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Descrição e caracterização das espécies indicadas

2.1. Família: Apiaceae - Tornabenea annua Bég. Nome vulgar: funtcho

Erva anual ou bienal até 0,8 m de altura, com indumento moderadamente denso de pêlos curtos, simples e estrigosos. Caule ramificado perto da base; raiz fina. Folhas delicadas até 35 cm de comprimento, 2-3 pinuladas, com 3-6 pares pinuladas, segmentos da última folhas lanceolados a ovados, lâmina amplamente ovóide-oblonga. Floração umbelas, até 7,5 cm de diâmetro. Frutificação umbelas ligeiramente comprimidas; pedúnculos de umbelas terminais até 23 cm de comprimento. Pétalas brancas. Mericarpo castanho claro, 3,5 mm comprimento (excluindo estilete) e 1,5 mm de largura, fortemente comprimida dorsalmente. Estilete até 2 mm de comprimento, fino e erecto.

Na ilha de Santiago o funtcho, tem como habitat natural as zonas sub-húmidas e húmidas de altitude, onde é frequente na cobertura herbácea de florestas e matos arbustivos, campos agrícolas nas zonas húmidas, escarpas e vertentes a barlavento com cobertura de nevoeiro frequente.

2.2. Família: Asclepiadaceae - Periploca laevigata Aiton ssp. chevalieri (Browicz) G.Kunkel

Nome vulgar: lantisco; curcabra.

Arbusto lenhoso, até 3 m de altura, ramos curtos, rígidos e torcidos. Folhas opostas, com pecíolos muito curtos, em forma de elipses alongadas a lineares, inteiras, agudas ou arredondadas, até 7 cm de comprimento e 1 cm de largura. Inflorescência paucifloras, terminais ou axilares, de cimeiras. Flores, amarelo-esverdeadas.

A planta é utilizada como forrageira, no curtimento de peles e como combustível (lenha). Na medicina tradicional é utilizada no tratamento de gripe com tosse e diabetes. Na ilha de Santiago tornou-se rara, aparece nos andares húmidos de altitude, vertentes voltadas a nordeste, de ar fresco e nevoeiro frequente.

2.3. Família: Asteraceae - Artemisia gorgonum Webb in Hook. Nome vulgar: losna

Arbusto aromático, até 2 m de altura, revestido por uma penugem branca. Caule glabrescente e acastanho quando velho. Folhas bi ou tri-penatisecta, até 8 cm de comprimento e 6 cm de largura, esbranquiçadas, tomentosas com lobos elípticos a lineares. Inflorescência em forma de panícula tirsoide com capítulos pequenos e numerosos. Flores amarelas, agrupadas em pequenas rosetas florais, pendentes, de cerca de 0,5 mm de largura. Planta medicinal, utilizada na cura do paludismo, febre, cólicas e prisão de ventre.

Tem como habitat natural as zonas sub-húmidas e húmidas de altitude, sobretudo nas vertentes voltadas para nordeste, mas frescas e com benefício de humidade trazida pelos nevoeiros. Pode aparecer nas campos e proximidades das habitações quando cultivado para fins medicinais.

2.4. Família: Asteraceae - Conyza varia (Webb) Wild Nome vulgar: marcelinha

Arbusto expansivo, até 1,8 m de altura, ramos sublenhosos mais ou menos estriados com cicatrizes foliares salientes, hispido-pubescentes. Folhas ligeiramente revestidas de pêlos, com 0,6-3 cm de largura. Flores minúsculas, amareladas, agrupadas em grande número em rosetas florais de 3-5 mm de largura, por sua vez agrupadas em densas panículas umbeliformes.

Tem como habitat natural o mato arbustivo e as florestas nos andares húmidos de altitude.

2.5. Família: Asteraceae - Nauplius daltonii (Webb) Wiklund ssp. daltonii Nome vulgar: macela

Arbusto moderadamente ramificado. Folhas oblanceoladas, geralmente denticuladas, mais ou menos agudas. Receptáculo com pálea glandular mas inteiramente glabras. Invólucro 9-13 mm de diâmetro. Lígula de flores externas 6-10 mm de comprimento.

Tem como habitat natural as escarpas e solos pedregoso nos andares sub-húmidos e sub-húmidos e altitude, zona de nevoeiro frequente.

2.6. Família: Asteraceae - Sonchus daltonii Webb Nome vulgar: coroa-de-rei

Pequeno arbusto com 1-6 rosetas foliares muito grandes, até 0,9 m de altura, pequeno tronco lenhoso. Folhas até 50 cm de comprimento. Flores pequenas, linguiformes, mais de uma centena, agrupadas em rosetas florais, arredondadas, com mais de 20 mm de espessura. A planta é utilizada como pasto para os animais.

Na ilha de Santiago a espécie tornou-se muito rara, difícil de ser observada durante a época seca, época em que se conserva em pequenos espiques. Aparece nos andares húmidos de altitude, nas encostas e escarpas entre 800 e 850 metros de altitude.

