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Descrição da organização e programação do Congresso

4. A profissão médica e sua atuação social

1.1 Descrição da organização e programação do Congresso

Segundo os anais do Congresso “Em sessão do mês de outubro de 1940, da Sociedade de Medicina e Higiene Escolar [de São Paulo], foi lembrada a idéia de um Congresso de Saúde Escolar. Não bastava, entretanto, ter a idéia – o principal era poder realizá-la” (CNSE, 1941, p. 19)11. A sugestão do Congresso Nacional de Saúde Escolar foi apresentada ao diretor do Departamento de Educação de São Paulo, Dr. Romano Barreto, por causa de sua atuação no “magistério público” e a preocupação com a saúde do aluno. Houve aquiescência por parte dele, pois sua intenção era promover algo que “mostrasse o indispensável da conjunção de esforços de médicos e educadores em prol da educação popular” (CNSE, 1941, p. 19). Desse modo, logo após esse encontro organizou-se a Comissão Executiva do Congresso.

Os temas e as várias sugestões para a realização do evento foram levados, pela Comissão Executiva, ao conhecimento do interventor federal de São Paulo Adhemar de Barros, a quem foi solicitado patrocínio. Ele concordou em colaborar e seu “apoio [...] constituiu o marco decisivo para a realização do Congresso” (CNSE, 1941, p. 20).

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A Sociedade de Medicina e Higiene Escolar estava vinculada à Diretoria de Saúde Escolar do Departamento de Educação de São Paulo.

O presidente Getúlio Vargas também recebeu, em uma audiência, alguns membros da Comissão Executiva, como A. Romano Barreto e Francisco Figueira de Mello.

O dr. A. Romano Barreto, fazendo uso da palavra, externou ao senhor Doutor Getúlio Vargas os desejos da Comissão e apresentou a Sua Excelência o programa do Congresso, bem como lhe solicitou que aquele certame fosse considerado de caráter nacional e se realizasse sob o seu alto patrocínio. (CNSE, 1941, p. 20)

Francisco Figueira de Melo, médico sanitarista, “foi colaborador da Cruzada [Pró-Infância] desde a fundação e responsável pelos Serviços de Higiene Pré-Escolar e Escolar e pelo Serviço Médico da Escola de Saúde da Cruzada” (Mott et. all, 2005, p.44).

O presidente da República aprovou a ideia do Congresso e foi convidado para a abertura solene do evento no dia 21 de abril de 1941, contudo não compareceu, sendo representado pelo Ministro Gustavo Capanema, que também recebeu uma visita da Comissão Executiva antes da realização do Congresso, assim como o Interventor do Estado do Rio de Janeiro, Comandante Ernani do Amaral Peixoto, e outras figuras ilustres do Rio de Janeiro que apoiaram a iniciativa.

O 1.° Congresso Nacional de Saúde Escolar ocorreu entre 21 e 27 de abril de 1941, em São Paulo, com o patrocínio do Presidente da República Getúlio Dorneles Vargas e do Interventor Federal de São Paulo, Adhemar Pereira de Barros, e contou, ainda, com a colaboração dos interventores dos 20 estados brasileiros do período e do prefeito do Distrito Federal, Dr. Henrique de Toledo Dodsworth. O evento teve dois presidentes de honra, o Ministro da Educação e Saúde Pública Gustavo Capanema e o Secretário da Educação e Saúde Pública do Estado de São Paulo, Mario Guimarães de Barros Lino.

A Comissão de Honra teve dez representantes de diversos setores da sociedade brasileira, como o Arcebispo de São Paulo, José Gaspar de Affonseca e Silva, o Diretor do Departamento Nacional de Educação do Ministério da Educação e Saúde, Abgar Renault, e o Presidente da Academia Nacional de Medicina, Professor Aloísio de Castro, entre outros. Organizou-se, também, a Comissão de Cooperação que possuía 70 membros de diversos setores e locais do Brasil como o do Juizado de Menores de São Paulo, da

Educação e Saúde de vários estados, do esporte, cultura e ensino profissional do Departamento de Educação da capital paulista e de algumas delegacias regionais de ensino do interior, da Liga do Professorado Católico, bem como de Lourenço Filho, diretor do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP), e Sud Menucci, do Centro do Professorado Paulista (CPP). Essa diversidade permitia vislumbrar a participação de diferentes setores da sociedade civil, além de órgãos públicos de educação e saúde e a diversidade de ideias que circulavam.

