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Perfil hormonal do período de lactação e retorno da atividade

suplementadas durante o pré e pós-parto.

Resumo - O objetivo deste estudo foi verificar os efeitos da suplementação concentrada durante o pré e pós-parto sobre o retorno a atividade reprodutiva pós- parto e sobre as concentrações hormonais de leptina, insulina, cortisol e progesterona em ovelhas deslanadas durante a lactação. Foram utilizadas 12 ovelhas Santa Inês (SI) e 12 Morada Nova (MN), mantidas durante o pré e pós-parto em piquetes de Andropogon gayanus e suplementadas ao nível de 0,5 ou 1,5% PV, com seis animais de cada raça em cada tratamento. Após o parto as ovelhas permaneceram com seus cordeiros por 75 dias de lactação. Foi observado estro a partir de 15 dias pós-parto até o final da lactação e semanalmente foi verificado o peso e ECC das ovelhas. Amostras de plasma foram coletadas a cada 3 e 4 dias para determinação de progesterona, e semanalmente para determinação de cortisol, insulina e leptina, por meio da técnica de radioimunoensaio. Testou-se os efeitos dos níveis de suplementação (0,5 vs. 1,5%PV), raça (SI vs. MN), classe de ECC (1,0-2,0

vs. 2,5-3,5) e tempo (dias) de lactação (15 a 74 dias pós-parto) no retorno a

atividade reprodutiva pós-parto e nas concentrações plasmáticas hormonais. Foi realizada correlação de Pearson entre as concentrações hormonais no momento do estro. Foram observadas taxa de estro de 54,17%, taxa de retorno à atividade cíclica de 75,00%, taxa de ovulação de 41,67% e taxa de ovulação silenciosa de 79,17%, com primeiro estro aparecendo em média aos 52 dias pós-parto sem efeito dos fatores testados (p>0,05). Ovelhas SI com ECC 2,5-3,5 apresentaram RAC mais cedo (p<0,05) e maior concentração plasmática de progesterona (p<0,05). A concentração de cortisol foi maior (p<0,05) em animais com ECC 1,0-2,0. A concentração de leptina foi maior (p<0,05) em ovelhas SI, em animais com ECC 2,5–3,5 e até os 50 dias pós-parto. A maior (p<0,05) concentração de insulina foi verificada nos animais do grupo suplementado com 1,5%PV e em animais com ECC 2,5-3,5. Houve correlação positiva entre as concentrações plasmáticas de cortisol e leptina (r=0,79; p<0,05), insulina e cortisol (r=0,53; p<0,05) e insulina e leptina (r=0,64; p<0,05). No entanto, não houve correlação (p>0,05) entre as concentrações destes hormônios e progesterona. Concluiu-se que ovelhas Santa Inês, independente do nível de suplementação, retornam à atividade cíclica ovariana durante a lactação. Ovelhas deslanadas apresentam alterações metabólicas decorrentes do estresse da lactação e/ou das condições ambientais. Animais com melhores condições corporais apresentam maiores concentrações de leptina, insulina e progesterona, com retorno a atividade reprodutiva durante a lactação.

4.1 Introdução

Em regiões subtropicais e tropicais, o comportamento reprodutivo dos caprinos e ovinos é predominantemente influenciado pela nutrição (SIMPLICÍO; SANTOS, 2005). As funções reprodutivas, como a ciclicidade estral, o início da gestação e lactação, são funções de baixa prioridade, dentro da escala de direcionamento dos nutrientes, e só serão ativadas quando a demanda por manutenção e crescimento dos tecidos e reserva de nutrientes forem supridas (FRANCO et al., 2004).

