• Nenhum resultado encontrado

PLANIFICAÇÃO E CONDUÇÃO DE AULAS E AVALIAÇÃO DAS APRENDIZAGENS

I.3. PLANIFICAÇÃO E CONDUÇÃO DE AULAS E AVALIAÇÃO DAS APRENDIZAGENS:

I.3.2. Preparação Científica:

Ensinar não é o mesmo que aprender e, com efeito, ensinar mal, na nossa opinião não é difícil; difícil, difícil é ensinar bem e ensinar bem do ponto de vista da Filosofia é ensinar os nossos alunos a pensar. Então, se partirmos do princípio que aprender não é fácil, mas ensinar e ser responsável pela tão nobre tarefa que é a aprendizagem dos nossos alunos também não é tarefa menos difícil pensamos que um dos princípios fundamentais para que um professor leve a “bom porto” a sua tarefa de ensinar, neste caso concreto, ensinar a pensar, é a sua rigorosa preparação científica.

No caso do Ensino da Filosofia, actualmente, para se aceder à profissão, o aluno, neste caso aluno da PES, deve já ter tido uma boa formação inicial. Uma boa formação inicial, não se reflecte, porém, apenas, e somente se um aluno tiver tido uma boa classificação final do primeiro ciclo de ensino, porque, pensamos nós, e após a nossa experiência da PES, para ensinar não basta ter somente competências do ponto de vista dos conhecimentos científicos, contudo, devemos sublinhar que a autoridade científica perante os alunos em particular e a turma em geral é uma condição Sine Qua Non para o início de uma boa

relação pedagógica.

Durante este primeiro ciclo o aluno já deve ter tido contacto com as mais variadas disciplinas filosóficas, os seus problemas, os seus textos, os autores de referência e consequentemente a sua História.

Uma das coisas mais importantes em que acreditamos e aprendemos durante a Prática Ensino Supervisionada é que começamos realmente a estudar e a perceber o modo como se faz Filosofia não quando estávamos no pólo de quem aprende, mas no pólo de quem ensina.

Isto não quer dizer que quem ensina não aprenda, muito antes pelo contrário, quem ensina está sempre e constantemente a aprender, na medida em que, todas as aulas são um mundo de imprevisibilidade e sempre aberto a novas contingências, exigências, a novas reflexões e interrogações. Uma aula de Filosofia deve ser uma coisa viva, de interrogação e discussão crítica e não um espaço de pensamentos feitos e de ideias cristalizadas no tempo. Portanto, uma das coisas que tivemos sempre presente durante a PES foi a importância de reler o que já tínhamos lido, ler coisas novas, com outras perspectivas sobre os temas e o problemas que constam no Programa, em suma, investir no estudo, investir na nossa preparação enquanto potenciais professores de Filosofia. Deste ponto de vista, o Prof. Orientador da Universidade de Évora Ricardo Santos foi sempre a primeira pessoa a incentivar e a elucidar para a importância de perder tempo não com muitas leituras, mas com poucas leituras muito boas. Para que tal fosse levado a cabo com rigor e competência e resultados tivemos sempre presente ao longo do nosso percurso da PES o Princípio da Diversidade dos Recursos (Ministério da Educação, 2001, p. 17), ou seja, tentámos

sempre recorrer a vários documentos e recursos que considerámos essenciais e fundamentais para a nossa preparação científica.

Um dos documentos que tivemos sempre como referência foi o Programa de Filosofia 10.º e 11.º anos (2001). Felizmente antes de começar a PES já havíamos

tido contacto e estudado o dito documento na disciplina de Didáctica da Filosofia.

Na disciplina de Didáctica de Filosofia leccionada pelo Prof. Doutor João Tiago Pedroso de Lima pudemos analisar o documento, no qual constam, as grandes Finalidades e Orientações para o Ensino da Filosofia, os conceitos nucleares referentes a cada Tema/Conteúdo. Na 4º Parte o mesmo documento refere também Bibliografia Geral, Bibliografia Específica, Sugestões de Leituras para Estudantes e Alguns Sítios na Internet tudo relativamente aos Temas/Conteúdos específicos de cada Unidade.

