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DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES OBSERVADAS

O PROBLEMA DA PESQUISA E SUA JUSTIFICATIVA

DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES OBSERVADAS

Professora A

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Figura 1 - Organização da sala de aula da Professora A

A sala da professora A era uma sala de 1º ano do Ensino Fundamental, com total de 6 alunos matriculados. Todos os alunos apresentavam surdez, sendo que dois deles apresentavam deficiência múltipla, ou seja, outras deficiências associadas à surdez. No intervalo entre as filmagens e a entrevista, uma aluna dessa turma pediu transferência de escola por motivo de mudança de residência.

Com relação ao espaço físico, a sala era arejada e bastante ampla, o que facilitava a locomoção de um aluno que utilizava andador para deambular, e de outro, cadeirante.

A professora tinha diferentes cartazes prontos, em caixas, que eram fixados apenas no momento das atividades, pois a sala de aula era utilizada por uma turma do ensino fundamental II, no outro período.

Havia, fixada na sala de aula, a rotina semanal da turma, com apoio de desenhos e figuras; além disso, as letras do alfabeto, acompanhadas do alfabeto manual, estavam pintadas na parede.

Nos dois dias de filmagem, a professora se mostrou um pouco resistente ao início das filmagens em sua sala, sugerindo que a pesquisadora procurasse a outra professora para fazê-lo. No entanto, como a pesquisadora já havia tratado do cronograma e organização dos dias da filmagem com a diretora, que não estava presente no momento da chegada da pesquisadora, foi necessária relativa insistência para se cumprir o combinado, uma vez que a sala da outra professora, que seria filmada no mesmo dia, encontrava-se em atividade extraclasse. Com isso,

Portas e Janelas

Armários Mesas de alunos

Mesas não utilizadas Pia Lousa Prateleiras Mesas de professor Legenda Posicionamento da câmera

89 em ambos os dias, notou-se que a professora iniciou suas atividades um pouco desconfortável e atrasada e, apesar de a organização diária não ser prioridade na pesquisa, foi necessário filmar parte dela para se cumprir o cronograma previsto.

Filmagem 1- Professora A

No primeiro dia de filmagem desta professora, estavam presentes 5 alunos, entre os quais, apenas um dos alunos com múltipla deficiência, que contava com o auxílio de uma estagiária. Vale destacar que a professora relatou por diversas vezes as dificuldades em trabalhar com os alunos com deficiência múltipla, pela suas especificidades diferenciadas dos alunos surdos.

As atividades filmadas nessa data foram: organização do calendário; perguntas sobre o que os alunos haviam comido no almoço da escola, estabelecendo comparação com a lista de comida fixada na lousa; breve leitura da parlenda “Um, dois, feijão com arroz”.

A professora relatou que gostaria que a pesquisadora filmasse a atividade planejada em conjunto com a professora da Educação Infantil, em que ambas as salas fariam uma atividade de culinária; no entanto, como a atividade aconteceria após o horário previsto, foi observada apenas uma parte dela. Como a outra professora, que não a participante, direcionou a atividade, esse momento não foi considerado para tabulação do protocolo, uma vez que a professora A apenas auxiliou os alunos em determinadas situações. Dessa forma, foram considerados para o preenchimento do protocolo, nesse dia, aproximadamente 20 minutos de atividade dessa professora.

As atividades começaram com os alunos sentados em seus lugares e a professora na frente da sala perguntando sobre o dia, mês e ano para a escrita do cabeçalho na lousa. Após escrever a frase “Hoje eu comi” e apontar cada palavra para os alunos sinalizarem12, ela completou a frase com as respostas que os alunos sinalizavam em LIBRAS: “arroz, feijão, peixe, salada e melancia”; em seguida, a professora fixou na lousa uma folha de papel sulfite em que constava o cardápio oferecido no almoço da escola e comparou com os alunos o que eles haviam se

12Ao longo do relatório, a expressão será usada para indicar os movimentos feitos em Língua de

90 esquecido de sinalizar. Em seguida, cada aluno foi chamado para sinalizar a frase escrita na lousa. A próxima tarefa foi a cópia do cabeçalho e dessa frase no caderno dos alunos.