O sistema de produção de ovinos nativos brasileiros, como Morada Nova e Santa Inês, é predominantemente extensivo e não é adotada, de modo geral, qualquer suplementação alimentar durante o período seco. Sendo assim, a baixa oferta de forragens pode levar a uma estacionalidade reprodutiva em função do aporte insuficiente de nutrientes, principalmente ao reduzir as concentrações plasmáticas de hormônios como insulina e leptina, que são importantes para a promoção do crescimento folicular e ovulação (CATUNDA, 2011). Além disso, embora ovelhas deslanadas estejam adaptadas a altas temperaturas ambientais, o estresse calórico também pode interferir na reprodução desses animais, a ponto de aumentar a liberação e cortisol, que, por sua vez, diminui a síntese de hormônios gonadotróficos (TORREÃO et al., 2008).

A lactação aumenta as exigências metabólicas e com isso pode diminuir a condição corporal das ovelhas, caso o consumo de nutrientes seja insuficiente. A baixa condição atrasa o retorno à atividade cíclica ovariana (MBAYAHAGA et al., 1998)., já que no início da lactação, os hormônios hipofisários estão mais dirigidos para a síntese e secreção de leite, do que para a restauração da atividade cíclica dos ovários, resultando em um período de anestro pós-parto (MAIA; COSTA,1998). No retorno a atividade cíclica ovariana pós-parto nem sempre a atividade ovariana é acompanhada de concentrações suficientes de hormônios responsáveis pelos sintomas de estro. Assim, a quantificação das concentrações de progesterona circulante é uma boa ferramenta para o monitoramento da atividade ovariana nas

diversas espécies domésticas (MORALES-TERÁN et al., 2004; ELOY; SOUZA, 1999), uma vez que refletem diretamente a função do corpo lúteo, o qual deve sintetizar concentração de progesterona ideal para assegurar uma próxima gestação.

O objetivo deste estudo foi verificar os efeitos da suplementação concentrada durante o pré e pós-parto sobre as concentrações hormonais de leptina, insulina, cortisol e progesterona em ovelhas deslanadas durante a lactação e analisar a interferência destes hormônios no retorno a atividade reprodutiva pós-parto.

4.2 Material e Métodos

4.2.1 Localização e período experimental

O estudo foi realizado no Módulo Didático Produtivo de Pequenos Ruminantes do Colégio Agrícola de Bom Jesus-PI. O Estado do Piauí está situado entre a Pré- Amazônia Úmida e o Nordeste Semiárido, constituindo- se em uma zona de transição climática, com características desses dois domínios geoambientais. O município de Bom Jesus está localizado nas coordenadas geográficas de 09o04’ de latitude sul e 44o21’ de longitude oeste de Greenwich e dista cerca de 632 km da capital do estado, Teresina-PI. As condições climáticas do município de Bom Jesus (altitude da sede a 277 m acima do nível do mar) apresentam temperaturas mínimas de 18oC e máximas de 36oC, com clima quente e semi-úmido. A precipitação pluviométrica média anual é definida no Regime Equatorial Continental, com precipitações anuais em torno de 800 a 1200 mm e período chuvoso estendendo-se de novembro a maio. O trimestre mais úmido corresponde aos meses de dezembro, janeiro e fevereiro, sendo o clima da região classificado como subúmido seco segundo ANDRADE JÚNIOR, 2005. O período experimental do estudo foi de abril a junho de 2012, quando foram encontradas temperatura máxima de 38ºC e mínima de 30ºC e umidade relativa média de 40%, sendo os meses de maio e junho os mais quentes e menos úmidos (INMET, 2012).

4.2.2 Animais e manejo

Todos os animais utilizados no experimento pertenciam ao setor de Pequenos Ruminantes do Colégio Agrícola de Bom Jesus-PI, ressaltando que a utilização destes animais para o experimento foi aprovada pelo comitê de ética em experimentação com animais da Universidade Federal do Piauí sob o protocolo (CEEA/UFPI) número 091/2010.

