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Capítulo 1 – Concepções construtivistas da moral em psicologia

1.2.3. Descrição do desenvolvimento moral

Para descrever o desenvolvimento moral, Kohlberg (1984/1992) discrimina o

nível de desenvolvimento moral, o estádio de raciocínio moral e o tipo moral.

Kohlberg (1984/1992) começa por distinguir níveis morais, estruturalmente sucessivos ao longo do desenvolvimento e, para isso, recorre ao conceito de

convencionalidade, que associou à conformidade e manutenção das normas, das expectativas e dos acordos sociais ou com a autoridade. Os estudos realizados pela sua equipa para validar empiricamente esta teoria permitiram encontrar três níveis de desenvolvimento moral: no primeiro, as normas e expectativas sociais permanecem em condição de externalidade face ao Eu, perspectiva pré-convencional; no segundo, o indivíduo já apreendeu e já se identificou com as normas e expectativas sociais,

perspectiva convencional; e, no terceiro nível, já diferenciou do Eu as regras sociais e as expectativas dos outros e construiu o seu sistema de valores segundo princípios auto- escolhidos, perspectiva pós-convencional.

Cada um destes três níveis decompõe-se em dois estádios de raciocínio moral, sendo o segundo estádio uma forma mais avançada e mais organizada da perspectiva sócio-moral típica de cada nível (Colby & Kohlberg, 1987a, 1987b). Para descrever os estádios de desenvolvimento moral, utilizou duas dimensões fundamentais: a orientação

moral e as operações de justiça.

A orientação moral típica de cada estádio está fortemente ligada aos níveis de descentração sócio-cognitiva, de primeira, segunda e terceira pessoas, que caracterizam a evolução do pensamento, pois descreve: (1) a posição adoptada pelo indivíduo perante situações em que estão em causa normas sociais e deveres; e (2) a sua capacidade de diferenciar, coordenar e hierarquizar as perspectivas e valores colocados em confronto.

As operações de justiça típicas de cada estádio estão associadas à busca de imparcialidade, de harmonia social e de máximo bem-estar, na relação entre direitos e

deveres que marcam as interacções entre pessoas e corresponde às operações que o indivíduo pode utilizar para definir o que é justo.

Para definir as operações de justiça, Kohlberg retoma os quatro problemas de justiça identificados na Ética a Nicômaco de Aristóteles e mostra como o desenvolvimento moral está associado à utilização de operações ou acções específicas, que permitem tratar diferencialmente essas questões. O problema clássico da justiça

distributiva refere-se à distribuição feita pela sociedade ou por um terceiro de bens e princípios, o que apela para a igualdade, a operação de distribuição idêntica de bens e princípios para todos, que deve incluir a sensibilidade a reclamações anteriores a essa distribuição consideradas como competentes e deve perseguir o objectivo de tratar com igualdade todas as pessoas. O problema da justiça comutativa refere-se à existência de acordo voluntário, de contrato e intercâmbio equivalente nas transacções privadas, o que apela para a reciprocidade, a operação associada a uma justiça de intercâmbio, que atende ao mérito conseguido pelos indivíduos em acções anteriores. O problema da

justiça correctiva refere-se à compensação ou reparação de desigualdades ou injustiças verificadas nessas transacções privadas, o que apela para equidade, a operação de reparação das desigualdades anteriores à situação ou relacionadas com circunstâncias da própria situação e que, para atingir um nível justiça mais elevado, pode determinar distribuições desiguais. E, por fim, o problema da justiça processual, independente dos outros três e aplicável a qualquer um deles, que se refere à procura de reversibilidade e universalidade como condições de validação do raciocínio moral e que apela, por um lado para a tomada de perspectiva prescritiva, a capacidade de balancear posições e perspectivas como procedimento necessário para uma justiça processual e, por outro lado, para a universalidade, a procura de direitos e deveres extensíveis ao maior número de pessoas e situações, ou seja, à validação de uma consciência internalizada das operações de igualdade e equidade utilizadas no raciocínio moral (Kohlberg, 1984/1992).

