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Com o advento da Lei nº 10.861/2004, foi instituído o Sinaes, que, conforme art. 1º, tem por objetivo “assegurar processo nacional de avaliação das instituições de educação superior, dos cursos de graduação e do desempenho acadêmico de seus estudantes”, em consonância com o estabelecido no art. 9º da LDBEN18. O sistema tem por finalidade, de

18 Art. 9º A União incumbir-se-á de: [...]

VI - assegurar processo nacional de avaliação do rendimento escolar no ensino fundamental, médio e superior, em colaboração com os sistemas de ensino, objetivando a definição de prioridades e a melhoria da qualidade do ensino; [...] VIII - assegurar processo nacional de avaliação das instituições de educação superior, com a cooperação dos sistemas que tiverem responsabilidade sobre este nível de ensino;

IX - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de ensino.

§ 1º Na estrutura educacional, haverá um Conselho Nacional de Educação, com funções normativas e de supervisão e atividade permanente, criado por lei.

§ 2° Para o cumprimento do disposto nos incisos V a IX, a União terá acesso a todos os dados e informações necessários de todos os estabelecimentos e órgãos educacionais.

acordo com § 1º do mesmo artigo, a melhoria da qualidade da educação superior, a orientação da expansão da sua oferta, o aumento permanente da sua eficácia institucional e efetividade acadêmica e social.

A perspectiva de avaliação do sistema é formativa, regulatória e emancipatória. Propõe-se que a avaliação não se encerre em si mesma, mas que seja parte de um conjunto de políticas públicas, devendo ser focada não apenas nos resultados, mas também nos processos. A discussão desse modelo buscou articular a concepção do Paiub e do ENC e teve como eixo central as ideias de integração e participação. Assim, o Sinaes se propõe a garantir a integração das dimensões interna e externa, somativa e formativa, particular e global, qualitativa e quantitativa (GOUVEIA et al., 2005).

O Sinaes apresenta como princípios norteadores: a responsabilidade social das instituições educativas; o reconhecimento da diversidade do sistema; o respeito à identidade, à missão e à história da instituição; a globalidade da instituição e o uso articulado de um conjunto de indicadores; a continuidade do processo avaliativo como instrumento de política educacional para cada instituição e o sistema de educação superior em seu conjunto (BRASIL, 2004b).

Como proposta de avaliação global e integrada das dimensões, atividades e responsabilidades das IES e de seus cursos, o Sinaes propõe a articulação dos resultados dos processos avaliativos que o compõem: da Avaliação dos Cursos de Graduação (ACG), da Avaliação das Instituições de Ensino Superior (Avalies) e da Avaliação do Desempenho dos Estudantes (Enade), conforme Figura 9.

Em consonância com o disposto na Lei, este sistema pretende promover uma avaliação integrada das modalidades propostas, obedecendo ao que estabeleceu no art. 2º, que o Sinaes, ao promover as três modalidades de avaliação, deverá assegurar:

I - avaliação institucional, interna e externa, contemplando a análise global e integrada das dimensões, estruturas, relações, compromisso social, atividades, finalidades e responsabilidades sociais das instituições de educação superior e de seus cursos;

II - o caráter público de todos os procedimentos, dados e resultados dos processos avaliativos;

III - o respeito à identidade e à diversidade de instituições e de cursos;

§ 3º As atribuições constantes do inciso IX poderão ser delegadas aos Estados e ao Distrito Federal, desde que mantenham instituições de educação superior. (BRASIL, 1996)

IV - a participação do corpo discente, docente e técnico-administrativo das instituições de educação superior, e da sociedade civil, por meio de suas representações. (BRASIL, 2004a).

Figura 9 – Modalidades do Sinaes

Fonte: Elaborado pela autora

Na modalidade Avalies, são avaliadas as dez dimensões estabelecidas na Lei n.º 10.861/04, que garantem, simultaneamente, a unidade do processo avaliativo em âmbito nacional e a especificidade de cada instituição, a saber:

I. A missão e o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI);

II. A política para o ensino, a pesquisa, a pós-graduação, a extensão e as respectivas formas de operacionalização;

III. A responsabilidade social da instituição; IV. A comunicação com a sociedade;

V. As políticas de pessoal, as carreiras do corpo docente e do corpo técnico- administrativo;

VI. Organização e gestão da instituição; VII. Infra-estrutura física;

VIII. Planejamento e avaliação;

IX. Políticas de atendimento aos estudantes;

X. Sustentabilidade financeira (BRASIL, 2004a; BRASIL, 2004b).

SINAES

AVALIES Avaliação das Instituições

de Ensino Superior

Autoavaliação Institucional

Avaliação Externa

ACG

Avaliação dos Cursos de Graduação

ENADE Avaliação do Desempenho dos

Idealizada para ser um processo contínuo, a modalidade Avalies busca fornecer uma visão global, a partir de dois olhares: autoavaliação institucional ou avaliação interna. A análise documental auxilia a Avalies, marcadamente a avaliação externa, que utiliza os dados institucionais para elaborar o relatório. No rol de documentos, destacam-se: o Relatório de Autoavaliação, Censo e Cadastro da Educação Superior, PDI, PPI e Projetos de Cursos. Recentemente, passou a integrar o rol de documentos o Relato Institucional (RI), uma nova exigência às instituições, em função do novo instrumento de avaliação institucional externa. O RI tem por objetivo “evidenciar como os processos de gestão institucional se desenvolvem a partir das avaliações externas e das avaliações internas” (BRASIL, 2014b).

