• Nenhum resultado encontrado

Effect of stress on eating behavior of Brazilian university students

3. DESENVOLVIMENTO O que é o estresse

O estresse é definido como quaisquer circunstâncias que ameaçam ou são percebidas como ameaçadoras do bem-estar do indivíduo e que, portanto, minam as capacidades de enfrentamento do indivíduo (WEITEN, 2002). O estresse é algo que se percebe. Isso significa que não existe uma medida absoluta de estresse, pois ele não pode ser medido objetivamente, como, por exemplo, a tem- peratura ou a pressão sanguínea. O estresse é pessoal e ninguém, além do próprio indivíduo, pode saber realmente como afeta ou quanto sofrimento causa (WILLIAMS, 1994).

As reações humanas ao estresse são complexas e multidimen- sionais, afetando o indivíduo em vários níveis. O nível de estresse pode ter pouco a ver com as pressões externas e depende muito mais da reação do indivíduo a essas pressões. O estresse pode estar na mente, mas provoca um efeito significativo no corpo. Mudanças de vida, sejam elas positivas ou negativas, representam um tipo importante de estresse (WEITEN, 2002).

As pessoas enfrentam várias fontes de estresse todos os dias. A maioria é passageira, entretanto, quando o estresse é severo ou resultado de acúmulo de muitas dessas situações, a saúde mental e física da pessoa pode ser afetada. Pesquisas realizadas a partir de 1970 começaram a revelar uma ligação entre estresse e uma diver- sidade de doenças que, anteriormente, se acreditava serem apenas de origem fisiológica (WEITEN, 2002).

A fisiologia do estresse

O processo de estresse começa com uma ameaça percebida, que desencadeia a reação de alarme. Esse processo do corpo é totalmente automático e opera sob o comando do sistema nervoso autônomo (SNA). O SNA é responsável pela manutenção do equilíbrio das funções corporais (temperatura, batimentos cardíacos, digestão etc.). Ele é dividido em duas partes complementares: a simpática e a parassimpática (WILLIAMS, 1994).

O sistema nervoso simpático é responsável pela reação de alarme e age para converter a energia armazenada em energia utilizável. O sistema nervoso parassimpático reverte esse processo e está relacionado com o armazenamento de energia. A homeostase é o processo a partir do qual essas duas partes do sistema nervoso autônomo geram equilíbrio ao corpo humano. Quando uma situação de ameaça é percebida, o cérebro (hipotálamo) estimula o sistema nervoso simpático e a glândula pituitária (WILLIAMS, 1994).

Devido a substâncias que o corpo excreta nessas circunstâncias, o sangue deixa as extremidades e o estômago para aumentar seu suprimento no cérebro e nos órgãos vitais; os batimentos cardíacos aceleram e a pressão sanguínea aumenta; a respiração muda e os músculos tensionam, preparados para a ação. A glândula pituitária libera hormônios que agem para manter o desempenho. A hidrocortisona é o mais poderoso, pois é responsável pela manutenção dos altos níveis de gordura e glicose na corrente sanguínea, cuja finalidade é fornecer energia instantânea ao corpo. Todas essas mudanças biológicas visam à sobrevivência em um curto espaço de tempo. Tudo é otimizado para vencer a ameaça apresentada. O sistema parassimpático é responsável por diminuir essa excitação gerada rapidamente para que o corpo retome a homeostase (ZUARDI, 2014).

Normalmente, é exatamente isso que acontece quando enfrentamos situações de estresse, porém, se a reação de alarme estiver sendo constantemente desencadeada, o corpo nunca conseguirá voltar ao estado normal de homeostase. No final, chega-

se a um ponto em que não há mais como sustentar o desequilíbrio do corpo, que estará em estado de exaustão (WILLIAMS, 1994).

Figura 1. Estágios da reação ao estressor.

Fonte: adaptado de Williams (1994).

O corpo humano não pode continuar com esse desequilíbrio eternamente, há necessidade de que o organismo volte ao seu estado normal. Caso isso não ocorra, o que ajudou pode destruir, pois a exposição prolongada a ameaças contínuas acaba fazendo com que o organismo perca a capacidade de acionar o sistema nervoso parassimpático. O estado de excitação, cuja intenção era apenas responder a uma ameaça em curto prazo, torna-se regra. Porém, esse estado afetará a saúde do indivíduo.

Nutrição na vida adulta: Estilo de vida e fatores de risco

A idade adulta é o estágio mais longo da vida, período em que a influência dos fatores fisiológicos pode prejudicar a qualidade de vida. Os adultos acumulam nesse largo período os resultados de comportamentos e de fatores de risco ambientais. Na transição da adolescência para a fase adulta, as escolhas com relação à saúde e ao bem-estar são importantes reflexo para a vida adulta (MAHAN; ESCOTT-STUMP; RAYMOND, 2012).

A fase adulta oferece oportunidades únicas para avaliar o próprio estado de saúde, para atuar positivamente sobre ele e mudar os fatores negativos que afetam a qualidade de vida. Escolhas quanto ao estilo de vida, incluindo atividades físicas, constroem a base para a saúde e o bem-estar.

