• Nenhum resultado encontrado

3. Desenvolvimento e Implementação dos objetos de aprendizagem

5.2 Aplicação do LOES-T aos instrutores

5.2.3 Resumo das entrevistas aos instrutores

Com as devidas ressalvas àquilo que devem ser as limitações da utilização dos vídeos, a apreciação dos instrutores foi positiva, tanto sobre a aprendizagem, como sobre a qualidade e envolvimento dos alunos.

5.3 Em Resumo

A aplicação do LOES-S e do LOES-T permitiram-nos obter uma visão bastante objetiva sobre o que são as principais limitações dos objetos de aprendizagem bem como as suas principais potencialidades e pontos fortes. Tanto alunos como instrutores, salientaram uma interação positiva, bem como um agrado generalizado à utilização dos objetos de aprendizagem.

As críticas menos positivas centram-se no tema do objeto de aprendizagem, uma vez que este se encontra mais direcionado para alunos menos graduados. Ainda assim os alunos mais graduados afirmaram ter retirado alguma informação e aprendido alguns pormenores.

42

6. Notas finais

6.1 Principais conclusões

Quando o projeto se iniciou, presumia-se que este projeto acabaria por agradar mais a alunos mais velhos, acima dos 18 anos. Um dos resultados mais positivos foi perceber quão bem foi o projeto recebido junto de uma camada mais jovem, que não era aquela que à partida consideraríamos como a mais recetiva para este projeto. Apesar da falta de literatura sobre o assunto abordado, algumas ideias puderam ser retiradas de trabalhos desenvolvidos noutras áreas:

a) No ensino através de uma atividade motora é essencial a multiperspetiva, bem como a possibilidade de rever os movimentos;

b) A quantidade de informação colocada nos vídeos deve ser reduzida, de forma a prevenir o excesso de carga cognitiva, assim como é essencial estudar a forma como essa informação é apresentada.

Por outro lado, o desenvolvimento do trabalho permitiu também estabelecer algumas diretrizes relativamente à utilização de vídeos no karaté:

a) Além dos vídeos deverem ser curtos, a inclusão de gráficos, texto e slow-motion tornam-se essenciais para chamar a atenção para pontos e pormenores que normalmente são desconsiderados durante os treinos, mas fazem parte da correta execução dos movimentos;

b) A utilização de objetos de aprendizagem como vídeos é do interesse e do agrado da maior parte dos atletas;

c) Os instrutores consideram útil o desenvolvimento de objetos de aprendizagem deste género, que possam servir de complemento à aula;

d) Os alunos gostariam de ter mais objetos de aprendizagem, desenvolvidos para outras áreas do programa, de forma a terem um ponto de apoio para o trabalho extra- treino.

Assim, recuperando as questões de investigação colocadas no início do nosso trabalho:

A. Qual a eficácia da utilização de ferramentas de b-learning para o apoio ao ensino do karaté?

A eficácia das ferramentas depende sempre do nível do aluno e da adequação do tema dos objetos de aprendizagem à graduação. Neste caso, considerando que a maior parte dos entrevistados eram de uma graduação superior à convencionada para o ensino da técnica em questão, a eficácia foi reduzida. Contudo, é de salientar que todos os alunos consideraram a ferramenta útil porque, embora não lhes tenha ensinado a sequência, permitiu o aperfeiçoamento de alguns detalhes técnicos. Quanto mais baixa a graduação, maior a satisfação com o tema, e maior a curva de aprendizagem relatada.

a. Que utilidade irão conferir os utilizadores a estas ferramentas?

Estando a prática de uma arte marcial associada à presença de um mestre, e sendo sempre uma prática que implica colegas de treino, e um feedback à aprendizagem, a utilidade relatada e percepcionada pelos utilizadores é a de complemento aos treinos, para aperfeiçoamento e aprofundamento de algumas técnicas.

B. Qual a percepção que os instrutores de karaté têm sobre a utilidade desta

ferramenta:

a. Na aprendizagem do aluno?

Os instrutores colocam estas ferramentas como extremamente úteis no que toca a servirem de complemento às aulas e aos treinos. São úteis para que o aluno possa estudar em casa algum pormenor que lhe tenha escapado, ou para rever movimentos e técnicas que aprendeu na aula. Contudo, consideram que nunca se devem sobrepor aos treinos, pois é ali que recebem orientação, e é também nos treinos que as componentes não técnicas lhes são passadas, nomeadamente a tradição e os valores adjacentes à prática da arte marcial.

44

A motivação do aluno existe previamente à visualização dos vídeos. O que alguns instrutores salientam é que se o aluno já for de si interessado, então estará também interessado em aprofundar conhecimento; se não estiver motivado para aprender, então possivelmente também não se irá interessar muito pela aprendizagem fora da aula.

6.2 Autocrítica

Apesar de um resultado que consideramos positivo, gostaríamos de colocar algumas questões que constituirão também pontos de melhoria para trabalhos futuros. Assim, gostaríamos de voltar a uma questão colocada na introdução deste trabalho, relativamente ao estilo de escrita. Tal como ressalvámos no início desta dissertação, o estilo de escrita foi pragmático e conciso, sendo que esta opção surge quer das características e visão da investigadora, quer da temática entendemos que poderia haver um maior aprofundamento e desenvolvimento de alguns pontos deste trabalho.

