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Capítulo III Metodologia de Investigação

3.2. Descrição do Estudo

O planeamento do estudo em questão foi executado com precedência, aquando da planificação das aulas da disciplina, de modo a que existisse um natural encandeamento entre os conteúdos programáticos propostos. Neste sentido, as planificações e guiões de cada sessão foram entregues à professora cooperante e titular dos participantes, que tomou conhecimento prévio da investigação que iria ser desenvolvida.

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O estudo desenvolveu-se no 3.º período nas aulas da disciplina de História e Geografia de Portugal duma turma de 6.º ano do ensino básico. No que concerne às atividades alusivas à investigação, estas exigiram duas sessões de 90 minutos cada para a sua concretização. Deste modo, para a realização do estudo foi relevante organizar a sua implementação em diferentes etapas. A primeira etapa diz respeito ao inquérito por questionário inicial, seguindo-se a primeira e segunda sessão respetivamente, que integram a aplicação adaptada de uma proposta didática proveniente do Global Schools7.

Após a implementação da sequência didática, aplicou-se o questionário final.

3.2.1. Inquérito inicial

Numa primeira fase aplicou-se um inquérito por questionário (v. anexo 7) que procurava aferir as conceções dos alunos sobre os custos humanos associados à extração de recursos para a produção de material tecnológico. O questionário em questão foi aplicado cerca de duas semanas antes do início das dinâmicas programadas, numa altura em que os alunos ainda não tinham abordado o tema.

3.2.2. Primeira sessão

Nesta sequência, e com o sentido de sensibilizar para a questão em causa, planeou- se a primeira sessão introduzindo a problemática, no seguimento do conteúdo programático “As tecnologias de informação e comunicação”. Deste modo, foram efetuadas questões de forma a criar um contexto, relativamente às tecnologias de informação e comunicação, as suas vantagens e desvantagens trabalhando o conceito de

aldeia global. Os alunos trabalharam em grupos de cinco elementos, gerando três grupos

distintos. Cada grupo dispôs-se à volta de uma mesa e foi proposta a atividade “O ciclo de vida de um telemóvel”.

Nesta fase, foi entregue a cada grupo um conjunto idêntico de seis imagens (v. anexo 8), que representam as etapas do ciclo de vida de um telemóvel. Assim, foi indicado para organizarem as imagens de 1 a 6, tendo em consideração as fases por que passa um dispositivo móvel desde o seu “nascimento” à sua “morte”. Após cada etapa são

7 Manual disponível em http://portal.ipvc.pt/images/ipvc/ipvc/pdf/manual_final_pages.pdf. O que esconde o meu telemóvel? pp. 100-107.

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comparadas as ordens dos grupos e é inquirida uma opinião verbal fundamentada. Desta vez, foram entregues seis cartões (v. anexo 9) também idênticos aos grupos com informação relativa a cada etapa apresentada nas imagens. Propôs-se que associassem as imagens aos cartões informativos. Mais uma vez, foi requisitada a justificação oral aos grupos relativamente às suas associações e se existiram alterações na sequência das etapas. Em seguida, em grupo-turma, foi identificada a sequência correta das etapas relativas ao ciclo de vida do telemóvel, esclarecendo cada uma e fornecendo ideias consideradas relevantes.