Segundo Kohlberg (1984/1992), o desenvolvimento moral é portanto representado por estruturas de raciocínio que, de forma progressiva, permitem ao indivíduo integrar as normas sociais em princípios morais (perspectiva sócio-moral), construir soluções mais contrabalançadas e equilibradas dos conflitos de interesses e deveres (orientação moral) e construir soluções mais independentes dos papéis e posições pessoais e contextuais (operações de justiça).

O primeiro nível de moralidade, perspectiva pré-convencional, é representado por um sujeito que ainda não realizou a internalização das expectativas e regras sociais, o que o leva a adoptar uma perspectiva individual e concreta, onde prevalecem os seus próprios interesses ou de outras pessoas com as quais se preocupa significativamente. Este nível, típico da infância e da adolescência inicial (até cerca dos 14 anos), corresponde a uma concepção externa das regras e expectativas sociais, similar à fase de heteronomia moral descrita por Piaget (1932/1984). O indivíduo está centrado nas suas necessidades fundamentais, orientando a sua conduta em função das figuras de autoridade, da obediência ou do evitamento do castigo, ou em função da satisfação de interesses e desejos de carácter imediato e individual. O seu juízo é determinado pelas consequências imediatas dos seus actos ou pela antecipação directa da reacção das figuras de autoridade, o que corresponde a uma moral auto-centrada, incapaz de pensar para além do interesse próprio. À pergunta do examinador “Porque não deve roubar nas lojas?” a criança responde: “Não está certo roubar nas lojas. É contra a lei. Alguém pode ver-te e avisar a polícia” (Kohlberg, 1984/1992, p. 191). Este nível inclui o primeiro e segundo estádios do desenvolvimento moral.

O estádio 1, moral heterónoma, é típico da criança cognitivamente egocêntrica que não considera os interesses dos outros, nem distingue as perspectivas em conflito; avalia factos e acções mais em termos físicos do que psicológicos e confunde a perspectiva da autoridade com a sua própria perspectiva. Este estádio caracteriza-se por uma orientação moral para a obediência ou evitamento do castigo. A autoridade, pelo poder que detém, ou pela sanção que aplica, tem sempre a razão moral e, se pune uma acção, é seguro que essa acção é incorrecta, realismo moral, e assim: “O pai pode bater no filho porque o pai é o chefe e é quem manda”, moral do castigo (Lourenço, 2002a, p. 103). As operações de justiça estão ligadas à dimensão concreta e categórica das regras, são categorias de conduta boas ou más: “Heinz não deve roubar porque senão vai para a cadeia” (Lourenço, 2002a, p. 97). Prevalecem assim operações reguladas pelo sentido de responsabilidade objectiva que considera apenas a gravidade dos prejuízos materiais da acção: “Porque é importante cumprir uma promessa? Se não o fazes és mentiroso” (Kohlberg, 1984/1992, p. 575). Desta forma, não existe ainda consideração da intencionalidade ou do mérito do autor, dimensões que poderiam dar outro significado moral às circunstâncias da situação: “Ninguém deve roubar; é feio e mau; é ser ladrão” (Lourenço, 2002a, p. 103).

O estádio 2, moral individualista e instrumental, implica um primeiro nível de descentração cognitiva, pois a criança já é capaz de distinguir as perspectivas em conflito; contudo, ainda não as consegue coordenar. Embora reconheça que todas as pessoas têm os seus interesses e que é legítimo persegui-los, ela procura a satisfação dos seus interesses imediatos, expressando uma orientação moral individualista e concreta, a moral do interesse: “Heinz não deve roubar porque a sua mulher não queria morrer (Lourenço, 1984/1992, p. 104). A criança procura maximizar os seus interesses e diminuir as consequências negativas para si própria, orientação moral pragmática: “Heinz não devia roubar porque estava atrapalhado” (Lourenço, 1984/1992, p. 104). Há um respeito pelas normas que, contudo, está associado ao objectivo de alcançar os interesses próprios, permitindo também que os outros façam o mesmo e, por isso, está correcto o que resultou de um bom acordo, orientação moral calculista e de troca de

favores: “Heinz não devia roubar porque a sua mulher foi má para ele” (Lourenço, 1984/1992, p. 104). As normas adquirem uma qualidade psicológica, pois estão ligadas às expectativas mútuas entre indivíduos e já não possuem o valor fixo, categórico, que estava presente no estádio anterior. A justiça é baseada em operações calculistas, instrumentais e individualistas: “Heinz deve roubar; noutra altura, é ele que vai precisar que a mulher lhe faça um favor” (Lourenço, 1984/1992, p. 105).

