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Desempenho produtivo de ovelhas Morada Nova e Santa Inês

Resumo - O objetivo do trabalho foi verificar como a suplementação pré e pós-parto interfere no desempenho produtivo de ovelhas deslanadas. Foram utilizadas 20 ovelhas Santa Inês (SI) e 20 Morada Nova (MN), todas prenhes de reprodutores Dorper. Os cordeiros resultantes permaneceram com as ovelhas por 75 dias (período de lactação). Durante a metade final da gestação e o período lactação as ovelhas foram manejadas em piquetes de Andropogon gayanus e suplementadas ao nível de 0,5 ou 1,5% PV ao dia com concentrado de farelo de milho, farelo de soja, suplemento vitamínico e mineral. Para tal agrupou-se dez animais de cada raça para cada nível de suplementação. Foram analisados quanto ao nível de suplementação, raça, tipo de parto e efeito das interações, o desempenho ponderal das ovelhas semanalmente, a eficiência de produção de cordeiro (EC), produtividade ao nascimento e ao desmame, eficiência de desmame e taxa de mortalidade ao nascimento e ao desmame. Verificou-se que o nível de suplementação interferiu (p<0,05) no peso e na condição corporal das ovelhas MN e SI durante a gestação. Para ovelhas SI interferiu também durante a lactação, mas os níveis de suplementação não apresentaram efeitos diferentes no desempenho e eficiência de produção (p>0,05). Partos múltiplos resultaram em maiores (p<0,05) peso e ECC das ovelhas SI durante a gestação, peso dos cordeiros ao nascimento e ao desmame e maior eficiência de produção de cordeiros ao nascimento. Ovelhas SI apresentaram maior (p<0,05) peso ao parto e maior peso dos cordeiros ao nascimento e ao desmame, no entanto, ovelhas MN obtiveram maior (p<0,05) eficiência de produção de cordeiros. Concluiu-se que a suplementação ao nível de 0,5%PV no pré e pós-parto garante satisfatório desempenho reprodutivo no cruzamento de ovelhas MN e SI com reprodutor Dorper, com o cruzamento de MN x Dorper resultando em melhor eficiência de produção de cordeiros.

Palavras chave: gestação, desmame, lactação, ovelhas deslanadas, tipo de parto

3.1 Introdução

A ovinocultura é uma importante atividade econômica do país, visando principalmente o abate para consumo, já que se trata de excelente fonte de proteína animal para a alimentação humana (QUESADA; MCMANUS; COUTO, 2002).

Dentre as raças de ovinos deslanados, Santa Inês e Morada Nova são as raças de maior expressão, sendo consideradas naturalizadas do nordeste brasileiras devido à capacidade de adaptação à região (SOUZA JUNIOR et al., 2000). A raça Santa Inês é apontada como uma alternativa promissora em cruzamentos para a produção de cordeiros para abate (MADRUGA; 2005). Já ovinos Morada Nova possuem uma melhor adaptabilidade ao estresse climático quando comparados com os ovinos Santa Inês, apresentando, portanto, melhor desempenho produtivo para regiões de clima quente (ARRUDA; FIGUEIREDO; PANT, 1984).

O aumento da produtividade dessas raças ainda pouco estudadas poderá ser obtido no curto ou médio prazo, com a melhoria do manejo, nutrição e controle sanitário, ou, em longo prazo, com a melhoria do potencial genético do rebanho (SILVA et al, 1995). O potencial genético para produção de carne é alcançado com o cruzamento de raças especializadas, como Dorper ou Poll Dorset, com ovelhas nativas deslanadas. No entanto, o desempenho produtivo de ovelhas Morada Nova e Santa Inês foi avaliado apenas individualmente em diferentes ambientes ecológicos e períodos de tempo (Morada Nova= FERNANDES, 1992; FACÓ et al., 2008 e Santa Inês = SILVA e ARAUJO, 2000; MEXIA et al, 2004), sendo poucos os trabalhos que comparam desempenho e eficiência produtiva destas duas raças quando cruzadas com Dorper (CARNEIRO et al., 2007).

