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CARTOGRAFIA DE ESPÉCIES VEGETAIS AMEAÇADAS NA ILHA DE SANTIAGO (CABO VERDE)

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Academic year: 2021

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Cooperação euro-africana para a melhoria florestal da região atlântica a partir do conhecimento e luta contra a desertificação”

Monteverde (MAC/3/C172)

CARTOGRAFIA DE ESPÉCIES VEGETAIS AMEAÇADAS

NA ILHA DE SANTIAGO (CABO VERDE)

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ÍNDICE

1.Enquadramento e apresentação geral do documento... 1

1.1. Objectivos ... 1

1.2. Caracterização geral da ilha de Santiago... 1

Altitude máxima... 2

1.3. Metodologia do trabalho ... 5

1.4. Antecedentes e lista das espécies contempladas... 6

2. Descrição e caracterização das espécies indicadas...10

2.1. Família: Apiaceae - Tornabenea annua Bég...10

2.2. Família: Asclepiadaceae - Periploca laevigata Aiton...11

2.3. Família: Asteraceae - Artemisia gorgonum Webb in Hook...12

2.4. Família: Asteraceae - Conyza varia (Webb) Wild...13

2.5. Família: Asteraceae - Nauplius daltonii (Webb) Wiklund ssp. daltonii...14

2.6. Família: Asteraceae - Sonchus daltonii Webb ...15

2.7. Família: Boraginaceae - Echium hypertropicum Webb ...16

2.8. Família: Convallariaceae Asparagus squarrosus J. A. Schmidt...17

2.9. Família: Brassicaceae - Lobularia canariensis (DC.) L. Borgen...18

2.10. Família: Dracaenaceae - Dracaena draco (L.) L. ssp. caboverdeana Marrero Rodr. & R. Almeida...19

2.11. Família: Euphorbiaceae - Euphorbia tuckeyana Steud. ...20

2.12. Família: Globulariaceae - Globularia amygdalifolia Webb...21

2.13. Familia: Lamiaceae - Lavandula rotundifolia Benth...22

2.14. Família: Lamiaceae - Satureja forbesii (Benth.) Briq. ...23

2.15. Familia: Mimosaceae - Faidherbia albida (Delile) A. Chev...24

2.16. Família: Moraceae - Ficus sycomorus L. ssp. gnaphalocarpa (Miq.) C.C. Berg ...25

2.17. Família: Plumbaginaceae - Limonium lobinii N. Kilian & Leyens ...26

2.18. Família: Sapotaceae - Sideroxylon marginata (Decne.) Cout...27

2.19. Família: Scrophulariaceae - Campylanthus glaber Benth. in DC. ssp. glaber ..28

3. Localização das espécies descritas na ilha de Santiago ...29

4. População e dinâmica de evolução...34

4.1. Caracterização geral das áreas de estudo ...34

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4.2.1. Factores de ameaça, pressão sobre a população e habitat ...37

4.2.2. Estado de conservação das populações...41

4.2.3. Disponibilidade de habitat potencial ...43

5. Recomendações e propostas de manejo...49

6. Medidas para o incremento do número de efectivos...53

7. Propostas de redução de ameaças das populações naturais...56

8. Propostas para favorecer viabilidade futura das espécies no meio natural...60

9. Cenário previsto para a opção zero ...62

Ilhas ...62

Anos ...62

10. Cenário previsto para uma mudança climática em Cabo Verde ...63

11. Potencialidades como recursos naturais destas espécies...64

12. Bibliografia...66

13. Caracteriza ...68

Anexo Fotográfico...76

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1.Enquadramento e apresentação geral do documento

1.1. Objectivos

O presente trabalho tem por objectivo o levantamento, a localização e a caracterização de espécies vegetais (taxa) e do habitat de plantas autóctones da ilha de Santiago, com potencialidades para o povoamento florestal, na perspectiva de melhoria das florestas, luta contra a desertificação e protecção dos ecossistemas naturais da ilha. Foram tidas como prioritárias as plantas endémicas e as autóctones ameaçadas de extinção, ou com importante desempenho nos ecossistemas locais.

Este trabalho enquadra-se no âmbito do projecto “Cooperación euroafricana

para la mejora forestal de la región atlántica desde el conocimiento y la lucha contra la desertificación”, Monteverde (MAC/3/C172) ”.

A abrangência do estudo abarca toda a ilha de Santiago, mas por uma questão de ordem prática e metodológica, o levantamento de terreno cingiu aos andares húmidos de altitude onde ocorrem a maioria dos endemismos, nomeadamente Rui Vaz, Pico de Antónia, Longueira, Serra da Malagueta e o Monte Graciosa.

Constitui objectivo imediato a cartografia digital das espécies ameaçadas, a sua caracterização e a identificação de medidas de sua conservação num quadro de sua valorização enquanto recurso natural.

1.2. Caracterização geral da ilha de Santiago

O arquipélago de Cabo Verde está localização entre os paralelos (14º48´N e 17º 12´N) e os meridianos (22º 44´W e 25º 22´W), a uma distância aproximada de 500 quilómetros da costa Senegalesa no extremo ocidental da África. Esta localização no atlântico oriental insere as ilhas no conjunto da Macaronésia e na extensão oceânica do Sahel.

A área emersa do arquipélago corresponde a uma superfície de 4033,37 Km2, distribuídos por 10 ilhas e vários ilhéus. A superfície das ilhas, bem como a orografia é muito diversificada, domina uma topografia montanhosa associada à geomorfologia vulcânica, com picos e serras elevados, cortados por profundos vales e barrancos, na maioria das ilhas do arquipélago. No entanto, as ilhas mais antigas, na região oriental do arquipélago (Maio, Boa Vista e Sal) apresentam relevo plano e elevações que não ultrapassam os 500m sobre o nível do mar.

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A ilha de Santiago é a mais extensa, com uma superfície de 991 Km2, correspondente a 24,6% da superfície total do arquipélago. Como as restantes ilhas tem uma origem vulcânica com actividades iniciadas antes do Miocénico e que se prolongaram até ao início do Quaternário1.

Quadro 1

Dimensões comparadas das ilhas de Cabo Verde Ilhas e ilhéus Superfície em

Km2 Comprimento em máximo em metros Largura máxima em metros

Altitude máxima Altitude em metros

Santo Antão 779 42 750 23 970 Tope da Coroa 1 979

São Vicente 227 24 250 16 250 Monte Verde 725

Santa Luzia 35 12 370 5 350 Topona 395

Ilhéu Branco 3 3 975 1 270 327

Ilhéu Raso 7 3 600 2 770 164

São Nicolau 343 44 500 22 000 Monte Gordo 1 304

Sal 216 29 700 11 800 Monte Grande 406

Boa Vista 620 28 900 30 800 Santo António 379

Maio 269 24 100 16 300 Penoso 436

Santiago 991 54 900 28 800 Pico de António(a) 1 394

Fogo 476 26 300 23 900 Pico do Fogo 2 829

Brava 64 10 500 9 310 Fontaínhas 976

Ilhéu Grande 2 2 350 1 850 95

Ilhéu Luís Carneiro 0.22 1 950 500 32

Ilhéu de Cima 1.15 2 400 750 77

Fig.1 – Localização de Cabo Verde

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Fig.2 – Arquipélago de Cabo Verde

No seu quadro geral a ilha de Santiago apresenta um relevo muito complexo, com três maciços montanhosos, Pico de Antónia (1394m), Serra da Malagueta (1064 m) e Monte Graciosa (645m), uma superfície planáltica no interior entre o pico de Antónia e Serrada Malagueta, abrangendo a região de Santa Catarina, com altitudes entre os 450 e os 500m. Profundos barrancos divergentes do interior da ilha e das serras, terminando na orla costeira, ora em vales amplos de fundo plano ou em vales encaixados. A orla costeira da região sudeste e sul apresenta uma superfície planáltica (denominada de achadas) inclinada para o mar, que faz a transição entre o maciço do Pico de Antónia e o litoral. A costa é dominada por alcantilados e arribas sendo as praias confinadas à foz das ribeiras.

Como as restantes ilhas do arquipélago o clima de Santiago pertence ao domínio do tropical seco saheliano, dominante árido, com chuvas concentradas nos meses de Agosto, Setembro e Outubro. A localização na zona de alísios e a topografia montanhosa favorece a diferenciação micro-climática em andares de altitude e exposição aos ventos dominantes. Assim, as vertentes e os vales a barlavento, (norte e nordeste) de ar ascendente, são mais frescos e húmidos,

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enquanto as de ar descendentes são mais quentes e secos. A altitude permite uma zonificação desde árido costeiro, ao sub-humido e húmido nas montanhas mais elevadas2.