Outras condicionantes que podem ter conduzido a esta estrutura mais sintética podem estar relacionadas com uma estratégia para o trabalho que precisou de ser refinada e redefinida a meio, uma vez que aquilo que se considerava viável, a certo ponto deixou de o ser, pela falta de participantes. Sobre este aspeto, gostaríamos de ressalvar que esta foi uma época relativamente complicada e de bastantes eventos e ajustes para a Associação Portuguesa, o que pode, porventura, justificar a falta de participantes. Da mesma forma, teria sido ideal para um melhor apuramento das mais- valias destes objetos de aprendizagem, se os mesmos tivessem sido disponibilizados logo no início da época, momento em que os Dojos tendem a receber novos atletas. Uma maior diversidade nos temas dos objetos, o que implicaria o desenvolvimento de mais vídeos e conteúdos, teria sido também uma mais-valia.

6.3 Projetos futuros

Levando em consideração os pontos de melhoria referidos, entende-se que existe uma multiplicidade de projetos passíveis de serem explorados e desenvolvidos no futuro.

O primeiro, e talvez o mais relevante e agregador de todos os restantes, seria a criação e estruturação de uma plataforma que agregasse os conteúdos do programa para todas as graduações. Para isso, seria essencial o desenvolvimento de outros objetos de aprendizagem, especialmente vídeos, sobre esses conteúdos. Ao mesmo tempo, poderia também ser interessante o desenvolvimento de um estudo sobre a implementação da utilização destas plataformas desde a entrada do aluno na arte marcial.

Importaria, também, o desenvolvimento de uma estratégia para ser possível realizar um estudo estatístico sobre os acessos realizados à página web, de forma a quantificar o potencial do trabalho.

Concluímos, por isso, que este estudo, para lá de validar algumas hipóteses, abre a porta para uma série de possibilidades de trabalho futuro, procurando transformar e potenciar o ensino das artes marciais.

46

7. Referências

Coutinho, C. P. (2018). Metodologia de Investigação em Ciências Sociais e

Humanas: Teoria e Prática. (Almedina, Ed.) (2a Edição).

Figueiredo, A. (2006). A institucionalização do karaté: Os Modelos

Organizacionais do Karaté em Portugal. Universidade Técnica de Lisboa Faculdade de

Motricidade Humana.

Fiorella, L., & Mayer, R. E. (2018). What works and doesn’t work with instructional video. Computers in Human Behavior, 89(March), 465–470. https://doi.org/10.1016/j.chb.2018.07.015

Kay, R. H., & Knaack, L. (2009). Assessing learning, quality and engagement in learning objects: The Learning Object Evaluation Scale for Students (LOES-S).

Educational Technology Research and Development, 57(2), 147–168.

https://doi.org/10.1007/s11423-008-9094-5

Kay, ROBIN;, & Knaack, L. (2007). Teacher Evaluation of Learning Obect in Middle and Secundary School. Classrooms. Learning, 8668, 1–36.

Kay, Robin. (2012). Exploring the use of video podcasts in education: A comprehensive review of the literature. Computers in Human Behavior, 28(3), 820–831. https://doi.org/10.1016/j.chb.2012.01.011

Komura, T., Lam, B., Lau, R. W. H., & Leung, H. (2006). e-Learning Martial Arts, 239–248.

Márcio, Y., Lopes, S., & Tavares, O. (2014). A acção-reflexão dos saberes docentes dos mestres de karatê: construindo indicadores para a transformação da prática pedagógica., 67–79. https://doi.org/10.4025/reveducfis.v25i1.20193

Mayer, R. E., & Moreno, R. (2003). Nine Ways to Reduce Cognitive Load in Multimedia Learning, 38(1), 43–52.

McCarthy, P. (1999). Ancient Okinawan Martial Arts, Vol. 2. Tuttle Publishing. McCombs, S., & Liu, Y. (2007). The efficacy of podcasting technology in instructional delivery. International Journal of Technology in Teaching and …, 3(2), 123–134. Retrieved from http://www.sicet.org/journals/ijttl/specialIssue/youmei.pdf

Missaka, M. S. (2014). Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s) como apoio para aprendizagem no Judo.

Moran, J. (2003). Educação inovadora presencial e a distância. Peres, P., & Pimenta, P. (2016). Teorias e Práticas de B-learning. Polsani, P. R. (2003). Use and Abuse of Reusable Learning Objects.

Schwan, S., Garsoffky, B., & Hesse, F. W. (2000). Do film cuts facilitate the perceptual and cognitive organization of activity sequences ?, 28(2), 214–223.

Schwan, S., & Riempp, R. (2004). The cognitive benefits of interactive videos : learning to tie nautical knots, 14, 293–305. https://doi.org/10.1016/j.learninstruc.2004.06.005

48

8. Anexos

Documentos relacionados