3.2.3. Segunda sessão

No que diz respeito à segunda sessão, deu-se seguimento às atividades. Neste âmbito, propôs-se uma série de dinâmicas, nomeadamente a elaboração de um “Bilhete de identidade do telemóvel”, no qual os alunos se reuniram em pares. Assim, a investigadora lançou a questão “Sabem o país onde o vosso telemóvel foi fabricado?”, e aguardou os juízos dos alunos. Consecutivamente, foi entregue um envelope com um bilhete de identidade incompleto (v. anexo 10) e um QR Code (v. anexo 11) impresso para cada elemento do grupo, propondo a utilização dos telemóveis para acederem ao site para qual o código direcionava. O site em questão apresentava as informações gerais relativas aos telemóveis e requeridas no bilhete de identidade, nomeadamente os materiais utilizados no seu fabrico e a sua origem. Informava ainda sobre os materiais recicláveis, se há conflitos armados e violação dos direitos humanos em algum dos países fornecedores de matérias-primas para o telemóvel, as condições em que as pessoas trabalham nas minas de onde são extraídos os minérios utilizados no fabrico de telemóveis (salário e horário de trabalho, higiene e segurança, existência de trabalho infantil, etc.). Para além destas informações, o bilhete de identidade também solicitava o país onde o seu telemóvel foi fabricado (identificado no interior do dispositivo de cada um). Enquanto os alunos pesquisavam as informações pertinentes relativas aos seus telemóveis, a investigadora auxiliava os grupos, caso fosse necessário. Após a atividade, discutiu-se as questões em grupo-turma e geraram-se conclusões através das informações obtidas. Após a partilha de ideias apresentaram-se dois vídeos relacionados com os perigos das tecnologias de

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comunicação e informação e com a crise na República Democrática do Congo, respetivamente “Alô, Chamada Para Acordar! O perigo de um simples celular8” e “Crise no

Congo9”. No final de cada vídeo geraram-se conclusões e iniciou-se uma discussão relativa

às questões abordadas em grupo-turma, nomeadamente as conclusões e opinião que detinham agora sobre o que assistiram.

A abordagem seguinte intitulada “Fazer a diferença” relacionava-se com o ter de identificar soluções que permitissem atenuar as consequências negativas relativas ao ciclo de vida do telemóvel. Deste modo, foi solicitado aos alunos que à medida que surgissem ideias as escrevessem no quadro, construindo um mapa de soluções. Seguidamente, foi entregue a cada par um conjunto de cartões (v. anexo 12). Nestes vão registados procedimentos para alcançar um mundo mais justo, mais equilibrado e sustentável, havendo também cartões em branco para que os alunos indicassem as soluções. Neste âmbito, foi atribuída a missão de colocar os cartões por ordem de importância, enfatizando que não existem sequências corretas. Concluída a tarefa, foram expostas e exploradas as prioridades de cada dupla e comparadas com a sequência dos colegas, de modo a entender se existiam sequências repetidas ou distintas. Seguidamente, lançaram-se as questões “Foi fácil chegar a um consenso?”, “Porquê?”.Foi promovido um debate de forma a chegar a conclusões relativas às implicações que envolvem o processo de fabrico dos dispositivos tecnológicos a fim de formar um pensamento crítico sobre as implicações de possuir dispositivos tecnológicos, sensibilizando-os para os custos que existiam sempre que se adquiria novos equipamentos.

3.2.4. Inquérito final

Cerca de uma semana após a implementação das atividades foi solicitado a cada aluno que preenchesse um inquérito por questionário (v. anexo 13) com o propósito de aferir as suas opiniões acerca da mesma temática. O questionário pretendia averiguar se

8 URL: https://www.youtube.com/watch?v=6VDhgXZE3es 9 URL: https://www.youtube.com/watch?v=8VEHS9xheZ0&t=7s

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as dinâmicas implementadas sensibilizaram o aluno para o problema abordado e se as suas opiniões sofreram alterações em algum momento.

3.3. Caraterização dos participantes

Os dados reunidos para a caraterização dos participantes foram fornecidos pela diretora de turma com a aprovação dos encarregados de educação, que previamente foram informados sobre o estudo em causa e consentiram a participação dos seus educandos nesta investigação.

O presente estudo foi realizado com a participação de quinze alunos de uma turma de 6.º ano do 2.º ciclo do ensino básico, num contexto educativo básico e secundário localizado no concelho de Caminha e distrito de Viana do Castelo. Do número total dos participantes, cinco eram do sexo masculino e dez do sexo feminino. As suas idades variam entre os 11 e os 12 anos. Do conjunto apenas um aluno possui Plano de Acompanhamento Individual (PAPI). De modo geral, o grupo possuía bom aproveitamento a nível das aprendizagens. Para além disso, demonstraram ser uma turma bastante autónoma e participativa.