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Desenvolvimento Fonológico / Consciência Fonológica

1. Enquadramento Legal da Educação Pré-Escolar

1.3. A Língua Portuguesa nas Brochuras – Textos de apoio para Educadores de Infância

1.3.1.3. Desenvolvimento Fonológico / Consciência Fonológica

Uma língua é caracterizada por sons, mais ou menos contrastados, que mantêm vínculos entre si e assistirão de ligação aos significados. Ao falarmos produzimos sons que, de forma isolada, segundo Duarte (2000: 213), “não transportam significados mas contribuem para a construção do significado da palavra em que se inserem” e vice-versa. À medida que aumenta e insiste na prática e utilização da palavra ou da linguagem oral torna-se necessário ajudar a criança a desenvolver de forma cada vez mais clara e fluida a articulação dos

10http://www.dgidc.min-edu.pt/index.php, consultado em 09-12-2012.

“Qualquer que seja a língua materna a que a criança é exposta, o caminho de desenvolvimento é idêntico, marcado por grandes etapas. O quadro [presente na Figura 2] procura sintetizar o progresso em cada um dos domínios de desenvolvimento.”

fonemas da fala, permitindo-lhe praticar e ampliar as suas competências fonológicas, no sentido do sucesso das suas aprendizagens.

Quando a criança integra o grupo, no jardim de infância, já possui conhecimentos sobre a língua materna o que lhe permite conseguir exprimir-se de forma oral e espontânea. Assim, quando conversamos sobre a capacidade de identificar as componentes fonológicas das unidades linguísticas e de as tratar de uma forma natural e controlada, estamos a falar de estimulação da oralidade e de consciência fonológica. Mencionamo-las como sendo a capacidade de, como indica Viana (2002: 73), a criança demonstrar saber “prestar atenção consciente aos sons das palavras como entidades abstratas e manipuláveis” e que, mesmo não sabendo como se escreve, sabe por quantos sons a palavra é composta. Estas descobertas sobre a separação fonética, ainda que de forma intuitiva, Sim-Sim, Silva e Nunes (2008: 48) apontam que “podem incidir sobre os segmentos sonoros das palavras” e conduzem-na no desenvolver da autêntica produção dos sons. Assim, antes da entrada na escola, a criança já conquistou importantes conhecimentos sobre a produção de sons na sua língua materna e a forma como estes lhe permitem interagir com os membros do grupo linguístico a que pertence.

Sistematização e persistência são elementos essenciais para que a consciência fonológica seja interiorizada e a oralidade se encontre treinada e praticada, de forma eficaz, a fim de que a criança alcance de maneira consistente resultados que, de acordo com Freitas, Alves e Costa (2007: 31), a “ajudam à indução, à instalação, à consolidação e, finalmente à automatização do processamento (meta)fonológico (funcionamento explícito da consciência fonológica)”, culminando com o desenvolvimento de competências no domínio e na produção do oral.

Deve ser dada a oportunidade à criança de pensar, com regularidade, as palavras no todo ou segmentadas, tirando partido da capacidade da apreensão auditiva, intentando na sua curiosidade para a formação da frase e desenvolvimento da língua. A manipulação dos segmentos sonoros, na palavra, passa pela capacidade que a criança tem de identificar e expressar a sua consciência fonológica a qual, segundo Freitas, Alves e Costa (2007: 11), se subdivide em três tipos:

(i) “ao isolar sílabas, a criança revela consciência silábica (pra . tos);

(ii) ao isolar unidades dentro da sílaba, revela consciência intrassilábicas

(pr.a – t.os);

(iii) ao isolar sons da fala, revela consciência fonémica ou segmental

(p.r.a.t.o.s).”11

A evolução da consciência fonológica passa pela habilidade de a criança dividir as palavras em segmentos sonoros que condizem com as sílabas, demonstrando ser a unidade silábica mais simples de isolar e representar do que o fonema. Arriscaremos ainda aliar o facto de que quanto menor a palavra for maior a dificuldade, revelada pela criança, em

11 FREITAS, Maria João et al, 2007, O Conhecimento da Língua: Desenvolver a Consciência Fonológica.

indicar as sílabas ou os fonemas. Embora a apreensão fonémica só venha a ter êxito na escola com a iniciação à leitura, para a maioria das crianças, em idade pré-escolar, a necessidade de desenvolver a consciência fonológica através de atividades de trabalho como contagem de sílabas, batimentos segundo a segmentação, supressão de sílabas no início, no meio ou no fim de palavras, categorização de palavras segundo um critério silábico, jogos de rimas, trava- línguas e a gradual familiarização com sons iniciais da palavra, será sempre um meio facilitador da aprendizagem da leitura e da escrita, de mais a mais que, no nosso sistema alfabético de escrita, os grafemas representam sons e, como tal, a aquisição de dividir as palavras em sons e a reconstrução de palavras a partir de sons deve ser um treino a levar a cabo pelo educador, de forma regular.

O aumento da prática sobre a própria linguagem oral, por parte da criança, torna-se essencial para o desenvolvimento da perceção auditiva e da discriminação fonética e permite- lhe descodificar, perceber e tomar consciência, de forma correta, de cada fonema, levando-a à organização da estrutura parcelar da fala, da correta relação da linguagem oral e escrita e de maior facilidade em aprendizagens futuras. Enquanto ser apenas falante, antes do seu ingresso na escolaridade obrigatória e o início do contacto com a escrita formal, a fala é o único formato de linguagem oral com que a criança comunica. Promover de forma regular, atenta e seletiva, a oralidade e a discriminação auditiva, conforme Freitas, Alves e Costa (2007: 35) “é fundamental para um desempenho eficaz, quer no domínio da produção, quer no da compreensão do oral”. Este tipo de competência não se desencadeia de forma espontânea, mas sim a partir da “eficácia do treino da consciência fonológica na educação pré-escolar para a posterior aprendizagem do código alfabético”, segundo estudos referidos por Freitas, Alves e Costa (2007: 34).

Quando falamos de consciência fonológica, estamos a referir-nos a competência metalinguística, a que nos possibilita analisar e refletir, de forma consciente, sobre a estrutura fonológica das palavras, dos seus sons e da aptidão para entender, analisar, identificar e manipular as unidades sonoras. Será de acautelarmos o facto de a criança, no jardim de infância, não saber ainda como se escreve uma determinada palavra mas sabe, no entanto, de forma simples, de quantos sons ela se compõe, evidenciando que unidades menores poderão ser agrupadas e originar, segundo a indicação de Viana e Teixeira (2002: 73), “um sem número de outras palavras que, combinadas segundo determinadas regras que já extraiu e interiorizou no seu contacto com a linguagem oral, se constituirão em frases e enunciados”. O tipo de enunciado construído pelo falante está dependente da forma como o distribui, de forma adequada ou não, na sequência de sons, de pausas e velocidade aplicadas na organização temporal e produção da informação linguística.

Daqui decorre, para já, a ideia clara de que o processo de aquisição da linguagem oral é complexo e moroso. Intui-se, portanto, facilmente que ao elaborar a sua planificação diária, o educador não poderá, jamais, descurar as rotinas peculiares no jardim de infância, dado que só assim a criança interioriza as regras, paulatinamente.

1.3.1.4.

Desenvolvimento Morfológico / Aquisição de Regras