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3.1 HISTÓRIA DA SUSTENTABILIDADE NOS EDIFÍCIOS PARA A SAÚDE

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL,

. ar puro . água corrente . luz natural . drenagem eficiente . limpeza 2010

Mega hospital, E.U.A., 1950 (www.historylink.org) A insustentabilidade dos MEGA-HOSPITAIS (1945-2000):

. novas descobertas, avanços

tecnológicos e aumento do valor dos terrenos urbanos;

. hospital passou a ser centro de pesquisa, diagnósticos e tratamentos;

. pacientes internos começaram a deslocar-se pelo hospital;

. pacientes externos passaram a frequentar o hospital.

Características:

. monobloco vertical e mais tarde vertical + bloco horizontal (misto) . zoneamento de áreas;

. camas paralelas às janelas para uma maior visibilidade do exterior;

. paredes ou divisórias para limitar o número de camas e tornar os espaços privativos.

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, preocupações ligadas à arquitectura e construção sustentáveis: . humanização do ambiente hospitalar, conforto e bem-estar; . adequação do projecto ao clima, à orientação solar e à envolvente; . eficiência energética; . adequação ao capital disponível e à finalidade do estabelecimento hospitalar. Tipologias: . horizontal, mais adequada em termos de conforto ambiental, pois propicia ventilação, iluminação e acesso a jardins, escala mais humana;

. vertical, por questões económicas, de adequação ao terreno ou para viabilizar futuras ampliações. Espaço interior, Hospital Meyer Children’s, Florença, 2007 (Verderber, 2010)

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Da análise desta cronologia apresentada pode-se concluir que a par do desenvolvi-mento arquitectónico e construtivo do edifício hospitalar, vários princípios sustentáveis de projecto foram sido abordados e estudados. A ventilação e iluminação naturais, o acesso a água corrente, a humanização dos espaços, a natureza, a disponibilidade de recursos e mão de obra locais, o acesso a diferentes tipos de tecnologias de construção, entre outros, são alguns exemplos que enquadram os seis aspectos fundamentais apre- sentados inicialmente.

A civilização Grega, com os seus Templos, apresentou preocupações relacionadas com a ventilação natural, água e relação directa com a paisagem envolvente, com a finalidade de tornarem os seus tratamentos mais eficazes e o edifício sustentável. Mais tarde os

Romanos introduziram os banhos públicos e a água como elemento de terapia física e espiritual. Construíram termas que para além de um eficaz e sustentável funcionamen- to, encontravam-se em relação directa com o espaço verde envolvente.

Os hospitais da Idade Média em Bagdade, Cairo e em outras cidades do Oriente eram mais avançados técnica e construtivamente do que os Europeus. Estes foram desenha- dos com pátios e galerias que permitiam a ventilação natural e a entrada de luz para o interior dos quartos.

O trabalho de Florence Nigtingale centrou-se nos princípios de limpeza, ventilação e iluminação naturais, e na possibilidade dos pacientes desfrutarem da paisagem exterior. A sua paixão pela causa defendida levou-a a ser reconhecida mundialmente por diver- sas administrações de hospitais e arquitectos que seguiram o seu propósito em várias construções. Os hospitais Nightingale eram caracterizados pela sua forte relação com os espaços exteriores, em forma de pátios, e pela existência de uma enfermaria em cada bloco, geralmente adjacente à circulação arterial do complexo hospitalar (Verderber, 2010). Nos finais do século XIX, princípios do século XX, o movimento defensor de um sistema de saneamento eficaz, nos E.U.A., pretendia alcançar melhores e mais saudáveis condi- ções urbanas. Mais tarde e ainda antes da Segunda Guerra Mundial uma interpretação modernista de todas estas preocupações, feita pelo arquitecto Alvar Aalto, deu origem ao projecto hospitalar Paimio, na Finlândia (figura 3.2), onde se destacam os quartos e o terraço da cobertura (Verderber, 2010).

Após a grande aposta nos hospitais formados por pavilhões de um só piso ligados por corredores/galerias de circulação, chegou, entre 1950 e o ano 2000, a época dos mega-

-hospitais, blocos únicos de inúmeros pisos. Estas grandes construções que se prezavam por menor ocupação de área territorial, acabaram por pôr em causa muitos dos prin- cípios de sustentabilidade alcançados com outras tipologias, sendo que com o grande avanço tecnológico se passou a optar por soluções mecânicas de ar condicionado e luz artificial em prol das soluções de ventilação e iluminação naturais alcançadas com o investimento e estudo na fase de planeamento e projecto. Hoje entende-se que estas e outras questões de sustentabilidade do edifício têm de ser tidas em conta, percebendo-se as vantagens humanas, ambientais e económicas que se podem ter.