Foram utilizadas 24 ovelhas, sendo 12 animais da raça Santa Inês (SI) e 12 Morada Nova (MN), entre 3 e 6 anos de idade, pluríparas, sadias, vermifugadas, vacinadas contra enterotoxemia, com escore da condição corporal inicial médio de 2,5, vermifugadas com revezamento de dois princípios ativos (Disofenol 20%- Ibasa® e Albendazol 10% - Labovet®) de acordo com o controle coproparasitológico realizado quinzenalmente e vacinadas contra enterotoxemia. Durante a metade final da gestação e lactação as ovelhas permaneceram em dois piquetes de 1,5 hectares com pastagem de Andropogon gayanus, em sistema rotação alternada. Ao final da tarde as ovelhas eram recolhidas em baia coletiva com piso de cimento, cobertura de telha e cercado com tela, contendo comedouros e bebedouros coletivos onde ficavam confinadas até a manhã do dia seguinte.

Após o parto os cordeiros, permaneceram com as ovelhas por 75 dias (período de lactação). A partir do décimo dia de vida eram levados ao pasto junto com as mães, onde era disponibilizado concentrado em um comedouro exclusivo para os cordeiros (sistema creep-feeding).

Semanalmente, no período da manhã foram mensurados de todas as ovelhas, o peso e o escore de condição corporal (ECC, escala 1: magro a 5: gordo) segundo metodologia descrita por Thompson e Meyer (1994).

O retorno da atividade cíclica reprodutiva foi avaliado pela observação da manifestação do primeiro estro e daqueles seguidos de ovulação. A manifestação do primeiro estro foi avaliada do 15º até os 74º dias após o parto, duas vezes ao dia, em intervalos de 12 horas, utilizando rufião para identificação das fêmeas em estro, considerando em estro as ovelhas que aceitaram a monta pelo rufião. Para identificação do retorno a atividade cíclica ovariana considerou-se a presença de ovulação quando as concentrações de progesterona se mantiveram superiores a 1,0

ng/mL por período superior a dez dias (MINTON et al., 2001). Considerou-se ainda como retorno da atividade reprodutiva quando os estros foram seguidos de ovulação, ou seja, quando foi observado estro seguido de concentrações de progesterona superiores a 1,0 ng/mL em, no mínimo, duas coletas consecutivas (SENGER et al., 2003). Ovulações silenciosas foram registradas quando foi identificada, ao menos uma vez, concentrações de progesterona superiores a 1,0 ng/mL sem manifestação de estro antecedente (ELOY; SOUSA; SIMPLÍCIO, 2011).

4.2.3 Suplementação concentrada

Durante a metade final da gestação (75 dias antes do parto) e lactação (até 75 dias pós-parto) as ovelhas tiveram acesso à pastagem de capim Andropogon

gayanus, além de receberem suplementação concentrada à base de 70% de farelo

de milho, 25% de farelo de soja, 5% de suplemento vitamínico e mineral. Para fornecimento da suplementação concentrada, tendo como base o preconizado pelo NRC (2007) para animais em reprodução, as ovelhas gestantes foram divididas em dois tratamentos sendo que seis animais de cada raça receberam 0,5% do peso vivo (PV) do suplemento e outros seis animais de cada raça receberam 1,5% PV de suplementação. O arraçoamento das ovelhas foi feito diariamente de acordo com o peso vivo de cada uma e com o tratamento a qual pertenciam. O suplemento foi fornecido em baldes individuais no final da tarde quando as ovelhas eram trazidas dos piquetes, anotando-se e guardando individualmente as sobras. As ovelhas passavam a noite em baias coletivas e, pela manhã, as sobras individuais do dia anterior eram oferecidas ao animal antes de ir para o pasto.

4.2.4 Coletas de sangue e dosagens hormonais

Amostras de sangue foram obtidas dos 24 animais (12 de cada raça, sendo 6 de cada tratamento), a partir do 15º ao 74º dias pós-parto e sempre pela manhã, por meio de punção da veia jugular com agulhas acopladas a tubos a vácuo (10mL) com EDTA. Os tubos foram conservados em gelo até a chegada ao laboratório. O plasma foi obtido após centrifugação a 2000g por 10min e estocado a -20ºC até a ocasião das análises.