Outra comissão organizada foi a de Orientação Técnica que possuía 16 representantes, como Antenor Romano Barreto, diretor do Departamento de Educação de São Paulo, o Diretor do Instituto de Higiene de São Paulo Geraldo Horácio de Paula Souza, e Francisco Figueira de Melo, Diretor do Serviço de Saúde Escolar do Departamento de Educação de São Paulo e Presidente do Congresso Nacional de Saúde Escolar.

Antes de continuar a discorrer sobre a organização do Congresso e as atividades realizadas ao longo dele, é pertinente destacar a contribuição de Paula Souza no que se refere à saúde e à saúde escolar em São Paulo. Sua participação foi decisiva para a elaboração e implementação de serviços públicos de saúde que repercutiram nacionalmente.

O médico sanitarista Paula Souza

diplomou-se em Farmácia pela Escola de Farmácia de São Paulo e em Medicina pela Faculdade Nacional de Medicina, em 1913. Iniciou sua carreira em 1914, como assistente de Química Médica da Faculdade de Medicina em São Paulo, tendo sido designado em 1918 para professor substituto de Higiene e auxiliar do Prof. Samuel Darling. (Lacaz, 1963, p.82)

Assumiu a Direção do Serviço Sanitário de São Paulo, no período de 1922 a 1927. Em sua gestão foi elaborado o Código Sanitário de 1925 que, segundo Campos (2002, p.XVII), “formulado pelo Serviço Sanitário, regulamentava a vida sanitária do Estado: exigências para as construções higiênicas, produção e comercialização de alimentos, organização do espaço físico, normas de conduta salutar”. Esse código criou os postos de saúde e a necessidade de “formação de profissionais especializados em higiene para atuarem na área de educação sanitária, o combate às verminoses, às

endemias locais e à mortalidade infantil” (Mott et.all., 2005, p.40), dentre outras medidas.

Respaldado pelos estudos que fez entre 1918 a 1920, nos Estados Unidos, por meio dos acordos do governo de São Paulo com a Fundação Rockefeller, Paula Souza doutorou-se pela Universidade Johns Hopkins, em Baltimore, junto com Francisco Borges Vieira e ao regressar ao Brasil tornou-se Diretor do Instituto de Higiene, “a primeira instituição totalmente voltada ao estudo da disciplina [de Higiene] no País” (Campos, 2002, p.XVII). Segundo Rocha (2003, p.14) esse Instituto

teve papel fundamental na formulação da política sanitária, adotada a partir de 1925 (...) [e] se constituiu também num espaço importante na articulação de estratégias voltadas para a veiculação da mensagem da Higiene no universo escolar.

De acordo com manuscritos de Paula Souza, a reforma de 1925 “dava ao Instituto as atribuições de uma Escola de Saúde Pública” (s/d, p.3). No período em que esteve à frente do Serviço Sanitário de São Paulo, utilizou-se da concepção política de saúde norte-americana da Fundação Rockefeller para implantar mudanças na capital paulista. Criticado pela forma como procurou resolver os problemas sanitários, afastou-se do cargo em 1927. Após sua saída,

continuou a dar vida a seus ideais de higiene e saúde pública, criando novos cursos destinados à formação de técnicos e profissionais de nível superior. Na verdade, tratou de estimular os estudos sobre a higiene por intermédio da institucionalização e transformação dos mesmos em Faculdade de Higiene e Saúde Pública, da Universidade de São Paulo, em 1945. (Campos, 2002, p.XVIII)

Em 1945, Paula Souza foi “representante do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU), onde apresentou proposta para a criação da Organização Mundial de Saúde” (Mott, 2005, p.40). Médico e pesquisador atuante, publicou artigos em periódicos, bem como participou de várias conferências e congressos.

Francisco Borges Vieira, companheiro de Paula Souza no Instituto de Higiene, “completou em 1917, o curso médico na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, defendendo tese e colando grau de doutor em medicina” (Lacaz, 1963, p.86). Mudou-se para São Paulo e nessa cidade foi convidado

por Paula Souza para ser preparador da cadeira de Higiene, cujo chefe era “o Dr. Samuel Taylor Darling, higienista norte-americano” (Vieira, s/d, p.2).

Em 1918, junto com Paula Souza “foi comissionado pelo Governo [de São Paulo] para, nos Estados Unidos, fazer estudos especializados de Higiene (...) sob os auspícios da Fundação Rockefeller” (s/d, p.2). Após retornar ao Brasil, dedicou-se, em São Paulo, à higiene; lecionou, publicou artigos em periódicos, participou de eventos, como o 1.º Congresso Nacional de Saúde Escolar além de atuar, com Paula Souza, na educação sanitária da cidade.

