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Após uma explicação detalhada da forma como estiveram organizadas as nossas três unidades didáticas, a nível do ensino da pronúncia do PE, iremos agora focar-nos na experiência que referimos anteriormente, mais precisamente na análise dos resultados obtidos com as duas gravações feitas pelos alunos que participaram no nosso estudo.

Na experiência que realizámos, participaram quatro alunos do nível A1.2 do curso semestral de Português Língua Estrangeira, sendo que dois eram falantes nativos de polaco e os restantes de russo. Interessa ainda referir que um dos alunos, que identificaremos como “aluno A”, integrava a turma que acompanhámos ao longo do primeiro semestre, ao passo que os restantes integravam a turma do segundo semestre. Como grupo de controlo, decidimos servir-nos dos resultados das gravações feitas a dois alunos (um falante nativo de polaco e outro de russo) de uma turma de nível C, à qual lecionámos alguns módulos de fonética a convite da nossa orientadora de estágio. Assim sendo, após analisarmos os resultados obtidos por parte dos alunos do nível A1.2, iremos compará-los com os obtidos por parte dos alunos no nível avançado a fim de tentar tirar conclusões.

Antes de mais, iremos exibir o texto que foi lido duas vezes pelos alunos em questão:

O texto utilizado na experiência:

Cidália: Olá Sílvia! O que é que estás a fazer? Sílvia: Olha, estou a aprender um pouco de francês.

Cidália: Ai sim? E porque é que queres aprender essa língua?

Sílvia: Em junho vou a França e como poucos franceses falam inglês corretamente, acho que é boa ideia aprender umas palavras em francês.

Cidália: Sim, sem dúvida, tens razão! Eu também vou precisar de fazer isso com o italiano quando for visitar o Lucas a Roma.

Importa referir que o texto em questão não foi elaborado aleatoriamente, pelo contrário, foi redigido tendo em conta os vários sons do português europeu que, geralmente, causam maior dificuldade aos falantes não-nativos. Desta forma, optámos

67 por incluir no texto sons como vogais abertas e semiabertas: [a] e [ɐ]; vogais semiabertas e semifechadas: [ɔ] e [o]; [ɛ] e [e]; a lateral palatal [ʎ]; a vibrante múltipla uvular [ʀ]; vogais nasais [ɐ , [ , [ , [ , [ e ditongos nasais [ɐ e [ɐ w . O levantamento de sons que, geralmente, colocavam maior dificuldade aos alunos foi feito a partir das primeiras semanas de aulas, em que, atentamente, nos focámos na pronúncia dos aprendentes, a fim de tentar averiguar quais seriam as suas principais dificuldades para, posteriormente, elaborar exercícios e atividades que os pudessem auxiliar no aperfeiçoamento da pronúncia.

5.1 Transcrições fonéticas das realizações do texto

O grau de exatidão das realizações fonéticas depende, em boa medida, da sensibilidade auditiva do indivíduo que realiza a transcrição. É importante ter em conta que até a mais exata transcrição fonética nunca será um fiel reflexo da realidade, mas apenas a sua interpretação. Essa interpretação será condicionada pelas predisposições do investigador, pelos seus hábitos auditivos, assim como pelo sistema de transcrição que utiliza (Drozd, 1992). Assim sendo, parece-nos lógico afirmar que:

Nenhuma transcrição fonética é suficientemente fina ou objectiva para constituir uma completa correspondência entre o que o ouvinte transcreve a partir da percepção mental do que ouve, e as variações de som que podem ser captadas experimentalmente. De resto, esse refinamento não interessa quando se está a fazer uma transcrição fonética, porque ela tem como objectivo representar os sons da fala de forma sistemática, utilizando os símbolos do alfabeto fonético e correspondendo às regras de pronúncia da língua.19

Antes de passarmos às transcrições fonéticas propriamente ditas, consideramos ainda relevante expor algumas considerações acerca do alfabeto fonético utilizado neste estudo. Citando Gonçalves (2008: 84),

O alfabeto fonético é um conjunto de símbolos convencionais destinados a representar graficamente de forma simples, sistemática e não ambígua, os sons da linguagem, assente no princípio da univocidade: cada símbolo representa um som e só o representa a ele e um som apenas pode ser representado por esse símbolo fonético.