– Na ilha de Santiago, Sonchus daltonii Webb aparece foi localizada na escarpa da Serra da Malagueta nas proximidades da sede do Parque Natural.

2.7. Família: Boraginaceae - Echium hypertropicum Webb Nome vulgar: língua-de-vaca

Arbusto até 2 m de altura. Ramos jovens cobertos de pêlos compridos e rígidos. Folhas largamente lanceoladas, até 20 cm de comprimento e 5 cm de largura. Inflorescência densa, ovóide, de cimeiras laterais em regra simples, pedunculadas. Flores esbranquiçadas, arroxeadas ou azuladas. Utilizada como combustível (lenha). Planta de valor ornamental, indicada como medicinal.

Habitat natural, zonas sub-húmidas e húmidas de altitude, escarpas e vertentes íngremes, coroamentos montanhosos, podendo aparecer em campos agrícolas.

2.8. Família: Convallariaceae Asparagus squarrosus J. A. Schmidt Nome vulgar: espargo

Pequeno arbusto, muito ramificado e rasteiro, pode cobrir, completamente, vastas áreas. Os ramos podem, isoladamente, atingir até 2,5 m de comprimento. As folhas estão reduzidas a escamas cortantes, nas suas hastes encontram-se rebentos semelhantes a folhas. A planta é utilizada na medicina tradicional.

2.9. Família: Brassicaceae - Lobularia canariensis (DC.) L. Borgen. ssp. fruticosa (Webb) Borgen.

Nome vulgar: sempre-noivinha

Pequeno arbusto perene, quase erecto, até 0,4 m de altura. Folhas em forma de lança, lineares, até 2 cm de comprimento e 1,5 cm de largura. Pétalas esbranquiçadas. Planta de potencial ornamental.

Tem como habitat os solos húmidos e barrancos no andar húmido de altitude, à sombra de matos arbustivos e florestas ou escarpas de sombra prolongada.

2.10. Família: Dracaenaceae - Dracaena draco (L.) L. ssp. caboverdeana Marrero Rodr. & R. Almeida

Arbusto com hábito arborescente até 4-6 (8) de altura; copa densa umbeliforme e larga; com tronco robusto em geral e proporcionalmente curto 1-2 (3) de altura, com ramificações erecto-patentes a externas patentes; folhas lineares ensiformes, 67,4 mais ou menos 14,6 x 3,6, mais ou menos 0,48 cm (até 110 cm), com extremo subulado, de cor azul-cinzento a glauco; escape floral muita larga, cónico-globular, até 100 cm de comprimento, bipenadas; com abundantes glomérulos florais, com 2-5 (7) flores; pedicelos de frutos 8,1 mais ou menos 0,91 mm, articulados, com segmento distal curto 3, 36 mais ou menos 0,73 mm; flores geralmente brancas esverdeadas ou raramente de cor branco-creme; estames com anteras de cor verde ou verde-amarelada; fruto carnudo, esférico, um pouco achatado no diâmetro polar de 14,3 (13,2) -15,6 (17,6 mm); sementes esféricas (6,0) 8,0-10,5 (11,5) mm, em geral um pouco achatadas nos pólos.

O dragoeiro tem como habitat o andar sub-humido e húmido de altitude, mas actualmente, na ilha de Santiago aparece em campos cultivados ou nas proximidades das habitações onde é cultivado como ornamental ou para fins medicinais.

2.11. Família: Euphorbiaceae - Euphorbia tuckeyana Steud. Nome vulgar: tortolho

Arbusto de pequeno a médio porte atingindo 3 m de altura, com seiva leitosa, lenhoso na base e caules carnudos, ramificados. Folhas em rosetas, em forma de elipse alongada e sem pêlos. Flores amarelas, campanuladas. A planta é utilizada no curtimento de peles. Recomenda-se que seja utilizada nas campanhas de reflorestação.

Tem como habitat natural o andar sub-humido e húmido de altitude, onde aparece nas áreas florestais, escarpas e vertentes íngremes, terras incultas e matos arbustivos. Vertentes voltadas para nordeste e norte no Monte Graciosa a norte da ilha de Santiago.

2.12. Família: Globulariaceae - Globularia amygdalifolia Webb Nome vulgar: mato-botão

Arbusto lenhoso, até 1,5 m de altura, caule com muitos ramos, folhas em forma de lança, de cor verde, quando jovens, tornando-se, depois, acinzentados. Inflorescência com um pedúnculo axiliar delgado de 3-4 cm e flores azuladas ou arroxeadas. Planta medicinal usada como remédio para dores de dente.

Tem como habitat as zonas húmidas de altitude, interior de áreas florestadas, coroamento das serras, e vertentes húmidas nas montanhas de Rui Vaz e Pico de Antónia.