A avaliação interna ou autoavaliação fundamentará a avaliação externa e tem como principais objetivos: produzir conhecimentos sobre a instituição; questionar os sentidos e o cumprimento das suas atividades e finalidades acerca da relevância científica e social de suas atividades e produtos; identificar fragilidades e potencialidades nas dez dimensões previstas em lei; tornar mais efetiva a vinculação da instituição à comunidade; prestar contas à sociedade. A importância dessa modalidade, para além de prestar contas aos órgãos reguladores, reside em cumprir os objetivos em prol da qualidade do ensino e da IES, subsidiando a gestão, para que esta se aproprie da produção do conhecimento fornecido nesse processo avaliativo, em conjunto com os demais, para implementar ações de melhoria.

Esta etapa, conduzida pela CPA, pode-se dizer que atua no espaço “micro”, isto é, dentro da própria IES. Consoante com as diretrizes dispostas no art. 11 da Lei nº 10.861/2004, esta comissão é constituída por ato do dirigente máximo da IES ou segundo estatuto ou regimento próprio. Para a sua composição fica assegurada a participação de todos os segmentos da comunidade institucional e da sociedade civil organizada, sendo proibida a representação majoritária de qualquer um dos segmentos. A referida comissão tem atuação autônoma em relação a conselhos e demais órgãos colegiados existentes na IES, conforme estabelecido na Portaria nº 2.051/2004 expedida pelo Ministro da Educação (BRASIL, 2004a; BRASIL, 2007a).

Por sua vez, a avaliação externa é a outra dimensão essencial da avaliação institucional, já que contribui para o autoconhecimento e aperfeiçoamento das atividades desenvolvidas pela IES, assim como traz subsídios importantes para a regulação19 e a formulação de políticas

educacionais. Nesta etapa a instituição recebe a visita in loco de uma comissão de especialistas externos designada pelo MEC, que emite um relatório de avaliação externa, designando um conceito de 1 a 5, conforme instrumento de avaliação, que também apresenta o grupo de indicadores por dimensão. Neste instrumento cada uma das dimensões recebe um peso específico e apresenta indicadores de referência do que será avaliado. Com a edição da Portaria nº 92/2014, foram aprovados novos indicadores de Avaliação Institucional Externa para os atos de credenciamento, recredenciamento e transformação da organização acadêmica, modalidade presencial. Os indicadores são organizados em cinco eixos que contêm as dez dimensões: Eixo 1 – Planejamento e Avaliação Institucional; Eixo 2 – Desenvolvimento Institucional; Eixo 3 – Políticas Acadêmicas; Eixo 4 – Políticas de Gestão; Eixo 5 – Infraestrutura Física.

Da forma como foi proposto no Sinaes, tomam-se as IES como foco principal dos processos avaliativos, isto é, define-se a avaliação institucional como instrumento central e organizador da coerência de conjunto, observando os seguintes aspectos: o conjunto das dimensões; os sujeitos da avaliação; os processos avaliativos (BRASIL, 2007a).

A modalidade ACG objetiva identificar as condições de ensino, por meio da avaliação de três dimensões: o perfil do corpo docente, a organização didático-pedagógica e as instalações físicas oferecidas aos alunos. Trata-se de uma avaliação periódica subsidiada por meio de procedimentos específicos, com destaque para a visita in loco de comissões externas, formadas por especialistas correspondentes às diversas áreas de conhecimento. A avaliação resulta em uma atribuição de conceitos ao conjunto e a cada uma destas dimensões avaliadas, para subsidiar os atos de autorização, reconhecimento e renovação de reconhecimento de cursos de graduação.

O Enade permite avaliar todos os cursos, configurando-se como componente curricular obrigatório dos cursos de graduação, com periodicidade máxima de aplicação trienal. Destina- se aos estudantes habilitados do primeiro ano (ingressantes) e do último ano (concluintes) das áreas e cursos a serem avaliados no respectivo exercício, com a finalidade de informar sobre o nível de conhecimento alcançado pelos alunos no Ensino Superior. Sua aplicação é acompanhada de instrumento destinado a levantar o perfil dos estudantes, relevante para a

I - dez anos, como referencial básico para recredenciamento de universidades; e

II - cinco anos, como referencial básico para recredenciamento de centros universitários e faculdades e renovação de reconhecimento de cursos.

compreensão das informações produzidas. Seus resultados pretendem produzir dados por IES, constituindo referenciais que permitam a definição de ações voltadas para a melhoria da qualidade dos cursos de graduação, por parte de professores, técnicos, dirigentes e autoridades educacionais, bem como constituem-se insumos fundamentais para o cálculo de indicadores de qualidade da educação superior,

A coordenação e supervisão do Sinaes serão atribuições do órgão colegiado, denominado Conaes, enquanto o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) responde pelo apoio técnico e pela operacionalização da avaliação. Na sua composição, na forma da Lei, a Conaes tem representatividade: dos órgãos governamentais, com três representantes do MEC, um do Inep, um da Capes; da comunidade acadêmica, com três representantes das IES – corpo docente, discente e técnico- administrativo; da sociedade civil organizada, com representação de cinco membros com notório saber científico, filosófico e artístico e reconhecida competência em avaliação ou gestão da educação superior (BRASIL, 2004).

Em 2006, com a função de assessorar o Inep no zelo pelo cumprimento das diretrizes do Sinaes, podendo julgar os relatórios das comissões, em caso de recurso, e selecionar e excluir avaliadores foi criada a Comissão Técnica de Acompanhamento da Avaliação (CTAA), instituída pela Portaria Ministerial n.º 1.027/ 2006 (RISTOFF; GIOLO, 2006).