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4. CARACTERIZAÇÃO DO ESPAÇO

4.2. C ARACTERIZAÇÃO DA R EGIÃO

4.2.1. Caracterização Socio-económica

4.2.1.7. Desenvolvimento Económico

Montalegre enquadra-se na região agrária de Trás-os-Montes, caracterizada por um território de matriz predominante rural, onde se podem encontrar alguns núcleos urbanos de pequena dimensão.

Os constantes movimentos migratórios e as tendências de regressão demográfica têm atingido a vida rural e a própria agricultura numa tendência de desequilíbrio e de retracção.

Hoje, a agricultura, para além da sua função primordial, que se prende com a produção de bens alimentares, cumpre ainda outras funções de grande relevância para a estruturação do território: a sua ocupação geográfica, a dinamização de outras actividades no meio rural, como por exemplo o artesanato, o turismo, a gastronomia, a manutenção das paisagens, dos agro-sistemas, do ambiente, etc.

Em comparação com as regiões do Alto Tâmega, o concelho de Montalegre é o que apresenta maior área de terrenos incultos, na sua maioria utilizados fundamentalmente com prados e pastagens comunitárias (baldios).

A base produtiva do sector agrícola assenta em explorações fundiárias de pequena dimensão, e na maior parte dos casos de natureza familiar, onde predomina uma agricultura de subsistência em minifúndio. O sector é, por isso, pouco produtivo, pouco rentável, pouco modernizado, sem recurso a novas tecnologias, praticado por uma

população maioritariamente idosa e sem qualificação escolar e profissional.19 Devido a

estes factos, os agregados familiares, em especial os do sexo masculino, têm vindo a procurar outras fontes de rendimento, principalmente na construção civil.

Em termos de tipologia de utilização da terra assumem especial relevo os prados e as pastagens permanentes, os cereais para grão, a batata de semente, as hortas familiares, os prados temporários e os prados e pastagens permanentes. Contudo, o grande destaque do concelho de Montalegre prende-se com a produção de carne e do fumeiro tradicional.

A comercialização dos produtos locais é ainda realizada sob moldes tradicionais, sendo de destacar a existência de dificuldades a nível de escoamento de produtos devido à deficiente rede de acessos ao concelho e à debilidade de estruturas de comercialização e de normalização a nível local.

Devido a diversos factores que estão neste momento a debilitar o sector agrícola e até o abandono da actividade, é imperioso encontrar novas formas de reestruturação das áreas rurais.

19 António Fragata e José Portela, “Agricultores idosos de Trás-os-Montes: Exclusão e Reconhecimento”, in Análise Social, n.º 156, Vol. XXXV, 2000

A riqueza patrimonial e paisagística do concelho pode ser rentabilizada através de uma série de usos com fins recreativos, lúdicos e de entretenimento. A crescente procura do concelho pode proporcionar o desenvolvimento de actividades económicas que se relacionam directa e indirectamente com o turismo.

O aumento da procura de residências secundárias nas aldeias, assume um papel importante de recuperação ou reconstrução de casas degradadas, que podem e devem manter a traça arquitectónica tradicional.

Predomina a agricultura familiar, praticada por uma população envelhecida e pouco qualificada, com fracos escoamentos de produtos, financeiramente debilitada, mas produtora de uma grande diversidade agro-ecológica e com produtos de reconhecido valor.

Devido às alterações sofridas pelo meio rural, o aproveitamento dos espaços de grande

qualidade ambiental e paisagística é feito através de actividades de lazer20.

As actividades primárias apresentam uma forte dependência, a integração sectorial é reduzida, a diversificação e o dinamismo do tecido produtivo é fraca, com uma dependência do mercado local reduzido e pouco exigente, com um fraco dinamismo empresarial, existem empresas de pequenas dimensões com estrutura familiar; má qualificação dos empresários e da mão-de-obra, e um desconhecimento geral dos sistemas de incentivos à actividade produtiva e existe um sub-aproveitamento dos recursos endógenos.

A população activa no concelho de Montalegre é de 3 818. Apresentando o sector primário 1035 activos, o sector secundário 1011 e o sector terciário 1718 (na sua grande maioria da função pública.

A actividade mais representativa no sector secundário é o ramo da construção civil, obras públicas que tem um peso maior, seguido pela extracção de minerais.

A fraca capacidade empresarial instalada e canais de comercialização pouco desenvolvidos, impedem a fixação dos investimentos. O PIB deste território é um dos mais baixos do país, o que traduz a necessidade de concertar forças e formas de criação de riqueza regional.

No sector primário, há uma reduzida dimensão e elevada fragmentação das explorações, com uma área irrigada pouco significativa, e um forte envelhecimento dos empresários agrícolas, existe uma fraca integração do sector animal e vegetal, e uma baixa taxa de arborização, com um carácter depreciativo e residual que a floresta assumiu e grandes dificuldades de escoamento dos produtos.

20 Muito ligado à liberdade de escolha. É um conceito mais restrito que tempo livre. Tempo em que, depois (e dentro do tempo livre) de todas as obrigações realizadas, temos para fazer actividades de que gostamos (passeio) está relacionado com o conceito de tempo e espaço, tenho de ter espaço para praticar as actividades. Está ligado a uma actividade de espirito.

No respeitante ao sector secundário existe uma reduzida representatividade do sector industrial e o recurso a tecnologias, métodos de trabalho e de gestão tradicionais.

No respeitante ao sector terciário não existem instalações específicas para o comércio retalhista no Sul do concelho, mas sim um fraco desenvolvimento e diversificação do sector; os serviços existentes coincidem praticamente com a administração pública e os de apoio à população (educação e saúde) e existe uma fraca qualidade na prestação de serviços, nomeadamente na hotelaria e restauração.

No entanto, o concelho apresenta também potencialidades como a especialização em culturas adaptadas às condições climáticas (ex. batata de semente); condições propícias ao incremento das culturas forrageiras; condições fortemente favoráveis ao desenvolvimento da pecuária; produção de madeiras de qualidade; existência de regimes de dupla-actividade e pluri-rendimento; existência de um pólo da Direcção Regional de Agricultura, e potencial investigação da agricultura de montanha; possibilidade de desenvolver a articulação sectorial, onde os produtos primários sejam transformados no concelho através, por exemplo, das artes e ofícios tradicionais; implementação da área industrial de Montalegre; desenvolvimento de aquacultura nas águas das albufeiras; condições favoráveis à exploração de rochas ornamentais; temos condições extremamente favoráveis às actividades turísticas (recursos cinegéticos, riquíssimo património natural, histórico e arqueológico, gastronomia, etnografia e qualidade da paisagem) e o concelho encontra-se integrado numa região de turismo; consumo de serviços em crescimento e os sistemas de incentivos existentes, para os três sectores de actividade, apresentam majoração na taxa de subsídios.

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