A atenção à nutrição é primordial, principalmente, durante os 40 ou 50 dias finais da gestação, quando ocorre cerca de 70% do crescimento do feto, e no início de lactação. O aumento das exigências nutricionais nestas fases pode ser atendido ao suplementar os animais com concentrado (SUSIN, 1996). Desta forma, há

minimização do desgaste dos animais prenhes, o que permite o nascimento de crias mais pesadas e com maiores possibilidades de sobrevivência, em decorrência do melhor aleitamento (MOURA FILHO et al., 2005). Assim, nutrição pré e pós-

concepção têm papel importante na determinação da eficiência reprodutiva em ovelhas e tem foco sob três aspectos principais: fertilidade, prolificidade e sobrevivência embrionária (VIÑOLES, 2010).

O peso ao nascimento indica o vigor e o desenvolvimento intrauterino do cordeiro, sendo também a primeira informação importante para acompanhar o seu desenvolvimento (LOBO et al., 1992). O peso ao nascer do cordeiro depende do sexo, tipo de parto e peso da ovelha à cobertura e ao parto e durante o período de amamentação, depende da produção de leite da matriz, e após a desmama, do potencial genético e manejo nutricional, relacionando-se com a raça, tipo de parto e idade da matriz ao parto ou ordem de parto (SANTANA, 1996).

O peso ao nascer merece maior atenção em relação aos parâmetros reprodutivos, pois cordeiros nascidos pequenos e débeis, normalmente, têm menores possibilidades de sobrevivência devido à dificuldade de procurar alimento (MEXIA et al.,2004). A sobrevivência dos cordeiros também está associada à alimentação adequada da matriz durante o período pré-parto até o desmame aliado à habilidade materna (PINHEIRO, 2004). Portanto, a eficiência da produção, conforme Siqueira (1990) e Pilar, Pérez e Santos (2002), depende do desempenho reprodutivo das matrizes, da velocidade de crescimento dos cordeiros e do nível nutricional para ambos. Desta forma, o objetivo do trabalho foi avaliar a eficiência produtiva de ovelhas Morada Nova e Santa Inês suplementadas com diferentes níveis de concentrado (0,5 e 1,5% do peso vivo) durante a metade final da gestação e lactação.

3.2 Material e métodos

3.2.1 Localização e período experimental

O estudo foi realizado no Módulo Didático Produtivo de Pequenos Ruminantes do Colégio Agrícola de Bom Jesus-PI. O Estado do Piauí está situado entre a Pré-Amazônia Úmida e o Nordeste semiárido, constituindo-se em uma zona de transição climática, com características desses dois domínios geoambientais. O

município de Bom Jesus está localizado nas coordenadas geográficas de 09o04’ de latitude sul e 44o21’ de longitude oeste de Greenwich e dista cerca de 632 km da capital do estado,Teresina-PI. As condições climáticas do município de Bom Jesus (altitude da sede a 277 m acima do nível do mar) apresentam temperaturas mínimas de 18oC e máximas de 36oC, com clima quente e semiúmido. A precipitação pluviométrica média anual (com registro, na sede, de 900 mm) é definida no Regime Equatorial Continental, com precipitações em torno de 800 a 1200 mm e período chuvoso estendendo-se de novembro a maio. O trimestre mais úmido corresponde aos meses de dezembro, janeiro e fevereiro (IBGE-CEPRO, 1998; Levantamento Exploratório - Reconhecimento de solos do Estado do Piauí, 1986). O clima da região é classificado como sub-úmido seco (ANDRADE JÚNIOR, 2005). O período experimental do estudo foi de janeiro a junho de 2012, quando foram encontradas temperatura máxima de 38ºC e mínima de 30ºC, umidade relativa média de 40% e precipitação pluviométrica do período de 307mm, sendo os meses de maio e junho os mais quentes e menos úmido.

3.2.2 Animais e manejo

Todos os animais utilizados no experimento pertenciam ao setor de pequenos ruminantes do colégio agrícola de Bom Jesus-PI, ressaltando que a utilização destes animais para o experimento foi aprovada pelo comitê de ética em experimentação com animais da Universidade federal do Piauí sob o protocolo (CEEA/UFPI) sob o número 091/2010.

Foram utilizadas 40 ovelhas, sendo 20 da raça Santa Inês (SI) e 24 Morada Nova (MN), entre 3 e 6 anos de idade, pluríparas, prenhes de dois reprodutores Dorper, sadias, vermifugadas com revezamento de dois princípios ativos (Disofenol 20%- Ibasa® e Albendazol 10% - Labovet®) de acordo com o controle coproparasitológico realizado quinzenalmente e vacinadas contra enterotoxemia.