Durante a cópia, a professora auxiliou uma das alunas. Para isso, posicionou- se atrás dela e segurou em sua mão para ajudá-la na escrita. Nesse momento, chamou a atenção o fato de a professora fazer alguns sinais posicionados sobre a cabeça da aluna impedindo, muitas vezes, que a aluna enxergasse o sinal que estava sendo feito. Outro fato a considerar é que, ao pegar na mão da aluna para auxiliar na escrita, a professora não percebia que a aluna não estava olhando para seu caderno ou para lousa, e sim para seus colegas e, muitas vezes, para a pesquisadora. Assim, durante o auxílio da professora, a aluna não se aproveitava da atividade proposta. A professora passou conferindo a escrita realizada pelos alunos no caderno e auxiliando-os quando necessário.

Após o término da cópia, a professora fixou um cartaz de papel pardo com a parlenda “Um, Dois, Feijão com Arroz” e questionou se os alunos se lembravam do texto. Em seguida, apontou para as palavras para que os alunos sinalizassem uma a uma. Um dos alunos sempre levantava a mão e sinalizava a palavra escolhida; por isso, a professora pedia calma a ele (oralmente e em LIBRAS), para que os outros colegas pudessem responder.

Os alunos sentiram dificuldade na palavra “PASTEIS”, escrita no trecho “NOVE, DEZ, COMER PASTEIS”. Nesse momento, a professora perguntou para os alunos, oralmente e em LIBRAS, se eles já haviam comido pastel. Como eles desconheciam a palavra, não responderam. Após dizer para pesquisadora como isso era difícil, fez um desenho de pastel na lousa e sinalizou para os alunos. Nesse momento, chegou a professora da educação Infantil com seus alunos para atividade de culinária e os alunos foram convidados a mudarem a posição das carteiras para acomodar os colegas que chegaram e se preparem para a atividade de culinária.

Durante as atividades relatadas, a estagiária permaneceu com o aluno com deficiência múltipla fazendo atividade diferenciada dos demais alunos.

Chamou a atenção a forma de comunicação da professora que, apesar de utilizar a língua de sinais em alguns momentos, tinha sua comunicação bastante apoiada na oralidade, ora falando e sinalizando, ora apenas falando. Por diversas

91 vezes, a professora chamou os alunos pelo nome, ou mesmo os advertiu apenas oralmente.

Apesar de a atividade de culinária não ter sido registrada no protocolo e o comportamento dos alunos não ter sido o foco dessa pesquisa, vale ressaltar que, com a observação do vídeo, percebe-se uma mudança na postura dos alunos. A professora da educação infantil utilizou mais sinais que a professora A, e empregou estratégias para chamar a atenção dos alunos enquanto ela sinalizava, como bater palmas, direcionar o sinal “olhar” para seu rosto, movimentar os braços para que os alunos virassem para ela; convidar os alunos a responder ao que ela perguntava chamando-os pelo sinal do seu nome. Dessa forma, os alunos sabiam em que momento deveriam responder à professora.

Filmagem 2 - Professora A

No segundo dia de filmagem, estavam presentes 4 alunos. Os dois alunos com múltiplas deficiências haviam faltado e a estagiária auxiliou todos os alunos presentes, de acordo com a necessidade de cada um no decorrer da atividade.

Nesse dia, as atividades foram: organização do calendário; perguntas sobre o almoço dos alunos; leitura da parlenda “Um, Dois, Feijão com Arroz” e recorte e colagem de tiras da parlenda com apoio visual do texto e de desenhos.

As atividades começaram com a professora chamando os alunos para olhar a folhinha de calendário do mês de setembro que havia acabado e retirando-a do calendário. A professora explicou, sinalizando e falando, que o mês havia acabado e se iniciava o mês de outubro. Um aluno levantou a mão e vocalizou ininteligivelmente, parecendo ansioso por dizer algo; no entanto, a professora abaixou sua mão e prosseguiu repetindo que o mês havia acabado. Em seguida, a professora entregou uma caneta a uma aluna que circulou o dia e se dirigiu ao cartaz fixado na lousa, com os meses do ano, para riscar o mês de setembro.

