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Descrição das Etapas para Elaboração da Proposta de Trabalho de Tese

CAPÍTULO III – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.8 Descrição das Etapas para Elaboração da Proposta de Trabalho de Tese

Na execução de uma pesquisa pressupõe-se que as ações desenvolvidas ao longo do processo sejam efetivamente planejadas. A fixação do problema de pesquisa concebeu-se como a primeira fase do planejamento seguida dos objetivos, hipóteses e as operacionalizações dos conceitos e definições.

Essas etapas seguidas de forma sistemática permitiram que ao longo do processo de construção da tese fossem corrigidos distorções nas bases teórico-metodológicas do trabalho. A revisão exaustiva da literatura em busca de justificar a relação da RS com a função social da universidade com base em alguns teóricos da gestão e educação, muitas vezes conduziu a conceitos e definições totalmente opostos à teorização da universidade como organização em busca da eficiência e eficácia.

Os fundamentos teórico-metodológicos desta proposta de tese, assim como qualquer outro trabalho cientifico, são de fundamental importância para consubstanciar o contexto do problema. Neste caso, nos baseamos no estado da arte da literatura sobre a responsabilidade social, universidade, organizações e também na procura de um equilíbrio entre complexidade e simplicidade. A complexidade está, primeiramente, no tema escolhido para ser construído como objeto de tese, provocando uma reflexão sobre as metodologias de mensuração de avaliação nas universidades. Buscou-se ir além da concepção predominante de modelos da avaliação puramente qualitativa, em detrimento da construção de índice e indicadores.

A solução encontrada foi a construção de um referencial teórico inter-relacionado que permitisse a compreensão da necessidade de se estabelecer algo que viabilizasse uma mensuração do que de fato seja a RSU no contexto da legislação. Desse modo, buscou-se paralelamente reconhecer a complexidade temática e perseguir a simplicidade na pesquisa.

Inicialmente, a pesquisa foi desenvolvida através de uma ampla revisão bibliográfica, documental e da legislação para entender como a RS foi incluída nas Instituições de Ensino

Superior (IFES), mais precisamente nas universidades públicas. A partir dessa identificação, foi iniciada uma busca de como se processava a avaliação desta dimensão nas universidades e a percepção dos critérios de inclusão social, desenvolvimento econômico, desenvolvimento social, defesa do meio ambiente, defesa do patrimônio, memória cultural e defesa da produção artística no processo avaliativo.

Concluída a etapa inicial, apreendeu-se que esses critérios propostos só terão sentido se vinculados às práticas de gestão da função social da universidade. Nesse sentido, buscou-se efetuar o desdobramento de cada critério a luz da literatura que norteia a temática abordada por La Jara, et. al. (2006), Calderón, (2006), Rolim e Serra (2009), no sentido de viabilizar parâmetros de medição da RSU. Desse modo, foram elencados 9 critérios e 55 subcritérios, listados a seguir:

1. INCLUSÃO SOCIAL

 Política inclusiva para os alunos com necessidades especiais;

 Integração com as instituições sociais, culturais e educativas;

 Ocupação das vagas pelos estudantes da região;

 Empregabilidade na região dos egressos dos cursos;

 Discussões abertas de temas que geram conflitos na sociedade;

 Promoção e divulgação dos valores éticos e morais;

 Realização de eventos de integração entre a universidade e segmentos da sociedade.

2. DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

 Projetos de pesquisa em parceria com o setor produtivo;

 Inovação tecnológica proveniente das pesquisas executadas;

 Disponibilidade de tecnologias apropriadas para a região;

 Impacto financeiro proveniente das ações da universidade;

 Estímulo ao desenvolvimento das habilidades empreendedoras;

 Desenvolvimento da capacidade de preservação dos recursos naturais;

 Integração com o setor produtivo e com o mercado de trabalho;

 Comunicação permanente de valores éticos e de solidariedade com atores envolvidos no processo de ensino e aprendizagem.

3. DESENVOLVIMENTO SOCIAL

 Desenvolvimento de habilidades e competências para participação nas decisões da comunidade;

 Incentivo à educação continuada;

 Preparação para o exercício da cidadania, tendo em vista a responsabilidade com as gerações atuais e futuras;

 Política institucional de desenvolvimento da democracia interna;

 Projetos de pesquisa sobre as questões sociais da região;

 Impactos das atividades científicas e técnicas para o desenvolvimento regional;

 Estímulo das boas práticas de solidariedade e comportamento ético.

4. DEFESA DO MEIO AMBIENTE

 Preocupação efetiva com a formação dos alunos para preservação do meio ambiente;

 Política institucional de coleta seletiva de lixo e cuidados com o destino final dos resíduos sólidos;

 Projetos de pesquisa que visem a redução do uso dos recursos naturais na produção de produtos e serviços;

 Ações institucionais de conscientização do uso racional do solo, água e energia;

 Diretriz institucional para efetuar compras sustentáveis de materiais e equipamentos;

 Ações efetivas de conscientização para mitigar os impactos ambientais do consumo;

 Realização de eventos para disseminar boas práticas de gestão dos recursos naturais.