19

INSTITUTO CAMÕES (2013). A Pronúncia do Português Europeu – Convenções e transcrição fonética, limites e particularidades da transcrição fonética. Página consultada em 15 de junho de 2013, <http://cvc.instituto-camoes.pt/cpp/acessibilidade/capitulo2_2.html>

68 O Alfabeto Fonético Internacional (AFI, ou mais vulgarmente IPA, do inglês International Phonetic Alphabet), estabelecido pela Associação Internacional de Fonética, surgiu devido a uma consciência da necessidade de criar um sistema notacional que obtivesse a aceitação geral por parte da comunidade científica (Andrade e Viana, 1996).

Neste trabalho, optámos por utilizar o mais possível o Alfabeto Fonético Internacional. Este alfabeto difere, muitas vezes, do utilizado pela tradição fonética portuguesa, como é o caso da vogal <a> na palavra “bater” e da vogal <e> na palavra “menino”. Na tradição fonética portuguesa, recorre-se aos símbolos [α e [ǝ , respetivamente, no entanto, para esses sons do português o AFI utiliza os símbolos [ɐ e [ɨ . Optámos pelo sistema internacional com o intuito de facilitar a aprendizagem e homogeneizar o uso internacional dos símbolos fonéticos.

Neste trabalho utilizámos uma transcrição fonética larga, na qual são assinalados apenas os elementos necessários e suficientes para descrever o uso da língua. Optámos por esta transcrição, pois o nosso objetivo não é o de especificar um maior detalhe fonético, mas sim o de representar essencialmente os contrastes que asseguram a distinção entre diferentes palavras. A transcrição fonética larga permite-nos, assim, anotar apenas os segmentos sonoros que podem comutar com outros num determinado contexto.

Decidimos apresentar duas transcrições fonéticas do texto em questão: a primeira (transcrição fonética 1), que regista uma pronúncia pausada e artificial do dialeto / norma-padrão de Portugal, e a segunda (transcrição fonética 2), que regista uma pronúncia coloquial do mesmo dialeto / norma-padrão. Parece-nos importante expor estas duas transcrições para melhor procedermos à análise e comparação das transcrições dos nossos aprendentes. Uma vez que a maioria dos alunos leu o texto de uma forma pausada, consideramos mais proveitoso comparar os seus resultados com a nossa primeira transcrição fonética. No entanto, registámos também alguns casos de alunos que leram o texto de uma forma menos artificial, realizando crases em alguns momentos, sendo por isso mais indicado comparar essas transcrições com a nossa segunda transcrição fonética. Para que o número de fonemas vocálicos de ambas as transcrições coincidisse, optámos por tratar os fenómenos de crase da seguinte forma: sempre que se observasse um fenómeno de crase em que dois fonemas [ɐ originassem

69 um fonema [a], tratá-lo-íamos como sendo dois fonemas [ɐ e não um fonema [a . Para ultrapassar o problema de discrepâncias a nível de número de fonemas presentes nas gravações, o que nos iria complicar a análise dos resultados, optámos, deliberadamente, por esta estratégia que nos pareceu a mais indicada.

Uma vez que iremos analisar os resultados das gravações dos falantes de polaco e dos falantes de russo separadamente, decidimos fazer duas colunas, sendo que, como se poderá observar, a coluna da esquerda está destinada ao registo dos resultados obtidos por parte dos falantes de polaco, ao passo que a coluna da direita registará os resultados dos falantes de russo.

5.1.1 O modelo fonético lido por um falante nativo do Português Europeu:

Transcrição fonética 1:

[ɔˈla ˈsilvjɐ ‖ u kɨ ɛ kɨ ɨʃˈtaʃ ɐ fɐˈzeɾ ‖ ˈɔʎɐ | ɨʃˈto ɐ ɐpɾ ˈdeɾ ˈpoku dɨ fɾɐ ˈseʃ ‖ aj s ‖ i purˈkɨ ɛ kɨ ˈkɛɾɨʃ ɐpɾ ˈdeɾ ˈɛsɐ ˈl gwɐ ‖ ɐ ˈʒuɲu ˈvo ɐ ˈfɾɐ sɐ i ˈkumu ˈpokuʃ fɾɐ ˈsezɨʃ ˈfalɐ w ˈgleʃ kuʀɛtɐˈm tɨ ˈaʃu kɨ ɛ ˈboɐ iˈdɐjɐ ɐpɾ ˈdeɾ ˈumɐʃ pɐlavɾɐˈʃ ɐ fɾɐ ˈseʃ ‖ s sɐ ˈduvidɐ ˈtɐ ʃ ʀɐˈzɐ w ‖ ew tɐ ˈbɐ vo pɾɨsiˈzaɾ dɨ fɐˈzeɾ ˈisu k u itɐˈljɐnu ˈkwɐ du foɾ viziˈtaɾ u ˈlukɐʃ ɐ ˈʀomɐ‖

