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4 MÉTODOS

4.1 Desenho experimental

Três estudos foram conduzidos como parte da presente tese. O primeiro é um estudo transversal (doravante mencionado como Estudo 1). O segundo é um estudo crossover randomizado (doravante mencionado como Estudo 2), ao passo que o terceiro é um ensaio clínico randomizado, de grupos paralelos e controlado (doravante mencionado como Estudo 3).

Estudo 1: Associações entre comportamento sedentário, nível de atividade física, parâmetros clínicos e fatores de risco cardiometabólico em pacientes com artrite reumatoide

Trata-se de um estudo transversal, para o qual 112 pacientes com diagnóstico de artrite reumatoide foram recrutadas. Todas as pacientes foram submetidas às seguintes avaliações: (1) comportamento sedentário e nível de atividade física (i.e., tempo em pé parado, em atividade física leve e moderada a vigorosa); (2) parâmetros clínicos (i.e., atividade da doença, dor, fadiga, funcionalidade e qualidade de vida); (3) escore de risco um evento cardiovascular em 10 anos e escore Z de risco para síndrome metabólica; (4) fatores de risco cardiometabólico (i.e., IMC, circunferência de cintura, percentual de gordura corporal, pressão arterial sistólica e diastólica, glicose, colesterol HDL, triglicérides e proteína C-reativa [PCR]). Por fim, foram avaliadas características demográficas, tempo de doença, presença de comorbidades e medicamentos em uso para caracterização destas pacientes.

Estudo 2: Efeitos agudos da interrupção do tempo sedentário em parâmetros metabólicos, marcadores inflamatórios, pressão arterial, dor e mecanismos associados em pacientes com artrite reumatoide.

Trata-se de um estudo crossover randomizado (Figura 2), para o qual 18 pacientes com diagnóstico de artrite reumatoide foram recrutadas. Todas as pacientes compareceram ao nosso

laboratório em 4 ocasiões, separadas por 7 a 14 dias de washout. Na primeira visita, todas as pacientes realizaram as avaliações iniciais, as quais incluíam a avaliação de parâmetros clínicos e da capacidade aeróbia, e uma sessão de familiarização sobre os procedimentos experimentais que seriam realizados nas sessões experimentais. Após esta visita, as pacientes realizaram três condições experimentais: A - Comportamento sedentário prolongado (SED); B - Exercício físico (EX); e C - Redução do tempo sedentário com atividade física leve (AFL). Durante os 7 a 14 dias que antecederam cada condição experimental, o comportamento sedentário e o nível de atividade física foram monitorados continuamente por meio de acelerômetros. Além disso, nas 48 horas que antecederam cada protocolo (período restritivo), as pacientes foram instruídas a seguir o mesmo padrão de dieta, bem como evitar o consumo de álcool e cafeína e atividades extenuantes. Este estudo foi registrado no banco de ensaios clínicos norte-americano ClinicalTrials (número de identificação: NCT03186924), conforme recomendações vigentes para relato de ensaios clínicos.

Cada condição experimental teve duração de 8 horas. Em cada condição, as pacientes compareceram ao laboratório entre 07h00 e 07h30 após um jejum de 12 horas. As pacientes permaneceram em repouso por 30 min; na sequência, um cateter intravenoso foi inserido na veia antecubital e todas as coletas em jejum foram realizadas. Durante as sessões experimentais, as pacientes receberam duas refeições padronizadas, uma delas 15 min antes e outra 4 h após o início da sessão experimental. As coletas de sangue foram realizadas imediatamente antes e 0,5 h, 1 h, 2 h, 3 h e 4 h após cada refeição. A pressão arterial e a dor foram aferidas no período basal, imediatamente antes do início do experimento, e subsequentemente de hora em hora. Por fim, uma biópsia muscular foi realizada imediatamente após o término de cada condição experimental.

Durante as sessões experimentais, todas as pacientes foram levadas em cadeiras de rodas para ir ao banheiro a fim de minimizar o tempo em deslocamento.

As três condições experimentais eram idênticas, com exceção do padrão de atividade física, tal qual segue:

A. Comportamento sedentário prolongado (SED): As pacientes deveriam permanecer sentadas, sem interrupções, durante todo o período da intervenção (480 min);

B. Exercício físico (EX): As pacientes realizaram 30 min de atividade física moderada a vigorosa, em intensidade correspondente à 10% abaixo do segundo limiar respiratório, em

uma esteira rolante ergométrica e permaneceram o restante da sessão em comportamento sedentário prolongado (450 min);

C. Redução do tempo sedentário com atividade física leve (AFL): As pacientes interrompiam o comportamento sedentário (438 min) a cada 30 min com 3 min de atividade física leve (42 min), em intensidade correspondente à 10% abaixo do primeiro limiar respiratório, em uma esteira rolante ergométrica. Entre cada período de atividade, as pacientes permaneceram sentadas.