Até meados do século XV, não se conhecem vestígios da presença humana no arquipélago de Cabo Verde, altura da chegada de navegadores portugueses e da inserção das ilhas no património territorial de Portugal. Os primeiros colonos fixaram residência na ilha de Santiago por volta de 1462, inicialmente na perspectiva de constituir uma base avançada no comércio com a costa da Guiné e apoiar a expansão marítima em direcção à África tropical, Índia e América do Sul. Além de se transformar numa importante escala de comércio negreiro, a ilha de Santiago foi utilizada como local de aclimatação de plantas e animais que circulavam nas diversas rotas que cruzavam o atlântico.

Considerando as necessidades alimentares da população instalada foi necessário trazer planta agrícolas e animais domésticos, uma vez que a flora e a fauna local não tinham espécies comestíveis capaz de suportar uma população crescente proveniente de colonos europeus e escravos africanos.

Com as plantas agrícolas e a fauna doméstica foram introduzidas, novas espécies que rapidamente entraram em concorrência com a biodiversidade autóctone, pragas e infestantes que contribuíram para o rompendo do frágil equilíbrio do ecossistema insular vulcânico e saheliano reinante

À data do povoamento do arquipélago, a escolha da ilha de Santiago, para a fixação dos primeiros colonos, deveu-se à maior diversidade de recursos naturais como solo, água, biodiversidade, extensão do território, orla costeira e ancoradouros, associada ao seu relevo complexo e nichos ecológicos. Ainda hoje é a ilha com maior diversidade de paisagem, maior contingente demográfico, mais de 56% da população residente, sendo a capital a cidade da Praia com 27% da população do País. Consequentemente a ilha de Santiago é a que apresenta marcantes traços de desertificação resultante de uma elevada carga demográfica sobre o território e sobre os recursos naturais básicos como o território, os solos, a água e a biodiversidade.

A cobertura vegetal autóctone foi completamente substituída por áreas cultivadas e uma vegetação antropizada, resultante de introduções havidas ao longo da história de plantas que, para os mais diversos fins foram trazidas paras as ilhas, associadas às suas pragas e infestantes provenientes das áreas de origem. Actualmente, a flora autóctone encontra refúgio em terrenos de difícil acesso como as vertentes íngremes dos barrancos e coroamento de

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montanhas, mesmo assim partilhando espaços com as plantas exóticas introduzidas pela sucessivas gerações desde o século XV.

1.3. Metodologia do trabalho

A realização do presente trabalho teve como metodologia a consulta da bibliografia básica sobre a biodiversidade da ilha de Santiago e a sua inserção no arquipélago, consulta de publicações, actas e relatórios sobre a flora e a fauna, a criação e a gestão dos Parques Naturais, monografias diversas sobre a ilha; o Livro Vermelho e o Livro Branco sobre o Estado do Ambiente em Cabo Verde, bem como auscultar algumas entidades ligadas à protecção da biodiversidade e florestas, a bibliografia vem anexa ao estudo.

Os trabalhos de campo foram realizados na primeira quinzena de Novembro de 2013, com percursos nas localidades e Rui Vaz, coroamento montanhoso entre Matão, Lém Vieira, Monte Tchota, até as cumeadas do Pico de Antónia; percurso em Ribeirão Galinha, Longueira e Vale de Pico de Antónia, na vertente nordeste da do maciço; Serra Malagueta no Parque Natural até ao ponto culminante do maciço; Monte Graciosa, montanha e vertente nordeste até a aldeia de Fazenda. Nos trabalhos de campo participaram técnicos do INIDA3 com experiência na localização de plantas endémicas e recolha de

sementes para o Index Seminum do Jardim Botânico Nacional.

Como suporte cartográfico foram utilizadas a carta militar 1:25000, a cobertura orto-fotomapa 1:10000 de 2010; a carta agro-ecologica da ilha de Santiago. A localização foi feita com auxílio de GPS, tendo em conta a posição das espécies arbóreas e arbustivas raras, ou delimitação de manchas para comunidades importantes, sobretudo de herbáceas. Os pontos georreferenciados fazem para dos anexos do presente relatório.

A cartografia digital foi elaborada com o suporte do programa ArcGis 10 da ESRI, o mapa de suporte foi a Carta Orfo-fotomapa de 2010.

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1.4. Antecedentes e lista das espécies contempladas

No âmbito deste estudo foi contemplado 19 taxa maioritariamente endemismos, mas também foram contempladas as autóctones muito exploradas, de valor simbólico ou usados como plantas medicinais, constante no quadro 2.

Quadro 2

Lista de espécies vegetais contempladas no âmbito do estudo

Taxón Característica Observação

Artemisia gorgonum Webb in Hook endémica Em risco crítico

Asparagus squarrosus J. A. Schmidt endémica Vulnerável

Campylanthus glaber Benth ssp glaber endémica Medicinal

Conyza varia (Webb) endémica Em Perigo

Dracaena draco (L.) L. ssp. caboverdeana Marrero Rodr. & R. Almeida autóctone Raro

Echium hypertropicum Webb endémica Em risco crítico

Euphorbia tuckeyana Steud ex Webb endémica Em risco crítico

Faidherbia albida (Delile) A. Chev. autóctone Em risco

Ficus sycomorus L. ssp gnaphalocarpa (Miq.) C.C. Berg autóctone Em risco crítico

Globularia amygdalifolia Webb endémica Vulnerável

Lavandula rotundifolia Benth endémica Medicinal

Limonium lobinii N. Kiiian & Leyens endémica Raro

Lobularia canariensis ssp. fruticosa (Webb) Borgen. endémica Vulnerável

Nauplius daltonii ssp. daltonii (Webb) endémica Em Perigo

Periploca laevigata Aiton ssp. Chevalieri (Browicz) G.Kundel endémica Em risco crítico

Satureja forbesii Benth endémica Medicinal

Sideroxilon marginata (Decne.) Cout. endémica Em risco crítico

Sonchus daltonii Webb endémica Em risco crítico

Tornabenea annua Bélguin endémica Vulnerável

A selecção das espécies teve em consideração a sua importância na caracterização da biodiversidade da ilha de Santiago, mas também o estado crítico em que se encontra no âmbito da sua conservação na ilha e no arquipélago.

Embora sejam plantas autóctones que, à primeira vista deviam estar bem adaptadas, aos solos vulcânicos, à evolução climática das ilhas e aos ciclos de secas dos últimos milénios, entraram num quadro crítico de conservação, principalmente devido à sua exploração, alteração dos habitat e concorrência das espécies exóticas.

A partir do século XV as terras ficaram sujeitas à uma elevada carga do gado introduzido pelas comunidades humanas. Paralelamente foi necessário o arroteamento das terras para a instalação da agricultura, com a introdução de diversas espécies vegetais que concorreram nos melhores solos. Admite-se que muitas espécies tenham desaparecido da ilha de Santiago e do

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arquipélago entre os séculos XV e XVIII, altura em que a desertificação atingiu uma fase crítica e também quando surgem os primeiros relatos coerentes da flora e fauna. Aliás foi na segunda metade do século XVIII, que surgem os primeiros projectos de arborização da ilha de Santiago com base em espécies arbóreas de zonas secas mediterrânicas.

em Janeiro de 1799 mandou o governo vinte variedades de plantas e sementes para a ilha de Santiago, prosperando muito bem apenas o loureiro (Laurus nobilis L.); nasceram o pinheiro bravo (Pinus pinaster Aiton) e o castanheiro (Castanea sativa Mill), que morreram mal atingiram um palmo. Em Outubro do mesmo ano mandou o cedro do Buçaco (Cupressus lusitanica Miller) que não encontrou meio de prosperar”4.

A criação de florestas em Cabo Verde ganhou grande vigor na segunda metade do século XX, a partir de 19505, altura em que foram arborizadas as zonas húmidas de altitude de Rui Vaz, Serra da Malagueta na ilha de Santiago, Monte Velha na ilha do Fogo, Planalto Leste em Santo Antão e Monte Gordo em São Nicolau. Esta campanha visava sobretudo a protecção dos solos e das águas, evitar a erosão das montanhas e a recarga dos aquíferos. Foram utilizadas sobretudo variedades de Eucaliptus spp e Cupressus spp, na ilha de Santo Antão foram introduzidos Pinus sp. Esta arborização teve grande sucesso, sobretudo na alteração da paisagem, protecção dos solos e zonas de recarga de águas subterrâneas.