Durante a fase experimental as ovelhas permaneceram em dois piquetes de 1,5 hectares com pastagem de Andropogon gayanus, em sistema de rotação alternada. Ao final da tarde as ovelhas eram recolhidas em baia coletiva com piso de cimento, cobertura de telha e cercado com tela, contendo comedouros e bebedouros coletivos onde ficavam até a manhã do dia seguinte.

Após o parto de todas as ovelhas foram verificados 52 cordeiros nascidos, os quais permaneceram com as ovelhas por 75 dias (período de lactação). A partir do décimo dia de vida, os cordeiros foram levados ao pasto junto com as mães, onde havia disponibilidade de concentrado em um comedouro exclusivo para os cordeiros (sistema “creep-feeding”). Desta forma, além do leite materno, os cordeiros se alimentavam de pastagem de Andropogon gayanuse ração à vontade. Cordeiros que foram rejeitados pela mãe ou que a ovelha não produzia leite suficiente eram suplementados com leite de vaca ao menos duas vezes por dia. Para todos os cordeiros ao nascerem foram tomados os devidos cuidados com o umbigo e identificado o sexo, aos 15 dias de idade foram vermifugados com Albendazol 10% Labovet®.

3.2.3 Suplementação alimentar das matrizes

Durante a metade final da gestação (75 dias antes do parto) e lactação (até 75 dias pós-parto) as ovelhas tiveram acesso à pastagem de capim Andropogon

gayanus, além de suplementação concentrada à base de 75% de farelo de milho,

20% de farelo de soja e 5% de suplemento vitamínico e mineral, contendo 3,14 Mcal/Kg de energia metabolizável e 176g de proteína bruta/Kg. Para fornecimento da suplementação concentrada, teve-se como base o preconizado pelo NRC (2007) para animais em reprodução. As ovelhas gestantes foram divididas em 2 (dois) tratamentos sendo que dez animais de cada raça receberam 0,5% do peso vivo (PV) do suplemento por dia e dez animais de cada raça receberam 1,5% PV de suplementação por dia. O arraçoamento das ovelhas foi feito diariamente de acordo com o peso vivo de cada uma e com o tratamento a qual pertenciam. O suplemento foi fornecido em baldes individuais no final da tarde quando as ovelhas eram trazidas dos piquetes. Após suplementação em baias individuais as ovelhas eram colocadas na baia coletiva onde passavam a noite. Caso houvesse sobras da suplementação, estas eram anotadas e guardadas individualmente para serem fornecidas ao animal na manhã do dia seguinte, antes de ir para o pasto.

3.2.4 Pesagens das matrizes e dos cordeiros

Durante todo período experimental foram mensurados semanalmente o peso e o escore da condição corporal (ECC) das ovelhas MN e SI. O escore da condição corporal foi determinado segundo metodologia descrita de Thompson; Meyer(1994), atribuindo-se valores de 1 a 5, em que 1 corresponde a animais muito magros e 5 a animais obesos.

Os cordeiros foram pesados semanalmente para controle do desenvolvimento, sendo utilizado para as análises estatísticas o peso ao nascimento (até duas horas após o nascimento) e o peso ao desmame com 75 dias.

3.2.5 Delineamento experimental e análise estatística

Foi utilizado um delineamento inteiramente casualizado (DIC) em esquema fatorial 2x2, onde foram comparados duas raças (MN x SI) e dois níveis de suplementação (0,5 e 1,5%PV). Foi realizada análise de variância pelo procedimento GLM do programa estatístico SAS (versão 9.0) para as seguintes variáveis:

1) Desempenho ponderal das ovelhas durante a metade final da gestação e lactação, com comparação de média entre peso e escore da condição corporal das ovelhas, verificando os efeitos da classe de escore corporal (C1= 1,0- 2,0; C2= 2,5 – 3,0; C3= 3,5 - 5,0), raça, nível de suplementação, semana de suplementação e tipo de parto, segundo o modelo estatístico:

Yijswkm = + ci + rj + ts + sw + pk + eijswkm, onde :

Y= Peso, ganho de peso semanal (GPS) e escore da condição corporal (ECC);