Para a quantificação de progesterona amostras de sangue foram colhidas 2 vezes por semana (a cada 3 e 4 dias, alternativamente). Para as determinações de cortisol, leptina e insulina foram utilizadas amostras semanais. As concentrações plasmáticas dos hormônios foram determinadas pela técnica de radioimunoensaio, realizada no Laboratório de Endocrinologia da Faculdade de Medicina Veterinária- UNESP, Araçatuba-SP, utilizando-se kits comerciais (Kit Coat A Count Progesterone, Siemens®; Kit Coat A Count Insuline, Siemens®; Kit Multi-Species Leptin RIA kit, XL-85K; Linco®; kit Coat A Count Cortisol, Siemens®) de acordo com recomendações dos fabricantes.

4.2.5 Delineamento experimental e análise estatística

Foi utilizado um delineamento inteiramente casualizado (DIC) em esquema fatorial 2x2, duas raças (MN x SI) e dois níveis de suplementação (0,5 e 1,5%PV). No que se refere ao escore da condição corporal (ECC) das ovelhas, analisado semanalmente durante todo período, foram formadas duas classes de ECC, uma vez que, durante o período experimental (lactação) nenhuma ovelha apresentou ECC maior do que 3,5 (classes de ECC médio do período entre 1,0 - 2,0 e entre 2,5 - 3,5).

A porcentagem de ovelhas que apresentaram estro, de ovelhas que apresentaram retorno da atividade cíclica (concentrações de progesterona ≥

1,0ng/mL por mais de dez dias), de ovelhas que apresentaram estro seguido de ovulação (nº de fêmeas que apresentaram estro seguido de concentração de progesterona ≥ 1,0ng/mL em ao menos duas coletas seguidas) e de ovelhas que apresentaram atividade ovariana silenciosas (ao menos um pico de progesterona, concentração ≥ 1,0ng/mL, sem sintomas de estro antecedente) até o final da lactação (75 dias após o parto) foram comparadas pelo teste do Qui-quadrado entre as raças (SI vs. MN), o nível de suplementação (0,5 vs. 1,5%PV) e a classe de escore da condição corporal médio durante o período (ECC entre 1,0 - 2,0 e entre 2,5 - 3,5).

Os dados referentes às concentrações plasmáticas hormonais foram analisados pelo procedimento GLM do programa estatístico do SAS para verificar o efeito da raça, nível de suplementação, tempo (dias) pós-parto e classe de escore da

condição corporal médio de cada ovelha durante o período. Foi utilizado o seguinte modelo estatístico:

Yijswm = + ci + rj + ts + sw + pk + eijswkm,

onde :

Y= concentrações plasmáticas hormonais (progesterona, leptina, insulina e cortisol);

= média geral (progesterona, leptina, insulina e cortisol); ci = classe de escore corporal (C1=1,0 – 2,0; C2= 2,5- 3,5);

rj = efeito do grupo genético (j= SI e MN);

ts= nível de suplementação (s= 0,5 ou 1,5% do peso vivo);

sw= dias pós-parto (w= 15 aos 74 dias pós-parto, 18 coletas);

eijswm = erro associado a cada observação.

A partir da análise de variância verificaram-se os efeitos dependentes e independentes. As médias dos efeitos significativos foram comparadas pelo teste de Tukey (p<0,05). O estudo das correlações simples de Pearson foi realizado para avaliar o grau de associação entre as concentrações de leptina, cortisol e progesterona no momento do estro.

4.3 Resultados

Durante os 75 dias de lactação das 12 ovelhas Santa Inês (SI) e 12 ovelhas Morada Nova (MN) que receberam níveis diferentes de suplementação (0,5 ou 1,5% do PV) a pasto desde a metade final da gestação, foram identificadas, por meio da observação de estro e concentrações séricas de progesterona, 13 ovelhas apresentaram estro (54,17%), 18 ovelhas retornaram a atividade cíclica ovariana (75,00%), 10 ovelhas apresentaram estro seguido de ovulação (41,67%) e 19 ovelhas apresentaram ovulações silenciosas (79,17%).

