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Desenvolvimento Cognitivo e Ludicidade

5.3 Categorias de Análise

5.3.1 Categorias Iniciais

5.3.1.3 Desenvolvimento Cognitivo e Ludicidade

“A experiência lúdica aparece como um processo cultural suficientemente rico em si mesmo para merecer ser analisado mesmo que não tivesse influência sobre outros processos culturais mais amplos” (BROUGÈRE, 2015, p. 32). O desenvolvimento cognitivo do estudante é um forte objetivo dentro do currículo. Além disso, em todos dos documentos normativos a orientação é o desenvolvimento integral do educando. Em quatro documentos encontramos a teoria da psicologia sócio-histórico-cultural como perspectiva de desenvolvimento. Escolhemos uma apresentação do conceito:

Ao se formular e se apropriar de conceitos socialmente produzidos, o ser humano tem sua estrutura psíquica potencializada, pois para operar por meio de conceitos o sujeito necessita de mudanças substancias nos seus processos psíquicos (atenção, memória, linguagem, imaginação, pensamento, entre outros), o que demanda, por sua vez, mobilizar todo o sistema interfuncional de seu psiquismo (MONTEIRO; SILVA; ROSSLER, 2017, p. 553).

Neste sentido, apresentamos alguns trechos indicativos das possibilidades do desenvolvimento cognitivo com a ludicidade, iniciaremos com Alagoas:

A associação da aprendizagem necessariamente com o desenvolvimento do lúdico, ou seja, o estabelecimento de relações entre a criança e os objetos de conhecimento envolvidos, ao assimilar, (re)significar e mobilizar regras, lógicas, produzir o inusitado num contexto regrado (ALAGOAS, 2014, p. 201).

Alguns trechos serão convergentes com mais de uma categoria, como no exemplo a seguir, que abarca o Desenvolvimento Cognitivo e Educação Física:

A Educação Física Escolar tem por objetivo formar o educando integralmente, oportunizando à todos o desenvolvimento de suas potencialidades nos aspectos cognitivos, psicomotor, morais, afetivos e sociais, objetivando seu aprimoramento como seres humanos evitando a seletividade, a exclusão e hipercompetitividade,e requer a prática de atividades pertinentes a dimensão ética, estética e lúdica a mobilidade do corpo e a aquisição e a manutenção da saúde (AMAPÁ, 2009, p. 70).

O Distrito Federal traz uma defesa mais consistente sobre a ludicidade, conjugando seus objetivos aos Eixos curriculares. A ludicidade defendida para todo Ensino Fundamental de forma contextualizada e interdisciplinar:

Os estudantes do Ensino Fundamental assumem em seu percurso formativo a condição de sujeitos de direito e constroem, gradativamente, sua cidadania (DCN, 2013). Nessa etapa da vida, crianças de seis a dez anos são curiosas, questionadoras, sociáveis e dotadas de imaginação, movimento e desejo de aprender, sendo o lúdico bem peculiar dessa fase. Independentemente de sua condição de vida, buscam referências para formação de princípios a fim de enfrentar situações do cotidiano (DISTRITO FEDERAL, 2014, p. 10). Cabe ressaltar a importância dos eixos integradores uma vez que estes devem articular os conteúdos aos aspectos socioculturais, históricos, afetivos, lúdicos e motores em consonância com uma práxis direcionada para uma escola de qualidade social, que democratize saberes ao oportunizar que todos aprendam (DISTRITO FEDERAL, 2014, p. 10).

Nesse sentido, a organização do trabalho pedagógico no BIA e no 2º Bloco (4º e 5º anos) deve ser sustentada por uma didática que provoque pensamento, envolta por situações que favoreçam o aprender na interlocução com o outro, ressignificando a estética da aula e, consequentemente, o lugar do professor que articula ações para a emancipação dos estudantes (DISTRITO FEDERAL, 2014, p. 10- 11).

Ver a criança como construtora do conhecimento, compreendendo que a construção da lógica formal passa pela construção da lógica da criança que está se desenvolvendo e que esta construção, naturalmente, passa pela ludicidade, tendo em vista que a criança é um ser lúdico (DISTRITO FEDERAL, 2014, p. 67).

Percepção do ambiente e orientação espacial por meio dos órgãos sensoriais e da ludicidade (DISTRITO FEDERAL, 2014, p. 120. Identificado como conteúdo 2 vezes).

Apropriação das funções dos órgãos sensoriais a partir da percepção do ambiente, da orientação espacial e da ludicidade (DISTRITO FEDERAL, 2014, p. 120).

O Ensino Religioso requer a organização do trabalho pedagógico pautada na exploração de músicas, filmes, pinturas, lendas, parlendas, histórias e outros, enfatizando o caráter lúdico e o pensamento crítico e reflexivo, por meio de aulas dialogadas, que valorizem as experiências religiosas dos próprios estudantes e seus conhecimentos prévios em articulação com os conteúdos em uma abordagem interdisciplinar. Nessa perspectiva, o Ensino Religioso favorece a convivência e a paz entre as pessoas que comungam ou não crenças diversas (DISTRITO DEFERAL, 2014, p. 135).

O Estado do Piauí em 2013 traz a ludicidade para as crianças, unindo o trabalho corporal e os órgãos do sentido, proposta de atividade semelhante a do Currículo Distrital (2014, p. 120) para a primeira referência:

Compreende e identifique as partes do corpo humano e suas funções na realização de atividades lúdicas que eduquem os sentidos e suas funções (audição e ouvir, visão e o olhar, tato e o tocar, paladar e o sentir o gosto, olfato e o sentir o cheiro) (PIAUÍ, 2013, p. 59). Respeita o ritmo de aprendizagem individual durante várias situações lúdicas (PIAUÍ, 2013, p. 68).

O Estado do Rio Grande do Sul em 2016 apresenta o termo LUDIC em dois momentos, o conceito de ludicidade não é atrelado a uma situação que restrinja sua prática e sim sugere a disponibilidade do educando como referência, assim podendo ter múltiplos usos pedagógicos:

A proposta de ensino deve considerar os conhecimentos prévios, possibilitando que esse educando descubra “os porquês” e os “para quês” presentes nessa etapa, por meio de situações que envolvam a ludicidade, respeitando as especificidades da faixa etária dos educandos, bem como os diferentes contextos (RIO GRANDE DO SUL, 2016, p. 16).

O Estado de Rondônia em 2013 apresenta os aspectos do currículo sobre os pressupostos e fundamentos para o desenvolvimento cognitivo dos aprendizes:

Destaca-se a importância do caráter lúdico que contribui para o desenvolvimento cognitivo dos conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais que devem ser trabalhados nessa faixa etária. A eleição de capacidades linguísticas e comunicativas tem como foco favorecer a escolarização inicial e ser base para o percurso do aluno na sua trajetória do Ensino Fundamental (RONDÔNIA, 2013 p.12-13).

Devem ser escolhidos aspectos culturais e lúdicos com maior incidência do que os econômicos e políticos. Portanto, a literatura infantil, as cantigas, visita a museus e locais que guardam resquícios do passado, por exemplo, são fundamentais. Deve-se estimular o aluno a recuperar o passado como uma das escolhas para o entendimento das diferenças e semelhanças entre o presente e o passado (RONDÔNIA, 2013, p. 220).

O desenvolvimento cognitivo com a ludicidade converge com os preceitos da

ressaltar que “associar a aprendizagem com necessariamente o desenvolvimento do lúdico, ou seja, o estabelecimento de relações entre a criança e os objetos de conhecimento envolvidos, ao assimilar, (re)significar e mobilizar regras” (MEC, 2012, p.18), lembrando ainda que a interação com o outro é ponto central neste processo de aprendizagem.