= média geral do peso, GPS e ECC ;

ci = classe de escore corporal (i= C1= 1,0-2,0; C2= 2,5 – 3,0; C3= 3,5 – 5,0);

rj = efeito da raça (j= SI e MN);

ts= nível de suplementação (s= 0,5 ou 1,5% do peso vivo);

sw= semana de suplementação (w= 11 semanas antes do parto e 10 semanas

de lactação);

pk= tipo de parto (k= parto simples ou múltiplo);

2) Peso dos cordeiros ao nascimento e ao desmame, verificando os efeitos da raça, nível de suplementação materna, tipo de parto e sexo do cordeiro, segundo o modelo estatístico:

Yijswkhm = + rj + ts + pk + eijskhm, onde :

Y= Peso ao nascimento e aos desmame; = média geral do peso;

rj = efeito da raça materna (j= SI e MN);

ts= nível de suplementação materna (s= 0,5 ou 1,5% do peso vivo); pk= tipo de parto (k= parto simples ou múltiplo);

gh= sexo do cordeiro (h= fêmea ou macho); eijskhm = erro associado a cada observação.

3) Eficiência produtiva, onde foram analisadas:

- Produtividade ao nascimento: peso total de cordeiros nascidos / nº de fêmeas paridas;

- Eficiência de produção de cordeiro ao nascimento: peso vivo do cordeiro nascido/peso vivo da mãe pós-parto x 100= porcentagem do peso vivo da ovelha produzido em peso vivo de cordeiro;

- Eficiência de produção de cordeiro ao desmame: peso vivo do cordeiro desmamado/peso vivo da mãe ao parto (ou ao desmame) x 100.

Para os índices de eficiência produtiva foi utilizado o seguinte modelo: Yjsikm = + rj + ts + sw + pk + eijswkhm,

onde :

Y= índices de eficiência produtiva;

= média geral do dos índices de eficiência produtiva; rj = efeito da raça materna (j= SI e MN);

ts= nível de suplementação (s= 0,5 ou 1,5% do peso vivo); ci = classe de ECC (i= C1= 1,0-2,0; C2= 2,5 – 3,0; C3= 3,5 – 5,0)

pk= tipo de parto (k= parto simples ou múltiplo); ejsikm = erro associado a cada observação.

A partir das análises de variância verificou-se os efeitos dependentes e independentes. As médias dos efeitos significativos foram comparadas pelo teste de Tukey (p<0,05).

Foram ainda comparadas entre os grupos genéticos, nível de suplementação e tipo de parto, pelo teste exato de Fisher (p<0,05), as seguintes taxas de desempenho reprodutivo:

- Taxa de mortalidade ao nascimento: nº de cordeiros natimortos ou mortos até 72 h/nº de cordeiros nascidos;

- Taxa de mortalidade ao desmame: nº de cordeiros mortos até o desmame /nº de cordeiros nascidos;

3.3 Resultados

O peso das ovelhas durante a gestação foi influenciado significativamente pela raça, nível de suplementação, semana de suplementação, classe de escore da condição corporal (Tabela 1), sem efeito da interação raça e nível de suplementação (F=0,07, p=0,78) e interação raça e semana de suplementação (F=0,40, p=0,95).

A suplementação durante a lactação também exerceu efeito significativo no peso das ovelhas, assim como a raça e ECC (Tabela 1).

A variação do peso durante as semanas de suplementação de acordo com a raça e suplementação está apresentada na Figura 1. Durante todo o experimento, o peso das ovelhas SI foi maior (p<0,01) do que o peso das ovelhas MN, com peso médio durante a gestação de 59,02 kg e 35,54 kg, e durante a lactação, de 44,8 Kg e 37,26 kg, para ovelhas SI e MN, respectivamente.

Tabela 1. Peso médio (kg) e erro padrão da média das ovelhas durante o final da gestação e lactação de acordo com os efeitos de suplementação, classe de escore da condição corporal (ECC) e semana de suplementação.