A média geral para o primeiro comportamento de estro pós-parto foi de 52 dias, no entanto houve uma grande variação individual entre os animais (CV= 27,13), sendo que não foi observado efeito de raça, suplementação e classe de ECC

para esta variável (p>0,05, Tabela 1). Da mesma forma, não houve nenhum efeito das interações destes fatores (raça x suplementação- F=0,03, pr>F=0,82; raça x ECC- F=0,18, pr>F=0,70; suplementação x ECC- F=4,93, pr>F=0,06).

O retorno da atividade cíclica ovariana foi verificado em média 48,50 dias pós- parto, com uma menor variação individual dos animais (CV= 20,05), efeito significativo (p<0,05, Tabela 1) da raça, sendo mais precoce para ovelhas SI (44,82 dias), quando comparado com as ovelhas MN (54,29 dias). Ovelhas com ECC médio entre 1,0-2,0 apresentaram retorno à atividade cíclica ovariana mais tardio do que ovelhas com ECC médio entre 2,5-3,5 (53,87 vs. 44,20 dias, respectivamente p<0,01). Não houve efeito do nível de suplementação, assim como das interações raça x suplementação (F=0,77, pr>F=0,39), raça x ECC (F=0,06, pr>F=0,88) e suplementação x ECC (F= 2,68, pr>F=0,13).

Tabela 1. Médias e erro padrão da média do número de dias após o parto para manifestação do primeiro estro (DPPE) e do número de dias após o parto para o retorno a atividade cíclica (DPPRAC) durante a lactação em função da raça, nível de suplementação e classe de ECC.

EFEITOS DPPE DPPRAC

Raça MN 58,67 ± 2,84 a 54,29 ± 2,92ª SI 50,00 ± 4,35 a 44,82 ± 3,49b F 1,12 6,24* Suplementação 0,5%PV 49,57 ± 4,51a 49,30 ± 2,37ª 1,5%PV 48,42± 3,91ª 47,50 ± 4,08ª F 0,90 0,18 Classe de ECC 1,0 – 2,0 58,00 ± 5,35a 53,87 ± 2,67a 2,5 – 3,5 49,85 ± 2,49a 44,20 ± 3,69b F 2,30 13,64** CV 27,13 20,05

CV= coeficiente de variação. * p<0,05; **p<0,01. aMédias seguidas de letras distintas na coluna, para o mesmo efeito, não diferem estatisticamente (teste de Tukey; p<0,05).

A manifestação do primeiro estro após o parto durante a lactação foi de 83,3% dos animais SI (10 animais) e 25,0% dos animais MN (3 animais), resultando em diferença estatística (p<0,05) entre as raças (Figura 1). Por outro lado, a taxa de retorno à atividade cíclica ovariana não foi diferente entre as raças (p>0,05; Figura

1A), sendo que 11 ovelhas SI e 7 ovelhas MN apresentaram concentrações de progesterona ≥1,0 ng/mL durante ao menos dez dias seguidos (58,3% das ovelhas SI e 91,7% das ovelhas MN).

Figura 1. Concentrações plasmáticas de progesterona e dia de manifestação de estro ( ) de acordo com a raça (Morada Nova - MN e Santa Inês - SI) e com o nível de suplementação concentrada (0,5 e 1,5% do peso vivo) durante as semanas de lactação.

Para as ovelhas SI a maioria dos estros (p<0,05) foram seguidos de ovulação (8 ovelhas, 66,67%), enquanto esta mesma associação foi encontrada em apenas 2 ovelhas MN (16,7%; Figura 1). Muitas ovelhas de ambas as raças, 10 ovelhas MN (83,0%) e 9 ovelhas SI (75,0%), sem diferença estatística entre as raças (p>0,05; Figura 1), apresentaram concentrações de progesterona ≥1,0 ng/mL sem comportamento de estro antecedente (ovulação silenciosa).