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figura 3.2

Sanatório Paimio (1927-1929), Paimio, Finlândia

(Verderber, 2010)

3.1.1 ENQUADRAMENTO HISTÓRICO DOS EDIFÍCIOS

HOSPITALARES PORTUGUESES

Em Portugal, o aparecimento dos edifícios de cuidados de saúde coincide com a funda- ção da nacionalidade, verificando-se o aparecimento de pequenos hospitais por todo o território. Estes encontravam-se divididos em dois grupos, os religiosos e os médicos, sendo que estes últimos se distinguiam pelas diferentes práticas medicinais, conforme pertenciam a judeus, árabes, etc. (Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, s/d).

Ao longo do tempo, os hospitais portugueses foram sofrendo alterações consoante a si- tuação sócio-cultural que se foi verificando. Deste modo e para que se consiga fazer uma análise paralela com a situação a nível mundial, optou-se por apresentar numa mesma barra cronológica a realidade portuguesa, a qual pode ser analisada na figura 3.3. Após a iniciativa de se espalhar por todo o território português edifícios de saúde pú- blicos com a finalidade de assegurar o atendimento de todos os pacientes, sendo que é nas grandes cidades que se enquadram os grandes edifícios hospitalares que contêm todas as especialidades, actualmente verifica-se o aparecimento de vários edifícios hos- pitalares privados, assim como remodelação dos públicos mais antigos. Torna-se assim imprescindível a introdução de práticas sustentáveis de projecto nestas iniciativas de construção de novos edifícios e reabilitação dos existentes.

500 d.C. 1000 a.C. - 100 d.C. 3000 a.C. - 1000 a.C. 1200 d.C. 1400 d.C. 1500 d.C. 1700 d.C.

1. CIVILIZAÇÕES CLÁSSICAS 2. IDADE MÉDIA 3. RENASCIMENTO

figura 3.3 Barra cronológica representativa da evolução dos edifícios hospitalares portugueses

Os princípios da medicina tal como os conhecemos hoje, de cura e tratamento, apenas emergiram com a Civilização

Romana.

Hospital de Santarém, séc.VIII (www.santaremportugal.blogspot.com) Aparecimento de

Albergarias/Hospitais,

onde se começaram a recolher os doentes e a lhes dar cuidaados de saúde, para além de os isolar do resto da sociedade a fim de evitar futuros contágios. Antes de 1500existiam já 500 edifícios de saúde, em Lisboa, Évora, Coimbra, Porto, Leiria, Beja, Guimarães, Santarém e ao longo dos caminhos de peregrinação para Santiago. Construção de edifícios destinados aos cuidados de saúde em Lisboa e Santarém.

Nos finais do século XV centralizou-se o poder do estado, originando o aparecimento de hospitais mais modernos, os quais impulsionaram o aparecimento de mesiricórdias.

1500-1800

. Aperfeiçoamento destes edfícios que passaram a ser maiores e a conter médicos privados. . Misericórdias (confrarias) - eram

hospitais centrais resultado da junção de hospitais mais pequenos.

D. João II

. Hospital de Todos-os-Santos, junção de mais de 43 hospitais menores.

D. Manuel I

. Terminou o Hospital de Todos os Santos e criou várias Mesiricórdias e restaurou Gafarias (Lisboa e Coimbra)

Hospital Termal das Caldas da Rainha (www.zeventura.blogspot.com)

1485

Hospital Termal das Caldas da Rainha - 100 camas

Hospital Real de Todos-os-Santos, Lisboa (www.estosdecoleccao.blogspot.com)

1800 d.C. 1914 - 1918

1939 - 1945

1970 1980

1990 2000

4. MOVIMENTO NIGHTINGALE 5. MEGA-HOSPITAIS 6. IDADE

CONTEMPORÂNEA

2010

Hospital Real de Santo António, 1779 (www.gabrielajoao.blogspot.com) A partir de 1667 começam a surgir os Hospitais Monumentais, os quais ainda hoje se encontram em funcionamento.

O século XX marca uma época de grande importância, verificando-se uma mudança abruta nas instituições hospitalares, assim como nas suas edificações.

Verifica-se ainda um aumento da buracracia neste sector.

Hospital de São João, Porto, 1959 (www.andre.comuv.com/hospital.html)

Nos anos 50do sécula XX, verifica-se um crescimento exponencial dos edifícios do sector da saúde, passando a existir mais expecialidades médicas incorporadas nestes edifícios.

1968

Publicação do estatuto hospitalar

1971

Criação de centros de saúde

Nos últimos 20 anos tem-se verificado o aparecimento de muitas instituições privadas de saúde, com equipamntos hospitalares de topo no que respeita à inovação tecnológica da saúde. São normalmente edifícios onde se pretende aumentar o bem-estar dos pacientes que os frequentam através de melhores condições espaciais, e programáticas, no entanto não existem fortes exemplos da aplicação de práticas sustentáveis de projecto. Hospital CUF Porto, 2010 (www.e-architect.co.uk/portugal/ hospital_cuf_porto.htm)

Hospital de Santa Maria, Lisboa, 1953 (www.osbatistinhas.blogspot.com)

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3.2 PROJECTO HOSPITALAR: