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6 ANÁLISE DOS RESULTADOS

6.3 O ENSINO DE TECLADO

6.3.4 Desenvolvimento das atividades e Avaliação

O modo de aplicação dos conteúdos no ensino de teclado a distância foi outra observação pontuada pelos participantes. Para o professor Mateus, o aluno deveria tocar desde o primeiro contato com o instrumento, por meio de comandos claros e objetivos:

ele tinha que tocar na primeira aula. Então, o quê que eu podia fazer? Bom, eu tinha que ter um grupo, teclas pretas, então, ter que mostrar um teclado, mostrar pra ele onde ele iria tocar, e o que ele ia tocar. 2º ponto, seria fazê-lo tocar, mas não dar muito texto, se não ele ia cansar. Então que texto é necessário, que conteúdo será necessário para fazer ele tocar e entender? Então eu tinha que dispor de desenho, comandos claros, objetivos e curtos, vídeos e áudios. (...) O quê que é básico na execução do piano? Então, começar dos 5 dedos, eu selecionei o que a gente chama de abordagem multitonal, (...) a abordagem pela pentatônica, e nas duas mãos; mas pelo menos, 2 ou 3 tonalidades diferentes (EPM)

Na perspectiva do professor Nicolas, os conteúdos foram conduzidos de forma que a aprendizagem fosse acumulativa e progressiva, o que em sua concepção, é necessário para o aprendizado do teclado. O professor relata que:

(...) o material dessas apostilas, esses conteúdos, foram divididos de uma tal maneira que, por exemplo, se na primeira aula tinha alguma prática voltada para o desenvolvimento motor, na aula seguinte eu pegava daquele ponto, voltava parte, repetia alguma coisa e mostrava uma coisa nova, jogava uma coisa nova e acrescentando gradualmente pra chegar no fim de 15 aulas eles terem uma evolução no desenvolvimento motor, na harmonia do teclado, na leitura a primeira vista, na prática de conjunto, na harmonização de melodias, na aprendizagem de gêneros musicais brasileiros, no tocar de ouvido, em todas essas habilidades que eu to citando aqui. (...) a cada aula acrescentava um pouquinho, um passo a frente, mantendo o conteúdo de certa forma, em cima do conteúdo que tinha feito na aula anterior. (EPN)

O processo de avaliação em educação a distância, de acordo com Kearsley (2011), é feito com maior eficácia no ensino a distância, pois todas as respostas podem ser gravadas, proporcionando-se assim uma gama de dados a serem analisados. O mesmo princípio pode ser aplicado nas disciplinas de Teclado, pois todas as atividades práticas do instrumento são realizadas por meio de vídeos, e as atividades escritas, como participações em fóruns, ficam registradas no ambiente virtual. Todas as orientações, comentários sobre essas atividades ficam disponíveis aos alunos.

Eles têm que mandar vídeos dos repertórios, das leituras a primeira vista, da improvisação, de tudo aquilo que foi pedido naquela semana, eles mandam em vídeo. E ocasionalmente, eu tenho tarefas que eles respondem lá nas tarefas, a parte escrita, teórica, né, mas que tá relacionada com a prática. (EPM)

Na perspectiva do professor Mateus, a avaliação tem o objetivo de saber se os alunos conseguem responder o que foi proposto a ser ensinado, e é feita de acordo com o que foi proposto para a atividade daquele módulo, se o aluno “tocou

notas e ritmo correto, se ele fez tudo o que foi pedido, se ele tá respondendo aquilo que foi pedido na apostila ou na aula” (EPM), porque ao contrário do desejado,

segundo o professor, o aluno realiza as atividades, na maioria das vezes, somente se se for do tipo avaliativo.

Pelo fato do professor Nicolas não ter participado da aplicação de sua disciplina, ele não soube responder como seria o processo avaliativo, o que segundo ele, ficaria a cargo de quem estivesse na supervisão da disciplina. Entretanto, o professor relatou que seu processo de avaliação no ensino presencial poderia exemplificar como seria sua avaliação na educação a distância:

Então a minha experiência é assim, quanto menos salto, mais gradual eu faço, mais segurança eu tenho de que no final todo mundo aprendeu de uma forma aproximadamente igual os conteúdos, apesar das diferenças individuais porque sempre tem pessoas que tem facilidade pra algumas coisas, dificuldades pra outras. Mas a minha experiência me diz que se você faz um passo muito gradual, você tem uma chance de um sucesso do processo avaliativo, de quando você vai ver no final, o resultado do quê que ficou pra essas pessoas. (EPN)

Para outro professor, a avaliação, enquanto professor, era para acompanhar o desenvolvimento do aluno, uma vez que a próxima atividade era de uma maior complexidade:

Todos os itens, eles eram avaliativos... Então que eu pudesse acompanhar o aluno, que eu pudesse acompanhar pra ver se ele tava conseguindo realizar as atividades, pra ele tá realizando aquela atividade... Por exemplo, se fosse tocar o repertório, então teria os tópicos de avaliação pra avaliar aquele tópico; então se ele tava tocando fluente, se ele tava tendo fluência na música, se ele estava tocando... se ele estava tendo compreensão daquilo quando ele tava tocando, se tava clara a dinâmica que ele tava fazendo, eu poderia entender se ele tava compreendendo. (EPL)

Nessa seção observa-se que, apesar de pontos de vistas diferenciados, as disciplinas seguiram um percurso semelhante entre os professores conteudistas. A introdução dos conteúdos foi realizada de forma gradual, progressiva, de modo que os conceitos musicais e a parte motora fossem assimilados gradualmente, assim

como foram associados conceitos teóricos à prática – os alunos puderam compreender na prática o que estava na teoria.

Sobre a avaliação em música, Hentschke e Del Ben (2003) descrevem que esta deve ser pautada nas práticas musicais dos alunos – os conhecimentos e compreensões musicais serão reveladas em suas atividades de execução e composição musical, por exemplo. Para as autoras, os critérios de avaliação não devem ser vistos como:

verdades absolutas sobre o desenvolvimento musical, mas, sim, como uma possível referência que poderá auxiliar o professor na tentativa de compreender os produtos musicais dos alunos, dirigindo sua atenção para as dimensões musicais a serem contempladas e para os diferentes níveis de complexidade que podemos esperar dos alunos nas diversas etapas de seu desenvolvimento musical (HENTSCHKE, DEL BEN, 2003, p.187).

Elementos como musicalidade não foram incisivos para os professores no quesito avaliação, uma vez que os instrumentos utilizados pelos alunos, geralmente teclados com teclas não sensíveis, não possuem mecanismos de sensibilidade em que possam ser trabalhados aspectos como intensidade, por exemplo. Partindo desse pressuposto levantado pelas autoras supracitadas, infere-se que os docentes entrevistados compreenderam o processo de avaliação nas disciplinas de EaD pelo conjunto das atividades, pela progressividade do aluno no instrumento, criando, assim, referências contextualizadas de avaliação a serem aplicadas individualmente.