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3. Desenvolvimento e Implementação dos objetos de aprendizagem

3.2 Desenvolvimento dos objetos de aprendizagem

O desenvolvimento dos objetos de aprendizagem para o projeto em questão passou por várias fases e pelo estudo de várias possibilidades.

É relativamente comum o uso de imagens para a representação de posições e/ou de posturas de braços, pernas ou corpo. É também comum e frequente o registo em vídeo de performances do atleta para que mais tarde este as possa visualizar e tomar notas sobre movimentos a corrigir. O vídeo é uma excelente ferramenta do ponto de vista do atleta para que este possa rever os seus movimentos e atuar de forma a corrigi- los. Outro fenómeno recorrente entre atletas é o envio e a partilha de vídeos sobre a execução de técnicas de karaté. Verifica-se, contudo, que estes vídeos contêm uma série de limitações:

Sanda-

uke

Barai

Tsukis

Age-

uke

Gedan-

Barai

Soto-

uke

a) Em primeiro lugar, são realizados à velocidade normal do movimento;

b) A produção e edição dos vídeos é frequentemente nula: os vídeos são

filmados de uma só perspetiva, sem atenção aos pormenores e detalhes técnicos dos movimentos;

c) Existe alguma confusão quanto às fontes e quanto aos estilos, o que pode

levar a algumas imprecisões técnicas dos movimentos executados.

Respondendo a estes problemas, partiu-se para o desenvolvimento de objetos de aprendizagem formados por vídeos.

Os vídeos foram elaborados com recurso a uma câmara fotográfica Canon 100D, filmada a 1920x1080 px, 25 fps. A edição foi realizada no Adobe Premiere CS4. Estes foram os recursos escolhidos por conveniência – a câmara é propriedade da autora, bem como a versão disponível no computador da mesma.

Todo o texto e todos os gráficos dos vídeos foram elaborados na ferramenta

Premiere. A fonte dos conteúdos é o conhecimento transmitido durante as aulas,

conhecimento de base empírica e de acordo com aquele que é o programa curricular técnico da Associação Portuguesa de Okinawa Goju-Ryu Karate Do (APOGK). O instrutor filmado para os objetos de aprendizagem é membro da APOGK e praticante da modalidade há mais de 25 anos, e é atualmente 5º Dan. Os seus conhecimentos e a sua execução técnica estão, por conseguinte, validados por elementos mais graduados da associação.

Para as filmagens, todos os movimentos foram executados nas perspetivas frontal e lateral em relação à câmara.

Schwan e Riempp (2004) frisam que um dos grandes benefícios da informação baseada em media digitais é a possibilidade de customização de acordo com o

destinatário. Em vídeos isto traduz-se na encenação de movimentos, controle do processo de captação (multi-câmara), ou através da organização do material recolhido em pós-produção (a introdução de cortes nas filmagens). Schwan, Garsoffky, and Hesse (2000) mostram que filmagens de atividades e de sequências complexas tornavam o conteúdo mais acessível se fossem salientados os diferentes momentos de cada movimento através da introdução de planos de corte.

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Fiorella e Mayer (2018), enfatizam a divisão dos conteúdos de aprendizagem em segmentos significativos, findos os quais o utilizador pode escolher se quer avançar para o próximo ou se quer rever.

Assim, os vídeos desenvolvidos para este projeto são curtos. Quatro rondam um minuto de duração, e apenas um deles tem cerca de três minutos (Figura 2).

Figura 2 - Exemplo da organização no YouTube

A combinação destes elementos pretende dar ao aluno uma visualização mais completa dos movimentos a executar.

A segmentação de cada vídeo em porções mais pequenas, subdivididos em pequenos movimentos, com explicações e consequente paragem no movimento, está de acordo com a perspetiva de Mayer e Moreno (2003), que defendem que uma solução para evitar um excesso de informação é a segmentação, para permitir ao aluno ter tempo para organizar e gerir a informação apresentada, consolidando nas suas estruturas de conhecimento.