Em relação à composição do Congresso, criaram-se, também, duas comissões, uma de Imprensa e Propaganda que contou com a colaboração do Departamento Nacional de Imprensa e Propaganda, órgão vinculado à Presidência da República, por meio de seu diretor Lourival Fontes, e de Cassiano Ricardo, Diretor do Departamento de Imprensa e Propaganda de São Paulo; e uma Executiva composta por 12 membros, alguns anteriormente citados em outras comissões como Geraldo Horácio de Paula Souza e Figueira de Melo, e, também, o Diretor do Departamento Nacional da Criança do Ministério da Educação e Saúde, o médico pediatra Olímpio Olinto de Oliveira12.

O Congresso contou com 10 temas oficiais, analisados por meio de um número expressivo de trabalhos apresentados, conforme descrito na Tabela 1.

Tabela 1 – Temas oficiais, trabalhos e autores

Tema Concentração dos temas

Número de trabalhos Número de autores I – Organização e orientação dos serviços de saúde escolar - 12 14 II – A saúde do escolar nos meios urbanos e rurais

Prédio escolar; Higiene do ensino; Instituições peri- escolares; Caixa Escolar.

16 23

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Olímpio Olinto de Oliveira era médico e escritor, formou-se em Medicina no Rio de Janeiro em 1887. Foi professor da Faculdade de Porto Alegre e diretor entre 1910 e 1913. A partir de 1913 passou a viver no Rio de Janeiro, onde continuou exercendo a profissão de médico. Musicista e crítico de arte,fundou o Clube Haydn em Porto Alegre em 1857 e também do Instituto de Belas Artes. Foi um dos fundadores e primeiro presidente da Academia Rio- Grandense de Letras.

III – Condições de saúde física e mental para o exercício do magistério

Exame médico – pedagógico periódico; Incapacidade física e psíquica; Razões para a aposentadoria; Leis protetoras do professor.

6 6

IV- Morbilidade e mortalidade no meio escolar

Doenças para cuja evolução concorre a escola; Afecções dos olhos, ouvidos, nariz, garganta e dentes; Doenças infeto-contagiosas; Incidência da tuberculose no meio escolar; Endocrinopatias.

46 55

V – A Educação sanitária nas escolas

Implantação de hábitos sadios; O ensino da puericultura nas escolas primárias, secundárias e profissionais; A função social da Educadora Sanitária;

Ligação entre o lar e a escola.

36 51

VI – O problema dos repetentes nas escolas primárias

Fatores pedagógicos, sociais,

médicos e psicológicos. 24 26 VII – Higiene mental

nos meios escolares - 9 10

VIII – Alimentação e nutrição dos

escolares

Educação alimentar; Sopa escolar; Consequências da sub-nutrição. 21 22 IX – Bases científicas para a restauração

biológica dos débeis físicos

Colônias de férias; Escolas ao ar livre; Play-grounds; Jogos

infantis. 3313 35

X – A adaptação e a escolha de

profissões

Valor do laboratório clínico e psicotécnico para a seleção nas escolas profissionais.

1 1

Total 207 24314

Fonte: Anais do 1.º CNSE.

Em relação aos temas do Congresso, eles foram apresentados pelos relatores e debatidos na sessão plenária pelos congressistas. Após o debate, organizava-se uma comissão composta pelos relatores dos diversos temas para redigir o texto final, a partir das conclusões da plenária, conforme constava no regimento interno. O regimento se destinou a organizar as apresentações dos trabalhos, em caso de inscrição no Congresso, que não

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Dos 33 trabalhos apresentados, 21 foram publicados e analisados.

deveriam exceder 15 minutos, além dos debates e das exposições das conclusões15.

Além do Regimento Interno, também foi destinado um espaço para “trechos de alguns ofícios, cartas e telegramas recebidos pelo presidente do Congresso” (CNSE, 1941, p. 43), enviados por ministros, secretários, diretores de escola, dentre outros, elogiando a iniciativa de sua realização.

O evento repercutiu nos meios de comunicação, e cinco dias antes de seu início o Jornal da Manhã publicou uma reportagem em que se destacava: “O 1.º Congresso Nacional de Saúde Escolar, cuja inauguração solene será no dia 21 do corrente, está despertando invulgar interêsse em todos os meios técnicos e educacionais” (JORNAL DA MANHÃ, 1941, p.5).

A programação do evento foi descrita detalhadamente nos anais. Ao final da tarde do primeiro dia de Congresso foi inaugurada a Exposição de Saúde Escolar do Departamento de Educação de São Paulo, na galeria “Prestes Maia”.