Transcrição fonética 2:

[ɔˈla ˈsilvjɐ ‖ u kjɛ kɨʃˈtazɐ fɐˈzeɾ ‖ ˈɔʎɐ | ɨʃˈto apɾ ˈdeɾ ˈpoku dɨ fɾɐ ˈseʃ ‖ aj s ‖ i purˈkjɛ kɨ ˈkɛɾɨzɐpɾ ˈdeɾ ˈɛsɐ ˈl gwɐ ‖ ɐ ˈʒuɲu ˈvo ɐ ˈfɾɐ sɐ i ˈkumu ˈpokuʃ fɾɐ ˈsezɨʃ ˈfalɐ w ˈgleʃ kuʀɛtɐˈm tɨ ˈaʃu kjɛ ˈboɐ idɐjapɾ ˈdeɾ ˈumɐʃ pɐlavɾɐˈzɐ fɾɐ seʃ ‖ s | sɐ ˈduvidɐ ˈtɐ ʒ ʀɐˈzɐ w ‖ ew tɐ ˈbɐ vo pɾɨsiˈzaɾ dɨ fɐˈzeɾ ˈisu k u itɐˈljɐnu ˈkwɐ du foɾ viziˈtaɾ u ˈlukɐzɐ ˈʀomɐ‖

5.1.2 As transcrições fonéticas dos 4 alunos Aluno A (polaco)

1. [ɔ'la 'silvja || u kɨ ɛ kɨ ɨʃ'taʃ a fa'zɛɾ || 'ɔlja | ɨʃ'tɔw a apɾɛ 'dɛɾ 'pɔku dɛ fɾã'sɛʃ aj s i

'pɔɾkɨ ɛ kɨ 'kɛɾɨʃ apɾɛ 'dɛɾ 'ɛsa l 'l gua ɛm 'ʒuɲu vɔw a 'fɾãsa i 'kɔmu 'pɔwkuʃ fɾã'sɛʃ 'falam 'glɛʃ kuɾɛta'mɛ tɨ 'aʃu kɨ ɛ 'bɔa i'dɛa apɾɛ 'dɛɾ 'umaʃ pa'lavɾaʃ ɛ fɾã'sɛʃ || 'sim | 'sɛm 'duvida tɛ ʒ ɾa'zãw | 'ɛw tã'bɛ vɔw pɾɛsi'zaɾ dɨ fa'zɛɾ 'isɔ 'isu kɔ u ita'ljanu 'kwãdu fɔɾ vizi'taɾ u 'lukaʃ a 'ɾɔma ||]

70 2. [ɔ'la 'silvjɐ || u kɛ kɨ ɨʃ'taʃ ɐ fɐ'zɛɾ || 'ɔljɐ | ɨʃ'tɔw apɾɛ 'dɛɾ 'pɔwku dɨ fɾã'sɛʃ aj s i 'poɾkɛ kɨ 'kɛɾɨʃ ɐpɾɛ 'dɛɾ 'ɛsɐ l 'l guɐ || ɛ j 'ʒuɲu vɔw a 'fɾãsɐ i 'kɔmu 'pɔwkuʃ fɾã'sɛzɨʃ 'falã 'glɛʃ kuʀɛta'mɛ tɨ 'aʃu kɛ 'bɔa i'dea apɾɛ 'dɛɾ 'umɐʃ pɐ'lavɾɐʃ ɛ fɾã'sɛʃ 's 'sɛ j 'duvidɐ tɛ j ʃ ʀɐ'zãw | 'ew tã'bɛ j vɔw pɾɛsi'zaɾ dɨ fa'zɛɾ 'isu kɔ u itɐ'ljanu 'kwãdu fɔɾ vizi'taɾ u 'lukɐʃ ɐ 'ɾɔmɐ ||]

Aluno B (polaco)

1. [ɔˈla ˈsilvja ‖ u kɛ ɛ kɛ ɛʃˈtaʃ a faˈzɛɾ ‖ ˈɔlja | ɛʃˈtɔw a apɾɛ ˈdɛɾ um ˈpɔwku dɨ fɾãˈsɛʃ ‖ aj sim | ɛ ˈpɔɾkɛ ɛ kɛ ˈkɛɾeʃ apɾɛ ˈdɛɾ ˈɛsa ˈl gwa ‖ ɛm ˈʒuɲu ˈvɔw a ˈfɾãsa ɛ ˈkomu ˈpɔwkuʃ fɾãˈsɛzɨʃ ˈfalam ˈglɛʃ korɛktaˈmɛ tɛ ˈaʃu kɛ ˈbɔa iˈdɛa apɾɛ ˈdɛɾ ˈumaʃ paˈlavɾaʃ ɛm fɾãˈsɛʃ ‖ sim sɛm ˈduvida tɛ ʃ ɾazao ‖ ɛw tãˈbɛ ˈvɔw pɾɛsiˈzaɾ dɛ faˈzɛɾ ˈisu kɔm u itaˈljanu ˈkwãdu fɔɾ viziˈtaɾ u ˈlukaʃ a ˈrɔma‖