2.13. Familia: Lamiaceae - Lavandula rotundifolia Benth Nome vulgar: aipo; aipo-de-rocha.

Arbusto ou subarbusto, até 1 m de altura, com ramos lenhosos, glabros, longos, folhosos na base. Folhas pecioladas, largamente oblongo-ovadas, laciniado-dentadas, acunheadas na base, glabras, coriáceas, rugoso-nervadas, até 7cm de comprimento. Flores azulado-arroxeadas ou azul arroxeado, até 13 mm longas. Corola com lobos densamente pubescentes. Forrageira, excepto para os suínos. Planta medicinal, utilizada contra dores de barriga, sarampo e febre.

Tem como habitat as escarpas nas zonas húmidas onde aproveita a humidade das fendas das rochas.

2.14. Família: Lamiaceae - Satureja forbesii (Benth.) Briq. Nome vulgar: erva-cidreira

Erva vivaz, quase prostrada, até 0,3 m de altura. Caule difuso muito ramificado. Folhas curtamente pecioladas, em forma de elipse alongada, até 0,6 cm de comprimento e 0,4 cm de largura. Flores violetas ou arroxeadas, até 10 mm de comprimento. A planta é utilizada em infusão como calmante, cura da tosse, dores no estômago e gases.

Tem como habitat as zonas húmidas de altitude onde aparece à sombra das matas e fendas das rochas com certa humidade.

2.15. Familia: Mimosaceae - Faidherbia albida (Delile) A. Chev. Nome vulgar: espinho-branco

Árvore indígena de Cabo Verde de 6 a 7 m, por vezes pode atingir 12-20 m de altura, com ritidoma castanho-escuro ou cinzento-esverdeado e ramos patentes. Ramos jovens pálidos e esbranquiçados. A planta é frequentemente utilizada como pasto para os animais (folhas e frutos) e também como combustível (lenha). A casca, da mesma maneira que a goma, os frutos e as folhas, é administrada sob diversa forma, ou em mistura, como remédio contra a constipação, dores de dente e como fortificante e como estimulante cardíaco. O seu tronco foi utilizado no fabrico de pilões, selas para burros de carga e outros utensílios domésticos tradicionais.

Tem um habitat diversificado podendo aparecer desde o andar semi-árido ao sub-humido, desenvolvendo um porte maior nos vales amplos ao abrigo do vento mesmo na zona árida. O número reduzido de efectivos deve-se à intensa exploração no passado.

2.16. Família: Moraceae - Ficus sycomorus L. ssp. gnaphalocarpa (Miq.) C.C. Berg

Nome vulgar: figueira-branca; figueira-brava; figueira-rama.

Árvore nativa que pode atingir 20 m de altura, com numerosas aplicações na medicina tradicional. As folhas agem contra icterícia, estimulam a secreção da bílis e neutralizam as mordeduras das serpentes. O látex administra-se contra a disenteria. Encontra-se hoje muito amordaçada, devida às acções do homem. Usada no artesanato na confecção de pilão, bandejas e outros utensílios doméstico, foi a madeira preferida na construção de estruturas de botes de pesca artesanal. Os frutos são comestíveis.

Tem como habitat o andar sub-humido e húmido, vales e ribeiras de água corrente, podendo chegar até as proximidades da costa. Os maiores exemplares aparecem nos vales abrigados do vento.

2.17. Família: Plumbaginaceae - Limonium lobinii N. Kilian & Leyens Nome vulgar: carqueja-de-santiago

Pequeno arbusto com várias rosetas foliares em forma de ninho, na extremidade dos ramos curtos revestidos de um grande número de folhas murchas. Folhas até 10 cm de comprimento. Inflorescência com hastes que apresentam apêndices. Flores pequenas agrupadas em espigas compactas.

Tem como habitat as escarpas expostas ao nevoeiro, endémico da Serra da Malagueta.

2.18. Família: Sapotaceae - Sideroxylon marginata (Decne.) Cout. Nome vulgar: marmolano

Árvore que pode atingir até 12 m de altura. Tronco pequeno ou ramificado perto da base. Folhas sempre verdes, largamente elípticas ou obovadas, até 10 cm de comprimento e 6 cm de largura. Flores rosadas, solitárias ou em grupo de 10 a 12 flores. Fruto globoso a ovóide, castanho-escuro. Sementes castanhas, com 0,9 cm de comprimento e 0,7 cm de largura. Serve de alimento para os animais e é utilizada também como combustível (lenha) e na medicina tradicional.

Tem como habitat os andares sub-húmidos e húmidos e altitude, mas aparece com frequência isolada em escarpas e fendas de rochas.

2.19. Família: Scrophulariaceae - Campylanthus glaber Benth. in DC. ssp. glaber

Nome vulgar: alecrim-brabo

Pequeno arbusto rasteiro, perene, de folhas muito estreitas (0,05-0,2 cm de largura), frouxos, ligeiramente suculentas. Flores pequenas (6-9 mm de comprimento). Corola com um tubo cilíndrico, arqueado, amarela. Limbo estrelado com 5 lobos ovados, apiculados, de um lilás rosado, com a fauce amarela.

Tem como habitat as fendas de rochas e terrenos pedregosos onde aproveita a água de ressurgência em andares sub-húmidos e húmidos.