Além dos diferentes planos, nos vídeos foram introduzidos outros elementos para ajudar à aprendizagem, como texto e linhas que orientam e explicam a correta execução dos movimentos.

Assim, além da segmentação por pequenos vídeos, cada vídeo apresenta subsegmentos. Desta forma, optou-se por primeiro realizar uma explicação dos movimentos, permitindo uma familiarização prévia. O subsegmento seguinte, executa o movimento a uma velocidade intermédia, com pausas para explicação, e esquemas para acompanhar o movimento. Por fim, o último segmento dos vídeos apresenta os movimentos seguidos, para que possam ser repetidos em sequência. Isto vai de acordo com as recomendações de Mayer e Moreno, que propõem uma familiarização com os conteúdos, para que depois possa ser melhor compreendido o todo (Mayer & Moreno, 2003).

Vamos agora utilizar como exemplo o vídeo referente ao movimento Gedan Barai, incluído na lista de reprodução, conforme se pode verificar na Figura 2. O Gedan Barai é, normalmente, um movimento difícil de ensinar e difícil de compreender quando se está nas graduações mais baixas, havendo inclusive muitos alunos mais graduados que executam o movimento de forma incompleta.

Assim, nos primeiros momentos do vídeo temos um esquema do instrutor a executar o movimento. Os movimentos são acompanhados de texto explicativo e de esquemas que acompanham o movimento, conforme podemos verificar na Figura 3. A linha traçada a vermelho desenha a trajetória do braço, e o texto ajuda a explicar.

Os momentos seguintes do vídeo mostram todos os pontos por onde o braço deve passar para o movimento ser executado de forma completa.

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As imagens seguintes mostram quais os passos a seguir do movimento. Conforme podemos ver nas Figuras 4 a 7, a trajetória do braço é contínua. Estas imagens são capturas de momentos em que o vídeo tem uma pausa, para dar ao aluno tempo para assimilar a imagem, ler o texto e compreender a mensagem.

Figura 3 - Exemplo 1 do vídeo sobre Gedan Barai

Figura 5 - Exemplo 3 do vídeo sobre Gedan Barai

Figura 4 - Exemplo 2 do vídeo sobre Gedan Barai

O vídeo foi pensado para chamar a atenção para a posição do braço com o círculo vermelho, e com breves textos explicativos do movimento, para que o atleta possa acompanhar. As figuras 8 e 9 exemplificam o segundo segmento.

Figura 7 - Exemplo 5 do vídeo sobre Gedan Barai

Figura 6 - Exemplo 4 do vídeo sobre Gedan Barai

Figura 9 - Exemplo 7 do vídeo sobre Gedan Barai

Figura 8 - Exemplo 6 do vídeo sobre Gedan Barai

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Neste segmento, os movimentos são executados de forma lenta, e temos uma linha que esquematiza a trajetória do movimento. O movimento é executado para os dois lados, para poder ser acompanhado. As explicações são mais sucintas e resumem o que já foi explicado.

Por fim, o último segmento do vídeo apresenta uma sequência de dez movimentos para o atleta tentar acompanhar a sua execução e repetir, com as contagens na fonética japonesa.

Nos anexos C a G é possível verificar os storyboards para todos os vídeos desenvolvidos.

3.2.1 Organização dos objetos de aprendizagem

Para que fosse mais fácil e intuitivo para os alunos o acesso aos conteúdos, estes foram organizados de duas maneiras.

a) Na plataforma YouTube encontram-se agrupados numa lista de reprodução, criada especificamente para este trabalho. Os mesmos vídeos poderiam ser reutilizados e organizados noutras lista de reprodução, dedicadas a outros segmentos do programa.

b) No site criado para este projeto (Figura 10), estão organizados pela ordem dos movimentos (em último encontra-se a sequência completa). Na eventualidade do desenvolvimento de mais objetos de aprendizagem, o site será dividido e serão criadas novas páginas https://sites.google.com/view/karateb- learning/home.

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