2. [ɔˈla ˈsilvja ‖ u ke ɛ ke ˈɛʃtaʒa faˈzɛɾ ‖ ˈɔljɐ esˈtɔw a apɾ ˈdɛɾ ˈpɔwku dɨ fɾɐ ˈsɛʃ ‖ aj sim ‖ i ˈpuɾkɨ ɛ kɨˈkɛɾɨʒapɾ ˈdɛɾ ˈɛsɐ ˈl gwɐ ‖ ɛm ˈʒuɲu ˈvɔw ɐ ˈfɾãsɐ i ˈkomu ˈpɔwkuʃ fɾɐ ˈsɛzɨʃ ˈfalam ˈgleʃ kurɛktɐˈm tɨ ˈaʃu kɨ ɛ ˈboɐ iˈdɛapɾ ˈdeɾ ˈumɐʃ pɐˈlavɾɐʃ ɛ fɾɐ ˈseʃ ‖ sim | sɛm ˈduvidɐ | tɛ ʃ rɐzãw ‖ ɛw tãˈbɛ ˈvɔw pɾesiˈzaɾ dɨ fɐˈzeɾ ˈiʃu kɔm u itaˈljanu ˈkwãdu fɔɾ viziˈtaɾ u ˈlukɐʃ a ˈrɔmɐ‖

Aluno C (russo)

1. [ɔˈla ˈsilvjɐ ‖ u ke ˈkeʃtaʃ ɐ fɐˈzɛɾ ‖ ˈolʲɐ | eʃˈtɔw a apɾ ˈdeɾ ˈpɔwku dɨ fɾɐ ˈseʃ ‖ aj sim ‖ i ˈpurkɛ ke ˈkɛɾeʃ apɾ ˈdeɾ ˈɛsɐ ˈl gwɐ ‖ ɛ ˈʒuɲu ˈvɔw a ˈfɾãsɐ i ˈkomu ˈpɔwkuʃ fɾɐ ˈsezeʃ ˈfalɐm ˈglɛʃ kuɾɛtɐˈm tɨ ˈaʃu ke ɛ ˈboɐ idɛapɾ ˈdeɾ ˈumɐʃ pɐˈlavɾɐʃ ɛm fɾɐ seʃ ‖ sim | sɛm ˈduvidɐ | ˈtɛ ʃ rɐˈzao ‖ ew tɐ ˈbɛ ˈvɔw pɾesiˈzaɾ de fɐˈzeɾ ˈisu kom u itɐˈljanu ˈkwãdu foɾ viziˈtaɾ u ˈlukɐʃ ɐ ˈɾomɐ‖

2. [ɔˈla ˈsilvjɐ ‖ u kɛ keʃˈtaʃ ɐ fɐˈzeɾ ‖ ˈɔʎɐ ɨʃˈtɔw apɾ ˈdeɾ ˈpɔwku dɨ fɾãˈseʃ ‖ aj s ‖ i ˈpurkɛ kɨ ˈkɛɾɨʃ apɾ ˈdeɾ ˈɛsɐ ˈl gwɐ ‖ ɛ ˈʒuɲu ˈvɔw ɐ ˈfɾãsɐ i ˈkomu ˈpɔwkuʃ fɾɐ ˈsezɨʃ ˈfalɐm ˈgleʃ kuʀɛtɐˈm tɨ ˈaʃu kɛ ˈboɐ idɛapɾ ˈdeɾ ˈumɐʃ pɐˈlavɾɐʃ ɛ fɾɐ seʃ ‖ s sɛ ˈduvidɐ ˈtɛ ʃ ʀɐˈzao ‖ ew tɐ ˈbɛ vɔw pɾesiˈzaɾ dɨ fɐˈzeɾ ˈisu kom u itɐˈljanu ˈkwɐ du foɾ viziˈtaɾ u ˈlukɐʃ ɐ ˈɾomɐ‖

Aluno D (russo)

