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PLANIFICAÇÃO E CONDUÇÃO DE AULAS E AVALIAÇÃO DAS APRENDIZAGENS

I.3. PLANIFICAÇÃO E CONDUÇÃO DE AULAS E AVALIAÇÃO DAS APRENDIZAGENS:

I.3.1. Perspectiva Educativa e Métodos de Ensino:

Actualmente o papel do professor transitou de uma base pedagógica expositiva para uma de mediação do conhecimento. Assim sendo, mais do que expor conteúdos o professor deve mediar conteúdos, logo, aplicar outros modelos de aprendizagens que vão para além da mera descrição e exposição de conteúdos. Portanto, ao longo da PES, tentámos sempre por um lado evitar longos períodos expositivos nas aulas e por outro centrar a nossa perspectiva educativa nos pressupostos teóricos construtivistas.

Conforme a perspectiva construtivista da aprendizagem o professor deve promover um maior grau de autonomia das aprendizagens dos seus alunos, de modo a que, estes desenvolvam mais competências, mais responsabilidade individual e melhores resultados académicos (Grolnick & Ryan, 1989; Grolnick, Ryan & Deci, 1991, citado por Woolfolk, 1998).

Segundo Roldão (2009) o papel do professor não deve ser meramente de exposição ou transmissão, mas assumir um papel activo na aprendizagem dos alunos de maneira a desenvolver a sua autonomia cognitiva, afectiva e social. O professor deve, com efeito, apelar à “noção de descoberta”, à construção do saber por parte do aluno e do “aprender a aprender”. Neste sentido, o professor deve por um lado “criar um clima onde os alunos possam exprimir as suas ideias” e “confrontá-la com a dos seus colegas” motivando o desenvolvimento cognitivo e os processos de socialização.

Tais princípios, constituem-se então, como um conjunto de factores decisivos à obtenção das metas educativas e cognitivas desejadas. Deste modo, tentámos sempre ao longo das aulas valorizar o comportamento assertivo dos alunos, a qualidade da participação activa e a reflexão crítica de maneira a estimular os bons resultados, mas nunca deixando de motivar os alunos com maiores dificuldades.

De acordo com esta perspectiva construtivista, o professor, para obter melhores resultados académicos deve apoiar e incentivar activamente os seus alunos, de maneira a que, estes se sintam apoiados e valorizados ao longo do sempre tão difícil e complexo processo de ensino e aprendizagem.

Outro aspecto importante que fomos sentindo ao longo da PES foi a sensação de que quanto maior era o nosso controle interno maior era a eficácia do ensino e melhores eram os resultados das aprendizagens dai derivadas. Tal facto, fez melhorar por um lado o comportamento assertivo e participativo dos alunos e por outro gerar melhores expectativas dos alunos em relação aos processos de ensino e aprendizagem e aos seus resultados.

Por exemplo, quando nas aulas se abria o espaço definido para actividades tentámos sempre aplicar o Princípio da Diferenciação das Estratégias (Ministério da

Educação, 2001, p. 17) e privilegiar os trabalhos em grupo, o diálogo crítico, os trabalhos dois a dois de interpretação e análise de texto, a realização de situações problema ou debate. Neste sentido, uma das dificuldades sentidas no início da PES foi precisamente os aspectos relacionados com a gestão das intervenções e do entusiasmo dos alunos aquando da realização dos debates.

Coll & Colomina (1990) refere que a partilha entre colegas na construção dos processos de aprendizagem podem exercer uma influência educativa decisiva nos resultados dos alunos, na medida em que, permite desenvolver competências cognitivas ao nível da aprendizagem, da escuta activa, da comunicação assertiva, do auto-conhecimento e da construção do auto-conceito (identidade).

As situações de aprendizagem anteriormente referidas (trabalhos em grupo, o diálogo crítico, os trabalhos dois a dois de interpretação e análise de texto, a realização de situações problema ou debate) favorecem ainda o desenvolvimento das competências sociais com base na experiência das regras sociais na interacção entre os alunos; o desenvolvimento da empatia; a promoção da partilha do conhecimento e com isso a possibilidade da subida do rendimento escolar (Stallings & Kaskowitz (1974), citado por Coll & Colomina (1990)). O mesmo estudo indica ainda existirem fortes indícios de rendimento académico quando o trabalho em grupo está sob a direcção e controle do professor. A realização de trabalhos em grupo sob a orientação do professor permite assim que este monitorize as aprendizagens e promova a relativização dos pontos de vista e com isso motive “o tal ponto de desequilíbrio” (Coll & col., 1999) essencial à construção de novos esquemas (Coll & col., 1999) que permitem agir e conhecer novos objectos.

Segundo Coll & col., (1999), conhecer é sempre actuar sobre a realidade ora de uma forma activa e transformadora, ora física ou mentalmente. Coll & col., (1999) refere ainda que o conhecimento só é possível quando existe uma estabilidade do processo de equilíbrio relativo aos processos de assimilação e de acomodação.

Através da diversificação de estratégias atrás mencionadas, verificámos então, que a capacidade do professor em confrontar os diferentes pontos de vista ganha especial importância ao nível do desenvolvimento dos processos cognitivos relacionados com a aprendizagem.

Algo fundamental que aprendemos ao longo da nossa experiência na PES foi respeitar ao máximo as características dos alunos no que se refere aos estilos de aprendizagem e ao ritmo de maturação de cada matéria embora talvez não tenhamos tido em todos os momentos o êxito desejado. Com efeito, o princípio de interacção social como mobil do

desenvolvimento cognitivo dos processos de aprendizagem da teoria de Vigotsky (Coll & col., 1999) vai precisamente ao encontro do que acima foi referido. O conceito de “zona de desenvolvimento proximal apresenta-se como a região dinâmica em que se pode realizar a transição desde o funcionamento intermental até o intramental, isto é, a internalização. Definimo-la como a diferença existente entre o que o individuo é capaz de fazer com a ajuda

de outros e o que pode efectuar sozinho” (Coll & col., 1999). Neste ponto, o professor, assume-se, então, como figura central em transformar o desenvolvimento potencial em desenvolvimento real. Sob este ponto de vista, a linguagem e o diálogo crítico na forma de pensar criticamente específico da Filosofia assume aqui um papel fundamental não só porque é o veículo de comunicação por excelência, mas também porque é o mediador dos processos psicológicos (Aznar & Serrat, 2000).

Em suma, ao professor cabe proporcionar uma apropriada qualidade de interacção entre os alunos de modo a promover boas aprendizagens motivada por uma visão de cooperação que encerre bons resultados tanto ao nível académico como nas relações pessoais. “A função da educação/professor é precisamente criar e gerar desenvolvimento” (Coll & col., 1999).