A professora escreveu na lousa o cabeçalho contendo cidade e data e iniciou a frase “Hoje eu comi...”. Mais uma vez, apontou para as palavras na lousa para que os alunos sinalizassem a data, e o que haviam comido no dia. Como na filmagem anterior, a professora passou pelas mesas dos alunos enquanto esses copiavam o conteúdo da lousa. Após se posicionar atrás da mesma aluna mencionada na

92 observação do dia anterior para auxiliá-la na cópia, segurou sua mão. Dessa vez, a aluna olhava para seu caderno, mas muitos dos sinais feitos pela professora sobre sua cabeça, não podiam ser percebidos pela aluna, que diversas vezes, virava a cabeça para trás para ver a professora. Enquanto os alunos finalizavam a cópia, a professora entregou uma folha para cada criança, contendo a parlenda escrita e alguns desenhos referentes aos trechos da mesma, e procurou com a estagiária o cartaz com a parlenda “Um, Dois, feijão com Arroz”, já utilizado anteriormente. Como não o encontrou, a professora escreveu a parlenda na lousa. Enquanto a professora escrevia na lousa, os alunos recortaram as partes da parlenda que a professora entregou em folha. Quando a professora percebeu que os alunos estavam se movimentando e conversando entre si, virou-se e perguntou oralmente o que estava acontecendo. Por diversas vezes, a professora apenas falou com os alunos. Por exemplo: “Amanda13 deixa o Rafael quieto”; “Amanda olha aqui”, “Vamos ver”, “senta”, “olha pra mim”, sem fazer o uso dos sinais. Como os alunos não a compreenderam, a professora acabou aumentando a intensidade da sua voz, o que também não surtiu efeito.

É interessante notar que a professora não informou aos alunos o que deveria ser feito com a folha que lhes foi entregue; apenas quando a estagiária perguntou para professora se podiam colar, ela respondeu, mais uma vez oralmente, que não e que era para os alunos esperarem. A partir daí, solicitou, em LIBRAS e oralmente, que os alunos organizassem a sequência da parlenda, mostrassem para professora, para só depois colarem as partes que recortaram da parlenda em seus cadernos na sequência correta. A professora continuou a escrever na lousa e comentou que precisava trazer um pastel para eles conhecerem. Ao finalizar a escrita na lousa, comentou ainda que achava que essa poesia era para ouvintes. Ao escrever a parlenda na lousa, escreveu em vermelho o final de algumas palavras de forma que a parlenda ficou registrada na lousa da seguinte forma:

FEIJÃO COM ARROZ UM, DOIS,

FEIJÃO COM ARROZ, TRÊS , QUATRO, FEIJÃO NO PRATO, CINCO, SEIS, FEIJÃO INGLÊS, SETE, OITO,

93 COMER BISCOITOS,

NOVE, DEZ, COMER PASTEIS

As marcações feitas em vermelho pela professora no final das palavras pareciam fazer referência à rima da parlenda; no entanto, essa marcação sonora não é percebida pelos alunos surdos.

A professora passou pelas carteiras observando os alunos cortarem as partes da parlenda na folha. Em uma das carteiras, apontou para a palavra ‘Inglês”, mas o aluno não respondeu; por isso, foi até a lousa e apontou para a mesma palavra, questionando todos os alunos; no entanto, nenhum respondeu. Diante disso, pediu que todos os alunos olhassem para ela e apontou para as palavras enquanto oralizava. Mais uma vez, os alunos não acertaram a palavra “inglês”, o que levou a professora a fazer referência, em LIBRAS, ao Brasil. Como os alunos ainda não haviam compreendido, a professora desenhou o mapa do Brasil e da Inglaterra e perguntou como chamava quem nascia na Inglaterra e, mais uma vez, os alunos não responderam. Então, ela mostrou o sinal em LIBRAS referente à palavra “inglês”.

Um dos alunos não se lembrava o sinal da palavra comer. Para ajudá-lo, a professora utilizou o que haviam escrito na lousa sobre o que os alunos haviam comido no almoço e desenhou uma pessoa comendo, o que ajudou o aluno a se lembrar do sinal.

Enquanto os alunos finalizavam a atividade com o auxílio da estagiária, a professora colou uma foto de um prato com arroz e feijão na lousa e chamou uma aluna: “Amanda, vem escrever aqui, ó”. A aluna não se levantou, e apenas quando a professora a tocou, dirigiu-se à lousa. Enquanto a professora apontava para o desenho e para a parlenda na lousa, perguntava “qual é?”, a fim de que a aluna encontrasse no texto a palavra para designar a imagem. Em resposta, a aluna apontou para a imagem do feijão e procurou a respectiva palavra na lousa; em seguida, pegou a caneta e escreveu a palavra “feijão” e, com o auxílio da professora, que apontava no texto o trecho “feijão com arroz”, a aluna copiou o mesmo na lousa.