1. [ɔˈla ˈsilvjɐ ‖ u kjɛ ki eʃˈtaʃ ɐ fɐˈzɛɾ ‖ ˈolʲɐ eʃˈtɔw a apɾ ˈdɛɾ ˈpoku dɨ fɾãˈsɛʃ ‖ aj sim ‖ i ˈpurke ɛ ki ˈkɛɾeʃ apɾ ˈdɛɾ ˈɛsɐ ˈl gwɐ ‖ ɛm ˈʒuɲu ˈvɔw a ˈfɾãsɐ i ˈkomu ˈpokuʃ fɾɐ ˈsezeʃ ˈfalɐm ˈglɛʃ kuɾɛtɐˈmj tɨ ˈaʃu kɛ ˈboɐ idejapɾ ˈdɛɾ ˈumɐʃ pɐˈlavɾɐʃ ɛm fɾɐ sɛʃ ‖ sim sɛm ˈduvidɐ ˈtɛjʃ rɐˈzao ‖ ew tɐ ˈbɛj vo pɾesiˈzaɾ dɨ fɐˈzeɾ ˈisu kom u itɐˈljanu ˈkwãdu foɾ viziˈtaɾ u ˈlukɐʃ ɐ ˈromɐ‖

2. [ɔˈla ˈsilvjɐ ‖ u kɛ kɨʃˈtazɐ fɐˈzeɾ ‖ ˈolʲɐ ɨʃˈtɔw apɾ ˈdeɾ ˈpoku dɨ fɾãˈseʃ ‖ aj s ‖ i ˈpurkɛ kɨ ˈkɛɾɨzapɾ ˈdeɾ ˈɛsɐ ˈl gwɐ ‖ ɛ ˈʒuɲu ˈvɔw ɐ ˈfɾãsɐ i ˈkomu ˈpɔwkuʃ fɾɐ ˈsezɨʃ ˈfalɐ ˈgleʃ kuɾɛtɐˈm tɨ ˈaʃu kɛ ˈboɐ idɛapɾ ˈdeɾ ˈumɐʃ pɐˈlavɾɐʃ ɛ fɾɐ seʃ ‖ s sɛ ˈduvidɐ ˈtɛ ʃ rɐˈzãw ‖ ew tɐ ˈbɛ vɔw pɾɨsiˈzaɾ dɨ fɐˈzeɾ ˈisu k u itɐˈljanu ˈkwɐ du foɾ viziˈtaɾ u ˈlukɐʃ ɐ ˈʀomɐ‖]

71 5.2 Resultados da experiência

5.2.1 Análise de dados recolhidos nas duas gravações

A oposição [ɐ] : [a] ([ɐ x26+[ɐ]x26=52)

Pretende-se averiguar o número de ocorrências em que a vogal <a> foi pronunciada corretamente como semiaberta central: [ɐ ou incorretamente como aberta anterior: [a].

Resultados da 1ª gravação:

Falantes de polaco Falantes de russo

Realização Número Percentagem Realização Número Percentagem [ɐ (+ [a] resultante de crase)20 0 0% [ɐ (+ [a] resultante de crase) 42 80,77% [a] 52 100% [a] 10 19,23% Resultados da 2ª gravação:

Falantes de polaco Falantes de russo

Realização Número Percentagem Realização Número Percentagem [ɐ (+ [a] resultante de crase)21 36 69,23% [ɐ + ([a] resultante de crase) 48 92,30% [a] 16 30,77% [a] 4 7,70%

Perante estes resultados, podemos concluir que houve uma clara evolução, essencialmente por parte dos falantes de polaco. Na primeira gravação destes, registámos 0% de ocorrências da vogal <a> pronunciada como [ɐ e, consequentemente, 100% de ocorrências da vogal pronunciada como [a]. No entanto, na segunda gravação os resultados apontaram para clara evolução, com 69,33% de ocorrências corretas da vogal <a> como [ɐ]. A nível dos falantes de russo, os resultados das duas gravações não

20 Neste ponto pretendemos incluir também os fenómenos de crase ocorridos. Ambos os falantes de russo

realizaram crase nos seguintes casos: “ideia aprender” [idejapɾ ˈdɛɾ (aluno C) e [idɛapɾ ˈdeɾ (aluno D). Por este motivo, a nível das transcrições fonéticas dos falantes de russo optámos por considerar quatro ocorrências do fonema [ɐ , duas do aluno C e duas do aluno D, pois este fonema [a é fruto da crase entre dois fonemas [ɐ . Considerámos que esta seria a melhor solução para que o número total de ocorrências dos falantes de polaco coincidisse com o dos falantes de russo.