O segundo nível de moralidade, perspectiva convencional, descreve um indivíduo que já consegue subordinar as necessidades e interesses pessoais às perspectivas e necessidades de grupo, ao invés de buscar recompensas ou evitar castigos: “Não deve roubar porque deve estar preocupado em mostrar que é um cidadão honesto e cumpridor da lei” ou “Não roubar é uma obrigação de todos” (Lourenço, 2002a, pp. 98-99). Ele adquire a perspectiva de membro da sociedade e desenvolve interesse pela aprovação social, pela lealdade entre pessoas, grupos e autoridades, pelo bem-estar de outros e da sociedade em geral. Esta perspectiva é característica da adolescência e de alguns adultos que não conseguem atingir o nível superior e pressupõe a interiorização de um conjunto de normas e de expectativas sociais. O pensamento do indivíduo orienta-se para a conformidade e manutenção dessas regras sociais, para aquilo que é socialmente aceite e partilhado, ou para o cumprimento dos deveres e defesa dos direitos. Convidado a explicar porque não se deve roubar nas lojas diz: “É uma questão de lei. Uma das regras é proteger as pessoas e a propriedade. É algo necessário à sociedade. Se não existirem essas leis as pessoas irão roubar pois não terão

que trabalhar para viver e a sociedade desmorona-se” (Kohlberg, 1984/1992, p. 191). Este nível sócio-moral inclui o terceiro e quarto estádios de desenvolvimento moral.

O acesso à moral da normativa interpessoal, que caracteriza o estádio 3, implica a emergência de operações cognitivas formais, um pensamento marcado por uma lógica proposicional que já permite a coordenação de perspectivas em conflito e, para resolver as situações, a possibilidade de o indivíduo considerar a posição do outro. Fá-lo pelo recurso à Regra de Ouro concreta, antecipando como gostaria que a outra pessoa o tratasse. Esta forma de pensamento supõe a compreensão e aceitação de um conjunto de normas partilhadas como elementos que regulam a vida das pessoas. Deste modo, há uma orientação moral para uma dimensão interpessoal, preocupada com as expectativas e convenções sociais, e para uma dimensão pró-social, caracterizada pela necessidade de ser uma boa pessoa perante si próprio e perante os outros e pela necessidade de altruísmo, expressa no cuidado com os outros. Inquirido sobre se o juiz devia ou não castigar Heinz, o indivíduo deste estádio moral responde: “(…) deveria deixá-lo ir em liberdade e dar-lhe um aviso (…) porque o fez por amor … fez o que a maioria das pessoas faria” (Kohlberg, 1984/1992, pp. 579-580). Esta perspectiva de terceira pessoa estereotipada tem um sentido de justiça baseado no ponto de vista que as normas são expectativas partilhadas entre pessoas, o que o leva a valorizar a aprovação social, a reciprocidade e a mutualidade interpessoal: “Heinz deve roubar, o farmacêutico foi duro, cruel e mau em relação à dor da mulher”. Trata-se de uma moral afectiva, a

moral de coração como designa Lourenço (2002a, p. 106).