Mesmo quando a ênfase está no bem-estar, há uma forte ligação com fatores de risco que influenciam a morbidade e a

mortalidade. As doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) são, globalmente, as principais causas de mortalidade. Elas são compostas por doenças cardíacas, acidente vascular encefálico (AVE), alguns tipos de câncer, diabetes mellitus, hipertensão arterial, obesidade, doenças respiratórias crônicas (BRASIL, 2006). Essas doenças caracterizam-se por ter uma etiologia múltipla, muitos fatores de risco (sendo os principais o uso de tabaco, consumo nocivo de álcool, alimentação não saudável e atividade física insuficiente), longos períodos de latência, curso prolongado, origem não infecciosa e também por associarem-se a deficiências e incapacidades funcionais (BRASIL, 2006).

Em 2004, as DCNTs foram responsáveis por 62% do total de óbitos do país, sendo maior nas regiões Sul e Sudeste. Muitas dessas doenças possuem ligação direta com a alimentação e estilo de vida. Sobrepeso e obesidade são precursores ou complicadores em todas essas doenças (OPAS, 2019).

Obesidade e sobrepeso estão diretamente ligados ao desequilíbrio calórico. Estima-se que menos da metade dos indivíduos adultos pratiquem atividades físicas regularmente. Uma boa saúde só pode ser alcançada com a junção de atividade física regular e escolhas alimentares adequadas às necessidades pessoais de equilíbrio energético e nutricional (MAHAN; ESCOTT-STUMP; RAYMOND, 2012).

Necessidades Nutricionais

O termo “necessidade nutricional” pode ser definido como as quantidades de nutrientes e de energia disponíveis nos alimentos que um indivíduo sadio deve ingerir para suprir suas necessidades fisiológicas normais e prevenir sintomas de deficiências. Assim, as necessidades nutricionais representam valores fisiológicos individuais que se expressam em médias para grupos semelhantes da população (FRANCESCHINI; PRIORE; EUCLYDES, 2005).

As necessidades humanas de energia têm sido estabelecidas pela Food and Agriculture Organization (FAO) desde 1950. A

primeira edição da RDA (Recommended Dietary Allowances) foi publicada em 1943, durante a II Guerra Mundial, pelo Food and Nutrition Board (FNB), com o objetivo de servir de meta para a boa nutrição. A décima e última edição da RDA foi publicada em 1989.

As RDAs são definidas como os níveis de ingestão de nutrientes essenciais que, com base nos conhecimentos científicos, são julgados pela Food and Nutrition Board como adequados para cobrir as necessidades de nutrientes específicos de praticamente todos os indivíduos saudáveis. As RDAs eram voltadas para necessidades individuais, porém acabavam sendo aplicadas como padrão para a avaliação da ingestão de populações (FRANCESCHINI; PRIORE; EUCLYDES, 2005).

A partir de 1997, começou a ser publicado um conjunto de valores de referência para ingestão de nutrientes (Dietary Reference Intakes – DRIs), formulado por comitês de especialistas do FNB, para ser utilizado no planejamento e na avaliação de dietas de indivíduos e populações saudáveis, visando substituir as RDAs publicadas anteriormente (FRANCESCHINI; PRIORE; EUCLYDES, 2005).

Em 1990, a Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (SBAN) publicou “Aplicações das recomendações nutricionais adaptadas à população brasileira”, que nada mais é que uma adaptação das recomendações nutricionais a dieta e realidade do povo brasileiro (MOREIRA et al., 2012).

Necessidades de macronutrientes

Os macronutrientes são necessários em maior quantidade no organismo humano. Compreendem as proteínas, lipídios e carboidratos. O equilíbrio alimentar depende da ingestão de proporções adequadas desses macronutrientes.

Os carboidratos têm o papel de fornecimento de energia, principalmente para o cérebro, que necessita da glicose para o funcionamento adequado. A RDA considerou que mais da metade da energia da dieta deve ser fornecida pela ingestão dos carboidratos. A SBAN estipulou a ingestão de carboidratos em 60 a 70% da energia total da dieta (MOREIRA et al., 2012).

Os papéis primários das proteínas no organismo incluem proteínas estruturais, enzimas, hormônios, transporte e imunoproteínas. As proteínas são compostas por aminoácidos. Levam-se em consideração as proteínas de alta digestibilidade e que proporcionam quantidades suficientes de aminoácidos essenciais. A RDA preconiza a ingestão de 10 a 15% de proteínas do total da dieta. A SBAN estipulou em 1 g/kg/dia para homens e mulheres com idade igual ou superior a 18 anos (MOREIRA et al., 2012).

Os lipídios são considerados fontes energéticas com alta concentração de energia, veiculam os ácidos graxos essenciais e influenciam na absorção de vitaminas lipossolúveis. A RDA considerou que a ingestão de lipídios não deveria exceder 30% da dieta, e que desses, menos de 10% deveriam ser provenientes de ácidos graxos saturados. A SBAN considerou a ingestão mínima de 20% e a máxima de 30% de lipídios do total da dieta (MOREIRA et al., 2012).

Tabela 1. Resumo das recomendações de macronutrientes.

NUTRIENTES RECOMENDAÇÕES

Documentos relacionados