Os alunos continuaram a fazer a atividade de organização da parlenda e a pesquisadora finalizou o registro do protocolo.

94 Professora C

A organização da sala se manteve conforme a figura abaixo nos dias das observações:

Figura 2 - Organização da sala de aula da Professora C

A sala da professora C era uma sala de 3º ano do Ensino Fundamental I, com 7 alunos. Todos os alunos apresentavam surdez, tendo sido considerado notável o resíduo auditivo de um deles, que durante as filmagens utilizou-se da oralidade.

Com relação ao espaço físico, a sala era arejada, porém menor do que a sala da professora A. As carteiras estavam organizadas em formato de U, e a professora permaneceu a maior parte do tempo em frente à lousa, facilitando a visualização dos alunos. Na sala, havia um varal com alguns cartazes de produção coletiva dos alunos, calendário, relógio, um amplo mural com datas de aniversários, cartazes relacionados a atividades realizadas e pesquisas dos alunos, além de terem sido pintadas, sobre a lousa, letras do alfabeto, acompanhadas do alfabeto manual.

A professora C, se mostrou bastante à vontade com a pesquisadora, sendo receptiva e cooperativa em todos os momentos.

Filmagem 1- Professora C

No primeiro dia de observação estavam presentes 6 alunos.

A atividade proposta pela professora aos alunos, nesse dia, foi que contassem o que haviam feito no final de semana, aproveitando o fato de que se tratava de uma segunda-feira. Os alunos haviam registrado no caderno de lição de

Portas e Janelas Armários Mesas de alunos Mural Lousa Mesas de professor Legenda Posicionamento da câmera Computador

95 casa o que tinham feito em forma de desenho. A professora solicitou que contassem aos colegas o que fizeram em Língua de Sinais, enquanto ela os filmava.

Os alunos iam até a frente da sala, posicionavam o caderno com o registro de desenho na lousa e sinalizavam aos colegas o que fizeram no final de semana, enquanto a professora, sentada com a filmadora diante deles, registrava a narrativa.

Após ter filmado todos os alunos, a professora ligou o data-show, presente em todas as salas de aula da escola, para projetar a filmagem dos alunos na tela. A professora explicou que iriam assistir o que contaram em LIBRAS e que deveriam pensar como poderiam transformar o que contaram em escrita. Então, a professora iniciou passando duas vezes o vídeo de uma aluna e convidando-a para ir até a lousa escrever em português o que havia contado.

A professora C utilizava a Língua de Sinais como forma de comunicação com os alunos e, apesar de ter um aluno com resíduo auditivo, que muitas vezes utilizava a oralidade associada aos sinais para chamar ou responder para a professora, ela não utilizava a oralidade com todos os alunos. As poucas vezes que a professora vocalizou alguma palavra durante a atividade foi direcionada ao aluno em questão.

Outro aspecto que chamou a atenção na proposta da atividade foi a estratégia da filmagem utilizada pela professora, que permitiu aos alunos assistirem à sua narrativa e analisarem seu desempenho comunicativo em LIBRAS. A filmagem dos alunos surdos pode ser uma estratégia valiosa, uma vez que esses são sujeitos que se aproveitam bastante de recursos visuais, como o desenho também proposto pela professora, que é uma forma de registro visual fácil para os alunos utilizarem autonomamente, já que essa parte da atividade foi realizada em casa.

Após os alunos assistirem ao vídeo da aluna sinalizando, a professora questionou como a aluna poderia escrever o que havia contado. Para isso, convidou os colegas para auxiliá-la na escrita, e os colegas foram bastante participativos na ação.

A professora questionou qual a melhor forma de iniciar a frase, perguntando para a aluna se era melhor usar o próprio nome dela “Renata” ou o pronome “EU”: a aluna optou por “EU”. Durante a escrita, a aluna solicitou ajuda da professora que a auxiliava por meio da LIBRAS e do alfabeto datilológico.