Outro recurso de grande importância foi evidentemente o manual Um Outro Olhar sobre o Mundo em 2 Volumes de Maria Antónia Abrunhosa e Miguel Leitão da Asa

Editora (2010). O referido manual para além dos dois volumes ainda contemplava um caderno de actividades e um CD Manual e-book. Uma das maiores desvantagens relativas ao manual a considerar é o seu elevado preço. Outra das particularidades que pode ser assumida como uma vantagem, mas também como uma desvantagem é o manual ser constituído por 2 volumes, ou seja, por um lado a organização em 2 volumes permitia uma

clara separação entre a Lógica e Argumentação (volume 1) e o Conhecimento e a Ciência (volume 2), mas, por outro lado, não permitia ao aluno uma visão geral alargada do caminho percorrido e a percorrer. Quanto à linguagem o manual era bastante acessível aos alunos.

Embora tivéssemos tido sempre como referência o Manual adoptado pela Escola Secundária Severim de Faria porque era o recurso por excelência dos alunos, a verdade é que, ao longo do percurso da PES fomos verificando que o manual adoptado era desequilibrado na sua estrutura, ou seja, existiam Temas/Conteúdos muito desenvolvidos como por exemplo os relativos às Unidades da Argumentação e Retórica e Argumentação e Filosofia ao passo que as Unidades relativas ao Conhecimento e à Ciência eram muito menos exploradas. Para além desta questão os exercícios de escolha múltipla apresentavam por vezes algumas dúvidas em relação às suas resoluções e os textos relativos a cada unidade temática tinham apenas questões de interpretação e nunca de discussão. Com efeito, ao longo do nosso percurso da PES consultámos vários manuais dos quais destaco o manual A Arte de Pensar da Didáctica

Editora. Os aspectos fundamentais que sublinho do dito manual para além do modo como os Temas/Conteúdos eram apresentados de fácil compreensão e estudo individual era a sua lógica interna de tema para tema, os textos de referência, os exercícios de interpretação e discussão, a sua versatilidade pedagógica, o seu rigor científico, o confronto de perspectivas, as objecções e as secções de estudo complementar no final de cada capítulo onde constam leituras complementares e artigos on-line passíveis de servirem de estudo individual aos alunos.

Outros recursos utilizados foram também por exemplo a obra Textos e Problemas de Filosofia (Plátano Editora, 2006) uma obra vocacionada para o ensino e aprendizagem

da Filosofia, o Dicionário Escolar de Filosofia (Plátano Editora, 2009) orientado e

organizado para o Ensino da Filosofia e que se encontra disponível na internet. Também na internet o site Crítica na Rede onde era possível consultar artigos sobre o Ensino da

Filosofia, os problemas filosóficos referentes a cada unidade, várias perspectivas, propostas de actividades, bibliografia geral e específica, entre outros.

De facto, todos estes recursos revelaram-se importantes e uma mais valia na nossa preparação científica e pedagógica e devo destacar também a clareza como as várias temáticas e problemas eram apresentados. Não nos devemos esquecer, evidentemente, dos textos filosóficos de referência, na medida em que, os textos filosóficos de referência

assumem uma capital importância porque para além de representarem um cânone, também representam a História da Filosofia como tradição de textos e como forma de acesso a um diálogo aberto e efectivo com as teorias, os argumentos, as ideias e as teses e, com efeito, aos problemas que constituem a própria Filosofia e o Filosofar. Diz-nos o Programa de Filosofia de 10º e 11º Anos (2001) que “A História da Filosofia tem figura nos

textos que foram sendo escritos, e a sua interpretação, sempre renovada, permite que a Filosofia se vá constituindo na sua novidade. Os textos filosóficos devem constituir os mais importantes materiais para o ensino e a aprendizagem do filosofar.” (p. 17)

Ou seja, durante a PES, utilizámos também, por exemplo, a obra Investigação sobre o Entendimento Humano de David Hume (Edições 70, 1989), as Meditações sobre a Filosofia Primeira (Almedina, 1976) e Princípios da Filosofia (Areal

Editores, 2005) de René Descartes para a Unidade 4. Descrição e Interpretação da Actividade Cognoscitiva – Origem ou Fonte do Conhecimento – Análise Comparativa de Duas Teorias Explicativas do Conhecimento. Outros textos de referência utilizados e que pensámos que seriam sem dúvida nenhuma uma mais valia para o ensino e aprendizagem da Filosofia foi a obra Conjecturas e Refutações de Karl Popper

(Almedina, 2008) e A Tensão Essencial de Thomas Kuhn (Edições 70, 2009) para a

Unidade 5. Estatuto do Conhecimento Científico – A Racionalidade