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“Art. 5 – Quando ausente o autor do trabalho, serão lidos pelo Secretário da mesa que presidir a sessão, somente o título e as conclusões;

Art. 9 – (...) § único – Cada uma das sessões ordinárias terá um presidente e dois secretários, previamente convidados pela Comissão Executiva, cabendo ao Presidente desta prover a direção dos trabalhos na ausência dos mesmos;

Art. 10 – Na ordem do dia de cada sessão ordinária serão lidos por seus autores e na falta deles pelo Secretário, os trabalhos referentes ao tema designado para a sessão e após a leitura de todos esses trabalhos terá início a discussão sobre os mesmos;

Art. 14 – Haverá um ou mais relatores para cada tema oficial, dispondo os mesmos de 20 minutos para, na sessão plenária, apresentarem as conclusões sobre o tema que lhes for designado”. (CNSE, 1941, p. 25-26).

Foto 1 – Exposição de Saúde Escolar

Fonte: A GAZETA (1941)

Participaram de sua inauguração, pela observação da fotografia, representantes do meio político e médico-educacional de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Buenos Aires como o Interventor Adhemar de Barros, o dr. Mário Lins Secretário da Educação e Saúde Pública de São Paulo, Humberto Pascale, Diretor do Departamento de Saúde, o professor Henrique M. Olivieri, diretor do corpo médico escolar de Buenos Aires, o dr. Alcides Lintz, diretor do Serviço Médico-Pedagógico do Distrito Federal e Maria Antonieta de Castro formada no primeiro curso de educadoras sanitárias que, pelo trabalho desenvolvido, tornou-se chefe das educadoras sanitárias de São Paulo e diretora-secretária da Cruzada Pró-Infância (Mott et. all., 2005).

Quase um mês antes da realização da Exposição de Saúde Escolar, a imprensa paulista veiculava informações sobre ela16.

O tema em torno do qual está sendo organizada a Exposição é: „Como se cuida em São Paulo da saude do escolar?‟

Várias entidades estão elaborando graficos, mostruarios, etc. A Superintendência do Ensino Profissional, Diretoria de Saude

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A participação do jornal A Gazeta ocorreu de forma efetiva por ter como representante o Dr. Osvaldo Puissegur, “médico e inspetor federal do ensino secundário” (A GAZETA, s/p, 1941).

Escolar, Instituto de Higiene, Departamento de Saude, Departamento de Educação, Cruzada Pró-Infância, Inspetoria Dentaria Escolar, Departamento de Cultura. (...)

Esta mostra dos serviços que cuidam da saude escolar esta despertando invulgar interesse, pois é a primeira vez que isto se realiza em nosso Capital. (A GAZETA, s/p, 1941)

Os trabalhos expostos davam visibilidade às ações e pesquisas em prol da saúde escolar dos diferentes serviços e órgãos paulistas a todos os participantes do Congresso, demarcando o protagonismo e o ineditismo da proposta paulista em relação ao restante dos estados brasileiros. Após a exposição, foram exibidos dois filmes, um sobre a Diretoria do Serviço de Saúde Escolar e outro sobre a Inspetoria Dentária Escolar.

A sessão solene de abertura do Congresso ocorreu no Anfiteatro da Faculdade de Medicina e contou com a participação do Ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema que, no discurso de instauração do evento, exaltou “o papel da Escola na construção da nacionalidade” (CNSE, 1941, p. 50). Após o discurso de Capanema, o Presidente da Comissão Executiva, Dr. Romano Barreto, diretor Geral do Departamento de Educação de São Paulo, “falou em nome dos Educadores e Associações Educacionais do Brasil” (CNSE, 1941, p. 51); discursou também o professor Domingos Alves Rubião Meira, Reitor da Universidade de São Paulo, representando as “Associações Médicas e Culturais e Escolas Médicas do país” (CNSE, 1941, p.51). Em seu pronunciamento, publicado no jornal A Gazeta, falou sobre a criança afirmando que ela era

a flor da raça, a gema da pátria, é o início de uma geração, é a própria imagem da humanidade. (...) é como um toque divino emprestado às criaturas, é a representação de Deus encarnada na formação do homem. (A GAZETA, 1941, p.2)

Outros congressistas também discursaram: o Dr. Francisco Figueira de Mello, pela Sociedade de Medicina e Higiene Mental; o Dr. Mário Guimarães de Barros Lins, Secretário da Educação e Saúde Pública de São Paulo, pelo Governo de São Paulo, e o Dr. Arnaldo Santana, Diretor do Serviço de Saúde Escolar da Bahia, que representou os congressistas de todos os estados brasileiros.

