43 anos, solteira, ensino superior completo, escriturária, diagnóstico de esquizofrenia há 13 anos.

Paciente apresentou primeiro episódio psicótico aos 30 anos, enquanto residia em outro estado, sem companhia de nenhum familiar. Quadro evoluiu com desorganização comportamental, delírios persecutórios e alucinações auditivas, tendo sido encaminhada para internação psiquiátrica. Faz seguimento psiquiátrico regular desde então, sem novas recidivas. Apresenta boa funcionalidade e boa capacidade laboral. No momento anterior à cirurgia estava em uso de olanzapina, haloperidol e sertralina.

Nega sobrepeso ao longo da vida e apresentava IMC:22kg/m2 até o início

do tratamento com antipsicóticos. No momento inicial do estudo apresentava IMC:37,9mg/m2; foi submetida à cirurgia bariátrica por via aberta em outubro de

2017 e doze meses após o procedimento apresentava IMC:28,9kg/m2.

Em relação à qualidade de vida, após um ano da cirurgia bariátrica paciente apresenta melhora importante avaliada pelas escalas Whoqol-bref, Baros e QLS-br.

Sujeito 6

V.A.S, sexo feminino, 30 anos, solteira, ensino médio completo, sem ocupação regular, diagnóstico de esquizofrenia há 09 anos.

Paciente apresentou primeiro episódio psicótico aos 21 anos, caracterizado principalmente por alucinações audioverbais, tendo sido internada em hospital psiquiátrico por cerca de 16 dias, no qual foi feito o diagnóstico de

esquizofrenia. Paciente apresentou ainda outros dois episódios psicóticos que necessitaram de internação, sendo o último em 2016, onde pela primeira vez foi internada na enfermaria de psiquiatria do HC UNICAMP; a internação em questão durou cerca de 40 dias e durante a mesma foi introduzida clozapina. Desde então paciente faz seguimento regular no ambulatório do HC UNICAMP e não apresentou novas recidivas.

Paciente refere que desde criança apresenta problemas com sobrepeso, entretanto houve um ganho substancial após o início da clozapina. No momento inicial do estudo, tinha 119kg e IMC: 49,9kg/m2; foi submetida à cirurgia bariátrica em agosto de 2018, por via laparoscópica, tendo apresentado desde então importante redução de peso corporal. Doze meses após a cirurgia bariátrica, paciente apresentava 69kg e IMC: 26,9kg/m2.

Em relação à qualidade de vida, paciente apresentou melhora importante, quando avaliada pelas escalas QLS-Br e Whoqol-bref. Na escala Baros, paciente apresentou classificação em “muito bom” doze meses após o procedimento cirúrgico.

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