5. DEFESA DA MEMÓRIA CULTURAL

 Ações institucionais de estímulo à leitura;

 Realização de eventos culturais;

 Práticas de valorização da cultura regional;

 Cooperação técnica entre outras instituições para o resgate e manutenção do acervo histórico;

 Divulgação do acervo histórico da instituição;

 Recursos orçamentários disponíveis para a manutenção das ações de defesa da memória cultural.

6. DEFESA DA PRODUÇÃO ARTÍSTICA

 Política institucional de apoio às produções artístico-culturais;

 Realização de eventos de divulgação de arte e cultura;

 Existência de coral na instituição;

 Projeto de extensão de estimulo às artes.

7. DEFESA DO PATRIMÔNIO CULTURAL

 Realização de eventos para estimular a compreensão do acervo arquitetônico e urbanístico do país e região;

 Preocupação na valorização, revitalização e preservação do patrimônio cultural;

 Disseminação do conhecimento sobre materiais e técnicas das arquiteturas;

 Promoção do conhecimento sobre as teorias e técnicas de restauração.

Diante das características deste trabalho, o qual buscou a compreensão de uma forma melhor de mensurar a avaliação, foram acrescidas duas dimensões objetivando a consistência do modelo, são elas: defesa da produção esportiva e saúde e organização universitária.

8. DEFESA DA PRODUÇÃO ESPORTIVA E SAÚDE

 A existência de infraestrutura para práticas esportivas e exercícios físicos dos docentes, discentes e técnicos administrativos;

 A existência de profissionais especializados para o atendimento nas práticas desportivas, nos exercícios físicos e no uso dos equipamentos;

 A política de incentivo às práticas esportivas e a existência de calendário para competições esportivas;

 A política de atenção à saúde do servidor como forma de defesa da cidadania e de um ambiente de trabalho saudável;

 A realização de programas de conscientização para melhoria da qualidade de vida e saúde;

 A disponibilidade de recursos orçamentários para a realização de eventos esportivos, participação em torneios, campeonatos e como também a promoção à saúde.

9. ORGANIZAÇÃO UNIVERSITÁRIA

 A política institucional de avaliação de desempenho dos docentes e técnicos administrativos como elemento gerencial e social e de redirecionamento e aprendizagem;

 O incentivo à comunidade acadêmica para as boas práticas de gestão, democracia e participação interna;

 A utilização do Plano de Desenvolvimento Institucional como referência para a avaliação dos processos, resultados e eficácia institucional;

 A política de apoio e incentivo ao discente para o desenvolvimento acadêmico;

 Uma política de publicização dos atos e ações da gestão, focada na acessibilidade, conteúdo e forma para assegurar a transparência institucional.

Buscou-se nessa segunda fase construir uma base de subcritérios que, aliada aos critérios anteriormente definidos, permitisse construir um escopo para mensuração da RSU que, segundo Will e Briggs (1995), constituído por um sistema de indicadores, é um meio de prover políticas com informação, demonstrar seu desempenho e promover políticas específicas e monitoração.

A terceira fase se constitui em revisar esses subcritérios e identificar quais deles podem ser transformados em elementos de mensuração. Nessa ação de identificação de subcritérios mensuráveis foi utilizada a metodologia de grupo focal que, segundo Vergara (2013, p. 56) “trata-se de um grupo reduzido de pessoas com as quais o pesquisador discute sobre o problema a ser investigado, de modo a obter mais informações”. O resultado foi a formatação das questões, bem como o direcionamento do conteúdo do questionário para a concepção da medição, a possibilidade de geração de indicadores nos distintos critérios, e a possibilidade do estabelecimento de uma fórmula matemática para todos os critérios e subcritérios.

Feitas as identificações dos subcritérios que poderiam ser medidos, iniciou-se a reestruturação da primeira relação de critérios e subcritérios. Inicialmente, já foi possível identificar que os critérios “defesa do patrimônio” e “memória cultural” tinham o mesmo sentido, então se adotou como opção a junção destes e a reformulação dos subcritérios, resultando em uma nova relação descrita a seguir:

1. INCLUSÃO SOCIAL

 A infraestrutura de acessibilidade na universidade para docentes, discentes, técnicos administrativos e a comunidade em geral com necessidades especiais;

 A ergonomia adequada dos móveis e equipamentos para os portadores de necessidades especiais;

 A existência de profissionais especializados em Língua brasileira de sinais (Libras) para o atendimento aos portadores de necessidades especiais;

 As ações para integração da universidade com o setor público, setor produtivo e o mercado de trabalho;

 A ocupação das vagas oferecidas pela universidade pelos estudantes da região;

 Ações de comprometimento com os valores éticos e morais,

2. DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

 Os projetos de pesquisa em parceria com o setor produtivo;

 As inovações tecnológicas provenientes das pesquisas executadas;

 Os impactos financeiros provenientes no município;

 O uso de metodologias para o estímulo ao desenvolvimento das habilidades empreendedoras.

3. DESENVOLVIMENTO SOCIAL

 A execução de programas de inclusão social e ações afirmativas;

 A política de incentivo à educação continuada para a comunidade universitária e para egressos dos cursos.

