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I.4. DESCRIÇÃO E APRECIAÇÃO DAS ACTVIDADES EXTRA- CURRICULARES:

I.4.1. Será o Cinema um Recurso Didacticamente Relevante para o Ensino e Aprendizagem da Filosofia?

Uma das características fundamentais da Filosofia é que esta ao longo da sua história se assumiu segundo uma lógica de tradição de textos. Porém, actualmente, com o advento da Sociedade da Informação e da Comunicação e das TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação) temos vindo a assistir a uma transformação contínua e acelerada em todas as áreas da nossa vida: do lazer ao trabalho, da Arte à Ciência.

Então numa lógica de aproximação a esta realidade, à qual a Educação em geral e o ensino da Filosofia em particular não é alheia, o Programa e Finalidades de Filosofia prevê que o visionamento de documentos ou filmes pode tornar-se relevante, se não mesmo imprescindível, mas continua o referido documento para que o visionamento de documentos audiovisuais se torne mais formativa, parece ser necessário que seja acompanhada de critérios ou guiões de análise, evitando a recepção passiva, desenvolvendo hábitos de leitura activa, desencadeando atitudes de distanciamento e análise crítica. (Ministério da Educação, 2001, p. 18)

Ora, foi segundo esta lógica que o Prof. Doutor Ricardo Santos propôs a realização de um encontro, leia-se conferência, que tivesse como tema o recurso ao Cinema no Ensino da Filosofia. Como consequência da realização desse encontro o Prof. Doutor Ricardo Santos sugeriu também convidar o Prof. Carlos Café da Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes de Portimão cujo o interesse e saber na área em questão é inquestionável, como se veio a confirmar posteriormente aquando da sua comunicação. Deste modo, o Prof. Doutor Ricardo Santos ficou também de verificar a disponibilidade do Prof. Carlos Café. Por entre contactos ficou agendado que a sessão se realizaria no dia 27 de Abril do ano lectivo corrente. Então após agendado o dia em que se realizaria o encontro naturalmente se chegou

à conclusão de que a cargo do núcleo de estágio ficaria a divulgação do encontro e a equação dos objectivos; ao Prof. Carlos Café a criação do cartaz (Anexo 18) e por fim ao Prof. Doutor Ricardo Santos coube a tarefa relacionada com a logística. Com em relação à logística devemos referir que inicialmente a conferência foi pensada para a Escola Secundária Severim de Faria, mas tal não se viria a suceder fruto da não autorização da direcção porque a proposta da realização da conferência deveria ter sido apresentada e aprovada antecipadamente no Plano Anual de Actividades da Escola. Apesar deste pequeno obstáculo a conferência viria a realizar-se no Colégio Espírito Santo da Universidade de Évora.

Desse encontro a questão fundamental e talvez a mais importante inicialmente levantada pelo Prof. Carlos Café foi:

Como poderemos nós, enquanto professores de Filosofia, articular e operacionalizar didacticamente o Cinema com o Ensino da Filosofia?

Ferrer, A. et. al. (2006) aponta que “o cinema, ao integrar imagens, músicas, palavras e efeitos sonoros formam uma unidade expressiva indissolúvel, suscita uma resposta activa e estimula a participação dos alunos, mas para que seja didacticamente eficaz deve ser implementada com um programa que possibilite a interacção entre os alunos e a disciplina objecto de estudo, entre os alunos e o docente e entre os alunos entre si.” (p. 14).

Esta perspectiva de Ferrer, A. et. al. (2006) vai precisamente ao encontro da posição que o Prof. Carlos Café defendeu durante a sua apresentação, ou seja, de que o cinema é um recurso filosoficamente interessante, acessível, contemporâneo, estimulante para alunos e professores e didacticamente eficaz desde que se verifiquem três condições fundamentais: a escolha correcta do filme, o timing da sua exibição e a utilização de um guião adequado.

Para além destes três critérios fundamentais acrescentaríamos ainda o momento da avaliação. Porém, este momento deverá constar de qualquer forma na forma de actividade no guião. Uma questão fundamental que devemos também ter presente quando estamos a exibir um filme na sala de aula é que o filme deve ser sempre um ponto de partida e nunca o de chegada, ou seja, não devemos nunca subordinar o ensino e aprendizagem da Filosofia ao Cinema, mas sim utilizar o Cinema como ponto fundacional para a reflexão crítica de um determinado problema filosófico. Consideramos nós que o Cinema assume verdadeiramente relevância didáctica se tiver um alcance filosófico e pedagógico de acordo com as

em questão. Ou seja, a relação entre o ensino e aprendizagem da Filosofia e o Cinema deve sempre responder a uma coerência lógica interna. É segundo esta lógica que a escolha do filme se reveste da máxima importância.

Para além da questão da escolha do filme outro factor fundamental atrás mencionado é a elaboração de um guião capaz de ir ao encontro dos nossos objectivos, na medida em que, a ausência de um guião bem elaborado faz com que, na nossa opinião, o Cinema na sala de aula deixe de ser didacticamente relevante. Indo ao encontro deste princípio o Prof. Carlos Café apresentou alguns exemplos de guiões elaborados por si mesmo.

Em traços muito gerais durante a sua comunicação o Prof. Carlos Café tentou ainda desmistificar alguns preconceitos gerais sobre a utilização do Cinema na sala de aula tais como:

1 – O cinema torna os alunos preguiçosos e afasta-os da leitura;

2 – A exibição de filmes prejudica o cumprimento dos programas porque se perde muito tempo;

3 – A exibição de filmes é um subterfúgio que alguns professores utilizam; 4 – O Ensino da Filosofia deve ser feito a partir de textos filosóficos.

Para além dos aspectos relacionados com a desmistificação de alguns preconceitos o Prof. Carlos Café apontou ainda algumas razões a favor da utilização do Cinema; como fazer um guião e o que deve conter e por último defendeu também a ideia tal como Ferrer, A. et. al. (2006) de que um filme nunca é só um filme porque inclui banda sonora, argumento, outros filmes e muitas vezes livros associados a esses mesmo livros.

Por fim, quando o Prof. Carlos Café terminou a sua comunicação apesar do pouco tempo disponível ainda houve lugar para debate onde as questões mais levantadas foram as relativas à gestão do tempo, à avaliação e fundamentalmente a utilização do Cinema versus Textos Filosóficos. Este último ponto foi precisamente a questão que suscitou uma maior diversidade de opiniões.

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