EFEITOS PESO Gestação Lactação Raça Morada Nova 33,77 ± 0,35b 28,21 ± 0,33b Santa Inês 57,76 ± 0,67a 48,98 ± 0,66a F 992,9** 752,89** Suplementação 0,5%PV 44,13 ± 0,95b 37,51 ± 0,81b 1,5%PV 51,32 ± 0,99ª 44,80 ± 1,07ª F 33,11** 9,91* Classe de ECC 1,0 - 2,0 43,70 ± 4,46b 37,73 ± 0,91b 2,5 – 3,5 51,01 ± 0,85ª 41,64 ± 0,91b 3,5 – 5,0 53,11 ± 2,36ª 51,79 ± 1,57ª F 11,56** 11,80** Semanas de suplementação 1ª 43,40 ± 2,16b 40,39 ± 2,08ª 2ª 44,62 ± 2,16ab 39,06 ± 2,09ª 3ª 45,77 ± 2,26ab 39,04 ± 2,08ª 4ª 46,84 ±2,3ab 40,18 ± 2,10ª 5ª 48,05 ± 2,32ab 40,38 ± 2,23ª 6ª 48,78 ± 2,44ab 40,69 ± 2,25ª 7ª 49,47 ± 2,44ab 42,41 ± 2,10ª 8ª 49,87 ± 2,45ab 42,39 ± 2,11ª 9ª 50,42 ± 2,43ª 42,02 ± 2,13ª 10ª 49,88 ± 2,56ª 41,06 ± 2,16ª 11ª 48,81 ± 2,71ª - F 3,49* 0,75 CV 14,13 16,32 *p<0,05, **p<0,01, CV= coeficiente de variação. a

0 10 20 30 40 50 60 70 -11 -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 P e so ( k g ) Semanas SI 1,5%PV SI 0,5%PV MN 1,5%PV MN 0,5%PV

Figura 1. Desenvolvimento ponderal das ovelhas Santa Inês (SI) e Morada Nova (MN) suplementadas com concentrado ao nível de 0,5% e 1,5% do peso vivo durante o pré e pós-parto. *diferença do ganho de peso entre as duas raças; diferença entre os níveis de suplementação (teste de Tukey, p<0,05).

Observou-se diferença significativa com relação ao peso das ovelhas no decorrer das semanas de suplementação durante o final da gestação (Tabela 1 e Figura 1). Durante a gestação, o maior peso médio encontrado foi durante a antepenúltima e penúltima semana de gestação (49,87 kg e 50,42 kg), com diferença estatística (p<0,05) da primeira semana de gestação que foi fornecido suplementação (40,43 kg). Uma pequena queda de peso das ovelhas foi verificada durante as duas últimas semanas de gestação, mas sem resultar em diferença estatística do peso médio das ovelhas na antepenúltima semana de gestação (p>0,05).

Durante lactação foi observado efeito da interação raça e nível de suplementação (F=6,22, P= 0,01) sobre o peso das ovelhas (Tabela 2), mas não foi observado efeito da interação raça e semana de suplementação (F=0,07, p=0,78). Sendo assim, verificou-se que o peso das ovelhas MN durante a lactação não foi diferente (p<0,05) entre os níveis de suplementação (Figura 1). Por outro lado, para as ovelhas SI, o peso das que receberam 1,5% PV de concentrado durante a lactação foi significativamente maior do que o peso daquelas suplementadas com 0,5% PV (Figura 1; Tabela 2).

Gestação Parto Lactação

*

*

*

Tabela 2. Interações dos efeitos raça e suplementação sobre o peso médio (kg) das ovelhas Morada Nova e Santa Inês durante o final da gestação e lactação

Suplementação GESTAÇÃO LACTAÇÃO Morada Nova (média ± epm) Santa Inês (média ± epm) Morada Nova (média ± epm) Santa Inês (média ± epm) 0,5%PV 32,11 ± 0,62ªB 55,09 ± 0,95ªA 27,15 ± 2,78ªB 45,28 ±5,49bA 1,5%PV 34,91 ± 0,30ªB 59,29 ± 0,76ªA 29,75 ± 4,08ªA 52,70 ± 6,80ªA aA

Médias seguidas de letras distintas minúsculas na coluna e maiúscula na linha, diferem estatisticamente (teste de Tukey, p<0,05%).

A raça, o nível de suplementação e o tipo de parto tiveram efeito significativo sobre o peso e ECC das ovelhas ao parto e ao desmame (Tabela 3), sendo que para o peso ao parto houve ainda um efeito da interação raça e tipo de parto (F= 4,68, p=0,04, Tabela 4).

Na Tabela 3 observa-se que tanto o peso ao parto quanto o peso ao desmame foram maiores (p<0,05) para as ovelhas SI do que para as ovelhas MN. No entanto, o ECC não variou entre as raças nestes momentos (p>0,05). O peso e o ECC no momento do parto e no momento do desmame das ovelhas suplementadas com 1,5%PV foram maiores (p<0,05) do que o peso das ovelhas suplementadas com 0,5%PV.

Com relação ao tipo de parto, ovelhas que tiveram parto múltiplo apresentaram maior peso no momento do parto do que ovelhas que tiveram parto simples (52,67 ± 4,86 vs 46,56 ± 2,94; p<0,05). No entanto, o ECC das ovelhas no momento do parto foi maior para ovelhas que tiveram parto simples do que para ovelhas que tiveram parto múltiplo (2,86 ± 0,10 vs 2,52 ± 0,13; p<0,05) (Tabela 3).

Tabela 3. Média e erro padrão da média do peso vivo (kg) e escore da condição corporal (ECC) das ovelhas no parto e no desmame em função dos efeitos da raça, nível de suplementação e tipo de parto.

EFEITOS PARTO DESMAME

PESO ECC PESO ECC

Raça Morada Nova 33,98 ± 0,76 b 2,66 ± 0,11ª 28,92 ± 1,05b 2,22 ± 0,12a Santa Inês 60,32 ± 1,69 a 2,80 ± 0,11ª 46,75 ± 1,78ª 2,50 ± 0,16a F 103,96** 0,75 41,99** 1,45 Suplementação 0,5%PV 45,15 ± 3,90b 2,50 ± 0,11b 37,71 ± 2,57b 2,14 ± 0,14b 1,5%PV 53,65 ± 3,24ª 3,03 ± 0,10ª 44,13 ± 3,29ª 2,70 ± 0,15ª F 4,21* 11,75** 4,55* 6,46** Tipo de Parto Simples 46,56 ± 2,94b 2,86 ± 0,10ª 41,97 ± 2,47a 2,40 ± 0,17a Múltiplo 52,67 ± 4,86ª 2,52 ± 0,13b 38,82 ± 2,86a 2,41 ± 0,16a F 2,72* 4,50* 0,05 0,01 CV 15,28 16,46 16,52 23,25 *

p<0,05 , ** p<0,01, CV= coeficiente de variação. aMédias seguidas de letras distintas na coluna diferem para o mesmo efeito (teste de Tukey; p<0,05).

Ao analisar a interação entre raça e tipo de parto (Tabela 4), não houve diferença do peso ao parto entre as ovelhas MN que tiveram partos múltiplos ou simples (p>0,05). No entanto, o peso ao parto das ovelhas SI que tiveram parto múltiplo foi maior do que o peso ao parto das ovelhas com parto simples (65,23 ± 2,77 vs 55,97± 2,78; p<0,05.

Tabela 4. Interação dos efeitos da raça e tipo de parto no peso vivo médio (kg) das ovelhas no momento do parto.

TIPO DE PARTO (média ± EPM)

RAÇA

Morada Nova Santa Inês

Simples 35,72 ± 1,47ªB 55,97 ± 2,78bA

Múltiplo 36,26 ± 1,85ªB 65,23 ± 2,77ªA

aA

Médias seguidas de distintas letras minúsculas na coluna e maiúscula na linha, diferem estatisticamente (teste de Tukey, p<0,05%).

A análise de variância para peso ao nascer e peso ao desmame dos cordeiros oriundos das fêmeas MN e SI suplementadas com níveis diferentes de concentrado mostrou que estas características foram influenciadas apenas pela raça e tipo de parto, sem interação entre os efeitos testados (Tabela 5).

Os cordeiros oriundos do cruzamento SI x Dorper tiveram maior peso ao nascimento e ao desmame do que cordeiros MN X Dorper (p<0,05, Tabela 5). Da mesma forma, cordeiros oriundos de parto simples apresentaram maior peso ao nascer e ao desmame do que dos cordeiros de parto múltiplo (p<0,05).

Tabela 5. Média e erro padrão da média do peso (Kg) dos cordeiros ao nascimento (PCN) e ao desmame (PCD) em função da raça, suplementação, tipo de parto e sexo dos cordeiros.

