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Os desenvolvimentos indicados para futuros estudos de ACV vão essencialmente de encontro às limitações indicadas na secção 4.2.4. Estas sugestões têm como objetivo um melhoramento do estudo de ACV elaborado, com vista a resultados mais próximos da realidade. Sendo assim, sugerem-se os seguintes desenvolvimentos futuros por forma a potencializar um estudo de ACV de sistemas ETICS:

• visto que a ACV permite fundamentar os critérios de atribuição de Declarações Ambientais do Produto (DAP), a construção deste documento para cada um dos sistemas ETICS seria um trabalho que se poderia desenvolver futuramente;

• era importante que se construíssem processos na bases de dados que reproduzissem os processos de fabrico em Portugal. Sendo assim, o contacto mais aprofundado com as principais empresas que fabricam os componentes de um sistema ETICS, bem como a emissão de questionários às mesmas, seria uma opção que, com certeza, levaria a resultados e conclusões mais aproximados da realidade;

• neste estudo de ACV não foram tomados em consideração os acessórios dos ETICS descritos na secção 2.2.9. Destes acessórios fazem parte os perfis de arranque, os perfis de esquina, perfis de remate com janela e perfis de remate para junta de dilatação. Sendo os referidos perfis essencialmente metálicos e em PVC, seria importante quantificar os mesmos para a unidade funcional

utilizada neste estudo (1 m2) e inclui-los num futuro estudo de ACV de sistemas ETICS;

• em termos de tratamento de fim de vida, em nenhum componente dos sistemas ETICS foi considerada a reciclagem, em virtude da ausência de processos nas base de dado para este fim. Como foi referenciado ao longo da descrição dos componentes de um sistema ETICS, existem muitas possibilidades de reciclagem para os mesmos. A construção de processos na bases de dados que permitam simular a reciclagem destes componentes seria uma opção que conduziria a resultados de impactes ambientais mais favoráveis aos sistemas em estudo;

• visto que para a fase de desconstrução de um sistema ETICS não foram consideradas no Inventário do Ciclo de Vida quaisquer inputs de materiais e/ou energia, seria importante aprofundar o conhecimento sobre esta fase do ciclo de vida de um sistema ETICS e saber qual a sua contribuição para o impacte ambiental total desta solução;

• a falta de informação sobre a composição da argamassa que constitui o produto de colagem e a camada de base de um sistema ETICS pode conduzir a resultados mais afastados da realidade. Neste estudo foi considerado uma argamassa que utiliza o cimento como ligante, ao traço 1:5. No entanto, conforme o fabricante da referida argamassa, a sua composição poderá incluir outros ligantes, agregados ou fibras que não foram tomados em consideração. Um contacto mais aprofundado com as empresas que fabricam este tipo de argamassas poderá ser bastante importante para um futuro estudo de ACV. O mesmo se aplica à tinta que constitui o primário de regularização de fundo e o acabamento, cuja sua composição não é totalmente conhecida;

• neste estudo de ACV não foi tomado em consideração o suporte da solução ETICS. Sendo assim, poderá tomar-se em conta o pano de alvenaria que suporta o sistema ETICS e, posteriormente, fazer-se uma comparação entre uma solução de isolamento térmico pelo exterior e uma solução de isolamento através de dois panos de alvenaria com isolante entre os mesmos (parede dupla), através da metodologia de ACV.

Para além destas sugestões de desenvolvimentos futuros existem outras que são alternativas ao presente estudo de ACV, mas que também permitem obter resultados comparáveis com o mesmo:

• o método de avaliação de impacte a que se recorreu foi o EPD (2008), que foi especificamente desenvolvido para a elaboração de Declarações Ambientais do Produto. Futuramente poderá ser desenvolvido um estudo de ACV em sistemas ETICS recorrendo a outras metodologias, como por exemplo a metodologia CML Baseline 2000, que contempla a etapa de Normalização e entra em conta com outras categorias de impacte ambiental, como Depleção Abiótica e a Toxicidade Humana. Outra metodologia a que se poderia recorrer seria a Impact 2002+ que, para além de considerar mais categorias de impacte ambiental, recorre às ferramentas de avaliação de danos, ponderação e pontuação única;

• o recurso a outro(s) software(s) de ACV poderia ser uma mais valia em termos de comparação de resultados. A ferramenta informática Gabi®, desenvolvida na Alemanha, poderia ser uma outra solução. Para além deste software de ACV mais generalistas, existem outras ferramentas mais direcionadas para o setor da construção civil e que poderiam, também eles, ser uma mais-valia para um estudo de ACV. São exemplo destas ferramentas o BEES, dos Estados Unidos da América, e o SBS, desenvolvido na Alemanha, tal como foi referido na secção 3.4;

• no presente estudo de ACV foi considerada uma solução mais convencional de sistemas ETICS. Para além destas soluções, poderiam ser estudas outras soluções, que diferissem, por exemplo, no material isolante utilizado ou mesmo no acabamento. No caso dos materiais isolantes poderia ser considerado uma solução alternativa com XPS e/ou com Lã Mineral (MW). No caso do acabamento, ao invés da utilização de tintas, poderia ser considerado uma solução ETICS com acabamento em ladrilhos cerâmicos. Todos estes resultados seriam posteriormente comparáveis com os impactes ambientais associados aos sistemas ETICS estudados nesta dissertação;

• existe uma série de estudos de ACV que são elaborados para um edifício. Geralmente, nestes estudos, são analisados os elementos básicos de um

edifício, tais como elementos estruturais em betão, argamassas e alvenaria. No entanto é também importante elaborar estudos de ACV de outros elementos mais específicos da construção civil, para que haja estudos de soluções mais específicas. São exemplos destas soluções, as caixilharias, as coberturas, as impermeabilizações ou os pavimentos;