21 semelhança do que se observou na primeira gravação, registaram-se mais alguns fenómenos de crase:

[ɨʃˈtɔw apɾ ˈdeɾ e [idɛapɾ ˈdeɾ (Aluno C) e [ɨʃˈtɔw apɾ ˈdeɾ e [idɛapɾ ˈdeɾ (Aluno D). Além disso, também registámos um fenómeno de crase por parte do aluno A: [ɨʃ'tɔw apɾɛ 'dɛɾ] e do aluno B: [iˈdɛapɾ ˈdeɾ].

72

divergiram muito, tendo-se observado, no entanto, uma ligeira melhoria com um resultado final de 92,30% de ocorrências corretas da vogal <a> como [ɐ .

A oposição [o] : [ɔ] (/o/x3+/o/x3=6) [neste ponto não incluiremos a realização do

ditongo <ou>]

Pretende-se averiguar o número de ocorrências em que a vogal <o> foi pronunciada corretamente como semifechada recuada: [o] ou incorretamente como semiaberta recuada: [ɔ . Excluiremos os casos de realização do ditongo <ou>, pois analisá-lo-emos isoladamente num momento seguinte.

Resultados da 1ª gravação:

Falantes de polaco Falantes de russo

Realização Número Percentagem Realização Número Percentagem

[o] 0 0% [o] 6 100%

[ɔ] 6 100% [ɔ 0 0%

Resultados da 2ª gravação:

Falantes de polaco Falantes de russo

Realização Número Percentagem Realização Número Percentagem

[o] 1 16,67% [o] 6 100%

[ɔ] 5 83,33% [ɔ 0 0%

A nível dos resultados obtidos por parte dos falantes nativos de polaco, podemos concluir que não se observou uma evolução de uma gravação para a outra. Na primeira gravação, os alunos pronunciaram a vogal <o> sempre como [ɔ e, na segunda gravação, apenas se registou uma ocorrência da vogal pronunciada corretamente como [o]. A nível dos falantes de russo, os resultados das duas gravações foram iguais, tendo-se observado um resultado de 100% de ocorrências corretas da vogal <o> como [o].

Realização do ditongo <ou> ([o]x5+[o]x5=10)

Pretende-se averiguar o número de ocorrências em que o ditongo <ou> foi pronunciado segundo a norma-padrão como [o] ou segundo a variante nortenha [ɔw .

Resultados da 1ª gravação:

Falantes de polaco Falantes de russo

73

[o] 0 0% [o] 3 30%

[ɔw] 10 100% [ɔw 7 70%

Resultados da 2ª gravação:

Falantes de polaco Falantes de russo

Realização Número Percentagem Realização Número Percentagem

[o] 0 0% [o] 1 10%

[ɔw] 10 100% [ɔw] 9 90%

Em relação aos resultados obtidos por parte dos falantes nativos de polaco, podemos concluir que os resultados de ambas as gravações foram os mesmos, tendo-se observado um resultado de 100% de ocorrências do ditongo <ou> como [ɔw]. A nível dos falantes de russo, na primeira gravação registámos 30% de ocorrências do ditongo <ou> como [o] e na segunda apenas 10%.

A oposição [ɔ] : [o] ([ɔ x2+[ɔ x2=4)

Pretende-se averiguar o número de ocorrências em que a vogal <o> foi pronunciada corretamente como semiaberta recuada: [ɔ ou incorretamente como semifechada recuada: [o].

Resultados da 1ª gravação:

Falantes de polaco Falantes de russo

Realização Número Percentagem Realização Número Percentagem

[ɔ 4 100% [ɔ 2 50%

[o] 0 0% [o] 2 50%

Resultados da 2ª gravação:

Falantes de polaco Falantes de russo

Realização Número Percentagem Realização Número Percentagem

[ɔ 4 100% [ɔ 3 75%

[o] 0 0% [o] 1 25%

Em ambas as gravações, os falantes de polaco pronunciaram a vogal <o> corretamente como [ɔ . A nível dos resultados obtidos pelos falantes de russo, observou-se uma melhoria da primeira gravação

74

para a segunda, sendo que, na primeira, apenas registámos 50% de ocorrências do fonema [ɔ e na segunda 75%.

A oposição [e] : [ɛ] ([e]x10+[e]x10=20)

Pretende-se averiguar o número de ocorrências em que a vogal <e> foi pronunciada corretamente como semifechada anterior: [e] ou incorretamente como semiaberta anterior: [ɛ].

