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Bacurizeiro é a arvore que produz o fruto bacuri, palavra com origem tupi: “ba” significa cair e “curi” significa logo, o que cai logo que amadurece (TEIXEIRA, 2000). Ou seja, o fruto solta-se naturalmente do pedúnculo assim que atinge a plena maturação (queda dos frutos). Porém, essa espécie é conhecida com outros nomes comuns, dependendo da região. Na literatura são registrados vários outros nomes vulgares. Tomazello Filho, Chimelo e Garcia (1983) informam que o nome vulgar desta espécie é “buraji” no estado do Maranhão. Vasconcellos et al. (2001) registra os seguintes nomes vulgares: bacori, bacuri-açú, bacuriuba, ibacopari, landirana, pacori, pacoru, pacuri, pacuriuva. Rios et al. (2001) denomina também de bacuri-açu. Há, ainda, os nomes vulgares de parcouri, parcouri jaune, parcouri soufré, na Guiana Francesa; e bakuri, bakuri guianaorange e pakuri na Guiana Inglesa (FOUQUE, 1974; 1989).

A espécie Platonia insignis Mart. (bacurizeiro) pertence à família Clusiaceae, subfamília Clusioideae, é uma planta perenifólia, de porte arbóreo. Quando plenamente adulta, pode alcançar 37 m de altura e até 1,7 m de diâmetro medido a 1,3 m do solo (DAP) (FERREIRA; MEDINA, 2004) (Figura 5).

Figura 5. Árvore adulta da espécie Platonia insignis Mart. (bacurizeiro). Foto: S. Ferreira

Esta espécie está descrita na Flora Brasiliensis26 (1832) como:

Látex amarelo; pérulas presentes, suas cicatrizes visíveis em ramos mais velhos; folhas opostas; nervuras intersecundárias bem desenvolvidas e paralelas às secundárias; flores bissexuais; pétalas 5, contortas; estames em 5 fascículos; anteras produzindo pequenas quantidades de um óleo; ovário 5- locular, pouco óvulos por lóculo; estigmas formando um pequeno poro; fruto baga com 5 sementes.

26 “A Flora brasiliensis, patrocinada pelos imperadores da Áustria e do Brasil e pelo rei da Bavária, foi

produzida na Alemanha entre 1840 e 1906 pelos editores Carl Friedrich Philipp von Martius, August Wilhelm Eichler e Ignatz Urban, com a participação de 65 especialistas de vários países. A obra contém tratamentos taxonômicos de 22.767 espécies, a grande maioria de angiospermas brasileiras, reunidos em 15 volumes divididos em 40 partes, num total de 10.367 páginas” (FLORA BRASILIENSIS, 1832).

As descrições mais recentes detalham as características anatômicas, porém, sem contraposição àquela, ou acrescentam outras não observadas anteriormente, como por exemplo (ROCHA; SILVA, 2002. p. 142):

Árvore de 15 a 30 m de altura, até 1 m de diâmetro, látex amarelo, galhos formando ângulos de 50° a 60° em relação ao tronco; folhas pecioladas, simples, opostas, sem pêlos, brilhosas na face superior, margem inteira, ápice levemente agudo, base levemente truncada, nervuras laterais pouco visíveis; estípula ausente. Flores solitárias, 5 sétalas imbricadas, 5 pétalas róseas; ovário sem pêlos, arredondado, estilete curvado, estames numerosos, agrupados em 5 feixes opostos às pétalas. Fruto ovóide amarelado, de 0 a 4 sementes, raramente 5, polpa branca.

Ou ainda (RIOS, et al. 2001, p24):

É uma árvore que pode atingir cerca de 30 metros de altura; nas capoeiras analisadas foram encontradas, variando de 2 a 6 metros; quando cortada, apresenta leite vermelho amarelado, que ao secar, torna-se cristalizado. As folhas são opostas, com cerca de 5 a 10 cm de comprimento por 5 a 7 cm de largura, simples, oblongas a elípticas, com ápice e base agudos, margem inteira, ligeiramente ondulada, lisas em ambas as faces, nervuras secundárias muito próximas, distante uma da outra cerca de 0,1 cm, pecíolo com aproximadamente 0,7 cm de comprimento. As flores são solitárias, rosa- avermelhadas, com cerca de 3,5 cm de comprimento. O fruto é globoso- ovalado, amarelo-esverdeado, medindo cerca de 10 cm de comprimento, possui uma resina muito espessa e pegajosa; a semente é angulosa, com cerca de 4 a 6 cm de comprimento e em número de 1 a 5 por fruto.