96 Os colegas acompanharam atentamente a atividade e ajudaram a aluna conferindo se o que ela estava escrevendo era condizente com o registro do desenho no caderno e com o vídeo sinalizado.

Uma das alunas chamou a atenção para a palavra “domingo”, apontando para as letras “ING” que também aparecem no seu nome. Na escrita de verbos, a professora questionou se o verbo seria no passado, presente ou futuro (no caso da frase, seria o verbo “comer”). A escrita da aluna na lousa ficou da seguinte forma: “EU DOMINGO DIA 22 COMEU COXINHA JULIO, ANA JULIA”.

Nessa atividade, também chamou a atenção o procedimento da professora em refletir sobre as duas línguas, língua portuguesa na modalidade escrita e Língua de Sinais.

Filmagem 2- Professora C

No segundo dia de filmagem também estavam presentes 6 alunos. A atividade proposta pela professora foi a leitura do texto “Visita ao Itaú Cultural” (Anexo A), redigido pela professora sobre o passeio que os alunos fizeram à Exposição de Lygia Clark.

A professora iniciou entregando uma folha de texto para cada aluno e pedindo que lessem procurando o que conheciam no texto. Não foi dada pista do que o texto tratava, porém logo os alunos começaram a chamar a professora sinalizando as palavras reconhecidas e descobrindo do que se tratava a leitura.

Os alunos também perguntavam sobre algumas palavras que desconheciam por meio do alfabeto datilológico e a professora respondia em LIBRAS, ou relembrando o dia da visita para esclarecer as dúvidas. Algumas vezes, um dos colegas sinalizava o que havia lido e a professora se dirigia a algum aluno menos participativo perguntando onde estava a palavra sinalizada.

Durante a leitura, os alunos ficaram bastante animados relembrando o que haviam visto no passeio, as pessoas que foram e detalhando alguns episódios. Outros assuntos surgiram a partir da atividade; por exemplo, o texto dizia que no caminho feito pelo ônibus os alunos puderam ver o Rio Tietê. Uma das alunas perguntou se o sinal de “Rio Tietê” era um determinado sinal (correspondente a “Rio de Janeiro”), uma vez que a grafia é semelhante e muitas vezes, utiliza-se apenas a

97 palavra RIO para designar a cidade. A professora explicou que eram coisas diferentes apesar da semelhança na escrita. O texto também fez referência ao fato de que, na volta do passeio, os alunos acompanharam o pôr do sol e a lua no céu, o que trouxe à tona uma discussão sobre o dia e a noite, movimento da terra, sistemas solares e outros planetas. Para isso, a professora utilizou-se do recurso de desenhos para sanar as dúvidas dos alunos.

Após terem feito a leitura na folha, a professora projetou o texto na lousa, utilizando o data-show e, dessa vez, ela fez a leitura em LIBRAS, apontando para trechos do texto e sinalizando em língua de sinais. Durante a leitura realizada pela professora, os alunos a interrompiam para complementar as informações de que se lembravam. Em alguns momentos, a professora apontava determinadas palavras e perguntava aos alunos sobre os sinais. Quando os alunos não reconheciam a palavra, como a palavra METRÔ, a professora fez diversas perguntas, dramatização e desenho, até que ao perguntar para um dos alunos como ele ia até à fonoaudióloga, ele sinalizou ônibus e metrô e reconheceu a palavra escrita.

Mais uma vez, nota-se que a LIBRAS é utilizada durante toda a atividade e mesmo com o aluno com resíduo auditivo chamando a professora oralmente por diversas vezes, a professora responde a ele pela oralidade apenas raríssimas vezes.

Os alunos participavam da atividade, levantando-se para mostrar o que conseguiram ler e perguntando aos colegas e à professora sobre o que tinham dúvida, o que sugere que eles estavam motivados e à vontade.

Professora D

A organização da sala de aula variou de acordo com as atividades realizadas em cada dia; por isso, ela será apresentada com a descrição das mesmas.

A professora D era regente de uma sala de 4º ano do Ensino Fundamental I, com total de 11 alunos, sendo 8 com surdez e 3 com outras deficiências associadas à surdez e, por isso, considerados deficientes múltiplos.

A sala de aula era arejada, e nela havia um varal com cartazes de lendas folclóricas trabalhadas com os alunos, relógio, um amplo mural com calendários,

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