Figura 2. Desenho experimental do estudo crossover randomizado (Estudo 2).

Legenda: As pacientes completaram 3 condições experimentais em ordem aleatória, como segue: comportamento sedentário prolongado (SED), exercício físico (EX) e redução do tempo sedentário com atividade física leve (AFL).

Refeições padronizadas foram servidas às pacientes 15 min antes e 4 horas após o começo de cada condição experimental. Amostras de sangue foram coletadas no jejum e após 0,5 h, 1 h, 2 h, 3 h, 4 h, 4,5 h, 5 h, 6 h, 7 h e 8 h. A pressão arterial e a dor foram aferidas no período basal e, subsequentemente, a cada hora. Biópsias musculares foram coletadas após o término de cada condição experimental. Durante os 7 a 14 dias que antecederam cada condição experimental, o nível de atividade física foi monitorado continuamente. Durante as 48 horas que antecederam cada condição experimental (período restritivo), as pacientes foram instruídas a seguir a mesma dieta e evitar consumir cafeína e álcool e realizar atividades extenuantes. Retângulo cinza, comportamento sedentário; retângulo branco + ícone de pessoa correndo, exercício físico em intensidade moderada a vigorosa; ícone de pessoa caminhando, atividade física leve.

A ordem das condições experimentais foi randomizada de acordo com o procedimento de quadrado latino (do inglês Latin square). Cada sequência possível (um total de 6 sequências) foi escrita em um papel e colocada em envelopes opacos por um pesquisador que não estava envolvido no estudo. A sequência de alocação de cada paciente (1:1:1:1:1:1) foi determinada pela seleção aleatória de um dos envelopes logo após o término das avaliações iniciais, momento em que se interrompeu o cegamento da alocação das pacientes para os pesquisadores. Entretanto, todas as pacientes permaneceram cegas em relação à sua alocação até o dia de cada sessão experimental.

Estudo 3: Efeitos crônicos da redução do tempo sedentário em parâmetros clínicos, fatores de risco cardiometabólico e qualidade de vida em pacientes com artrite reumatoide.

Trata-se de um estudo clínico randomizado, de grupos paralelos e controlado (Figura 3).

Foram recrutadas 86 pacientes com diagnóstico de artrite reumatoide, as quais foram randomizadas em 2 grupos: 1) grupo controle (CON); 2) grupo intervenção (TS4H). O período de seguimento das pacientes foi de 4 meses. As pacientes, de ambos os grupos, foram submetidas às seguintes avaliações no início (PRÉ) e no término (PÓS) de sua participação no estudo: (1) comportamento sedentário e nível de atividade física; (2) parâmetros clínicos (i.e., atividade da doença, dor, fadiga, funcionalidade e qualidade de vida); (3) fatores de risco cardiometabólico (i.e., antropometria e composição corporal, pressão arterial, parâmetros relacionados à sensibilidade à ação da insulina, perfil lipídico e inflamação); (4) consumo alimentar. Ademais, após 2 meses de intervenção (PÓS-2m) as pacientes foram reavaliadas em relação ao comportamento sedentário e ao nível de atividade física.

Durante o período de 4 meses, o grupo intervenção realizou uma intervenção comportamental baseada na proposição de metas, cujo objetivo é reduzir o tempo sedentário. O grupo controle continuou recebendo o tratamento padrão do ambulatório médico, receberam orientações gerais sobre estilo de vida saudável e foi solicitado que as pacientes não modificassem suas atividades diárias habituais durante todo o período de intervenção.

Este estudo foi registrado no banco de ensaios clínicos norte-americano ClinicalTrials (número de identificação: NCT03186924), conforme recomendações vigentes para relato de ensaios clínicos. Ademais, o desenho experimental e detalhes da intervenção proposta foram publicados na revista Trials (PINTO et al., 2020).

Figura 3. Desenho experimental do ensaio clínico randomizado, de grupos paralelos e controlado (Estudo 3).

A randomização das pacientes foi feita no software SAS 9.4 (SAS Institute Inc., Cary, NC, USA) na proporção de 1:1 (uma paciente alocada no grupo controle e outra paciente alocada no grupo intervenção) e em blocos de 30 pacientes (total de 3 blocos). A ordem da randomização foi escrita em um papel e colocada em envelopes opacos numerados de 1 a 90. A alocação de cada paciente foi determinada pela seleção de um envelope, respeitando a ordem numérica, logo após o término das avaliações iniciais, momento em que as pacientes eram orientadas sobre a intervenção ou recebiam as orientações cabíveis ao grupo controle.