4. DEFESA DO MEIO AMBIENTE

 Os projetos pedagógicos dos cursos PPC com abordagens na preservação do meio ambiente,

 A política institucional de coleta seletiva de lixo e os cuidados necessários com o destino final dos resíduos sólidos produzidos pela instituição;

 A existência de projetos de extensão para promover e disseminar as boas práticas de gestão ambiental.

5. DEFESA DO PATRIMÔNIO E MEMÓRIA CULTURAL

 A realização de cooperação técnica, eventos culturais e projeto de extensão para valorização, resgate e manutenção do acervo histórico, da cultural regional, do estímulo à leitura e da compreensão, da preservação do acervo histórico e do patrimônio cultural;

 Os recursos orçamentários para a manutenção das ações de defesa da memória cultural e patrimonial.

6. DEFESA DA PRODUÇÃO ARTÍSTICA

 Política institucional de apoio às produções artísticas culturais, realizações de eventos e projetos de extensão de estímulo à arte;

 A disponibilidade de recursos orçamentários para a manutenção das ações das produções artísticas.

7. DEFESA DA PRODUÇÃO ESPORTIVA E SAÚDE

 A existência de infraestrutura para práticas esportivas e exercícios físicos dos docentes, discentes e técnicos administrativos;

 A existência de profissionais especializados para o atendimento nas práticas desportivas, nos exercícios físicos e no uso dos equipamentos;

 A disponibilidade de recursos orçamentários para a realização de eventos esportivos, participação em torneios, campeonatos, como também a promoção à saúde.

8. ORGANIZAÇÃO UNIVERSITÁRIA

 A política institucional de avaliação de desempenho dos docentes e técnicos administrativos como elemento gerencial, social e de redirecionamento e aprendizagem.

A partir da reestruturação dos critérios e subcritérios, foi elaborado um questionário (Apêndice A) que foi enviado a dez especialistas integrantes do banco de avaliadores do INEP, para que os mesmos emitissem suas opiniões sobre o instrumento proposto para a coleta de dados.

Assim, com base na afirmação de Vergara (2013), de que o julgamento do questionário refere-se não só a correção do conteúdo que é apresentado, como também a forma, procurou-se sintetizar as considerações do pré-teste feitas pelos especialistas em três vertentes: temática, forma e o questionário em si.

A temática foi considerada atual e relevante. A definição dos critérios, subcritérios e a sua objetivação expressa em números certamente contribuirá para a elevação da qualidade das autoavaliações institucionais e poderá orientar os avaliadores institucionais externos.

A forma apresentada foi considerada pertinente, principalmente a inclusão do sétimo critério com o título, defesa de práticas esportivas e da saúde. Contudo, foi sugerida a eliminação do oitavo critério, a organização universitária, por ser redundante, uma vez que este já se constitui um indicador do instrumento de avaliação institucional com critérios amplos e detalhados.

Quanto aos questionários na avaliação dos especialistas, os mesmos atendem ao preconizado pela Lei nº 10.861/2004, e o seu formato garante a obtenção dos dados, considerando a característica da proposta e a importância de se obter com precisão as respostas. Em síntese, os critérios e subcritérios apresentados no pré-teste foram avaliados em alto grau de importância pelos especialistas e foi concluído que ele atende aos objetivos da pesquisa.

Na quarta etapa, após os ajustes feitos em decorrência das sugestões advindas do pré- teste, ponderadas pela metodologia grupo de focal, o questionário foi enviado aos chefes de departamentos, coordenadores de curso, diretores de centro, pró-reitores e a reitora da UFPB, no sentido de emitir suas percepções em relação os critérios e os subcritérios de avaliação para construção da metodologia para estabelecer índice da RS da universidade.

A coleta de dados ocorreu através da disponibilização do questionário em um endereço eletrônico, o qual os respondentes deveriam acessar. Para facilitar o acesso, foi feita uma correspondência justificando o objetivo da pesquisa e, ao mesmo tempo, indicando o link de acesso. Para Silva, Santos e Siqueira, (1997), o questionário eletrônico é aquele que utiliza meio eletrônico para sua aplicação. E sua aplicação para coleta de dados ocorre de duas formas: envio do questionário por e-mail e a disponibilização do questionário em uma página da internet.

Além da coleta dos dados, as respostas foram organizadas automaticamente pela ferramenta disponibilizada pelo google docs, a partir da qual os dados de cada item se agruparam em um planilha eletrônica. A opção por essa ferramenta para o desenvolvimento e a aplicação dos questionários proporcionou agilidade, rapidez e comodidade na execução da pesquisa.

Após a sistematização das respostas dos questionários sobre critérios e subcritérios obtidas dos gestores da universidade, foi desenvolvido um formulário (Apêndice B) para coletar as informações para avaliar a RSU.

Na quinta e última fase da pesquisa, na qual se concretizou a aplicação da metodologia de avaliação RSU, foi utilizada a pesquisa de campo através da técnica de observação estruturada com uso do formulário para colher informações junto ao dirigente do centro, como também na visitação aos ambientes do campus.