Um dia após a abertura do Congresso, o Jornal da Manhã destacou sua relevância e exaltou o presidente Getúlio Vargas.

Esse grande certame que reúne representações de todas as unidades da Federação, vai debater palpitantes problemas referentes à organização e orientação dos serviços de saúde escolar, tanto nas capitais como no interior do país. Pelos seus fins altamente patrióticos e sociais, visando, de modo eficiente, o fortalecimento da criança. O Congresso ontem inaugurado (...) bem merece as simpatias e os aplausos de todos os brasileiros e estrangeiros aqui radicados, que nele têm uma prova exuberante de como o Presidente Getúlio Vargas, dentro dos princípios do Estado Novo, se interessa pela saúde mental e física das novas gerações. (JORNAL DA

MANHÃ, 1941, p. 6)

Apesar de não ter participado das atividades do Congresso, Vargas auxiliou em seu custeio e seu representante, Gustavo Capanema, declarou no discurso de abertura que sua presença era o testemunho do “grande apreço do Presidente Getúlio Vargas, por mais essa iniciativa do Governo Paulista” (CNSE, 1941, p.50).

No dia 22 de abril, realizou-se uma visita ao interventor federal de São Paulo, Adhemar Pereira de Barros, no Palácio dos Campos Elíseos. Como se observa na figura 2 um número expressivo de congressistas participou da visita. Em nome de todos, o professor e médico Leonel Gonzaga afirmou: “Nessa obra, meu prezado colega, V. Exa., tem sido incansável e o seu nome figurará na galeria dos benfeitores da criança” (Gonzaga, 1941, p. 52).

Foto 2- Visita ao Interventor Federal de São Paulo

Fonte: O ESTADO DE SÃO PAULO (1941)

Os congressistas, inclusive Gustavo Capanema, foram no mesmo dia, à tarde, à Escola “Caetano de Campos, contudo ele não participou apenas das atividades do Congresso; sua estada em São Paulo destinou-se, também, a

realizar inaugurações, visitas a obras, instituições, entre outros (JORNAL DA

MANHÃ, 1941).

No dia 23, no início da tarde, visitou-se a Faculdade de Medicina e o Instituto de Higiene. Depois da visita ao Instituto, inauguraram-se as classes de débeis mentais no Grupo Escolar “Godofredo Furtado”, bem como uma exposição pedagógica sobre a Educadora Sanitária. Na classe dos débeis, o Dr. Durval Belegarde Marcondes fez um discurso em que elogiou as ações do interventor federal Adhemar de Barros em relação ao tratamento dos mentalmente anormais, como também sua prevenção. Foi

pensando assim que se organizou a higiene mental em nossas escolas, partindo do princípio básico de que a infância é o momento estratégico na luta contra as psicopatias. Criou-se a Secção de Higiene Mental Escolar, cuja finalidade é combater os fatores psicopatogênicos que atuam durante a infância, colaborando com as autoridades e técnicos do ensino no propósito de assegurar um sadio desenvolvimento às funções mentais da criança. (Belegarde, 1941, p. 54-55)

Para o Dr. Durval Belegarde, médico psiquiatra e criador da Sociedade de Higiene Mental Escolar de São Paulo, a criança que não se ajustasse ao meio familiar e social possivelmente seria desajustada socialmente. Procurava- se, assim, modificar o ambiente do qual a criança fazia parte visto que, para ele, o meio era responsável pela formação do caráter e da personalidade da criança. Ao ingressar na escola, a criança tinha ampliado “o círculo das solicitações ambientais e, se a capacidade de adaptação é insuficiente, acentuam-se os sinais, até então despercebidos, de uma formação psíquica defeituosa ante a qual a escola moderna não pode negligenciar” (Belegarde, 1941, p. 55).

Essa era uma necessidade em relação ao doente mental, pois o “anormal de inteligência exige métodos de ensino próprios, incompatíveis com sua permanência entre os alunos normais” (Belegarde, 1941, p. 55). O anormal da inteligência requeria a utilização de acompanhamento médico, mas também pedagógico.

Após o almoço, no dia 26, segundo os anais, realizou-se a exibição de filmes da Secretaria de Saúde e Assistência e Departamento de Saúde Escolar do Distrito Federal. Entretanto, de acordo com o Jornal A Gazeta houve

também mostra de trabalhos da Liga de Higiene Mental do Rio de Janeiro na Galeria Prestes Maia, em que foi organizado um

„stand‟ [no qual] estão expostos cartazes, gráficos e fotografias enviados pela Liga, mostrando a necessidade do exame mental