Resultados da 1ª gravação:

Falantes de polaco Falantes de russo

Realização Número Percentagem Realização Número Percentagem

[e] 0 0% [e] 11 55%

[ɛ] 20 100% [ɛ] 9 45%

Resultados da 2ª gravação:

Falantes de polaco Falantes de russo

Realização Número Percentagem Realização Número Percentagem

[e] 5 25% [e] 20 100%

[ɛ] 15 75% [ɛ] 0 0%

A nível dos falantes de polaco, na primeira gravação registámos 100% de ocorrências da vogal <e> como [ɛ], no entanto, na segunda gravação, observou-se uma ligeira melhoria, com 25% de ocorrências do fonema [e]. A nível dos falantes de russo, a evolução foi mais visível, comparando os 55% de ocorrências do fonema [e] da primeira gravação com os 100% da segunda gravação.

A oposição [ɛ] : [e] ([ɛ x6+[ɛ x6=12)

Pretende-se averiguar o número de ocorrências em que a vogal <e> foi pronunciada corretamente como semiaberta anterior: [ɛ] ou incorretamente como semifechada anterior: [e].

Resultados da 1ª gravação:

Falantes de polaco Falantes de russo

Realização Número Percentagem Realização Número Percentagem

75

[e] 0 0% [e] 1 8,33%

Resultados da 2ª gravação:

Falantes de polaco Falantes de russo

Realização Número Percentagem Realização Número Percentagem

[ɛ] 12 100% [ɛ] 12 100%

[e] 0 0% [e] 0 0%

Em relação aos resultados registados por parte dos falantes de polaco, podemos adiantar que estes foram iguais em ambas as gravações, tendo-se registado 100% de ocorrências da vogal <e> como [ɛ . No que diz respeito aos falantes de russo, os resultados foram semelhantes entre si, tendo havido, no entanto, uma ligeira melhoria de 91,67% na primeira gravação, para 100% na segunda.

A vogal oral [ɨ] ([ɨ x13+[ɨ x13=26)

Pretende-se averiguar o número de ocorrências em que a vogal <e> foi pronunciada corretamente como fechada central: [ɨ ou incorretamente como semifechada anterior: [e], semiaberta anterior [ɛ , não pronunciada, pronunciada como aproximante palatal [j] ou pronunciada como fechada anterior [i].

Resultados da 1ª gravação:

Falantes de polaco Falantes de russo

Realização Número Percentagem Realização Número Percentagem

[ɨ 12 46,16% [ɨ 5 19,23% [e] 1 3,84% [e] 14 53,84% [ɛ] 11 42,30% [ɛ] 0 0% Não pronunciado22 2 7,70% Não pronunciado 4 15,39% [j] 0 0% [j] 1 3,84% [i] 0 0% [i] 2 7,70% 22

Neste ponto pretendemos dar conta de um lapso ocorrido por parte do aluno A, que na primeira gravação leu o texto incorretamente, tendo dito “francês” em vez de “franceses”, pelo que contamos o fonema [ɨ da palavra [fɾɐ ˈsezɨʃ em falta. Além disso, contamos também os fenómenos de crase, pois, à semelhança dos falantes nativos, alguns alunos também suprimiram o fonema [ɨ pré-vocálico: por exemplo: “o que é que” [u kɛ kɨ (aluno C).

76 Resultados da 2ª gravação:

Falantes de polaco Falantes de russo

Realização Número Percentagem Realização Número Percentagem

[ɨ 17 65,39% [ɨ 16 61,52% [e] 4 15,38% [e] 2 7,69% [ɛ] 2 7,70% [ɛ] 0 0% Não pronunciado 3 11,53% Não pronunciado 8 30,79% [j] 0 0% [j] 0 0% [i] 0 0% [i] 0 0%

Em relação aos resultados obtidos pelos falantes de polaco, observou-se uma melhoria, sendo que na primeira gravação registámos 46,16% de ocorrências da vogal <e> como [ɨ e na segunda gravação registámos 65,39%. Nos resultados dos falantes de russo, a evolução foi mais acentuada, com 61,52% de ocorrências do fonema [ɨ da segunda gravação, face a 19,23% da primeira.

A consoante lateral dorsopalatal [ʎ]: ([ʎ x1+[ʎ x1=2)

Pretende-se averiguar o número de ocorrências em que o encontro consonantal <lh> foi pronunciado corretamente como lateral dorsopalatal: [ʎ] ou incorretamente como: [lʲ ou [lj].

