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CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.1. DESENVOLVIMENTO PESSOAL E PROFISSIONAL

No percurso profissional encontrámos frequentemente alunos que não queriam estar na escola, outros que não sabem como estar na escola e outros que não gostam da escola. Compreender melhor estes alunos, lutar para que gostem da escola, foi um processo de desenvolvimento humano, pessoal e profissional, muito enriquecedor. Desenvolvimento necessário para renovar energias e repensar a Escola, a administração e a gestão escolar.

Escola para todos significa que a escola também é para os alunos considerados difíceis ou problemáticos, para os desmotivados, para os desinteressados, para todos aqueles que se sentem desorientados, para os que não compreendem a língua portuguesa, para os que têm dificuldade de aprendizagem e para os que não têm, para os que gostam e querem aprender mas também para quem a escola (ainda) não faz sentido.

A diversidade da escola pública portuguesa é enorme. Fazer da diversidade uma riqueza é um desafio, que tornará a escola mais humana e trará uma nova dimensão de humanidade a todos que nela estarão envolvidos. Acreditamos na importância que as escolas têm, através dos recursos humanos e materiais, no desenvolvimento da cidadania e da democracia, na criação de laços humanos significantes e na criação de um futuro mais sustentável. Assim, do ponto de vista pessoal e profissional este trabalho resultou de um grande empenhamento e investimento. Do ponto de vista profissional, pensar criticamente a Escola e reflectir sobre ela, ajudou nas práticas diárias, quer como professora quer como membro do órgão de gestão escolar.

Elaborar este trabalho tornou-se possível através de um grande investimento pessoal e profissional. As leituras, as reflexões e as análises foram indispensáveis e foram uma mais-valia que nos distancia, agora, do ponto de partida. A nível pessoal, a realização de um trabalho que necessita de um elevado envolvimento, por parte de quem o realiza, criou uma oportunidade para a exploração de questões, que nos interessam, relacionadas com a administração e gestão escolar de escolas, procurando que vivenciem menos indisciplina, menos conflitos graves, menos violência.

A nível profissional, ao explorarmos questões relacionadas com os alunos considerados como problemáticos ficamos a conhecer, um pouco mais, sobre um paradigma educativo que procura abraçar o desafio da educação para todos, que procura a inclusão e, acima de tudo, prevenir as situações conflituosas. A elaboração de um trabalho desta natureza cria, também, a oportunidade de explorar alguma bibliografia de uma forma sistemática e também sistémica, o que, necessariamente, permite fundamentar a reflexão que fazemos no dia-a-dia acerca das práticas profissionais.

Ao longo da elaboração deste trabalho de investigação, sentimos que, às questões colocadas no início, e que motivaram esta investigação, se acrescentaram muitas mais, o que veio a desenvolver a noção do desafio que constitui a administração e a gestão escolar, desafio que implica um olhar atento dos órgãos de gestão e o envolvimento da comunidade educativa. As questões que foram surgindo motivaram, também, reflexões adicionais sobre as opções metodológicas tomadas, em especial no que concerne aos instrumentos de recolha de dados que poderiam ter sido seleccionados (como a observação e a entrevista). Este trabalho promoveu, assim, um desenvolvimento de competências de análise e reflexão críticas, que associamos às reflexões realizadas durante a sua concretização e, por outro lado, das competências de investigação, que foram sendo desenvolvidas ao longo do trabalho de investigação

realizado. Contudo, foi o desenvolvimento sentido a nível pessoal, no (re)posicionamento quanto aos sentimentos, valores, crenças e atitudes face à indisciplina e à violência, que levou a uma construção mais iluminada desta investigação em educação.

Esperamos que a Escola e a organização escolar não desista de trilhar caminhos inovadores e cada vez mais humanos. Contribuir para pensar, discutir e, se possível, encontrar formas de resolução de questões do quotidiano escolar é, sem dúvida, a maior satisfação deste percurso. Acreditamos que não se está em vão na escola nem foi em vão que escolhemos esta profissão. Acreditamos que os alunos precisam de nós, professores. Como nós precisamos deles, pois sem alunos não há Escola. Acreditamos que os alunos considerados problemáticos ainda precisam mais de nós, professores, e, num certo sentido, podemos aprender muito com eles. Porque podemos aprender a evitar e a precaver a violência e isso é essencial na escola, mas também fora dela.

5.2. O FUTURO

Muitas interrogações ficam por resolver. Novas questões surgiram no desenvolvimento do trabalho. Aprofundar este tema parece-nos essencial devido à sua actualidade e pertinência, mas também à sua complexidade. É necessário aprofundar mais. Novas investigações, mais amplas e mais completas, serão necessárias efectuar. Muitos passos deverão ser dados no sentido de compreender os fenómenos de indisciplina e de violência escolar. Dar voz a estes alunos, será um modo possível de aprofundar o conhecimento e de tentar, depois, encontrar soluções.

Se é verdade que não existem soluções fáceis, ou rápidas, haverá, certamente, soluções possíveis e novos caminhos a serem experimentados. Assim, será necessário e interessante aprofundar outras questões, tais como: Quais as expectativas destes alunos que se portam mal na escola? Que perspectivas têm de futuro? Como explicam as suas formas de actuação e reacção? E as dos professores? Por isso, para lhes poder vir a responder, é importante continuar.

Novos trabalhos com outros instrumentos de recolha de dados, como a observação e a entrevista, poderão iluminar outros aspectos e clarificar razões, descontentamentos, raivas, revoltas, angústias e decepções. É importante não desistir dos alunos, não desistir destes alunos. Mas assumimos que este foi apenas um pequeno

passo, numa direcção que desejamos continuar a percorrer, que desejamos continuar a reflectir e a questionar. Por isso mesmo, esta etapa não representa um fim, mas um momento de um processo profissional, que se vai percorrendo, e que tem a preocupação de chegar àqueles onde, à partida, é mais difícil chegar. Esses são a maior preocupação, por serem os que mais desprotegidos se encontram, face a uma sociedade e um sistema que nem sempre os acolhe. É para todos, mas com especial cuidado com estes, que trabalhamos. É, também para esses, que vai a nossa energia e renovado entusiasmo.