A moral do sistema social, que caracteriza o quarto estádio do desenvolvimento moral, necessita de um raciocínio hipotético-dedutivo, capaz de permitir o recurso a uma perspectiva de terceira pessoa generalizada, pois o indivíduo já distingue os acordos interpessoais do ponto de vista da sociedade. Há uma orientação

moral para a manutenção da lei, da ordem e do progresso social, apoiada pela coordenação das perspectivas relacionadas com os vários sistemas sociais vigentes. A preocupação dominante é então assegurar a manutenção do sistema social como uma totalidade: “O farmacêutico deveria ter utilizado a sua descoberta para benefício de toda a sociedade” (Kohlberg, 1984/1992, p. 581). Contudo, esta perspectiva mais voltada para uma dimensão social, externa, também pode ser expressa pela orientação para uma dimensão psicológica, interna, ou seja, para a manutenção do sistema pessoal, expressa no imperativo do indivíduo cumprir as suas obrigações: “Heinz deve roubar. Quando casou assumiu um compromisso de estar sempre ao lado da mulher. Agora é uma

questão de honra e de respeito por si próprio” (Lourenço, 2002a, 110). As operações de justiça procuram a imparcialidade através da consideração de uma consciência colectiva e dos códigos sociais perante os quais todos os indivíduos são iguais. Assim, “Heinz deveria roubar o medicamento, mas deve saber que isso está errado aos olhos da sociedade e que tem de estar disposto a aceitar as consequências” ou, indagado sobre o direito do farmacêutico cobrar tanto dinheiro pelo medicamento, o sujeito responde: “Não, tirar tanto proveito é ignorar a sua responsabilidade para com as pessoas” (Kohlberg, 1984/1992, p. 581). Utiliza portanto operações que valorizam os aspectos procedimentais característicos de uma justiça processual, que defende a igualdade dos homens perante a lei, incluindo a do suposto transgressor ter direito a defender o seu ponto de vista, uma moral da lei (Lourenço, 2002a, 109).

O terceiro nível de moralidade, perspectiva pós-convencional, caracteriza uma posição anterior ou prioritária à sociedade. Este sujeito, apesar de consciente de si como membro da sociedade e das expectativas e normas sociais, interroga-as e redefine-as em termos de uma moral individual, mas de maneira que as obrigações sociais possam ser justificadas por qualquer indivíduo moral. O ponto de vista individual pode assim tornar-se universal, na medida em que é o ponto de vista que qualquer indivíduo moral racional adoptaria. As leis e valores da sociedade devem ser aqueles que permitem que qualquer pessoa razoável possa comprometer-se com eles, seja qual for a sua posição na sociedade e seja qual for a sociedade a que pertença. Esta é a perspectiva sócio-moral “da pessoa que se comprometeu com os princípios morais em que se devia basear uma sociedade justa e boa” (Kohlberg, 1981, p. 26), ou seja, daquele que busca um sentido de justiça que possa ser adoptado por todas as pessoas, sempre, e em qualquer lugar. Este nível aparece apenas em alguns sujeitos com mais de 20-25 anos e caracteriza-se por um sentido de justiça que, mais do que para as normas sociais, é orientado para princípios morais universais. Mais do que com a manutenção social, característica da moralidade convencional, agora a preocupação é com a transformação social. Neste nível de moralidade, o sujeito procura integrar a compreensão das regras com uma dimensão de relatividade ao serviço do respeito pelos princípios morais universais em situações concretas e, quando isso não é viável, pugna pela transformação das leis ou, em última instância, pela sua violação: “Heinz deve roubar (...). O direito à vida transcende o direito à propriedade. O mesmo se poderia dizer se fosse um desconhecido; considerações afectivas não têm aqui qualquer cabimento” ou “Heinz deve roubar o medicamento. Embora roubar seja ilegal, aqui não é imoral. A lei não foi feita para estes

casos. Mais, se ele roubar, não poderá ser condenado porque agiu em nome da sua consciência” (Lourenço, 2002a, p. 100), seriam respostas pós-convencionais. Este nível inclui o quinto e sexto estádios de desenvolvimento moral.

O estádio 5, moral dos direitos humanos e do bem-estar social, apela a uma terceira pessoa moral a partir de um raciocínio formal elaborado, sistemático. Prevalece uma consciência de valores e direitos que são prioritários relativamente aos contratos e compromissos sociais, pois a sociedade só tem sentido se assegurar os direitos de todos os cidadãos. Para tal, o indivíduo considera os pontos de vista legal e moral, reconhecendo que pode existir uma relação conflitual entre eles: “Se Heinz for levado a tribunal, o juiz vai dar-lhe uma pequena pena; o juiz tem de pensar nas repercussões da sua sentença. Ao dar essa pequena pena a Heinz, está a dizer que a lei não se aplica naquele caso, nisso agindo como um reformador”, moral do relativismo da lei (Lourenço, 2002a, p. 113). O sujeito adquire uma orientação moral para a preocupação

com o bem comum e os direitos de todos, o maior bem para o maior número de pessoas. As operações de justiça consideram a maximização e protecção dos direitos e bem-estar individual, pois “uma sociedade que, à partida, não garante o direito à vida, é injusta no mínimo” (Lourenço, 2002a, p. 113). O sujeito procura considerar todas as perspectivas em conflito pela coordenação ideal da igualdade, reciprocidade e equidade, procurando uma solução que possa ser aplicada a todos, independentemente das circunstâncias e das posições em confronto.

Finalmente, o estádio 6, da moral dos princípios éticos gerais, universalizáveis,

reversíveis e prescritivos, representa o reconhecimento de que a pessoa é um fim, em si mesma, e deve ser tratada como tal, imperativo categórico. Este indivíduo apresenta uma orientação moral para os princípios éticos universais que, embora tenham dado suporte à construção social dos contratos e das leis, não estão imunes da possibilidade de serem violados no âmbito da aplicação dessas regras sociais. Nesse caso, devem prevalecer os princípios, nomeadamente o da igualdade dos direitos humanos e do respeito pela dignidade dos seres humanos como pessoas individuais. Enquanto no estádio anterior as leis e normas morais se baseavam em operações de igualdade, equidade, reciprocidade, etc., neste estádio tornam-se princípios auto-conscientes (Kohlberg, 1984/1992, p. 585). Assim, a concepção de justiça apoia-se em operações que procuram o balanceamento ideal das posições e valores em causa: “Se Heinz for levado a tribunal, o juiz vai confrontar-se com uma situação delicada, ter, ao mesmo tempo, de defender as leis do Estado e testemunhar que essas leis são manifestações

imperfeitas de princípios mais elevados. Deve condenar Heinz e, por razões públicas, suspender-lhe a pena” (Lourenço, 2002a, p. 115).

A moralidade pós-convencional, característica destes dois últimos estádios, é muito difícil de se atingir. O estádio 6 foi tão raro de encontrar nos sujeitos que foi retirado do manual de classificação do desenvolvimento moral (Colby et al, 1987). Num estudo longitudinal realizado por Colby, Kohlberg, Gibbs e Lieberman (1983), verificou-se que a percentagem de adultos de estádio 5 era menor que 10%, o que levou alguns autores a considerarem que a maturidade moral corresponde ao estádio 4 (e.g., White, 1988). Gibbs (1977, 1979, 1991; Gibbs, Basinger & Fuller, 1992), considerou que os estádios 5 e 6 correspondiam mais a perspectivas éticas e/ou a filosofias políticas do que a raciocínios que podiam ser efectivamente observados e classificados em estádios de desenvolvimento

No decurso do seu trabalho, Kohlberg (1984/1992) distinguiu ainda dois tipos morais, A e B, dentro de cada estádio. O tipo B reflecte maturidade moral superior, na medida em o indivíduo faz juízos mais prescritivos, determinados pelo dever ou pelo que é aceite internamente pelo self, pressupondo uma consciência das normas e uma autonomia moral no sentido piagetiano do termo. O indivíduo de tipo A faz juízos de forma descritiva e preditiva, relativos ao que acontece externamente. O autor considerava que o tipo B representa uma consolidação da perspectiva elaborada no nível A pela eleição da acção orientada para os direitos humanos e para a justiça recíproca, ao invés da que está ligada às regras e à autoridade; pela consideração do personagem como um agente moral autónomo que deve decidir em função dos seus juízos e não por factores externos, autonomia; pela integração de uma dimensão de respeito mútuo que deve pautar a relação entre os personagens; pela utilização de um critério de

reversibilidade entre os pontos de vista dos personagens; e, pela assumpção de que as regras e prescrições que presidem à tomada de decisão são construídas pelas pessoas,

construtivismo.