No entanto, as espécies vegetais endémicas e os ecossistemas autóctones não foram tidos em conta. Nesta via, as plantas autóctones de crescimento lento tiveram de compartilhar as terras com as espécies exóticas ou encontrar refúgio nas terras marginais, nos barrancos e ravinas não acessíveis às actividades humanas.

Algumas espécies endémicas usadas na medicina tradicional, como a losna (Artemisia gorgonum Webb in Hook) ou o dragoeiro (Dracaena draco (L.) L. ssp. caboverdeana Marrero Rodr. & R. Almeida) são ainda cultivadas nas proximidades das casas mas em efectivos reduzidos.

A lista contemplada no presente estudo pretende salvaguardar recursos potenciais da biodiversidade como as plantas medicinais, potenciais plantas ornamentais, plantas simbólicas associadas à génese da cultura cabo-verdiana, mas também manter a possibilidade de reconstituição dos ecossistemas antigos com base numa florestação assente na flora primitiva.

4Senna Barcellos Vol.II pág. 139.

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A criação das florestas em Cabo Verde atinge o seu apogeu com as campanhas iniciadas no ano de 1976, logo a seguir à Independência Nacional em 1975, foi uma altura de grande motivação política animada pela ideia de tornar Cabo Verde, uma terra verde. As campanhas contemplaram sobretudo as zonas áridas costeiras com essências adaptadas ao clima seco, foram introduzidas cerca de 60 (sessentas espécies vegetais), mas rapidamente a “acácia americana” (Prosopis juliflora Swart de Candolle) tornou-se dominante pela sua grande resistência, capacidade de concorrência com as autóctones e propagação das sementes pelas cabras que aproveitam a vagem muito nutritiva.

Fig.3 – Área florestal de Rui Vaz (Monte Tchota) – dominada por Eucaliptus sp

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Fig.5 – Arborização de Prosopis juliflora a nordeste do Monte Graciosa

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2. Descrição e caracterização das espécies indicadas

2.1. Família: Apiaceae - Tornabenea annua Bég. Nome vulgar: funtcho

Erva anual ou bienal até 0,8 m de altura, com indumento moderadamente denso de pêlos curtos, simples e estrigosos. Caule ramificado perto da base; raiz fina. Folhas delicadas até 35 cm de comprimento, 2-3 pinuladas, com 3-6 pares pinuladas, segmentos da última folhas lanceolados a ovados, lâmina amplamente ovóide-oblonga. Floração umbelas, até 7,5 cm de diâmetro. Frutificação umbelas ligeiramente comprimidas; pedúnculos de umbelas terminais até 23 cm de comprimento. Pétalas brancas. Mericarpo castanho claro, 3,5 mm comprimento (excluindo estilete) e 1,5 mm de largura, fortemente comprimida dorsalmente. Estilete até 2 mm de comprimento, fino e erecto.

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Na ilha de Santiago o funtcho, tem como habitat natural as zonas sub-húmidas e húmidas de altitude, onde é frequente na cobertura herbácea de florestas e matos arbustivos, campos agrícolas nas zonas húmidas, escarpas e vertentes a barlavento com cobertura de nevoeiro frequente.

2.2. Família: Asclepiadaceae - Periploca laevigata Aiton ssp. chevalieri (Browicz) G.Kunkel

Nome vulgar: lantisco; curcabra.

Arbusto lenhoso, até 3 m de altura, ramos curtos, rígidos e torcidos. Folhas opostas, com pecíolos muito curtos, em forma de elipses alongadas a lineares, inteiras, agudas ou arredondadas, até 7 cm de comprimento e 1 cm de largura. Inflorescência paucifloras, terminais ou axilares, de cimeiras. Flores, amarelo-esverdeadas.

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A planta é utilizada como forrageira, no curtimento de peles e como combustível (lenha). Na medicina tradicional é utilizada no tratamento de gripe com tosse e diabetes. Na ilha de Santiago tornou-se rara, aparece nos andares húmidos de altitude, vertentes voltadas a nordeste, de ar fresco e nevoeiro frequente.

2.3. Família: Asteraceae - Artemisia gorgonum Webb in Hook. Nome vulgar: losna

Arbusto aromático, até 2 m de altura, revestido por uma penugem branca. Caule glabrescente e acastanho quando velho. Folhas bi ou tri-penatisecta, até 8 cm de comprimento e 6 cm de largura, esbranquiçadas, tomentosas com lobos elípticos a lineares. Inflorescência em forma de panícula tirsoide com capítulos pequenos e numerosos. Flores amarelas, agrupadas em pequenas rosetas florais, pendentes, de cerca de 0,5 mm de largura. Planta medicinal, utilizada na cura do paludismo, febre, cólicas e prisão de ventre.

Tem como habitat natural as zonas sub-húmidas e húmidas de altitude, sobretudo nas vertentes voltadas para nordeste, mas frescas e com benefício de humidade trazida pelos nevoeiros. Pode aparecer nas campos e proximidades das habitações quando cultivado para fins medicinais.

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2.4. Família: Asteraceae - Conyza varia (Webb) Wild Nome vulgar: marcelinha

Arbusto expansivo, até 1,8 m de altura, ramos sublenhosos mais ou menos estriados com cicatrizes foliares salientes, hispido-pubescentes. Folhas ligeiramente revestidas de pêlos, com 0,6-3 cm de largura. Flores minúsculas, amareladas, agrupadas em grande número em rosetas florais de 3-5 mm de largura, por sua vez agrupadas em densas panículas umbeliformes.

Tem como habitat natural o mato arbustivo e as florestas nos andares húmidos de altitude.

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2.5. Família: Asteraceae - Nauplius daltonii (Webb) Wiklund ssp. daltonii Nome vulgar: macela

Arbusto moderadamente ramificado. Folhas oblanceoladas, geralmente denticuladas, mais ou menos agudas. Receptáculo com pálea glandular mas inteiramente glabras. Invólucro 9-13 mm de diâmetro. Lígula de flores externas 6-10 mm de comprimento.

Tem como habitat natural as escarpas e solos pedregoso nos andares sub-húmidos e sub-húmidos e altitude, zona de nevoeiro frequente.

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2.6. Família: Asteraceae - Sonchus daltonii Webb Nome vulgar: coroa-de-rei

Pequeno arbusto com 1-6 rosetas foliares muito grandes, até 0,9 m de altura, pequeno tronco lenhoso. Folhas até 50 cm de comprimento. Flores pequenas, linguiformes, mais de uma centena, agrupadas em rosetas florais, arredondadas, com mais de 20 mm de espessura. A planta é utilizada como pasto para os animais.

Na ilha de Santiago a espécie tornou-se muito rara, difícil de ser observada durante a época seca, época em que se conserva em pequenos espiques. Aparece nos andares húmidos de altitude, nas encostas e escarpas entre 800 e 850 metros de altitude.

– Na ilha de Santiago, Sonchus daltonii Webb aparece foi localizada na escarpa da Serra da Malagueta nas proximidades da sede do Parque Natural.

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2.7. Família: Boraginaceae - Echium hypertropicum Webb Nome vulgar: língua-de-vaca

Arbusto até 2 m de altura. Ramos jovens cobertos de pêlos compridos e rígidos. Folhas largamente lanceoladas, até 20 cm de comprimento e 5 cm de largura. Inflorescência densa, ovóide, de cimeiras laterais em regra simples, pedunculadas. Flores esbranquiçadas, arroxeadas ou azuladas. Utilizada como combustível (lenha). Planta de valor ornamental, indicada como medicinal.

Habitat natural, zonas sub-húmidas e húmidas de altitude, escarpas e vertentes íngremes, coroamentos montanhosos, podendo aparecer em campos agrícolas.

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2.8. Família: Convallariaceae Asparagus squarrosus J. A. Schmidt Nome vulgar: espargo

Pequeno arbusto, muito ramificado e rasteiro, pode cobrir, completamente, vastas áreas. Os ramos podem, isoladamente, atingir até 2,5 m de comprimento. As folhas estão reduzidas a escamas cortantes, nas suas hastes encontram-se rebentos semelhantes a folhas. A planta é utilizada na medicina tradicional.

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2.9. Família: Brassicaceae - Lobularia canariensis (DC.) L. Borgen. ssp. fruticosa (Webb) Borgen.

Nome vulgar: sempre-noivinha

Pequeno arbusto perene, quase erecto, até 0,4 m de altura. Folhas em forma de lança, lineares, até 2 cm de comprimento e 1,5 cm de largura. Pétalas esbranquiçadas. Planta de potencial ornamental.

Tem como habitat os solos húmidos e barrancos no andar húmido de altitude, à sombra de matos arbustivos e florestas ou escarpas de sombra prolongada.

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2.10. Família: Dracaenaceae - Dracaena draco (L.) L. ssp. caboverdeana Marrero Rodr. & R. Almeida

Arbusto com hábito arborescente até 4-6 (8) de altura; copa densa umbeliforme e larga; com tronco robusto em geral e proporcionalmente curto 1-2 (3) de altura, com ramificações erecto-patentes a externas patentes; folhas lineares ensiformes, 67,4 mais ou menos 14,6 x 3,6, mais ou menos 0,48 cm (até 110 cm), com extremo subulado, de cor azul-cinzento a glauco; escape floral muita larga, cónico-globular, até 100 cm de comprimento, bipenadas; com abundantes glomérulos florais, com 2-5 (7) flores; pedicelos de frutos 8,1 mais ou menos 0,91 mm, articulados, com segmento distal curto 3, 36 mais ou menos 0,73 mm; flores geralmente brancas esverdeadas ou raramente de cor branco-creme; estames com anteras de cor verde ou verde-amarelada; fruto carnudo, esférico, um pouco achatado no diâmetro polar de 14,3 (13,2) -15,6 (17,6 mm); sementes esféricas (6,0) 8,0-10,5 (11,5) mm, em geral um pouco achatadas nos pólos.

O dragoeiro tem como habitat o andar sub-humido e húmido de altitude, mas actualmente, na ilha de Santiago aparece em campos cultivados ou nas proximidades das habitações onde é cultivado como ornamental ou para fins medicinais.

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2.11. Família: Euphorbiaceae - Euphorbia tuckeyana Steud. Nome vulgar: tortolho

Arbusto de pequeno a médio porte atingindo 3 m de altura, com seiva leitosa, lenhoso na base e caules carnudos, ramificados. Folhas em rosetas, em forma de elipse alongada e sem pêlos. Flores amarelas, campanuladas. A planta é utilizada no curtimento de peles. Recomenda-se que seja utilizada nas campanhas de reflorestação.

Tem como habitat natural o andar sub-humido e húmido de altitude, onde aparece nas áreas florestais, escarpas e vertentes íngremes, terras incultas e matos arbustivos. Vertentes voltadas para nordeste e norte no Monte Graciosa a norte da ilha de Santiago.

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2.12. Família: Globulariaceae - Globularia amygdalifolia Webb Nome vulgar: mato-botão

Arbusto lenhoso, até 1,5 m de altura, caule com muitos ramos, folhas em forma de lança, de cor verde, quando jovens, tornando-se, depois, acinzentados. Inflorescência com um pedúnculo axiliar delgado de 3-4 cm e flores azuladas ou arroxeadas. Planta medicinal usada como remédio para dores de dente.

Tem como habitat as zonas húmidas de altitude, interior de áreas florestadas, coroamento das serras, e vertentes húmidas nas montanhas de Rui Vaz e Pico de Antónia.

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2.13. Familia: Lamiaceae - Lavandula rotundifolia Benth Nome vulgar: aipo; aipo-de-rocha.

Arbusto ou subarbusto, até 1 m de altura, com ramos lenhosos, glabros, longos, folhosos na base. Folhas pecioladas, largamente oblongo-ovadas, laciniado-dentadas, acunheadas na base, glabras, coriáceas, rugoso-nervadas, até 7cm de comprimento. Flores azulado-arroxeadas ou azul arroxeado, até 13 mm longas. Corola com lobos densamente pubescentes. Forrageira, excepto para os suínos. Planta medicinal, utilizada contra dores de barriga, sarampo e febre.

Tem como habitat as escarpas nas zonas húmidas onde aproveita a humidade das fendas das rochas.

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2.14. Família: Lamiaceae - Satureja forbesii (Benth.) Briq. Nome vulgar: erva-cidreira

Erva vivaz, quase prostrada, até 0,3 m de altura. Caule difuso muito ramificado. Folhas curtamente pecioladas, em forma de elipse alongada, até 0,6 cm de comprimento e 0,4 cm de largura. Flores violetas ou arroxeadas, até 10 mm de comprimento. A planta é utilizada em infusão como calmante, cura da tosse, dores no estômago e gases.

Tem como habitat as zonas húmidas de altitude onde aparece à sombra das matas e fendas das rochas com certa humidade.

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2.15. Familia: Mimosaceae - Faidherbia albida (Delile) A. Chev. Nome vulgar: espinho-branco

Árvore indígena de Cabo Verde de 6 a 7 m, por vezes pode atingir 12-20 m de altura, com ritidoma castanho-escuro ou cinzento-esverdeado e ramos patentes. Ramos jovens pálidos e esbranquiçados. A planta é frequentemente utilizada como pasto para os animais (folhas e frutos) e também como combustível (lenha). A casca, da mesma maneira que a goma, os frutos e as folhas, é administrada sob diversa forma, ou em mistura, como remédio contra a constipação, dores de dente e como fortificante e como estimulante cardíaco. O seu tronco foi utilizado no fabrico de pilões, selas para burros de carga e outros utensílios domésticos tradicionais.

Tem um habitat diversificado podendo aparecer desde o andar semi-árido ao sub-humido, desenvolvendo um porte maior nos vales amplos ao abrigo do vento mesmo na zona árida. O número reduzido de efectivos deve-se à intensa exploração no passado.

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2.16. Família: Moraceae - Ficus sycomorus L. ssp. gnaphalocarpa (Miq.) C.C. Berg

Nome vulgar: figueira-branca; figueira-brava; figueira-rama.

Árvore nativa que pode atingir 20 m de altura, com numerosas aplicações na medicina tradicional. As folhas agem contra icterícia, estimulam a secreção da bílis e neutralizam as mordeduras das serpentes. O látex administra-se contra a disenteria. Encontra-se hoje muito amordaçada, devida às acções do homem. Usada no artesanato na confecção de pilão, bandejas e outros utensílios doméstico, foi a madeira preferida na construção de estruturas de botes de pesca artesanal. Os frutos são comestíveis.

Tem como habitat o andar sub-humido e húmido, vales e ribeiras de água corrente, podendo chegar até as proximidades da costa. Os maiores exemplares aparecem nos vales abrigados do vento.

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2.17. Família: Plumbaginaceae - Limonium lobinii N. Kilian & Leyens Nome vulgar: carqueja-de-santiago

Pequeno arbusto com várias rosetas foliares em forma de ninho, na extremidade dos ramos curtos revestidos de um grande número de folhas murchas. Folhas até 10 cm de comprimento. Inflorescência com hastes que apresentam apêndices. Flores pequenas agrupadas em espigas compactas.

Tem como habitat as escarpas expostas ao nevoeiro, endémico da Serra da Malagueta.

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2.18. Família: Sapotaceae - Sideroxylon marginata (Decne.) Cout. Nome vulgar: marmolano

Árvore que pode atingir até 12 m de altura. Tronco pequeno ou ramificado perto da base. Folhas sempre verdes, largamente elípticas ou obovadas, até 10 cm de comprimento e 6 cm de largura. Flores rosadas, solitárias ou em grupo de 10 a 12 flores. Fruto globoso a ovóide, castanho-escuro. Sementes castanhas, com 0,9 cm de comprimento e 0,7 cm de largura. Serve de alimento para os animais e é utilizada também como combustível (lenha) e na medicina tradicional.

Tem como habitat os andares sub-húmidos e húmidos e altitude, mas aparece com frequência isolada em escarpas e fendas de rochas.

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2.19. Família: Scrophulariaceae - Campylanthus glaber Benth. in DC. ssp. glaber

Nome vulgar: alecrim-brabo

Pequeno arbusto rasteiro, perene, de folhas muito estreitas (0,05-0,2 cm de largura), frouxos, ligeiramente suculentas. Flores pequenas (6-9 mm de comprimento). Corola com um tubo cilíndrico, arqueado, amarela. Limbo estrelado com 5 lobos ovados, apiculados, de um lilás rosado, com a fauce amarela.

Tem como habitat as fendas de rochas e terrenos pedregosos onde aproveita a água de ressurgência em andares sub-húmidos e húmidos.

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3. Localização das espécies descritas na ilha de Santiago

As espécies vegetais descritas no presente estudo aparecem em vários pontos da ilha de Santiago, como foi dito antes, a maioria dos endemismos ocorrem nas zonas sub-húmidas e húmidas de altitude. As espécies arbóreas, espinho branco (Faidherbia albida (Delile) A. Chev) e figueira-brava (Ficus sycomorus L. ssp gnaphalocarpa (Miq.) C.C. Berg. Aparecem com alguma frequência nos vales amplos até as proximidades da foz, mesmo nas zonas áridas e semiáridas.

No entanto apresenta-se de seguida algumas localizações de espécies descritas na ilha de Santiago.

• Asparagus squarrosus J. A. Schmidt

- Na ilha de Santiago nas zonas áridas costeiras, proximidades do Tarrafal no norte da ilha e São Francisco na região Sul.

• Artemisia gorgonum Webb in Hook.

- Na Ilha de Santiago, existem comunidades de Artemisia gorgonum, no Concelho de São Domingos, nas escarpas do maciço de Rui Vaz. No Concelho de São Lourenço dos Órgãos, nas escarpas do Pico da Antónia e na zona de Longueira no vale dos Órgãos. No Concelho de Santa Catarina, no Parque Natural de Serra da Malagueta, principalmente na zona cimeira da Serra.

• Campylanthus glaber Benth. in DC. ssp glaber

- Na ilha de Santiago, Campylanthus glaber Benth, pode ser encontrado no Concelho de Santa Catarina, no coroamento montanhoso e nas escarpas, no Parque Natural de Serra da Malagueta. Nos barrancos e escarpas nas proximidades de Rui Vaz, no Concelho de São Domingos.

• Conyza varia (Webb) Wild

– Na ilha de Santiago, ocorrem comunidades de Conyza varia (Webb), no Concelho de São Domingos, na área florestal e Parque natural de Rui Vaz.

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- Na ilha de Santiago, existem exemplares isolados de Dracaena draco (L), no Concelho de São Lourenço dos Órgãos, Povoação de Pico de Antónia, na Sede do Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento Agrário; no Centro de Formação de São Jorge. No Concelho de Santa Catarina, na Serra da Malagueta.

• Echium hypertropicum Webb

- Na Ilha de Santiago, existem diversas comunidades de Echium hypertropicum Webb, nas zonas altas, destacamos, o Concelho de São Domingos, nas encostas de Rui Vaz e Pico de Antónia. No Concelho de São Lourenço dos Órgãos, nas escarpas do Pico da Antónia e na zona de Longueira. No Concelho de Santa Catarina, no Parque Natural de Serra da Malagueta, frequente nas vertentes e cimeiras.

• Euphorbia tuckeyana Steud

- Na ilha de Santiago, é um endemismo abundante, nos perímetros florestais de Rui Vaz e Serra da Malagueta, nas escarpas e terras marginais das zonas húmidas de altitude, na região de Monte Graciosa aparece até as proximidades da costa nas vertentes Norte e Nordeste.

• Faidherbia albida (Delile) A. Chev.

- Na Ilha de Santiago aparece em quase todos os Concelhos, no da Praia, Herdade da Caiada; São Martinho Grande e Pequeno e ao longo da estrada que vai dar a Cidade Velha. No Concelho da Ribeira Grande Santiago, entre a Cidade Velha e Porto Gouveia; entre a ribeira de Caniço e São João Baptista. No Concelho de São Domingos, Praia Baixo; descida da Variante; Rui Vaz, na berma da estrada que conduz a Monte Tchota. No Concelho de São Lourenço dos Órgãos, nas escarpas de Pico de Antónia e na zona de Longueira. No Concelho de Santa Catarina, Belém; na estrada de Santa Catarina para a Ribeira da Barca; na estrada de Santa Catarina, Cutelo Branco; no cruzamento para a Malagueta; na estrada Santa Catarina, Porto Rincão e nas proximidades de Porto Rincão. No Concelho de Tarrafal, disseminadas em várias localidades. Dominam exemplares raquíticos e de porte arbustivo, os exemplares de porte arbóreo sofreram grande predação até segunda metade do século XX.

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• Ficus sycomorus L. ssp gnaphalocarpa (Miq.) C.C. Berg

– Na ilha de Santiago, aparece em todos os Concelhos, mas em exemplares isolados, principalmente nos vales, dominam plantas muito jovens ou árvores muito velhas, o vale da Ribeira Grande de Santiago, a Herdade da Caiada em São Martinho. No Concelho de São Lourenço dos Órgãos, na zona de Longueira e nas escarpas de Pico de Antónia. Vale de Monte Negro no Concelho de Santa Cruz.

• Globularia amygdalifolia Webb

Na ilha de Santiago, é uma espécie rara, no entanto existe uma comunidade silvestre no sub-bosque do perímetro florestal de Rui Vaz nas proximidades do Pico de Antónia.

• Lavandula rotundifolia Benth

– Na ilha de Santiago, é frequente nas fissuras das escarpas muito íngremes das zonas altas e húmidas, com destaque para Rui Vaz no Concelho de São Domingos. Escarpas de Pico de Antónia, na zona de Longueira. No Concelho de Santa Catarina, na estrada Santa Catarina, Cutelo Branco, depois de Figueira das Naus; ao longo das vertentes e na base da Serra da Malagueta; Ribeira da Barca; Ribeira da Aguada; No Concelho de Tarrafal, Achada Bilim; e no maciço e vertente nordeste de Monte Graciosa.

• Limonium lobinii N. Kilian & Leyens

- Na ilha de Santiago é uma espécie endémica da ilha, apenas registada na Serra da Malagueta, nas proximidades da sede do Parque Natural e na escarpa da Ribeira Principal, próximo da via de acesso ao Tarrafal.

• Lobularia canariensis (DC.) L. Borgen ssp. fruticosa (Webb) Borgen.

– Na ilha de Santiago, existem exemplares dispersos na floresta do no Parque Natural de Serra da Malagueta. Nas escarpas e taludes próximos da via de acesso ao coroamento da Serra.

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• Nauplius daltonii (Webb) Wiklund ssp. daltonii

- Na ilha de Santiago, aparecem exemplares isolados, ou pequenas comunidades nos barrancos próximos de Rui Vaz, no Concelho de São Domingos, na Serra de Pico de Antónia a montante do no Concelho de São Lourenço dos Órgãos. Na Serra da Malagueta no Parque Natural.

• Satureja forbesii (Benth.) Briq

- Na ilha de Santiago, aparece exemplares isolados, nas escarpas e fendas de rochas no perímetro florestal de Rui Vaz, Pico de Antónia e Longueira.

• Sideroxylon marginata (Decne.) Cout.

- Na ilha de Santiago, aparece nas escarpas e vertentes íngremes do andar sub-humido e húmido, destacamos o concelho de São Domingos, morros de Nora perto da Cidade de São Domingos, escarpas de barranco de Ribeirão Fundo, vertentes de Rui Vaz, Matão e João Teves nos Órgãos, Vale dos Engenhos no Parque Natural de Serra da Malagueta. Na aldeia de Rinão em Santa Catarina existem alguns exemplares numa arriba próxima da costa.

• Sonchus daltonii Webb

- Endemismo em estado crítico na ilha de Santiago, localizado apenas na escarpa da Serra da Malagueta, próximo da sede do Parque Natural, típico do andar húmido de altitude em zonas de nevoeiro frequente.

• Periploca laevigata Aiton

- Na ilha de Santiago, é um endemismo raro, no entanto existe uma pequena comunidade na floresta de Rui Vaz nas proximidades do Pico de Antónia.

• Tornabenea annua Bég.

- Na ilha de Santiago, é abundante nas zonas húmidas de altitude, nas terras marginais e por vezes nos campos agrícolas, destacamos a zona de Rui Vaz, no Concelho de São Domingos, na Serra da Malagueta,em meias encostas e

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nos sopés das escarpas. No Concelho de São Salvador do Mundo, na região dos Picos, particularmente na localidade de Pico Vermelho. No Concelho do Tarrafal, na ribeira de Cangoio; nos montes de Mato Brasil e nas encostas da região de Mato Brasil; em Chão de Mato; na localidade de Achada Lagoa e no Monte Graciosa, a meia encosta.

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4. População e dinâmica de evolução

4.1. Caracterização geral das áreas de estudo

No âmbito do presente estudo foram efectuados levantamentos de campo em três maciços montanhosos da ilha de Santiago, a saber Pico de Antónia e Rui Vaz; Serra da Malagueta e Monte Graciosa no Tarrafal.

O maciço de Pico de Antónia contém o ponto mais elevado da ilha de Santiago com 1394 m sobre o nível do mar. Corresponde a um pico assimétrico com uma vigorosa escarpa a leste sobre um vasto anfiteatro na cabeceira de importantes bacias hidrográficas que desaguam na orla oriental da ilha. O maciço estende pelo planalto ondulado de Rui Vaz entre 800 e 900 m, e terras a montante do município da Ribeira Grande de Santiago. Ao norte confronta com os municípios de Santa Catarina e São Salvador do Mundo.

As terras limítrofes do maciço do Pico de Antónia estão inseridas nos andares sub-humidos e húmidos de altitude, pelo que registam precipitações mais abundantes em relação às zonas costeiras. Apresentam elevada nebulosidade e beneficiam de precipitações ocultas.

Fig.7 – Vista panorâmica de Rui Vaz e Pico de Antónia

A altitude e a humidade favorecem a permanência de abundante flora primitiva, sobretudo das espécies afins à Macaronésia que preferem as terras mais frescas e húmidas. A zona de Rui Vaz apresenta uma densa ocupação humana pela possibilidade de culturas pluviais, horticultura e fruteiras.

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As zonas montanhosas, as vertentes mais inclinadas, incluindo o anfiteatro a norte até Ribeirão Galinha, São Jorge, Longueira, foram arborizadas na campanha dos anos cinquenta com a dominância de Eucaliptus sp e Cupressus sp. As plantas autóctones ficaram limitadas ao sub-bosque das áreas arborizadas em concorrência com espécies exóticas de introdução antiga, ou refugiaram-se na escarpa e ravinas.

O Decreto-Lei 3/2003 de 24 de Fevereiro que definiu a rede de áreas protegidas de Cabo Verde inclui o Pico de Antónia e Rui Vaz na categoria de Parque Natural, no entanto ainda não existe o parque não foi instalado e não existe um Plano de Gestão.

O maciço de Serra da Malagueta apresenta uma orientação geral de Leste a Oeste e limita a norte o Planalto de Santa Catarina, a norte é menos inclinada sobre os municípios de Tarrafal e São Miguel, no entanto apresenta-se escalvada de profundos barrancos. A parte alta da Serra chega a 1064m, a sua orientação geral forma uma importante barreira ao vento alísio permitindo a formação de nevoeiros de altitude que mantém humidade ao nível do solo.

Fig.8 – Costa norte da Serra da Malagueta

A Serra foi beneficiada com as campanhas de arborização dos meados do século XX com as mesmas essências apresentadas em Rui Vaz. Apresenta um sub-bosque de plantas endémicas e plantas de introdução antiga como Lantana camara, Furcraea foetida, entre outras. Sendo muito montanhosa com extensos afloramentos rochosos, com menos carga demográfica, apresenta

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melhores condições de refúgio de endemismos sobretudo nas ravinas e nos barrancos.

O Decreto-Lei 3/2003 de 24 de Fevereiro inclui a Serra da Malagueta na categoria de Parque Natural. O Parque possui um Plano de Gestão, tem uma sede no interior do perímetro e desempenham um papel importante no repovoamento da área com plantas endémicas produzidas nos seus viveiros. Monte Graciosa corresponde uma elevação de 645 m que se destaca a Norte da Ilha de Santiago, dominada pela sua coloração cinzenta de um imenso aparelho fonolítico. A elevação emerge bruscamente do mar a oeste sobre a baía do Tarrafal, depois contrasta com a superfície planáltica a Norte, Leste e a Sul. Como a montanha está muito próxima do mar a massa de ar trazido pelos ventos alísios sobre rapidamente favorecendo a humidade e a instalação de um mato arbustivo com endemismos afins à Macaronésia. A região norte da montanha é pouco habitada, o que facilita uma baixa pressão demográfica sobre a biodiversidade.

Fig.9 – Monte Graciosa – vista da cidade do Tarrafal

Este maciço não foi beneficiado pelas campanhas de arborização dos meados do século XX, a parte alta da montanha é dominada por afloramentos rochosos e uma vegetação arbustiva baixa, com grande presença de Euphorbia tuckeyana, Lavandula rotundifolia, expresiva de presença de exótica de introdução antiga como Lantana camara e Furcraea foetida.

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As terras baixas próximas da costa e da aldeia de Fazenda foram arborizadas nos anos que seguira à Independência com Prosopis juliflora. A vegetação endémica, sobretudo Euphorbia tuckeyana aparece em cotas mais baixas do que nas outras localidades da ilha de Santiago.

A base da vertente sul e sudoeste apresenta uma arborização à base de Prosopis juliflora (ver fig.9) que começa a propagar na vertente a montante.

4.2. Diagnóstico por cada espécie contemplada

4.2.1. Factores de ameaça, pressão sobre a população e habitat

Em linhas gerais todas as espécies contempladas na lista encontram-se sob a ameaça de extinção na ilha de Santiago, não existe nenhum bosque original onde as espécies autóctones sejam exclusivas ou dominantes.

Os matos arbustivos em zonas altas têm como dominância, o Dichrostachys cinerea Wight et Arn (espinho catchupa) espécie originária do continente africano, que tem propagado extraordinariamente nos últimos anos, Lantana camara e Furcraea foetida, que são concorrentes com as espécies autóctones, ocupando o sub-bosque das áreas florestadas e mesmo as vertentes dos barrancos, os desfiladeiros e as escarpas.

A maioria das espécies descritas foram usadas no passado, ou ainda são usadas como plantas de interesse medicinal, cultural ou matéria-prima. No entanto, raramente são cultivadas, as comunidades rurais tem consciência do uso e importância de cada uma dessas espécies, mas são consideradas dádiva da natureza. Com excepção do tortolho (Euphorbia tuckeyana Steud) que apresenta ainda alguma capacidade de propagação, as outras espécies estão em franca regressão, esta conclusão tem por base as informações coligidas junto das localidades e comunidades estudadas, referência bibliográficas do passado, e afinidades climáticas de outras áreas onde não aparecem.

São factores de ameaça:

- Factores naturais - como a topografia montanhosa associada ao vulcanismo, as vertentes íngremes, solos pouco profundos, dominância de afloramentos rochosos; clima árido, ciclos de secas, por vezes prolongadas. Alteração climática no sentido de aridificação, com a diminuição do período húmido e número de dias anuais de precipitação.

- Factores histórico-sociais – a introdução do gado em regime extensivo nos primórdios da colonização; o desbravamento das terras para a instalação da

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agricultura, relegando a vegetação natural para as terras marginais, a introdução de espécies concorrentes para usos diversos: fibras (Furcraea foetida L. (Haw.), (Agave sisalana Perrine) tintas (Indigofera tictoria L.), introdução de pragas e infestantes.

- Exploração para uso medicinal – muitas plantas endémicas são exploradas directamente na natureza e até vendidas no mercado, no entanto nunca são cultivadas pelo que não existe mecanismo de sustentabilidade.

- Exploração para combustível e uso artesanal – a carência de madeiras de obras foi um grande problema do arquipélago desde os primeiros séculos de povoamento, pelo que as árvores de maior porte foram exploradas para a produção de lenha, madeiras de obras e artesanato.

- Pressão demográfica sobre o território – o crescimento demográfico e a pressão dos assentamentos humanos, tanto urbanos como rurais, têm limitado os espaços naturais tanto na orla costeira como no interior da ilha. É cada vez maior a pressão sobre as terras, na mobilização das águas, do solo, recursos geológicos, campos agrícolas, pastagem e espaço de assentamentos urbanos, limitando as condições de crescimento e expansão da vegetação natural, flora e fauna.

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Quadro 3

Factores de ameaça das espécies vegetais contempladas no âmbito do estudo

Taxón Factores de ameaça

Artemisia gorgonum Webb in Hook Exploração e uso medicinal, falta de espaço natural de multiplicação, concorrência de campos agrícolas,

crescimento em terras marginais

Asparagus squarrosus J. A. Schmidt Falta de espaço natural de multiplicação, concorrência de campos agrícolas, crescimento em terras marginais

Campylanthus glaber Benth ssp glaber Exploração e uso medicinal, falta de espaço natural de multiplicação, concorrência de campos agrícolas,

crescimento em terras marginais

Conyza varia (Webb) Exploração e uso medicinal, falta de espaço natural de multiplicação, concorrência de campos agrícolas,

crescimento em terras marginais

Dracaena draco (L) L Planta de uso ornamental e medicinal. Falta de espaço natural de multiplicação, concorrência de campos

agrícolas

Echium hypertropicum Webb Uso como lenha e forrageira. Falta de espaço natural de multiplicação, concorrência de campos agrícolas e e

planta exóticas, crescimento em terras marginais.

Euphorbia tuckeyana Steud ex Webb Falta de espaço natural de multiplicação, concorrência de campos agrícolas, crescimento em terras marginai

em concorrência com as exóticas.

Faidherbia albida (Delile) A. Chev. Uso como lenha, obras e forrageira. Falta de espaço natural de multiplicação, concorrência de campos

agrícolas e planta exóticas, crescimento em terras marginais.

Ficus sycomorus L. ssp gnaphalocarpa (Miq.) C.C. Berg Uso como lenha, madeira de obras e planta medicinal. Falta de espaço natural de multiplicação, concorrência

de campos agrícolas e planta exóticas, crescimento em terras marginais.

Globularia amygdalifolia Webb Falta de espaço natural de multiplicação, concorrência de campos agrícolas, crescimento em terras marginai

em concorrência com as exóticas.

Lavandula rotundifolia Benth Exploração e uso medicinal, falta de espaço natural de multiplicação, concorrência de campos agrícolas,

crescimento em terras marginais

Limonium lobinii N. Kiiian & Leyens Falta de espaço natural de multiplicação, concorrência de campos agrícolas, crescimento em terras marginai

em concorrência com as exóticas

Lobularia canariensis ssp. fruticosa (Webb) Borgen. Falta de espaço natural de multiplicação, concorrência de campos agrícolas, crescimento em terras marginai

em concorrência com as exóticas

Nauplius daltonii ssp. daltonii (Webb) Falta de espaço natural de multiplicação, concorrência de campos agrícolas, crescimento em terras marginai

em concorrência com as exóticas

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G.Kundel em concorrência com as exóticas

Satureja forbesii Benth Exploração e uso medicinal, falta de espaço natural de multiplicação, concorrência de campos agrícolas,

crescimento em terras marginais

Sonchus daltonii Webb Exploração como forrageira, limitado a terras marginais e escarpas íngremes

Sideroxilon marginata (Decne.) Cout. Exploração e uso medicinal e lenha, falta de espaço natural de multiplicação, concorrência de campos

agrícolas, crescimento em terras marginais

Tornabenea annua Bélguin Exploração e uso medicinal, falta de espaço natural de multiplicação, concorrência de campos agrícolas,

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4.2.2. Estado de conservação das populações

As comunidades de endemismos encontra-se num estado crítico, não existem bosques originais, as plantas autóctones, quando aparecem, são exemplares isolados, relíquias de uma vegetação em regressão. Subsistem pequenas comunidades de tortolho (Euphorbia tuckeyana Steud), língua de vaca (Echium hipertropicum Webb) aipo (Lavandula rotundifolia Benth) em terrenos íngremes ou lugares de difícil acesso tanto para a população para o gado.

O marmulano (Sideroxilon marginata (Decne.) Cout. É o mais crítico, além de ser uma das raras árvores endémicas do aqrquipélago, está confinado às ravinas e barrancos em plantas isoladas e de porte raquítico, geralmente em pendente sobre escarpas. Uma das maiores comunidades está no vale de São Domingos, com mais de dez exemplares, todos raquíticos e em lugares de difícil acesso.

O dragoeiro, embora tido como extinto na lista vermelha, na verdade nunca deixou de existir na ilha de Santiago, passou a ser uma planta cultivada nas proximidades das casas de antigos proprietários que usavam a sua seiva na coloração de aguardente de cana, no momento presente passou a estatuto de planta ornamental, uma vez que o uso medicinal é residual.

A maioria das plantas endémicas está confinada ao sub-bosque das áreas arborizadas de Rui Vaz e Serra da Malagueta, coroamentos montanhosos, afloramentos rochosos, das vertentes íngremes dos barrancos. Na ilha de Santiago, os barrancos de difícil acesso, constituem verdadeiro refúgio das espécies autóctones, tanto de vegetais como de animais silvestres. No entanto, algumas espécies, como é o caso do marmulano (Sideroxilon marginata (Decne.) Cout) não possuem vigor de propagação de sementes para as terras cultivadas das proximidades pelo que ficam confinados às ravinas.

As espécies arbóreas, Faidherbia albida (Delile) A. Chev., e Ficus sycomorus L. ssp gnaphalocarpa (Miq.) C.C. Berg., aparecem em elementos isolados, nas zonas semiáridas e áridas sobretudo nos vales e ribeiras de águas correntes. Ainda em 1935, Chevalier assinala uma cobertura vegetal estépica nas proximidades da Cidade da Praia, dominada por herbáceas Faidherbia, esta vegetação desapareceu completamente quer pelo sobre-pastoreio quer pelo corte das árvores usadas como lenha no centro urbano ainda nos meados do século XX.

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Quadro 4

Estado das comunidades por espécie em estudo

Taxón Caracterização das comunidades no terreno

Artemisia gorgonum Webb in Hook

Em estado natural ocorrem plantas isoladas no sub-bosque das áreas florestadas de Rui Vaz e Pico de Antónia; na Serra da Malagueta, na área de

replantação, aparecem agrupadas a outros arbustos endémicos. Não existem bosques naturais à base de

Artemisia. Aparecem exemplares isolados próximos

das residências quando cultivado.

Asparagus squarrosus J. A. Schmidt Raro em pequenos tufos, na orla costeira, perdendo a maior massa das folhas na estação seca

Campylanthus glaber Benth ssp glaber Raro, exemplares isolados nas fendas das rochas em

escarpas e terrenos pedregosos.

Conyza varia (Webb) Exemplares isolados na formação herbácea das áreas

arborizadas ou mata arbustiva de altitude

Dracaena draco (L) L Exemplares isolados nas proximidades de habitação,

ou em terrenos cultivados na zona húmida de altitude.

Echium hypertropicum Webb

Pequenos agrupamentos em terras marginais ou escarpas nas zonas húmidas, ainda possuí uma boa capacidade de propagação.

Euphorbia tuckeyana Steud ex Webb

Agrupamentos em terras marginais, ou escarpas nas zonas húmidas, boa capacidade de propagação. Por vezes forma pequenos bosques.

Faidherbia albida (Delile) A. Chev.

Exemplares isolados em todos os andares climáticos da ilha, pequenos agrupamentos nos vales.

Dominância de elementos de porte arbustivo

Ficus sycomorus L. ssp gnaphalocarpa (Miq.) C.C.

Berg

Exemplares isolados nos vales, porte raquítico nas escarpas e vertentes íngremes

Globularia amygdalifolia Webb Pequenos agrupamentos nas zonas de altitude no

sub-bosque de Rui Vaz e Pico de Antónia

Lavandula rotundifolia Benth

Agrupamento com alguma dispersão nas escarpas, nos barrancos, nas proximidades de Rui Vaz, Serra da Malagueta e vertente norte do Monte Graciosa

Limonium lobinii N. Kiiian & Leyens Pequenos agrupamentos nas escarpas da Serra da

Malagueta

Lobularia canariensis ssp. fruticosa (Webb)

Borgen.

Raro, isolado no manto herbáceo da Serra da Malagueta

Nauplius daltonii ssp. daltonii (Webb) Pequenos agrupamentos, ou isolado nas escarpas na

Serra da Malagueta

Periploca laevigata Aiton ssp. Chevalieri (Browicz)

G.Kundel

Muito raro, elementos isolados na zona montanhosa de Rui Vaz e Pico de Antónia

Satureja forbesii Benth Disperso no estrato herbáceo na zona de Rui Vaz

Sideroxilon marginata (Decne.) Cout. Elementos isolados, por vezes único em escarpas em

diversas zonas húmidas da ilha

Sonchus daltonii Webb Única comunidade de poucos exemplares na escarpa

da Serra da Malagueta

Tornabenea annua Bélguin Agrupamentos em terras marginais, isolados nos

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4.2.3. Disponibilidade de habitat potencial

De acordo com Chevalier (1935) e considerando as plantas autóctones e os endemismos dominantes nas zonas húmidas, a vegetação potencial das zonas húmidas seriam um mato arbustivo, dominada pela Euphorbia tuckeyana e Echium hipertropicum, com elementos isolados de Sideroxilon marginata, Dracaena draco e um sub-bosque constituído pelas ervas endémicas. Esta vegetação primitiva foi completamente alterada quer pela intervenção humana, quer pela aridificação do clima verificado nos últimos séculos.

À data do povoamento da ilha de Santiago no século XV, já estava presente na flora local elementos sudano-sahelianas, como Faidherbia albida, Calatropis procera, Ziziphus mauritiana, Dichrostachys cinérea e diversas espécies herbáceas que dominariam as zonas áridas costeiras. No entanto, a necessidade de criação de campos de cultura nos andares sub-humidos e húmidos, teria alterado completamente a vegetação primitiva com o sacrifício do bosque primitivo. A introdução de plantas exóticas, como Fucraea foetida, Lantana camara, fez grande concorrência aos endemismos e gerou uma nova mata arbustiva de altitude, dominada por estas exóticas. Com a aridificação algumas espécies sudano-sahelianas passaram a ocupar as zonas sub-húmidas e sub-húmidas de altitude, ainda antes das campanhas de arborização da segunda metade do século XX.

Por esta via, o habitat potencial da maioria das espécies descritas, corresponde aos andares de altitude, com maiores índices pluviométricos e humidade proveniente dos nevoeiros. Ora estas terras são as preferidas para actividades humanas, como campos agrícolas, assentamento das aldeias, ou ainda pelas florestas nos terrenos menos propícios para as culturas, além do mais as terras marginais estão invadidas pelas exóticas de grande propagação (Fucraea foetida, Lantana camara, Dichrostachys cinerea Wight et Arn).

Mesmo no Monte Graciosa, que não foi beneficiada com a arborização dos anos cinquenta do século XX, acabou por ser incluída nas campanhas de arborização depois de 1976, esta campanha abrangeu sobretudo a base da montanha, mas rapidamente o Prosopis juliflora propagou para as alturas com ajuda das cabras. Ademais a vegetação autóctone já tinha a concorrência de Lantana e Furcraea introduzidas da América nos primeiros séculos do povoamento.

A gestão do Parque Natural da Serra da Malagueta, tem desenvolvido programas de abertura da floresta de Eucaliptus sp de reposição das plantas endémicas e ao mesmo tempo fornecido plantas medicinais aos moradores.

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As arbóreas Ficus sycomorus e Faedherbia albida, embora não têm sido plantadas encontram áreas favoráveis nos vales abertos, mesmo nas zonas áridas, as possibilidades de reprodução e repovoamento são mais favoráveis, havendo um adequado programa de reprodução e plantação.

Entretanto destacamos o conhecimento ainda muito elementar da ecologia, evolução e adaptação ao longo do tempo, das diversas espécies descritas no âmbito do presente estudo, bem como a evolução paleoclimática do arquipélago e a sua incidência na alteração dos ecossistemas e paisagens da ilha. Actualmente os Parques Naturais têm-se esforçado na manutenção das espécies endémicas, pela via de criação de viveiros e replantação mas ainda não existem estudos aprofundados sobre a utilização das plantas autóctones em campanhas de arborização ou restauração da vegetação primitiva.

Na definição do habitat potencial foi tida em consideração os seguintes elementos: zona de ocorrência, número de efectivos na zona de ocorrência na ilha de Santiago, zona de ocorrência da espécie em outras ilhas, terrenos onde a espécie apresenta melhor aspectos em termos de porte, estado sanitário e multiplicação.

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Quadro 5

Habitat potencial das espécies

Taxón Locais de ocorrência Habitat potencial Condicionantes do habitat

Artemisia gorgonum Webb in Hook

Terras marginais, área florestada da zona húmida de altitude em Rui Vaz, Pico de Antónia e Serra Malagueta

Zona húmida de altitude, nas vertentes expostas ao ar ascendente e nevoeiro frequente.

Ocupação dos melhores solos com campos agrícolas; concorrência de plantas exóticas introduzidas em diferentes épocas incluindo as essências florestais

Asparagus squarrosus J. A. Schmidt

Terras marginais na orla costeira a Nordeste e Sudeste da ilha de Santiago

Zona árida costeira Sobre-pastoreio, pisoteio pelo gado

Campylanthus glaber Benth ssp glaber

Terras marginais, e barrancos da zona húmida de altitude em Rui Vaz e Serra Malagueta

Zona sub-húmida e húmida de altitude

Ocupação dos melhores solos com campos agrícolas; concorrência de plantas exóticas introduzidas em diferentes épocas incluindo as essências florestais

Conyza varia (Webb)

Terras marginais, e barrancos da zona húmida de altitude em Rui Vaz e Serra Malagueta

Zona sub-húmida e húmida de altitude

Ocupação dos melhores solos com campos agrícolas; concorrência de plantas exóticas introduzidas em diferentes épocas incluindo as essências florestais

Dracaena draco (L) L

Terras cultivadas e

proximidade das habitações nas zonas sub-húmidas e húmidas

Zona sub-húmida e húmida de altitude

Ocupação dos melhores solos com campos agrícolas, exploração abusiva no passado.

Echium hypertropicum Webb

Terras marginais, e barrancos da zona húmida de altitude em Rui Vaz e Serra Malagueta

Zona sub-húmida e húmida de altitude

Ocupação dos melhores solos com campos agrícolas; concorrência de plantas

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exóticas introduzidas em diferentes épocas incluindo as essências florestais

Euphorbia tuckeyana Steud ex Webb

Terras marginais, área florestada da zona húmida de altitude em Rui Vaz, Pico de Antónia e Serra Malagueta

Zona húmida de altitude, nas vertentes expostas ao ar ascendente e nevoeiro frequente.

Ocupação dos melhores solos com campos agrícolas; concorrência de plantas exóticas introduzidas em diferentes épocas incluindo as essências florestais

Faidherbia albida (Delile) A. Chev.

Todas as zonas microclimáticas da ilha, com maior relevância nos vales abrigados no andar semiárido e árido

Estepe árida e semiárida em toda a África de Oeste, com abundante manto herbáceo e arborização espaçada. Na ilha de Santiago aparece dispersa em todas as zonas climáticas.

Aumento da aridez, exploração abusiva no passado.

Ficus sycomorus L. ssp gnaphalocarpa (Miq.) C.C. Berg

Todas as zonas microclimáticas da ilha, com maior relevância nos vales abrigados e de água corrente

Todas as zonas microclimáticas da ilha.

Aumento da aridez, exploração abusiva no passado.

Globularia amygdalifolia Webb

Terras marginais, e barrancos da zona húmida de altitude em Rui Vaz

Zona sub-húmida e húmida de altitude

Ocupação dos melhores solos com campos agrícolas; concorrência de plantas exóticas introduzidas em diferentes épocas incluindo as essências florestais

Lavandula rotundifolia Benth

Terras marginais, e barrancos da zona húmida de altitude em Rui Vaz, Pico de Antónia e Serra Malagueta

Zona sub-húmida e húmida de altitude

Ocupação dos melhores solos com campos agrícolas; concorrência de plantas exóticas introduzidas em diferentes épocas incluindo as essências florestais

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Limonium lobinii N. Kiiian & Leyens

Escarpa na Serra da Malagueta Zona sub-húmida e húmida de altitude

Ocupação dos melhores solos com campos agrícolas; concorrência de plantas exóticas introduzidas em diferentes épocas incluindo as essências florestais

Lobularia canariensis ssp. fruticosa (Webb) Borgen.

Interior da floresta na Serra da Malagueta

Zona sub-húmida e húmida de altitude

Ocupação dos melhores solos com campos agrícolas; concorrência de plantas exóticas introduzidas em diferentes épocas incluindo as essências florestais

Nauplius daltonii ssp. daltonii (Webb)

Terras marginais, e barrancos da zona húmida de altitude em Rui Vaz, Pico de Antónia e Serra Malagueta

Zona sub-húmida e húmida de altitude

Ocupação dos melhores solos com campos agrícolas; concorrência de plantas exóticas introduzidas em diferentes épocas incluindo as essências florestais

Periploca laevigata Aiton ssp. Chevalieri (Browicz) G.Kundel

Terras marginais, e barrancos da zona húmida de altitude em Rui Vaz, Pico de Antónia

Zona sub-húmida e húmida de altitude

Ocupação dos melhores solos com campos agrícolas; concorrência de plantas exóticas introduzidas em diferentes épocas incluindo as essências florestais

Satureja forbesii Benth

Terras marginais, e barrancos da zona húmida de altitude em Rui Vaz, Pico de Antónia

Zona sub-húmida e húmida de altitude

Ocupação dos melhores solos com campos agrícolas; concorrência de plantas exóticas introduzidas em diferentes épocas incluindo as essências florestais

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altitude com campos agrícolas; concorrência de plantas exóticas introduzidas em diferentes épocas incluindo as essências florestais

Sideroxilon marginata (Decne.) Cout.

Escarpas e barrancos da zona sub-húmidas e húmida de diversos pontos da ilha

Zona sub-húmida e húmida de altitude

Ocupação dos melhores solos com campos agrícolas; exploração abusiva no passado

Tornabenea annua Bélguin

Terras marginais, e barrancos da zona húmida de altitude em diversos pontos da ilha

Zona sub-húmida e húmida de altitude

Ocupação dos melhores solos com campos agrícolas

Referências

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