O nível de suplementação não exerceu efeito sobre a atividade cíclica ovariana pós-parto (p>0,05; Figura 1), sendo que a distribuição da manifestação de estro foi de 6 ovelhas que receberam suplementação ao nível de 0,5%PV (50,0%) e de 8 ovelhas que receberam suplementação ao nível de 1,5%PV (58,0%). Para o

0 1 2 3 4 5 6 7 15 18 22 25 29 32 36 39 43 46 50 53 57 60 64 67 71 74 P 4 n g / m L Dias pós-parto MN - 0,5%PV 9 23 55 123 124 188 0 1 2 3 4 5 6 7 15 18 22 25 29 32 36 39 43 46 50 53 57 60 64 67 71 74 P 4 n g / m L Dias pós-parto MN -1,5%PV 15 52 72 120 503 554 0 1 2 3 4 5 6 7 15 18 22 25 29 32 36 39 43 46 50 53 57 60 64 67 71 74 P 4 n g / m L Dias pós-parto SI - 0,5%PV 55 88 134 401 418 419 0 1 2 3 4 5 6 7 15 18 22 25 29 32 36 39 43 46 50 53 57 60 64 67 71 74 P 4 n g / m L Dias pós-parto SI - 1,5%PV 65 415 417 589 9006 419P

retorno à atividade cíclica a distribuição foi de 8 ovelhas do grupo suplementado com 0,5%PV (66,7%) e de 11 ovelhas do grupo suplementado com 1,5%PV (83,3%). Os estro acompanhados de ovulação foram observados em 8 ovelhas suplementadas com 0,5%PV (33,3%) e em 11 ovelhas suplementadas com 1,5%PV (50,0%). Quanto as ovulações silenciosas foram verificadas em 9 ovelhas suplementadas com 0,5%PV (75,0%) e em 10 ovelhas suplementadas com 1,5%PV (83,3%).

Durante o período experimental (lactação), 13 animais apresentaram ECC médio do período entre 1,0- 2,0 (animais MN 23, 123, 188, 55,15, 503 e animais SI 55, 88, 134, 401, 418, 417, 589 da Figura 1) e 11 animais apresentaram ECC médio entre 2,5 – 3,0 (animais MN 9, 124, 52, 72, 120, 554 e animais SI 419, 65, 415, 9006, 419P da Figura 1). Dentre estes animais, apresentaram estro 6 e 7 ovelhas das respectivas classes (43,2% vs. 63,6%), sem diferença estatística entre as classes (p>0,05). A taxa de retorno à atividade cíclica apresentou efeito das classes de ECC (p<0,05), sendo que entre os animais com ECC médio entre 2,5 - 3,5, 10 animais apresentaram picos de progesterona ≥1,0 ng/mL por período maior que 10 dias (91,9%). Entre os animais da classe de ECC entre 1,0-2,0 apenas em 8 animais (61,5%) estes picos de progesterona foram observados. A taxa de estro seguido de ovulação também foi maior (p<0,05) no grupo de ovelhas com ECC médio entre 2,5 - 3,5 do que no grupo de ovelhas com ECC médio entre 1,0 - 2,0, com 7 (64,6%) e 3 (23,1%) ovelhas de cada classe respectivamente. A taxa de ovulação silenciosa não foi diferente entre as classes de ECC médio, com 9 animais do grupo com ECC médio entre 1,0 - 2,0 (69,2%) e 10 animais do grupo com ECC médio entre 2,5 - 3,5 (90,9%) (p>0,05).

As concentrações de progesterona variaram em função da raça, do nível de suplementação e do tempo (dias) pós-parto (p<0,05; Tabela 2). Ao longo do período de lactação, as concentrações de progesterona se mantiveram baixas (<0,05ng/mL) por até 36 dias pós-parto, sendo menores (p<0,01) do que concentrações observadas aos 53 (1,42ng/mL), 60 (1,49ng/mL), 70 (1,41ng/mL) e 74 (1,71ng/mL) dias após o parto.