Resultados da 1ª gravação:

Falantes de polaco Falantes de russo

Realização Número Percentagem Realização Número Percentagem

[ʎ] 0 0% [ʎ] 0 0%

[lʲ 0 0% [lʲ 2 100%

[lj] 2 100% [lj] 0 0%

Resultados da 2ª gravação:

Falantes de polaco Falantes de russo

Realização Número Percentagem Realização Número Percentagem

77

[lʲ 0 0% [lʲ 1 50%

[lj] 2 100% [lj] 0 0%

Comparando os resultados obtidos pelos falantes de polaco na primeira gravação com os resultados obtidos na segunda, podemos adiantar que não houve nenhuma alteração, pois em ambos os casos se registaram 100% das ocorrências do encontro consonantal <lh> como [lj]. Em relação aos resultados dos falantes de russo, observou-se uma ligeira evolução, sendo que na primeira gravação registámos 100% de ocorrências de <lh> como [lʲ] e na segunda gravação registámos 50% de ocorrências de <lh> como [ʎ .

A vogal nasal [ ] ([ x4+[ x4=8)

Pretende-se averiguar o número de ocorrências em que a vogal nasal foi pronunciada corretamente como: [ ] ou incorretamente como: [ɛ ].

Resultados da 1ª gravação:

Falantes de polaco Falantes de russo

Realização Número Percentagem Realização Número Percentagem

[ ] 0 0% [ ] 8 100%

] 8 100% [ɛ ] 0 0%

Resultados da 2ª gravação:

Falantes de polaco Falantes de russo

Realização Número Percentagem Realização Número Percentagem

[ ] 4 50% [ ] 8 100%

] 4 50% [ɛ ] 0 0%

A nível dos falantes de polaco, observou-se uma melhoria da primeira gravação para a segunda, pois, enquanto que na primeira realizaram a vogal nasal como [ɛ ] em todas as ocorrências, na segunda gravação, registámos 50% de realizaç es corretas, como [ . Em relação aos falantes de russo, em ambas as gravações registámos 100% de ocorrências corretas da vogal nasal.

A vogal nasal [ɐ ] ([ɐ ]x6+[ɐ ]x6=12)

Pretende-se averiguar o número de ocorrências em que a vogal nasal foi pronunciada corretamente como: [ɐ ] ou incorretamente como: [ã].

78 Resultados da 1ª gravação:

Falantes de polaco Falantes de russo

Realização Número Percentagem Realização Número Percentagem

] 0 0% [ɐ ] 7 58,33 %

[ã] 12 100% [ã] 5 41,67 %

Resultados da 2ª gravação:

Falantes de polaco Falantes de russo

Realização Número Percentagem Realização Número Percentagem

] 3 25% [ɐ ] 8 66,67%

[ã] 9 75% [ã] 4 33,33%

Em relação aos falantes de polaco, observou-se uma ligeira evolução na pronúncia da vogal nasal, pois na primeira gravação registámos 100% de ocorrências da vogal nasal como [ã], ao passo que na segunda, registámos 25% de ocorrências da vogal nasal como [ɐ ]. A nível dos falantes de russo, também se observou uma melhoria, contudo menos acentuada. Na primeira gravação, registámos 58,33 % de ocorrências da vogal nasal como [ɐ ] e na segunda, 66,67% de ocorrências do fonema [ɐ ].

A vogal nasal [õ] ([õ]x1+[õ]x1=2)

Pretende-se averiguar o número de ocorrências em que a vogal nasal foi pronunciada corretamente como: [õ] ou incorretamente como: [ɔ ], [om] ou [ɔm].

Resultados da 1ª gravação:

Falantes de polaco Falantes de russo

Realização Número Percentagem Realização Número Percentagem

[õ] 0 0% [õ] 0 0%

] 1 50% [ɔ ] 0 0%

[om] 0 0% [om] 2 100%

[ɔm] 1 50% [ɔm] 0 0%

Resultados da 2ª gravação:

79 Realização Número Percentagem Realização Número Percentagem

[õ] 0 0% [õ] 1 50%

] 1 50% [ɔ ] 0 0%

[om] 0 0% [om] 1 50%

[ɔm] 1 50% [ɔm] 0 0%

Em relação aos resultados obtidos pelos falantes de polaco, registámos 50% de ocorrências da vogal nasal como [ɔ ] e 50% como [ɔm]. Os resultados obtidos na segunda gravação foram exatamente os mesmos. A nível dos falantes de russo, na primeira gravação registámos 100% de ocorrências da vogal nasal como [om], ao passo que na segunda gravação, registámos 50% de ocorrências como [om] e 50% de ocorrências como [õ].

A vogal nasal [ ] ([ x4+[ x4=8)

Pretende-se averiguar o número de ocorrências em que a vogal nasal foi pronunciada