Além dessas características anteriormente descritas, pode-se acrescentar que possui tronco circular e reto; ritidoma marrom-cinza a marrom-escuro, rugoso, com desprendimento em placas pequenas, coriáceas; alburno creme a branco; resina abundante e pegajosa marrom- amarelada e, internamente, amarelo-escura; e folhas oblongas e com pecíolo canaliculado na face superior.

As flores são hermafroditas e andróginas medindo, em média, 7 cm de comprimento e 3 cm de diâmetro, pedunculadas, cíclica, de simetria radial. Cálice dissépalo, tentâmero, corola do tipo rosaceae, com pétalas carnosas, androceu com numerosos estames dispostos em cinco feixes, com estames simples, gineceu sincárpico, pluricarpelar, estilete terminal, estigma ramificado e ovário plurilocular (MAUÉS; VENTURIERI, 1996; BATISTA; JARDIM, 2005). Apresentam-se com coloração variando entre o branco e o rosa intenso, levemente perfumadas e solitárias, localizadas nos términos dos ramos (Figura 6).

Figura 6. Flores de P. insignis Mart. Foto: Marcelo Melo.

É a única espécie do gênero, apesar de haver citação de outro nome científico, P. esculenta (Arruda da Camara) Ricktt et Stafleu, atribuído à mesma espécie. Entretanto, após revisão e discussão entre sistematas especialistas, o primeiro resultou como definitivo, tendo em vista que a descrição de P. esculenta era incompleta (CARVALHO, 2007).

O nome do gênero, Platonia, é homenagem ao filósofo grego Platão e o da espécie, insignis, significa notável, que chama a atenção, em referência ao porte das árvores (RIZZINI; RIZZINI, 1983).

O fruto bacuri é do tipo baga globosa, de formato ovóide a arredondado, mede de 7 a 15 cm de diâmetro e pesa, em média, 400 g, pericarpo (conhecido como casca), coriáceo, espesso e carnoso e com coloração externa variando do verde ao amarelado quando atinge a maturação, na fase jovem é totalmente verde, na mesma tonalidade da folhagem (Figura 7). As sementes são grandes e superpostas, de formato oblongo-anguloso ou elipsóide, medindo em média 5 a 6 cm de comprimento e 3 a 4 cm de largura, de uma a cinco por fruto, pesando em média 15,1 g (estado do Maranhão) e 24,4 g (estado do Pará), segundo Carvalho, Muller e Leão (1998) e Mourão e Beltrati (1995). Existem, entretanto, indivíduos sem sementes, raramente encontrados (CALZAVARA, 1970; CAVALCANTE, 1996; SOUZA et al., 2000).

Contém uma polpa de coloração branca a branco-amarelada e sabor adocicada, ligeiramente perfumada, que envolve as sementes, ou resultado de óvulos abortados (não fecundado) que não se desenvolvem em semente, conhecidos popularmente como “filho” ou “língua”, que é a parte preferida na polpa, por não estar aderida à semente e ser de fácil remoção, uma vez que essa polpa (endocarpo) é a parte comestível do fruto (TEIXEIRA,

2000; MOURAO; BELTRATI, 1995; MORAES, 1994; CARVALHO; NAZARE; NASCIMENTO, 2003) (Figura 7).

Figura 7. Fruto bacuri maduro aberto, destacando a parte interna, formada por sementes envoltas em polpa.

Foto: S. Ferreira.

Existe uma grande variação do fruto quanto ao tamanho, à forma, à cor, ao sabor e à composição (Figura 8). Segundo alguns autores, pode variar de 100 g a 1 kg, com a seguinte composição: 50 a 80% de casca, 12 a 30% de semente e de 4 a 30% de polpa (FERREIRA; FERREIRA; CARVALHO, 1987; CARVALHO; MULLER; NASCIMENTO, 2001; 2003; SOUZA et al., 1996; VILLACHICA, 1996). O sabor da polpa varia de doce ao ácido. Porém, Mourão e Beltrati (1995) ressaltam que há uniformidade quanto ao peso e forma dos frutos frescos provenientes do mesmo indivíduo.

Figura 8. Frutos bacuri variando em tamanho, forma e coloração, colhidos sob as árvores na mesma data.