Tabela 2. Médias e erro padrão da média das concentrações plasmáticas de progesterona em função da raça, nível de suplementação, classe de escore da condição corporal e tempo (dias) pós-parto

EFEITOS PROGESTERONA (ng/mL) Raça MN 0,55 ± 0,08 b SI 1,08 ± 0,11 a F 18,14** Suplementação 0,5%PV 0,68 ± 0,08b 1,5%PV 0,95 ± 0,10ª F 4,87* Classe de ECC 1,0 – 2,0 0,63 ± 0,07b 2,5 – 3,5 0,99 ± 0,11a F 5,17* Dias pós-parto 15 0,11 ± 0,03b 18 0,11 ± 0,04b 22 0,07 ± 0,02b 25 0,06 ± 0,02b 29 0,24 ± 0,19b 32 0,26 ± 0,16b 36 0,42 ± 0,18b 39 0,86 ± 0,31ab 43 0,66 ± 0,26ab 46 0,91 ± 0,30ab 50 1,12 ± 0,32ab 53 1,42 ± 0,39ª 57 1,28 ± 0,37ab 60 1,49 ± 0,35ª 64 1,07 ± 0,29ab 67 1,31 ± 0,35ab 70 1,41 ± 0,34a 74 1,71 ± 0,35ª F 4,75** CV 154,96 *

p<0,05 , ** p<0,01, CV= coeficiente de variação. aMédias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente (teste de Tukey, 5%).

Foi observada maior concentração plasmática de progesterona nas ovelhas SI, nas ovelhas que receberam maior nível de suplementação (1,5%PV) (Figura 2) e nas ovelhas com ECC entre 2,5-3,5 (p<0,05). No entanto, foi verificado efeito da

interação raça x ECC e suplementação x ECC (Tabela 3), que ao ser analisado observou-se diferença significativa da concentração plasmática de progesterona entre as duas classes de ECC (p<0,05) apenas para raça SI, já que a diferença entre as raças se deu apenas no grupo de ovelhas com ECC entre 2,5 – 3,5. Com relação ao nível de suplementação, observou-se maior concentração plasmática de progesterona (p<0,05) no grupo de ovelhas suplementadas com 1,5%PV, apenas para ovelhas com ECC entre 2,5 e 3,5.

Tabela 3. Interação dos efeitos da raça e suplementação com a classe de ECC sobre a concentração plasmática de progesterona (ng/mL) durante o período de lactação

CLASSE DE ECC

RAÇA SUPLEMENTAÇÃO

Morada Nova Santa Inês 0,5%PV 1,5%PV

1,0 – 2,0 0,54 ± 0,10aA 0,79 ± 0,14bA 0,63 ± 0,11aA 0,63 ± 0,12bA 2,5 – 3,5 0,56 ± 0,13aB 1,23 ± 0,14aA 0,72 ± 0,13aB 1,26 ± 0,16aA

F 4,80* 4,43*

*p<0,05 , ** p<0,01. aA Médias seguidas de letras distintas minúsculas na coluna e maiúscula na linha, diferem estatisticamente (teste de Tukey, p<0,05%).

As concentrações plasmáticas de cortisol não variaram em função das raças (SI x MN), do nível de suplementação (0,5% x 1,5%PV) e do tempo (dias) pós-parto, assim como não teve efeito das interações destes fatores, apresentando grande variação entre os animais (Figura 2; Tabela 4).

No entanto, variou em função da classe de ECC, com maior concentração de cortisol (p<0,05) nos animais com ECC médio entre 1,0-2,0 (104,3 ng/mL) do que nos animais com ECC médio entre 2,5-3,5 (89,2 ng/mL) (Tabela 4).

Figura 2. Concentrações plasmáticas de cortisol de acordo com a raça (Morada Nova - MN e Santa Inês - SI) e com o nível de suplementação concentrada (0,5 e 1,5% do peso vivo) durante as semanas de lactação.

As concentrações plasmáticas de leptina variaram em função da raça, da classe de ECC e dos dias pós-parto (Tabela 4), não apresentando efeito do nível de suplementação, assim como, da interação raça x suplementação (F= 0,24, p= 0,62) e da interação raça x classe de ECC (F= 0,17, p= 0,95).