EFEITOS PCN (kg) PCD (Kg) Raça Morada Nova 2,75 ± 0,76 b 12,99 ± 0,93b Santa Inês 3,49± 0,69 a 16,09 ± 0,99ª F 11,40** 8,78* Suplementação 0,5%PV 3,20 ± 0,16ª 14,03 ± 0,81ª 1,5%PV 3,43 ± 0,20ª 16,01 ± 1,12ª F 2,34 5,43 Tipo de parto Simples 3,59 ± 0,15ª 17,72 ± 0,89ª Múltiplo 2,85 ± 0,15b 12,32 ±0,72b F 10,10** 26,65** Sexo Fêmea 3,11 ± 0,18ª 14,80 ± 1,12ª Macho 3,59 ± 0,16ª 15,07 ± 0,88ª F 3,77 0,03 CV 17,22 20,03 *

p<0,05 , **p<0,01, CV= coeficiente de variação. aMédias seguidas de letras distintas na coluna diferem, para o mesmo efeito (teste de Tukey; p<0,05).

Com relação a eficiência produtiva não foi verificado efeito do nível de suplementação e do ECC da ovelha ao parto para nenhum índice analisado (p<0,05). Da mesma forma não foi verificado efeito das interações dos fatores testados (p<0,05). Por outro lado, foi observado efeito do tipo de parto na produtividade de cordeiro no nascimento, eficiência de produção de cordeiro ao nascimento e eficiência de produção de cordeiro ao desmame (Tabela 6). A eficiência de cordeiro foi influenciada pela raça da ovelha (p<0,05), no entanto o ECC da ovelha ao parto (ECCP) não influenciou nos pesos dos cordeiros e em nehuma variável de eficiência reprodutiva (p>0,05).

Tabela 6. Média e erro padrão da média da produtividade ao nascer (PRODN), eficiência de cordeiro ao nascimento (EC), eficiência de cordeiro ao desmame com peso da ovelha ao parto (ECDP), eficiência de cordeiro ao desmame com peso da ovelha ao desmame (ECDD) e produtividade ao desmame (PRODD) em função da raça e tipo de parto.

EFEITOS PRODN1 ECN2 (%) ECDP3 (%) ECDD4 (%) PRODD5 Raça Morada Nova 4,06 ± 0,76b 14,05 ± 0,91ª 57,26 ± 4,55ª 60,38 ± 4,16ª 14,01 ± 2,66a Santa Inês 4,99± 1,69 a 9,27 ± 0,48b 40,59 ± 2,53b 45,35 ±2,70b 16,27 ± 2,09a F 7,08** 17,78** 7,20* 6,21* 1,14 Tipo de parto Simples 4,03 ± 0,29b 9,34 ± 0,05b 49,12 ± 3,77a 52,68 ± 3,90a 17,00 ± 2,28a Múltiplo 5,60 ± 0,41ª 13,15 ± 0,94ª 45,95 ± 4,32a 50,54 ± 3,83a 14,72 ± 2,37a F 11,02** 26,42** 0,00 0,02 0,14 CV 27,11 18,05 24,16 21,53 63,73 1

kg de cordeiro nascido/ovelha; 2kg de cordeiro ao nascer/kg da ovelha x 100; 3kg de cordeiro ao desmame/kg de ovelha ao parto x 100; 4kg de cordeiro ao desmame/kg de ovelha ao desmame x 100;

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Kg de cordeiro desmamado/ ovelha. *p<0,05 , **p<0,01, CV= coeficiente de variação. aMédias seguidas de letras distintas na coluna diferem, para o mesmo efeito (teste de Tukey; p<0,05).

Observou-se que ovelhas MN produziram mais quilos de cordeiro ao nascimento do que as ovelhas SI (peso do cordeiro ao nascimento equivalente a 14,05% e 9,27% do peso da ovelha, respectivamente para MN e SI) (p<0,05, Tabela 6). Da mesma forma ocorreu com a eficiência de produção de cordeiros ao desmame, sendo que ovelhas MN desmamaram cordeiros pesando o equivalente a 60,28% do peso da ovelha ao desmame e ovelha SI desmamaram cordeiros com 45,5% do peso da ovelha (p<0,05, Tabela 6).

De maneira geral os partos múltiplos levaram a uma maior produtividade ao nascimento quando comparada a produtividade obtida de partos simples, uma vez que foram produzidos mais quilos de cordeiros ao nascimento por ovelha (PRODN) e maior porcentagem de quilos de cordeiros produzidos por quilo da ovelha (EC) (p<0,05, Tabela 6). No entanto, ao desmame a eficiência de produção de cordeiros

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