As ovelhas da raça SI apresentaram maior concentração de leptina do que as ovelhas MN (0,81 ng/mL vs. 0,59 ng/mL; p<0,01) (Tabela 4). As ovelhas com melhores ECC (2,5 – 3,5) também apresentaram maior concentração de leptina do que as ovelhas com ECC entre 1,0 – 2,0 (0,80 vs 0,60 ng/mL, p<0,05). Com relação ao tempo (dias) pós-parto foram observadas maiores (p<0,05) concentrações plasmáticas de leptina até os 50 dias pós-parto, sendo que esta concentração média diminuiu nos últimos dias de lactação (Tabela 4, Figura 3)

Tabela 4. Médias e erro padrão da média das concentrações plasmáticas de cortisol, leptina e insulina em função da raça, nível de suplementação, classe de escore da condição corporal (ECC) e do tempo (dias) pós-parto

EFEITOS CORTISOL (ng/mL) LEPTINA (ng/mL) INSULINA (UI/mL) Raça Morada Nova 98,6 ± 0,06a 0,70 ± 0,04b 3,24 ± 0,40a Santa Inês 92,7 ± 0,07a 0,81 ± 0,03a 3,02 ± 0,30a F 0,38 20,00** 0,21 Suplementação 0,5%PV 96,2 ± 0,06a 0,73 ± 0,04a 2,38 ± 0,28b 1,5%PV 95,1 ± 0,07a 0,78 ± 0,04a 3,58 ± 0,41a F 0,02 0,08 4,68* Classe de ECC 1,0 – 2,0 104,3 ± 0,08a 0,63 ± 0,04b 2,45 ± 0,40b 2,5 – 3,5 89,2 ± 0,06b 0,84 ± 0,03a 3,30 ± 0,30a F 1,48* 2,87* 3,19* Dias pós-parto 15 109,07 ± 0,16a 0,90 ± 0,06a 2,51± 0,39a 22 99,85 ± 0,10a 0,79 ± 0,07a 2,25 ± 0,28a 29 94,97 ± 0,09a 0,84 ± 0,07a 3,91 ± 1,47a 36 72,63 ± 0,08a 0,83 ± 0,05a 3,92 ± 0,68a 43 108,19 ± 0,18a 0,96 ± 0,05a 3,68 ± 1,12a 50 68,99 ± 0,12a 0,73 ± 0,07ab 2,58 ± 0,36a 57 106,00 ± 0,14a 0,52 ± 0,07b 2,48 ± 0,54a 64 117,30 ± 0,20a 0,48 ± 0,07b 2,62 ± 0,40a 70 84,47 ± 0,12a 0,54 ± 0,09b 3,16 ± 0,45a F 0,96 8,82* 0,02 CV 71,13 60,0 75,93

*p<0,05; **p<0,01, CV= coeficiente de variação. aMédias seguidas de letras distintas diferem estatisticamente (teste de Tukey, p<0,05%).

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 15 22 29 36 43 50 57 64 71 L e p ti n a n g / m L Dias pós-parto MN - 0,5%PV 9 23 55 123 124 188 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 15 22 29 36 43 50 57 64 71 L e p ti n a n g / m L Dias pós-parto MN - 1,5%PV 15 52 72 120 503 554 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 15 22 29 36 43 50 57 64 71 L e p ti n a m g / m L Dias pós-parto SI - 0,5%PV 55 88 134 401 418 419 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 15 22 29 36 43 50 57 64 71 L e p ti n a n g / m L Dias pós-parto SI - 1,5%PV 65 415 417 589 9006 419P

Figura 3. Concentrações plasmáticas de leptina de acordo com a raça (Morada Nova - MN e Santa Inês - SI) e com o nível de suplementação concentrada (0,5 e 1,5% do peso vivo) durante as semanas de lactação.

Com relação às concentrações plasmáticas de insulina não foi observado efeito da raça e dos dias pós-parto (Tabela 4), assim como não houve efeito das interações raça x suplementação (F= 0,24, pr>F= 0,62) e da interação raça x classe

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